28.2.07

Chuva negra misturada com cinzas. é o apocalipse, um castigo divino, o que quiserem, mas as empresas não são responsáveis

Denny Moers


Perguntava o Kimikkal, a causa da camada de fuligem que cobriu Estarreja... (a 22 de Fevereiro). Hoje leio no Diário de Aveiro: "A associação para a Defesa do Ambiente de Cacia e Esgueira alertou para a chuva negra misturada com cinzas que tem caído com maior incidência na zona. Embora as empresas locais se tenham demitido de qualquer ligação a estes incidentes, o presidente da Junta de Freguesia de Cacia não tem dúvidas de que será a Funfrap ou a Portucel a responsável pela poluição."
[os negritos são meus]

Parece que o fenómeno ocorre desde o ano passado, a frequência é que tem vindo a aumentar nos últimos tempos, sobretudo durante a noite. "Trata-se de uma substância negra e gordurosa, misturada com cinzas, e só é possível remover das superfícies com detergentes."

Hello Ministério do Ambiente! Perdão. Hello Divina Providência!
Eu queria que os outros dissessem de mim: Olha um homem! Como se diz: Olha um cão! quando passa um cão; como se diz: olha uma arvore! quando ha uma arvore. Assim, inteiro, sem adjectivos, só de uma peça: Um homem!

in A Invenção do Dia Claro, de José de Almada Negreiros
Olisipo, 1921, pp 12

No Music Hall...

À escuta #33

S., ontem, depois de ouvir o Telejornal:

- O que é mais grave..., uma menina desaparecida ou uma pessoa sem casa?

Close to home #1

Margaret Sardor
Série Close to Home, Emily in the garden
Monroe, LA, 1999

27.2.07

Como o livro, as pessoas tinham principio, meio e fim. A principio o livro chamava-me, no meio o livro deu-me a mão, no fim fiquei com a mão suada do livro me ter estendido a mão.
Talvez que nos outros livros... mas os titulos dos livros são como os nomes das pessoas - não quere dizer nada, é só para não se confundir.

in A Invenção do Dia Claro, de José de Almada Negreiros
Olisipo, 1921, pp 12

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

XXXV


Os dois almoçavam numa tasca qualquer da cidade. Felizmente o Natal já passou! Finalmente voltavam à realidade, à relação e à discussão das decisões que teriam que tomar. O tempo do faz de conta acabara. Então já não há dúvidas! - dizia ele. Nunca tive dúvidas, mas agora é insuportável esperar mais. Ela falava baixo, olhava baixo. Um miúdo de dois ou três anos começou a chorar. Sorriram, derrotados. A João já marcou a consulta. Parece que a senhora é boa médica e, vê a ironia, tem consultório numa clínica de "reprodução assistida". E depois ele disse: Eu levo-te lá, não te preocupes com nada! Não respondeu. Apesar da sua muito boa vontade, sincera, ela teve a certeza que depois do pesadelo acabar, não queria voltar a vê-lo.

Qual foi o erro dele? Os anos não tinham enfraquecido o sentimento. O que é que ele fez ou não fez, disse ou não disse, que não pudesse ser perdoado?


Todas as semanas saiem novos Princípios: às segundas n'O Afinador de Sinos, às terças aqui, às quartas no Ponto.de.Saturação. Para ler todos e seleccionar um, abram O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS.

À escuta #32

- Mamã, eu sei muitas coisas sobre o Jesus...
- Ah sim, então o que é que sabes?
- Sei que nós não o vemos mas que ele nos vê.
- Sim, há pessoas que acreditam que é assim...
- Não é as pessoas acreditarem... É mesmo assim!

