31.7.08

Medina de Hammamet #3

À medida que mergulhamos na Medina, no labirinto de ruazinhas, vamos descobrindo o popular hammam (balneário público acessível, durante a manhã, às mulheres e, durante a tarde, aos homens) e o museu Dar Hammamet, consagrado aos trajes tradicionais de casamento das diferentes regiões do país. O mais impressionante, no entanto, é a kasbah (castelo), construída no século XV sobre um forte original do século XII, e de uma estrutura aglabita do século IX. As suas muralhas, com cerca de dois metros de espessura testemunham a importância de Hammamet - situada a 62 km de Tunes - como praça de guerra, em tempos idos. Actualmente, a imagem é de serenidade. A kasbat está bem conservada e, do alto das muralhas, podemos avistar toda a cidadela e, sobretudo, o golfo de Hammamet.


Fotos MRF
Julho 2008

30.7.08

Mas o calor, ah o calor!

Place des Vosges

Louvre

Champ de Mars



Percorrer Paris

Tenho andado quilometros a pé. Na imagem, um detalhe da ponte Alexandre III, uma das mais belas de Paris. Antes de atravessar a ponte, visitei o Hotel des Invalides e fiz um piquenique nos jardins, ja a caminho do Sena. Seguiu-se o Petit Palais e depois a travessia até ao Louvre, com direito a Parque de diversões para os mais pequenos. Fizemos este passeio no sabado, na véspera da final do Tour de France. Nos Campos Elisios e na Place de la Concorde, os preparativos, com montagem de bancadas e tendas, transformavam a paisagem. [Desculpem a falta de acentos]

29.7.08

Urgente!

«ordem natural»

"[...] os objectivos tradicionais da educação feminina tinham na sua base, como motivo central, o papel dominante das mulheres, ou seja, o casamento (e o governo da casa) e a procriação. Numa orgânica familiar como era a do Antigo Regime, entendida como decorrendo de uma «ordem natural» imutável e que tudo regia, onde cada um tinha o seu lugar preciso, eram essas as funções que a sociedade e, dentro da família, a hierarquia doméstica conferiam fundamentalmente à mulher - o que era independente do posicionamento na escala social.
(...)
Segundo Vives, a mulher cristã e virtuosa devia conhecer as Sagradas Escrituras, as boas maneiras e os preceitos morais, mas não lhe era própria a aprendizagem da ciência, da filosofia e da retórica. Rezar, ler e trabalhar eram ocupações úteis (até para preservar do ócio, espaço da tentação e do pecado desde a época medieval), que pertenciam à esfera do privado, ou seja, ao espaço doméstico, à casa. Não por acaso, os manuais destinados à instrução feminina davam um singular relevo ao governo da casa, espaço de poder indiscutivelmente pertença da mulher - de todas as mulheres, para lá da sua posição social. No exterior, o único espaço legítimo era o da Igreja; os outros domínios relativos à vida económica, social, política e intelectual eram um espaço masculino."

in Buescu, Ana Isabel, Catarina de Áustria Infanta de Tordesilhas - Rainha de Portugal, Edit. A Esfera dos Livros, Novembro de 2007. pp 57-58

27.7.08

Viajar para os mesmos lugares sem saber

Les Trois Graces et Les Quatre Saisons
Oued - Remel - Sec. III
Museu Nacional Bardo, Tunes, Tunísia


Les Trois Graces
Sec. II - Restauro de Nicolas Cordier em 1609
Museu do Louvre, Paris, França

Filhas de Zeus, as Graças personificam a beleza, a doçura e a amizade. São divindades menores, meras companheiras de Afrodite. Ambas as obras, do período romano, são cópias de esculturas gregas do século IV a.c.. Simbolizam também as artes e a fertilidade. Inspiraram inúmeros artistas. E é bom saber que podemos encontrá-las no Norte de África ou no Centro da Europa. As Três Graças evocam origens comuns, aproximam mouros e antigos cruzados. As duas peças partilham também o privilégio de estarem expostas em museus magníficos. O Musee National du Bardo, que comemora agora 120 anos desde a sua inauguração (1888-2008) ultrapassou as minhas expectativas. Do Louvre, não valerá a pena falar. Mas a iniciativa recente de abertura à noite, às quartas e sextas - «Le Louvre autrement - Nocturnes», é de não perder, se por acaso forem para esses lados. Até aos 26 anos, a entrada é gratuita. Enfim, a Sul ou a Norte, As Três Graças estão lá, apelando à contemplação e a um sentimento de união no pensar a Humanidade.

