31.5.07
As casas pressentidas #2
AS MÃOS E A CASA
As mãos tocam o frio
das paredes
deixam na casa
uma réstea de luz
a memória inexpugnável
de um gesto
Agora a casa
pode ruir
transformar-se de repente
numa lembrança
de pedra
de madeira rasgada
pelo vento
ou as mãos
regressarem à terra
a voz
perder-se nas arquivoltas
do coro
que nada
nem ninguém
apagará o silêncio desse gesto
o rasto discreto
de um tal signo
Night Mare

As minhas filhas adoram a ideia de ter uma bébé em casa. Nós, os adultos, decidimos sair para festejar a chegada dos nossos amigos. Decidimos ir "àquele lugar". Todos dizem que é fantástico, o meu marido já lá foi e fala muito da parte da Vénus, mas eu só imagino como será. A verdade é que, mal chegámos, me desagradou o excesso de gente. O sítio é uma espécie de labirinto, cheio de barreiras que temos que atravessar entre espaços. Muitas escadas de corda, vários desníveis que nos obrigam a saltar ou a mergulhar, redes por todo o lado separando vias de acesso, uma confusão! Inicialmente até estava divertida e fiquei espantada com a minha rapidez e agilidade. Mas depois apeteceu-me sair dali, e lembrei-me que deixara as crianças sozinhas. Era estranho não me ter lembrado disso mais cedo. Felizmente o meu marido também quis regressar, disse-me que havia ali um quarto com cadáveres empalhados e que hoje não tinha disposição para ver aquilo. Passámos pela zona Vénus no caminho para a saída. Havia quilos e quilos de felpo e tínhamos que descobrir a abertura, colada com fita aderente. Era contagiante a animação. Acabei de joelhos, à procura. Um amigo explicou-me como funcionava e todos me avisaram que, uma vez lá dentro, deveria procurar a saída vermelha, por ser a mais divertida ou a mais sensual, não percebi bem. A ideia era enfiar-me de cabeça no buraco, deixando todo o corpo deslizar, e foi o que fiz. Não esperava encontrar tanta gente naquela espécie de cave, respirava-se mal, o tecido de felpo cobria-nos, havia uma luz ténue, alaranjada, tentei avançar mas tropecei, fiquei cheia de calor, um calor insuportável, comecei a entrar em pânico, já só queria sair dali, ia gritar, gritar para me tirarem dali... mas acordei antes do grito, sentindo uma pressão enorme no peito e medo. O pesadelo perseguia-me, absolutamente nítido.
Levantei-me da cama. Já passava da meia-noite.
Ouço as notícias, ligo o portátil e escrevo. Se houvesse por aí um psi que quisesse interpretar o sonho, eu deixava.
Monte da Lua

30.5.07
As casas pressentidas
A VELHA CASA
Noutro tempo
os frutos anoiteciam
sobre a mesa
ou subiam
pelas paredes brancas
dos quartos
aguardavam as crianças
e a casa
retinha um aroma
de maças e terra
de terra e fábula
Havia pêssegos e uvas
relembro
e uma água antiga
ascendia no ar
prolongava pela noite
um silêncio
de gestação
sobre o espanto
da infância adormecida
Era grande a casa
por esse tempo
grande a mesa
agora não mais
do que aquilo que resta
dum castanheiro
sem idade
El Crimen del padre Amaro
O filme baseia-se na obra homónima de Eça de Queirós. Após a projecção, seguir-se-à um debate com a moderação de Cláudia de Sousa Dias____ que todos conhecem de Há sempre um livro...
Horrores do Afinador
(...) A polícia organizou uma demonstração de como deve a população reagir em caso de sequestro dentro de um autocarro. Alguns polícias faziam de sequestradores, populares faziam de utentes, os restantes polícias faziam de si próprios. O exercício iniciou-se e uma metralhadora começou a disparar balas verdadeiras.(...) [aqui]
Mack the knife

29.5.07
Banda Sonora II
O Sol dos Scorta #4
Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência.