Anjo meu

Armanda Passos
Óleo sobre tela, 75x50cm
2005

26.2.07

À escuta #31

- Mamã, o meu fado é Jesus.
- O quê?
- Decidi que o meu fado é Jesus.
- Sabes o que é um fado?
- O que é?
- Pode ser o destino de uma pessoa. E também é um tipo de música, há pessoas que cantam fado.
- Isso não interessa. Eu decidi que o Jesus é o meu fado.
- Está bem...
- As Winx são fadas mas elas não me ajudam muito e as fadinhas da Floribella nem existem... O único que faz o que eu peço é o Jesus. Hoje, na escola, eu queria que a professora me abrisse a cola e pedi ao Jesus para ela vir, sem eu dizer nada, e ela veio! É por isso que ele é o meu fado.
- Ah, mas sabes que fado não é o masculino de fada!
- Não mesmo? É que não sei o que lhe chamar... Podia ser bruxo, que também há bruxinhas que são boas..., mas não gosto. Talvez anjo..., mas existem anjos? Existiam quando a Maria estava grávida...
- Quem é a Maria?
- Oh, é a mãe do Jesus. Veio um anjo e disse-lhe que o Jesus ia nascer.
- Pois...
- Pronto, então o Jesus vai ser o meu anjo!



[A. ,6 anos]

Óscar #5


Melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado, melhor montagem. Deixou escapar apenas uma das nomeações.

Óscar #4

Ficou assim:
4, 3, 2, 2, 2, 1, 1, 1 e 1. E ainda 1 e 1 e 1. o que já diz muito.

Depois, o Honorário. mas ela faltou lá (pindérica Céline Dion!):


Óscar #3

Óscar #2


Quem esteve no Cinanima, viu o agora "oscarizado" filme de animação:
TORILL KOVE
NORUEGA

E depois de futebol, Hollywood, e a vidinha segue dentro de momentos!

Vamos lá assistir à cerimónia que tem perdido espectadores todos os anos!


Arquivos:


Piscar de olhos ao sonho (2005)

78ª edição e costura (2006)

a função do amor é fabricar conhecimento

a função do amor é fabricar desconhecimento

(o conhecido não tem desejo;mas todo o amor é desejar)
embora se viva às avessas,o idêntico sufoque o uno
a verdade se confunda com o facto,os peixes se gabem de pescar

e os homens sejam apanhados pelos vermes(o amor pode não se
importar
se o tempo troteia,a luz declina,os limites vergam
nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela
---o medo tem morte menor;e viverá menos quando a morte acabar)

que afortunados são os amantes(cujos seres se submetem
ao que esteja para ser descoberto)
cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder
mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver

(que riem e choram)que sonham,criam e matam
enquanto o todo se move;e cada parte permanece quieta:

in livrodepoemas, de E.E. Cummings
tradução de Cecília Rego Pinheiro
Assírio & Alvim, 1998, pp 125


da tradutora, a Nota: "... em Outubro de 1992, vem a lume o artigo "Not e.e. cummings", assinado por Norman Friedman (...), pretendendo esclarecer definitivamente o problema. Segundo o crítico, o erro [uso de minúsculas] tomou forma quando, em 1964, Harry T. Moore afirmou no prefácio ao segundo livro do próprio Friedman, dedicado a Cummings (The Growth of a Writer), que este tinha, legalmente, mudado o seu nome para minúsculas. Quase trinta anos depois, Norman Friedman desmente o que fora anunciado por Harry T. Moore e afirma a necessidade da correcção gráfica do nome do poeta nos inúmeros comentários de natureza crítica, de que a sua poesia tem sido objecto...." pp 23
Norman Friedman é um dos mais conceituados estudiosos de Cummings pelo que, desde essa data, se usa escrever o nome do poeta em maiúsculas. (pensar que peguei nos "xix poemas" também publicado pela Assírio, em 1991, por me agradar a simplicidade do e.e. cummings)



Para o Windtalker
(conhecem este Cabo dos Ventos?)

25.2.07

Encantamento VII


Guia - Algarve
Fotos MRF - 2006


... mas hoje, dia em que o FCP joga com o SC Beira-Mar, eu vou ao estádio torcer pelos cagaréus. Nada de têbês! E nem vou pensar na penúria em que ficaram os cofres da CMA por causa desta obra! (e também vou esquecer os zum-zuns de que no clube andam todos às turras!)
Biba o Beira-Mar, caraças!