«o Oriente e o Ocidente»

"Sexta-feira, 15 de Janeiro de 1507. Em Valhadolide, no coração de Castela, frei Henrique de Coimbra, bispo de Ceuta e embaixador do rei D. Manuel de Portugal, preparava-se para seguir viagem em direcção a Torquemada, onde o monarca o enviava com uma missão específica.
Para além da visitação formal de pêsames, que o rei quis que apenas então tivesse lugar, pela morte inopinada e fulminante do jovem rei Filipe I de Castela, ocorrida em Burgos a 25 de Setembro de 1506, D. Manuel procurava inteirar-se do ambiente e movimentações políticas em torno de D. Joana, rainha e viúva de vinte e sete anos de idade, e dos meandros da «governança de Castela». Procurava, ainda, fazer avançar aquela que era a ambição maior da política imperial de um rei que juntara «o Oriente ao Ocidente»: persuadir os reis cristãos e a cúria pontifícia à cruzada contra os muçulmanos, através do confronto com o reino mameluco do Egipto e o Turco otomano, no palco europeu e no longíquo Oriente, conseguir a destruição de Meca e a libertação da cidade santa de Jerusalém, assim se alcançando - desejava D. Manuel que sob a égide do rei português - uma nova idade de um império cristão universal.
(...)
Outros episódios desta ofensiva político-dplomáica junto das cortes europeias haviam tido lugar nos anos de 1505 e 1506, e emissários de D. Manuel procuraram junto de Henrique VII de Inglaterra, do imperador Maximiliano, do rei de França, Luís XII, e de Fernando, o Católico, fazer valer os pontos de vista e a estratégia do monarca português."

in Buescu, Ana Isabel, Catarina de Áustria Infanta de Tordesilhas - Rainha de Portugal, Edit. A Esfera dos Livros, Novembro de 2007. pp 15-16

25.7.08

À escuta #73

S - Faz-me perguntas para eu responder ao contrário...
- Os ovos moles aguentam oito dias sem frigorífico e continuam bons...?
S - Não aguentam... porque eu os como antes. Mais!
- As pessoas adoram comer papel...?
S - Adoram, sobretudo papel de livros, para nunca mais se esquecerem da história. Mais!
- Beber Coca-Cola faz muito bem à saúde...?
S - Pois faz, porque depois as pessoas arrotam e isso faz os outros rir e ficam todos felizes...
- A gelatina faz-se com leite...?
S - Sim, se o leite for colorido.
- ...
[Gostam do jogo? :)]

«sem ajuda de varão»