28.5.07
Banda Sonora
27.5.07
试听|下载本曲铃声|免费点本歌给朋友|歌词|MP3
O Sol dos Scorta #3
Talvez sejamos miseráveis e ignorantes, mas por termos extraído azeite das pedras, por termos feito tanto de tão pouco, salvar-nos-emos."
in O Sol dos Scorta, um romance de Laurent Gaudé pp 133
26.5.07
Comunicar é preciso

A Igreja das Carmelitas, uma das mais belas de Aveiro, abriu as portas ao público (desde 4 de Abril). Foi restaurada e vale mesmo a pena a visita! Acreditem que franquear aquela porta na Praça Marquês de Pombal é garantia de deslumbramento. A riqueza das paredes azulejadas, os motivos e a intensidade da cor nas pinturas do tecto, o ambiente envolvente que a luz filtrada pelas janelas favorecem, deixam-nos forçosamente contemplativos e deleitados. Entrar naquela Igreja é também forçar-nos a uma pausa no quotidiano. Quando por lá passo, é raro não entrar, nem que seja por uns segundos, para buscar o belo, o repouso ou o empolgamento, a sensação de regresso a um passado glorioso, mesmo que excessivo, na fé e na ostentação. Deambulo por ali, é uma Igreja pequena, fixo mais um pormenor...
Mas nunca vi nenhuma informação, um folheto mínimo, que esclarecesse o visitante sobre a história da Igreja ou sobre as pinturas e azulejos recentemente restaurados. Especulamos pois, certamente mal, sobre os factos históricos e os sentidos que nos invadem os olhos.
Retrato de Santa Joana Princesa
Nuno Gonçalves, 1472-1475
Leio no site do IPM que essa abertura foi "assegurada pelo Museu de Aveiro durante o período de obras do Museu, na sequência de protocolo entre a Paróquia da Glória, o IPPAR (Direcção Regional de Coimbra) e o Museu. O Museu de Aveiro fica agora com um circuito de visita aberto ao público constituído pela Igreja do antigo Convento de Jesus, de Aveiro, e Túmulo da Princesa Santa Joana, (do Museu de Aveiro), e pela Igreja das Carmelitas, de Aveiro.
O horário de abertura ao público é das 10.00 às 13.00 e das 14.00 às 17.30, de terça-feira a Domingo, (excepto os dias feriados de 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, dia 1 de Maio e 25 de Dezembro), sendo a entrada gratuita."
Leio no site do IPM porque o Museu de Aveiro não tem site!
O Museu não tem site mas "Aveiro e o convento no tempo da Princesa Joana" poderão vir a encantar os mais pequenos. Acabo de ler numa pequena nota de imprensa que no dia 29 de Maio vai acontecer o lançamento do site infantil Era Uma Vez Em Aveiro, um projecto gerido pelo Museu de Aveiro. O site já está on line, pelo que os nossos filhos/alunos já podem começar a explorá-lo. Quanto aos adultos, especular sobre factos e sentidos faz parte da nossa civilização! E enquanto esperam pela sua vez, também podem ir até lá. A visita virtual é divertida!
Oficinas Sem Mestre ou Era uma vez... todas as crianças
A não perder: a entrevista com a psicóloga Maria João Regala no jornal O Aveiro
Entretanto, hoje, todos estão convidados a participar na tertúlia Prevenindo comportamentos de risco: diferentes estratégias para a promoção de estilos de vida saudáveis.
Oradores: Paula Garcia (Teatro Viriato) e Maria João Regala (Psicóloga Clínica)
Dia 26, às 15h, na Escola Básica 2/3 - Aires Barbosa, em Aveiro
25.5.07
Nomeação
Vim agora da minha tertúlia e ficaram-me as palavras do F.. Ele falava destes tempos em que é tão evidente a superação do ser pelo parecer. Não sei se tenho ou não tomates, há momentos em que me convenço disso e outros em que tenho sérias dúvidas. Por exemplo, confesso que não sei como reagir contra toda a desinformação que nos rodeia, as overdoses de notícias sobre o triste caso da menina desaparecida no Allgarve, os diplomas e as anedotas, a multiplicação de pães candidatos à CML, a multiplicação de peixes arguidos nas autarquias, exigências de demissão de ministros e directores, OTA e alternativas condenadas à partida, reduções do déficit e greves gerais, e nada, nada com substância, com coerência, princípio, meio e fim, teoria e prática, sentido do consequente, nada que nos faça querer arquivar a folha do jornal, ou sentir que vale a pena a inquietude, porque esta se generaliza e por isso algo vai mudar. É preciso ter tomates para quê? Para continuar a denunciar, para além das simpatias políticas? Para permanecer no nosso parvo quotidiano fiel a ideais esparsos? Ok, tenho tomates, tenho tomates com sete vidas. E depois?