Adenda:
O FCP goleou 5 vezes o SC Beira-Mar. Os aveirenses tiveram apenas duas boas ocasiões para marcar, logo nos primeiros minutos do jogo. Depois de sofrerem o primeiro golo desanimaram e a partir daí o FCP jogou tranquilo. Admirei a rapidez do Dragão n° 22 (têm que me lembrar o nome do jogador). Cruzei-me com o Jorge Nuno Pinto da Costa: mede menos de 170 cm e ainda não substituiu a Carolina. O écran gigante registava a presença de 14500 espectadores; estavam mais, mas faltavam outros tantos para o estádio atingir finalmente a sua lotação! Talvez um dia... noutra era do Beira-Mar.

24.2.07

Nós e as palavras

Nós não somos do seculo d'inventar as palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do seculo d'inventar outra vez as palavras que já foram inventadas.


in A Invenção do Dia Claro, de José de Almada Negreiros
Olisipo, 1921, pp 20

Breaking and Entering



Assalto e Intromissão é a tradução falaciosa de um filme denso, escrito e realizado por Anthony Minguella.

Tive conhecimento há pouco tempo da existência desse novo desporto urbano, o Parkour (PK). Lembrei-me da discussão que se seguiu sobre as cidades e a (in)adaptação do Homem ao espaço. O nome, de origem francesa, remeteu-nos logo para os motins nos subúrbios de Paris. No Parkour, o traceur salta muros, lança-se entre telhados, faz rolamentos, escaladas, que visam ultrapassar os obstáculos urbanos com a máxima agilidade e rapidez. Agora o PK faz-se acompanhar de uma filosofia que o perspectiva como uma arte, a arte do movimento, que visa a harmonia entre corpo e espírito.


Mas estamos longe dessa harmonia nesta nova Londres de Minguella, uma Londres de geografias e culturalismos variados, habitada por um arquitecto bem sucedido mas infeliz (Jude Law), a sua namorada sueca, Liv (Robin Whright Penn), o seu sócio (Martin Freeman) e a empregada negra por quem se apaixona, a prostituta Oana (Vera Formiga), a família de refugiados sérvios Amira (Juliette Binoche) e Miro (Rafi Gavron), os gangsters servo-croatas, e o polícia Bruno Fella (Ray Winstone), para quem todos podem ser criminosos mas que não esquece o background dos putos que persegue.

A filha autista de Liv provoca um afastamento no casal, que se ama. Miro, o traceur, vai desplotar a aproximação entre mundos que, mesmo se não se compreendem, se podem salvar mutuamente.
As cidades não podem desumanizar. Se houver moral na história.

23.2.07

Confidências

O meu anjo da guarda está sempre a dizer-me: De que estás à espera?
Vá, anda! Começa já! Começa já a cuidar da tua presença!
Não sei o que o meu anjo da guarda quer que eu advinhe em taes palavras.
Outras vezes, o meu anjo da guarda pede-me para que seja eu o amo da guarda d'elle.

in A Invenção do Dia Claro, de José de Almada Negreiros
Olisipo, 1921, pp 34-35

Scoop

Em 2003 fui passar uma semana a Nova Iorque e fiquei alojada mesmo em frente ao Imperial Theater na Broadway. Logo na primeira noite, quando regressava ao Hotel, apercebi-me de um grande alarido à volta de uma pessoa e aproximei-me, na esperança de dar de caras com uma estrela de cinema, daquelas que eu via nos écrans desde pequenina. Para grande decepção, e apesar da histeria das meninas e senhoras, eu não o conhecia de lado nenhum. Quando perguntei quem era, olharam-me de lado. Eu não conhecia Hugh Jackman!

Olhei com atenção para os mega-cartazes do teatro e reconheci o grande protagonista. Ele era aquela figura que dançava e que parecia que nos ia cair em cima sempre que passávamos naquele passeio. Hugh Jackman era The Boy From Oz.