"Na verdade, D. Joana cresceu até aos dezasseis anos, quando partiu para casar, numa corte em que o gosto pelas coisas da cultura, no seu sentido mais lato, ganhara um lugar destacado no conjunto de interesses e da sociabilidade aristocrática da corte castelhana de então.
Em particular, a cultura letrada e o interesse pelas novas correntes italianizantes e ainda as novidades da Flandres merecem o favor de Isabel, a Católica, possuidora de uma notável biblioteca de cerca de quatrocentos volumes reunida ao longo da vida em que, para além do natural destaque e predomínio dos livros de carácter religioso, estavam presentes autores clássicos como Aristóteles, Virgílio, Tito Lívio e Séneca, este último tão amado pela cultura hispânica medieval, mas também modernos, como Boccaccio, igualmente presente nas livrarias de outros reis peninsulares, como na de D. Manuel. Por outro lado, Isabel, a Católica acolhera e protegera destacados humanistas como Lúcio Marineo Sículo, em 1484, e sobretudo o milanês Pedro Mártir de Anglería, chegado a Castela em 1488, trazido por D. Iñigo López de Mendoza, conde de Tendilla, que havia sido embaixador em Roma.
Num outro plano, em que são mais evidentes as preocupações pedagógicas relativas à aquisição de saberes no universo feminino, a rainha D. Isabel solicitou em 1486 ao prestigiado António de Nebrija que elaborasse uma versão da sua gramática latina para que as mulheres pudessem aprender «sem ajuda de varão». Ficou aliás célebre a presença, na corte de Isabel, da erudita Beatriz Galindo, a quem chamavam «la latina», que muito contribuiu para a aprendizagem do latim por parte das damas da corte de Isabel, a Católica, mas também de Juana de Contreras, outra das mulheres desse círculo próximo de Isabel e que se destacaram pela sua grande cultura.
Neste quadro e ambiente, a cuidada educação das infantas suas filhas Joana e Maria foi confiada a um humanista, Alejandro Geraldino, que lhes ensinou latim a partir dos seis anos de idade e lhes deu alguma formação humanística. Dizia Juan Luís Vives, autor de uma das obras centrais da instrução feminina no século XVI, incessantemente traduzida e copiada, De Institutione Feminae Chritianae, que quer Isabel e Joana quer Maria e Catarina respondiam com facilidade em latim a quem nessa língua as interpelava.
Tal não significa que da formação das filhas de Isabel e jovens da mais alta nobreza que integravam a sua corte estivessem ausentes aqueles que eram, por tradição e quase natureza, os saberes próprios da mulher honesta e virtuosa, ainda que fosse filha de reis e de rainhas - saberes que, como já se dizia nas Siete Partidas, também «pertencem a nobres donas». E na verdade, o mesmo Vives, num outro passo da sua obra, referia como Isabel, a Católica quis que as quatro filhas «aprendessem a fiar, coser e bordar com soltura [...]». E, evidentemente, a piedade e a devoção cristãs que, inculcadas pela prática quotidiana e pela participação em ofícios litúrgicos - mesmo quando, no caso vertente, a rainha D. Joana com frequência a eles se furtava -, se completava, nesta alta nobreza de que falamos, tantas vezes a partir da leitura de livros de horas e de devoção, da leitura de episódios de vidas de santos, de sermonários e tratados morais e de edificação, que sabemos que circulavam e faziam parte, se assim o quisermos dizer, de uma religiosidade de feição aristocrática.
Para lá, portanto, de alguma abertura a outros saberes e a alguma erudição que eram também sinal de pertença social, poder, distinção e não indício de verdadeira criação cultural por parte das mulheres da nobreza - a música, os livros, as línguas clássicas, sobretudo o latim, por vezes também o grego-, e de certos comportamentos próprios da sua condição social, a educação das filhas de reis e de grandes senhores partilhava com todas as outras mulheres, no limite, tudo o resto - embora esse resto viesse, naturalmente, a revestir várias e diferentes configurações."

in Buescu, Ana Isabel, Catarina de Áustria Infanta de Tordesilhas - Rainha de Portugal, Edit. A Esfera dos Livros, Novembro de 2007. pp 55, 56 e 57

24.7.08

Yasmine Hammamet #2

A Marina Yasmine Hammamet tem capacidade para mais de 700 embarcações. Yasmine-Hammamet é uma nova estância balnear, a sul de Hammamet. Situados junto à costa estão cerca de 50 hotéis (e a construção não parou). Uma grande parte destes hotéis estão dispostos ao longo de uma calçada - de 1500 metros - e têm ligação quase directa à praia. Foi caminhando ao longo dessa calçada que uma tarde me dirigi à marina. É maior que qualquer infraestrutura lusa do mesmo tipo. O Mediterrâneo atrai!
Fotos MRF
Julho 2008

Não estou a falar de St. Tropez

Sorte ou azar, pudemos assistir ao desenrolar do Grande Prémio da Tunísia em Powerboat P1, prova integrante do Campeonato do Mundo da modalidade. Da varanda do hotel, assisti pasmada aos ensaios e a algumas corridas, enfim, a todo o aparato da velocidade, da concentração de todo o tipo de embarcações, helicópteros, óleo e poluição sonora. Os banhos na praia é que passaram a ser menos tentadores.


Yasmine Hammamet
Fotos MRF
Julho 2008

23.7.08

Sena, Loire e lagos

Neuchâtel

Paris, Fev. 2008

Loire, Monts du Foret, Agosto 2006
Fotos MRF


O destino é quase familiar, por razões muito familiares... O blogue entra em funcionamento automático durante as próximas semanas. Boas Férias___ para quem também vai de férias e bon courage para os que ainda têm que esperar!

22.7.08

Capturado Radovan Karadzic, antigo líder sérvio da Bósnia

Mostar, Bósnia. 11 de Maio 2008


O vendedor desviou-se para eu fotografar o cartaz - que só encontrei desta vez, e apenas em Mostar. «Diversas tentativas de detenção levadas a cabo pela NATO na Bósnia acabaram por falhar. O departamento de Estado tinha prometido uma recompensa de cinco milhões de dólares por informações que conduzissem à sua detenção.»
Karadzic é acusado de vários crimes de guerra e genocídio, incluindo a morte de cerca de 8000 homens e rapazes muçulmanos no massacre de Srebrenica. Andava a monte desde 1996, tal como o seu comandante militar, Ratko Mladic, que continua em fuga. Ambos eram procurados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para os Crimes de Guerra da Ex-Jugoslávia.