Por agora, basta-me nomear outros cinco blogs com tomates. Canja!
O Sol dos Scorta #2
in O Sol dos Scorta, um romance de Laurent Gaudé pp 101
24.5.07
O Sol dos Scorta #1

Le petit village de Montepuccio où se déroule l’action se trouve là-bas ?
En fait, il n’existe pas, mais c’est un village que j’imagine à côté de Peschicci, car c’est ce lieu qui m’a inspiré.
"Quando partimos de Montepuccio para Nápoles, acompanhados por don Giorgio, que quis levar-nos até ao cais de embarque, pareceu-me que a terra ressoava debaixo dos nossos passos, como se resmungasse contra estes filhos que tinham a ousadia de querer abandoná-la. Saímos de Gargano, descemos até à grande e triste planície de Foggia e atravessámos a Itália de um lado a outro até chegarmos a Nápoles. Arregalámos os olhos diante de um labirinto de gritos, imundície e calor. A grande cidade cheirava a carne rija e a peixe podre. As ruelas de Spaccanapoli regurgitavam de crianças de ventres inchados e bocas desdentadas.
Don Giorgio levou-nos até ao porto e embarcámos num desses paquetes construídos para transportar famintos de um ponto ao outro do globo, entre grandes golfadas de fuelóleo. Instalámo-nos na ponte, no meio dos nossos semelhantes. Europeus miseráveis de olhar esfomeado. Famílias inteiras ou crianças sozinhas. Como todos os outros, demos as mãos para não nos perdermos na multidão. Como todos os outros, na primeira noite, não fomos capazes de conciliar o sono, receando que mãos viciosas nos roubassem o cobertor que partilhávamos. Como todos os outros, chorámos quando o imenso paquete saiu da baía de Nápoles.'É a vida que começa', murmurou Domenico. (...) Como todos os outros, voltámo-nos para a América, à espera do dia em que avistaríamos a costa, à espera, em estranhos sonhos, de que ali tudo fosse diferente, as cores, os odores, as leis dos homens. Tudo. Maior. Mais fácil.
(...)
À chegada desembarcámos com entusiasmo. (...)
Quando me apresentei diante do médico, ele deteve-me por meio de um gesto. Observou-me os olhos e, sem dizer nada, fez-me uma marca na mão, a giz. (...)
Só compreendemos o que se passava quando chegou um intérprete. Eu tinha uma infecção. (...)
O chão fugiu-me debaixo dos pés. Fui rejeitada, don salvatore. Estava tudo acabado. (...)
O intérprete exprimiu-se mais uma vez: 'Volta para trás... a viagem é gratuita... não há problema... gratuita...', só tinha aquela palavra na boca."
in O Sol dos Scorta, um romance de Laurent Gaudé. pp. 71-73
Um fragmento de um romance galardoado com o Goncourt em França, um romance que serve a História, ficcionando aqui sobre a emigração na Europa. Depois, este artigo jornalístico sobre a imigração na Europa. Duas leituras para não esquecermos que as rotas se alteraram mas a necessidade e o medo são os mesmos.
23.5.07
À escuta #39
- Eu podia lá esquecer-te, nunca, nunca!
A - Mas quando fores velhota, se calhar vais esquecer-te de mim...
- Os pais nunca esquecem os filhos, eu prometo que nunca me vou esquecer de ti!
A - Eu acho que só vais pensar nos filhos que a S. vai ter.
S - Eu vou ter quatro filhos, duas raparigas e dois rapazes!
A - Eu não quero ter nenhum, vou ser só tia, como a tia C. e a tia D., e tu vais esquecer-te de mim...
- Mas porque é que tu não queres ter filhos?
S - Eu sei porquê, é que ela não quer que lhe cortem a barriga...
A - Não é só por isso, é que acho que não tenho paciência para bébés... e depois tu só vais pensar nos teus netos...
- Não te preocupes, eu vou sempre pensar em ti, tenhas filhos ou não! Mas sabes que a mim não me doeu quase nada ter filhos...