Podia ter acabado aqui a pequena história do nascimento de Hugh Jackman no imaginário desta turista portuguesa. Mas não foi assim. Pertencendo também ao Hotel (já agora, aconselho: óptima localização, belíssima estética e boa relação qualidade/preço), havia logo ao lado um pequeno café muito stylish (também desenhado por Philippe Starck) onde costumava... tudo, às vezes almoçar, outras vezes lanchar, cear, descansar entre dois percursos, ....e foi aí que passei a encontrar o simpático Hugh Jackman todos os dias. Comecei por presenciar a paciência dele face a um jornalista cheio de vontade de o impressionar, depois partilhei dos sorrisos que distribuia aos rostos já familiares no lugar, até chegarmos a pequenos chats. Não girls, não tive nenhum affair, até porque, deixem-me dizer-vos, ele é magrinho e muito mais pequeno do que parece ser em Scoop___ por isso, ele nunca teria qualquer hipótese! (ehehehehe). Mas estava ansiosa por o ver no filme de Woody Allen!

Devo ser das poucas pessoas que foi ver Scoop por causa de Hugh Jackman (e de Woody Allen) e não pela Scarlett Johansson! Para grande consolo, uma das lâmpadas da máquina de projecção fundiu quase no final da sessão, pelo que vi o filme duas vezes. Juro que pus em causa a minha capacidade de avaliação do potencial de sedução dos homens. Aquele Hugh Jackman/Peter Lyman é um assombro! O que conheci não tinha nada de perigoso, era um sujeito simples e cool, que aparecia vestido de jeans e calças de ballet por causa dos ensaios, mas a quem eu não daria mais que nota 6 numa escala de 10! Peter Lyman é perfeito. Ok, ela também.

Pois, o filme. falemos do filme. Devia haver a arte de ver cinema. Eu comecei por ser primorosa nessa arte. Estava absolutamente predisposta ao desfrute na primeira sessão. Adorei os diálogos, soltei valentes gargalhadas, tudo me pareceu original (o encontro do jornalista no barco timonado por aquela morte bergmaniana) ou delicioso na recorrência (a magia). Na segunda sessão, fiquei com a impressão de que o filme não sobrevive ao uso, que as piadas afinal não são assim tão boas, que a patética e só por si risível figura da personagem de Woody Allen é sempre a mesma, seja ele mágico, professor universitário ou escritor intello.

Enfim, vale a pena ver um policial surreal como Scoop. mas ele não é um dos melhores de Allen. (é claro que é sempre possível que, da mesma forma como errei o meu juízo em relação ao potencial de Hugh Jackman, erre no potencial estético e no score de criatividade deste filme... )

22.2.07

Blog Marketing

Jeremy Wright é blogger profissional e faz gestão de blogues. Publicou "Blog Marketing" em 2005. Esta entrevista está disponível na MKTONLINE.NET.


MktOnline.net - Que diferenças destacaria entre o marketing tradicional e o blog marketing? Quais as principais vantagens e desvantagens de um em relação ao outro?

Jeremy Wright - A maior diferença entre o marketing tradicional e o blog marketing é que um é mais baseado na transmissão. Portanto, um é “aqui está a mensagem, vamos divulgá-la” e, depois, provavelmente, iremos obter algumas respostas. O objectivo é ter o maior número possível de pessoas a ver e a ouvir a mensagem. Este é o padrão do marketing tradicional e não há nada de errado com ele. Algumas pessoas dirão que há mas eu não penso que haja.

Na minha opinião, o marketing baseado nos novos media ou em blogs são um complemento a isto. O blog marketing não é baseado na transmissão, é mais baseado numa relação, tentamos cativar a audiência, ter conversas, criar experiências…

Eu ouvi alguém dizer, ontem, que a marca é o travo das experiências que se criam com a empresa. Eu sempre pensei nas marcas como algo que podemos carregar connosco. A minha visão do McDonald’s é a de uma comida horrível, muito barata, quando precisamos de alguma coisa na viagem, são duas da manhã, estamos a atravessar o país, estamos no meio de Montana e não temos outra escolha. O McDonald’s é divertido, certo? Esta é a minha impressão do McDonald’s, esta é a marca que eles têm em mente, certo? Quando eu converso com as pessoas acerca do McDonald’s é esta a impressão que dou. Portanto, isto é o mais importante para mim, o tentar criar estas experiências e de muitas formas isso acontece nos blogs, nos media interactivos e sociais.