O Acontecimento

M. Night Shyamalan é dos poucos realizadores de «filmes de terror» a que não resisto. Depois de ler uma sinopse d' O Acontecimento, sabia que tinha que ver o filme e que ia gostar. Não me enganei. Lembrou-me Os Pássaros de Hitchcock. De alguma forma, há a mesma essência no fenómeno inédito que ataca e provoca a morte a seres humanos. A ameaça misteriosa, inesperada, fantástica, é ambiental. Pássaros ou plantas - reagem colectivamente a estímulos ambíguos, tornando-se perversos, «terroristas». A imaginação de Shyamalan é prodigiosa - faça-se um levantamento das modalidades de suicídio sequencial narradas no filme. E depois, por vezes, abre espaço ao kitsch: o "visual" macabro (a cena do zoo), as cenas patéticas e previsíveis (a mãe ao telefone, escutando em directo o acidente mortal da filha), a relação sentimental dos protagonistas. Mas até destes excessos eu gosto, enfim, de quase todos. No filme de Hitchcock, Mitch Brenner (Rod Taylor) e Melanie Daniels (Tippi Hedren), actores virtuosos, deixaram-me sempre, como casal, uma sensação de incompletude. O filme é estruturado à volta do acontecimento, não dando espaço ao desenvolvimento de outros temas, como a história de amor entre as duas personagens. A relação entre Elliot (Mark Wahlberg) e Alma Moore (Zooey Deschanel) também apresenta falhas. Mas aqui, não há a desculpa do argumento "saltar" fases na construção da relação. É pior que isso, Shyamalan desenhou uma relação do tipo infantilismo-evangelismo americano, logo, completamente desinteressante. Mas o filme não o é. Por tudo o que evoca e por tudo o que profetiza.

Apetece-me Aveiro

Mais vistas panorâmicas de Aveiro no Quarto com vista para a Cidade


Foto MRF
Julho 2008

21.7.08

Medina de Hammamet #2

No interior da Medina, o pequeno souk, onde se vende artesanato proveniente de todo o país: tapeçarias, vestuário, marroquinaria, essências e ourivesaria. O preço é sempre negociável, mas a norma é pagar um terço do valor pedido inicialmente. Todos chamam os turistas, e tentam adivinhar a sua origem. Português, espanhol, francês, belga,..., e para cada um as palavras certas de boas-vindas. Para minha surpresa, para além do Mourinho, do Figo e, é claro, do Ronaldo, foram vários os que atiraram à nossa passagem um "bacalhau com batatas". Conselho: visitar o souk pela manhã, uma altura em que os turistas não se atropelam e as ruas estreitas decoradas a buganvílias nos dão alguma sombra.


Fotos MRF
Julho 2008

20.7.08

Conto de fada

Era um grande número de vezes
Um homem que amava uma mulher
Era um grande número de vezes
Uma mulher que amava um homem
Era um grande número de vezes
Uma mulher e um homem
Que não amavam aquele e aquela que os amavam

Era uma vez
Talvez uma única vez
Uma mulher e um homem que se amavam.

Robert Desnos

19.7.08

Festa na Ria... glups

Continuo na dúvida. Treino para o II Triatlo de Aveiro, integrado no Programa Festa da Ria, ou treino do nosso atleta olímpico, Diogo Carvalho, para Pequim 2008? Em qualquer dos casos, admirei a resistência... imunitária.

Reportagem completa aqui

Festa na Ria até dia 20 de Julho



Foto MRF
18-07-2008

18.7.08

Hypomnemata

Desta vez, a escrita de Pedro Eiras vai estar no RIVOLI. A música é do Joaquim Pavão. Com o Porto aqui tão perto, não resisto. [desde logo, a dar um sentido ao título - eu milagrei «debaixo da memória mata» mas, segundo a Wikipédia, Hypomnema (em grego υπομνημα, plural υπομνηματα, hypomnemata), é uma palavra grega com várias traduções para o português: uma lembrança, uma nota, um registro público, um comentário, um rascunho, uma cópia ou outras variações desses termos. Michael Foucault usou esta palavra no sentido de "nota", mas é também é traduzida pela palavra inglesa "notebook". Vamos ver o que milagrou Pedro Eiras...

RIVOLI
18 a 27 de Julho
Segunda a Sábado às 21h30
Domingo às 18H30