S - Não?
- Não!
S (indignada)- Mas é preciso casar para ter filhos, não é?
A (animada)- Eu posso casar e não ter filhos, não posso?
À escuta #38
A - E nós vamos poder usar as tuas roupas?
- Claro! Vocês vão crescer...
S - Sim, mas não te esqueças de que vais descer...
- Descer?
S- Sim, os velhos ficam todos mais pequenos e alguns até ficam tortos...
No reply #1
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21.5.07
E depois do adeus e venham mais cinco!

Depois da Ivamarle, foram o João Francisco, a J.P., a Elipse e o Bagaço Amarelo que nos ofereceram os seus Princípios. Todos eles já estão publicados no Livro! Muito obrigada a todos!
Eis o início dos últimos Princípios de romances sem-fim milagrados:
LII
A paisagem parecia ser imutável. As ondas iam e vinham da mesma maneira tranquila e quase silenciosa do passado. O sol era, quando entrava lentamente no mar, do mesmo laranja intenso e quase perfeito.
LIII
Do que ele tinha medo era do poço das palavras dela. Não queria escutá-la por muito tempo por isso replicava e contrapunha, percebendo que precisava do confronto para não lhe dar espaço. Sabia que ganhava nos argumentos, treinados desde o berço ou desde a definição dos genes.
LIV
Disse-lho depois do sexo. Disse-lhe enquanto o mirava no espelho grande quando se afastou até à porta do quarto, nua. Memorizou-lhe as costas curvadas em harmónio os pés enclavinhados no tapete a testa luzidia apoiada nos nós dos dedos, adivinhando-lhe os tremores e nada mais que isso.
LV
Há tanto tempo que vivia com o gato que deixara de lhe dar a importância da vida. Sabia que aquele aglomerado de massa e energia respirava, mas não se dava conta dos seus movimentos calculistas nem dos seus instintos felinos.
E agora venham mais cinco para chegarmos à última página!
P.S. - o email desta casa é: divasecontrabaixos@hotmail.com
18.5.07
Às vezes o amor
"As cidades onde marcavam encontros furtivos, o mapa que iam traçando, ponto por ponto, no corpo e na memória, e incluía bares, hotéis, aeroportos, cadeiras do Jardim do Luxemburgo, o início do Tiergarten, o relógio do Bahnhof Zoo, horários, mesas de café, altifalantes, lojas, impressos, chegadas e partidas, filas de trânsito onde táxis avançavam penosamente sob a chuva.
Incluía todas as cidades possíveis, excepto a deles, que se tinham tornado opacas, porque as tinham colocado provisoriamente no parêntesis da vida. Ignoravam-nas no tempo intermédio, e só se sentiam vivos a caminho de outras. (...)
Se o amor acabesse, pensaram saindo do taxi com as malas e partilhando ainda o mesmo guarda-chuva antes de partirem para destinos diferentes, se o amor acabasse, todas as cidades se tornariam ilegíveis."
A Mulher que Prendeu a Chuva, in: Cidades, pp 105-106
Sudoeste Editora, 2007
FNAC NORTESHOPPING
19 de Maio, Sábado, 21:30
FNAC COLOMBO - LISBOA
29 de Maio, Terça-feira, 18:30
SUITE PARA DOM ROBERTO
Dia 18, 6ªf., 21H30, TEATRO DAS FIGURAS (TEATRO MUNICIPAL DE FARO)
Como encerramento oficial das comemorações do 50º aniversário do Cineclube de Faro e celebração do 10º aniversário do Trio de Bernardo Sassetti, apresenta-se, em estreia absoluta, a obra encomendada a Bernardo Sassetti "Suite para Dom Roberto", peça musical inspirada no filme "Dom Roberto", de Ernesto de Sousa. Este filme foi produzido em 1962 com fundos vindos da Cooperativa do Espectador, constituída expressamente para esse efeito no seio do movimento cineclubista da época. 44 anos depois lançou o Cineclube de Faro uma subscrição pública no seu universo de associados que permitiu custear a composição desta obra musical.
A Voz Humana na Feira do Livro de Aveiro
"...Claro que é preciso desligar, mas custa muito...Sim. Ter a ilusão de estarmos abraçados um ao outro e de repente interpor caves, esgotos, uma cidade inteira entre nós...Lembras-te da Ivone, que não podia conceber como a voz passava através de um fio tão torcido? Pois tenho o fìo em volta do pescoço. A tua voz em volta do pescoço..."
TRANSNATURA VIDEOLAB 2007

PROGRAMAÇÃO GERAL / PROGRAMME
(18 de Maio) (May 18)
“IMAGEM CORPO” - ”Corpo Formal” (“IMAGE-BODY”- “Formalized Body”)
“Tela Humana" VIDEOLAB
“Corpo” o habitante (Portugal)
"Two Thousand Walls (A Song for Jayyous) PETER SNOWDON (Inglaterra)
“Manic Chinatown Bycicle” JEREMY SLATER (EUA)
“The Chase” FRODE KLEVSTUL (Noruega)
“Empieza por la a” JOHANNA REICH (Alemanha)
“Keyframe” ROBERTO ZITOLO (Itália)
“The Beach: (Closed Eyes. Strong Sunlight.)” STEVEN JONES (Inglaterra)
“Lurk” JEREMY NEWMAN (EUA)
“...” LAETITIA BOURGET (França)
“U.F.O” MOONA (Reunion Island)
“Black White” PRIYANKA DASGUPTA (Índia)
“Siempre” SOPHIE SINDAHL-INVERNESSE E MICHAEL LISNET (EUA)
(19 de Maio) (May 19)
“IMAGEM-PENSAMENTO” (“Image-Thought”)
"D'ailleurs, Derrida" de Safaa Fathy – apresentação por Maria Fernanda Bernardo Alves
(25 de Maio) (May 25)
"The Gospel According to Philip K. Dick" de Mark Steensland - apresentação por Jorge Rosa
(28 de Maio) (May 28)
Ciclo de Vida, Ciclo de Cinema – apresentação por José Ferreira-Alves (Centro de Psicopedagogia da UC)
(1 de Junho) (June 1)
“IMAGEM CORPO” - “Corpo Material” (“IMAGE-BODY”- “Material Body”)
(intro) “Bell” DIETMAR KRUMREY (EUA)
“The Cost of Living” DV8 PHYSICAL THEATRE (Inglaterra)
“Violin Phase” THIERRY DE MEY
“Le P’tit Bal” PHILIPPE DECOUFLÉ (França)
“Solo” THOMAS LOVELL BALOGH
(2 de Junho) (June 2)
“IMAGEM-PENSAMENTO” (“Image-Thought”)
"Judith Butler, philosophe en tout genre" de Paule Zajdermann – apresentação por Ana Luísa Amaral
(6 de Junho) (June 6)
"Zizek" de Astra Taylor – apresentação por Jacinto Godinho
(7 de Junho) (June 7)
“IMAGEM CORPO” - “Corpo Transmutado” (“IMAGE-BODY” – “Transfigured Body”)
(intro) “Loud And Clear” DIETMAR KRUMREY (EUA)
“Ornamental” ANNA CHIARETTA LAVATELLI (EUA)
“Words as Adornments” NATHANIEL WOJTALIK (EUA)
“Love [Me] Tender” MARY BOGDAN (Canadá)
“Kip Masker” MARIA PETSCHNIG (Áustria)
“Entitled As” ARZU OZKAL TELHAN (TURQUIA)
“Mother’s Milk” AMELIA WINGER-BEARSKIN (EUA)
“Packaged Goods” LEAH MEYERHOFF (EUA)
“Gender Bender Hallo” ALISON WILLIAMS (África do Sul)
“Nothingness” ARZU OZKAL TELHAN (Turquia)
(8 de Junho) (June 8)
“IMAGEM-PENSAMENTO” (“Image-Thought”)
"La Société du spectacle" de Guy Debord – apresentação por José Pinto
(9 de Junho) (June 9)
"Deleuze – C(h)i pensa il cinema?" Curso em Vincennes – apresentação por José Gil
(15 de Junho) (June 15)
"Foucault par lui-même" de Philippe Calderon e François Ewald – apresentação por António Fernando Cascais
(16 de Junho) (June 16)
"Cremaster 3" de Matthew Barney – apresentação por José A. Bragança de Miranda
VIDEOLAB ALCAINS 2007
One de Frode Klevstul | Experimental | 1’ | Noruega
O tempo – uma eterna fonte de discussão.
Selecções oficiais: Festival International du Court Métrage (2006). International Panorama of Indie Filmmakers (2005). Moscow International Videoart Festival (2005). Zeitgeist International Film Festival (2005)
À medida que anda pelas ruas, as bandeiras dos países da União Europeia surgem para onde quer que se olhe. A União Europeia está nos objectos, nas criaturas, nas pessoas. As “Cores da União Europeia” envolvem-nos. Um filme experimental para celebrar o 50º aniversário da União Europeia.
Prix Europa Spot Main award - PRIX EUROPA 2006 – Berlin, Germany. Main prize - NOKIA Mobile Film Festival - Budapest, Hungary.
http://www.kodolanyi.hu/alkotomuhely/
É mais um dia de trabalho rotineiro na vida de Mário Neto. Socialmente bem sucedido vive numa aparente felicidade até que se apercebe da sua condição de marioneta social. Optará ele por uma cómoda escravidão, ou por uma tempestuosa liberdade?
Antes de pôr fim à vida, um homem escreve uma carta de despedida à mulher. Mas quem é realmente esta mulher?
Official Selections: Super Short Films Festival (London - July 2006). Seoul Film Festival (Korea - Sept 2006). Eberswalde Film Festival (Germany - Oct 2006). Istanbul International Children's Film Festival (Turquie - Nov 2006). International Film Festival La Boca Del Lobo (Madrid - Nov 2006). Buenos Aires Rojo Sangre Film Festival (Argentina - Nov 2006). http://www.sdpfilms.com/
Team Queen é o melhor do burlesco Nova-Iorquino
www.leahmeyerhoff.com
Djamel's Eyes de David Casals-Roma | Drama | 11' | Espanha
Djamel e Paco recuperam de um naufrágio num hospital italiano. Partilham o mesmo quarto mas são muito diferentes um do outro, com visões completamente opostas do mundo. Paço está imobilizado na cama e Djamel descreve-lhe todas as coisas bonitas que vê através da janela: o mar, a praia, os pescadores… Com o tempo e a conversa acabam por se aperceber que afinal não são assim tão diferentes um do outro como inicialmente pensavam, até que o destino bate à porta….
Special Jury Award at the Kimera Cineclub Film Festival of Termoli in Italy. Awarded by the European Commission to develop the script "Djamel's Eyes". Winner of the Tamashii Award at the Con-Can Movie Festival (Tokyo, Japan). http://www.davidcasals-roma.com
Liver de Ianthe Jackson | Animação | 1’50’’ | EUA
Uma curiosa troca de órgãos...
Boletos por Favor de Lucas Figueroa | Ficção | 14’ | Espanha
Um comboio, uma perseguição, uma só forma de escapar…
Best of Show and Best Foreign Film - MAIN ST. Fort Worth Arts Festival
Looking for Alfred de Johan Grimonprez | Ficção | 10' | Bélgica
ArtfilmBiennale Cologne - Special mention of the Film Critics Jury. Winner of the International Media Award 2005 / Centre for Art and Media ZKM, Karlsruhe/SWR Südwestrundfunk/ARTE/ Swiss DRS. Winners of the International Media Art Award 2004-2005, Goethe Institut Barcelona, November 15 2005.EMAF Award 19th European Media Art Festival (EMAF) in Osnabrueck, Germany.
Once Upon a Time a King de Massimiliano Mauceri | Ficção | 10’ | Itália
Quem está certo, está errado e vice-versa…
Vincitore Marzocco 2003 Festival Valdarno Cinema Fedic; Vincitore Festival Cortofiction di Chianciano Terme; Vincitore Transdimentional Film Festival - Long Beach, California (USA); Vincitore Wilton Fall Foliage Film Festival - Wilton, New Hampshire (USA); Vincitore Artsfest Film Festival - Harrisburg, Pennsylvania (USA); Vincitore Festival Corti a Firenze Premio CGS;Vincitore Festival Schermi Irregolari di Firenze; Vincitore Festival Felino Video; Vincitore (categoria Ispirazione) Bassano Corto Festival; Vincitore Festival Corto Qui Brescia; Vincitore Global Art Film Festival Tour - Los Angeles, California (USA); Vincitore Clorofilla Film Festival di Festa Ambiente; VINCITORE Occhio al Corto Film Festival; Vincitore ex-aequo Rassegna Nazionale Cortometraggio Lino Micciche'; Miglior Film Straniero Red Bank International Film Festival - Red Bank, New Jersey (USA; Miglior Film Staniero Gulf Coast and Video Festival - Nassau Bay, Taxas (USA);Miglior Film Internazionale Atlanta Underground Film Festival - Atlanta, Georgia (USA); Grand Goldie Film Award Goldie Film Awards - Palatka, Florida (USA); Targa d'Argento, secondo classificato Forest Theater Film Festival - Forest Grove, Oregon (USA); Premio del Pubblico, secondo classificato Chlotrudis Short Film Festival - Brookline - Cambridge, Massachusetts (USA); Premio Solero, come secondo classificato, Festival Quargnento; Premio del Corallo, come secondo classificato, Festival Riviera di Gallura; Terzo Premio Festival Cortometraggi da Sogni di Ravenna; Terzo Premio Video Festival di Canzo; Videocorto d'Argento Nettuno Film Festival; Miglior Regia al Festival Opere Nuove di Bolzano; Miglior Regia Jalari in Corto; Miglior Fotografia al Festival TagliaCorto di Firenze; Premio Sfera Fidelio al Festival Cortopotere di Bergamo; Menzione speciale della Giuria al Festival del Cinema di Lioni; Menzione Speciale della Giuria al Festival Pratometraggi di Prato; Menzione Speciale della Giuria Festival Bassa In Corto; Menzione Speciale della Giuria Palermo Film Festival; Menzione Speciale della Giuria Festival Idee In Corto di Aquino; Miglior Attrice Protagonista Festival Per Un Pugno di Corti; Miglior Attrice Protagonista Nettuno Film Festival; Premio del Pubblico al Festival Fiaticorti di Istrana; Premio Troisi (assegnato da registi e attori) Nettuno Film Festival.
The End is Fast approaching de Frode Klevstul | Experimental | 10'' |
O fim aproxima-se rapidamente.
17.5.07
O Livro dos Bons Princípios continua depois do adeus

A Ivamarle foi a primeira a responder ao desafio. O início do seu texto é assim:
"De repente estacou, ao aperceber-se que caminhava como quem tem pressa. Que disparate, pressa de quê ou para quê? Nem os seus dias tinham pressa, passavam devagar e pausadamente; ele sempre achou que destoava do resto da multidão, precisamente pela calma dos seus passos."
Para o ler do princípio até ao fim-que-não-o-é, já sabem, devem ir à página 51 do Livro.
16.5.07
Malena. ou a guerra
15.5.07
O poder de Eva
Não sei nada. O que é óbvio, às vezes funciona bem! Por exemplo, este fim de semana vi o espectáculo "A Música no Coração" do Filipe La Féria, no Politeama e pensei que ele não inovou, ele reproduziu, num palco, um filme. Mas foi tão profissional (e teve orçamento para satisfazer os caprichos de director perfeccionista) no décor, na encenação, no casting, na selecção das traduções, que convenceu. Eu teria comprado o CD com as músicas em português para as filhas decorarem Dezasseis, quase dezassete, que é o que elas andam agora a cantarolar, ou Edelweiss, a canção sobre a flor nacional austríaca--- mas não havia à venda. Eu sei, é parolice, no original é melhor, mas olhem que elas têm sete anos e livrá-las do monopólio Floribella ou Docemania era uma conquista e tanto! (sim, elas sabem de cor "fecha a porta, apaga as luzes, vem sentar-te a meu lado..." --- e eu até me divirto, que uma das minhas diversões aos vinte era cantar isto com sotaque do norte: "feicha a puorta, apaga a luz, bem sentar-te a mueu lado"--- pelo que a gente dá sempre uma no cravo e outra na ferradura).
Enfim, gostava de andar agora na bicicleta voadora do Pavilhão do Conhecimento! Já experimentaram? Não dá nenhuma adrenalina, nunca sentimos que podemos cair. Mas talvez depois de um jarro de sangria eu pudesse cair e balançar-me na rede de protecção. Andei lá para a frente e para trás e nada!
Antes de terminar: vocês nunca continuaram--- mentira, a JP fê-lo ---mas O Livro dos Bons Princípios já reune 50 princípios possíveis de romances. Agora, eu o Afinador de Sinos decidimos pôr um fim no Livro. ou melhor, queremos que sejam vocês a fazê-lo. Eu volto a lembrar-vos do desafio, que muitos nunca vão chegar a ler este último parágrafo! Mas é assim: o que vos propomos desta vez é que sejam vocês a escrever um Bom Princípio para um romance. O Bagaço Amarelo já disse que o fará. Serão publicados os 10 primeiros Princípios enviados por email para mim ou para o Afinador. Passem a palavra e terminem este Livro em glória.
Agora, se não se importam, vou ali ver o tecto do meu quarto balançar. e sentir os meus olhos fecharem à luz de O Sol dos Scorta de Laurent Gaudé, o meu actual livro de cabeceira.
14.5.07
Matar mulheres em nome da honra, da vergonha ou da religião
"Killing women for reasons of honor, shame and religion does happens in regions of Kurdistan and Iraq. The above incidents are not uncommon in some of the deeply religious and traditional communities. For long violence against women has been commonly used as a political and religious weapon and as a means of social control."
O único crime da curda Doa Aswad, de 17 anos, foi apaixonar-se e ter querido casar com um sunita muçulmano, apesar de pertencer a uma família Yezidi. Não sei se devemos ver os vídeos do massacre desta jovem mulher, mas eles existem ---porque os seus assassinos possuem telemóveis de última geração e filmaram a barbárie.
No AINA News: seis pequenos vídeos e a notícia.
No Kurdish Aspect: "Honour Killing” Sparks Fears of New Iraqi Conflict
E nos anexos (novo espaço que acabei de criar), o artigo de João Pedro Pereira do Público de hoje.
A Mulher que prendeu a chuva #3
Nesta narrativa, o povo da tribo hesita, não quer matar "a mulher que prendeu a chuva", mas vence o pensamento mágico.
No conto "Roma"(2), lemos: "[no Coliseu havia] tronos de mármore onde as Vestais se sentavam, na mesma fila dos Senadores (a crueldade das virgens, dissemos). E depois recordámos que as Vestais eram mortas quando cediam ao desejo de um homem e morriam sufocadas dentro de paredes, não sem antes lhes ter sido dada uma vela acesa e pão, para terem tempo de ver a extensão do seu erro, antes de sucumbirem à sua morte vagarosa." (p. 49)
No conto "História antiga"(3), uma mulher que sempre fora "escrava" do marido é assassinada por ele, quando as vizinhas o avisam de que ela tem um amante. "Esteve preso alguns meses e foi julgado, mas o juiz acabou por o mandar em paz. não era crime matar a mulher própria, quando apanhada em flagrante." (p. 75)
--- desfazendo uma representação contínua da História,
pergunto: sendo certo que os tempos se justapõem. que resquícios do passado se cruzam ainda na nossa mentalidade?
(1)(2)(3) in A Mulher que Prendeu a Chuva, de Teolinda Gersão
Meme
O elemento ambiental do meme é, por norma, outro humano, a partir de quem a informação de um certo comportamento é obtida e imitada, mas também existem ambientes inanimados geradores de memes. Estas fontes inanimadas de informação são designadas pelo termo "sistemas retentores", e é esse o caso dos livros ou dos blogues.
Isso quer dizer que, de forma mais ou menos consciente, os visitantes do sistema retentor Divas & Contrabaixos têm andado a captar "ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma", desde Novembro de 2004, data de início do blog. ---- o que me parece uma boa razão para não propagar agora nenhuma ideia potencialmente memética.
--- mas como estou com dificuldade para me despedir do universo de Teolinda Gersão, de quem li quase toda a obra recentemente, vou deixar uma citação, que traduz bem a minha ideia da História das civilizações--- e da pequena história de cada um:
"Precisávamos de tempo mas o tempo cercáva-nos, cada pedra começava milénios atrás e tudo, segundo o guia, era digno de menção e de memória."
Fragmento de Roma, in A Mulher que Prendeu a Chuva de Teolinda Gersão
Sudoeste Editora, Março 2007