É desta forma que eu vejo as diferenças entre o marketing tradicional e o blog marketing.

Vantagens e desvantagens de cada uma delas em relação à outra… Eu penso que se complementam. No final das contas, é muito difícil para uma empresa ir desde a visibilidade zero até à fortuna, baseada, exclusivamente, em blog marketing. Eu não digo que não aconteça mas, certamente, não nos próximos anos.

É preciso chegar a uma audiência e à visibilidade mas também é necessário criar uma experiência memorável positiva, que os consumidores levem consigo e partilhem com os seus amigos.

A maior vantagem do marketing tradicional é a capacidade de criar visibilidade. A maior vantagem do blog marketing é permitir criar experiências positivas, conversas e relacionamento com os consumidores.

(...)

MktOnline.net - Onde reside a importância dos blogges na comunicação ou formulação de opiniões sobre marcas, produtos, serviços, etc?

Jeremy Wright - Se olharmos para as marcas como o travo das empresas baseadas em novas experiências, então os blogs para mim são muito importantes por três razões. Uma, o actual relacionamento com os consumidores não é esperado, por isso, podemos criar algumas experiências positivas apenas usando-os. Dois, se estivermos disponíveis para resolver questões de suporte, criam uma óptima experiência. E três, se podermos reunir informação para os consumidores, explicando coisas, então pode-se construir uma lealdade séria e isto é importante para empresas, marcas, produtos, serviços, etc.

Portanto, simplificando, os blogs são importantes porque ajudam a comunicar mais claramente, ajudam a empresa e o consumidor a formar opiniões válidas baseadas em conversas actuais, em vez de pesquisas de mercado.

MktOnline.net - Porque é que o passa-a-palavra tem um grande impacto?

Jeremy Wright - É fácil. Nós confiamos em pessoas que conhecemos, confiamos em pessoas como indivíduos quando dizem coisas, mais do que confiamos em empresas, campanhas de publicidade, qualquer coisa que vemos online. Se vemos ou ouvimos algo num blog, num tom naturalmente humano, então é mais facilmente confiável do que o que vemos noutro website. A minha opinião é que a razão de ter um grande impacto é que confiamos nos indivíduos quando agem como tal.

(...)

MktOnline.net - Apesar do inegável poder do blog marketing e da dimensão que tem vindo a tomar, poucas são as marcas que o usam em seu benefício. Como justifica isto?

Jeremy Wright - Eu gostaria de dizer que quase todas as marcas, quase todas as grandes marcas usam o blogging de uma certa forma, interna ou externamente. É uma realidade na forma de fazer negócios.

Os media sociais e o blogging estão a tornar-se, progressivamente, a norma e o esperado. É, agora, praticamente, habitual para as pessoas poderem comentar num jornal online artigos e escrever sobre esses mesmos artigos nos seus blogs. Os media na sua maioria lidam com a revolução da comunicação. A ironia é que esta é liderada pela população em geral.

Nike, Ford, e-Bay, Microsoft, Sun, Oracle Novel, Nortel, Nokia, Motorola, Mitsubishi, etc. A lista de empresas que têm feito campanhas utilizando blogs continua, independentemente de terem ou não um blog oficial.

MktOnline.net - No seu livro, faz algumas previsões àcerca do futuro do blogging , fale-nos um pouco sobre isso.

Jeremy Wright - Eu detestei escrever este capítulo. É uma exigência escrever um, quando se escreve um livro sobre a nova indústria das marcas. Eu fiz depoimentos tais como “Haverá algum tipo de conflitos ou intersecções entre os media tradicionais e os novos media; entre os grandes negócios, o marketing tradicional e as novas formas de marketing; e entre a autoridade e a confiança”.

Tendo em consideração que o livro tem mais de um ano e foi terminado meio ano antes, quando só existiam cinco ou seus empresas a utilizar verdadeiramente os blogs, era muito, muito difícil. Actualmente, olho para o futuro do blogging e vejo um simples desaparecimento, não no sentido de parar, mas no sentido de se tornar tão natural que não falaremos dele em termos de quantas empresas o usam, porque tem impacto ou como as empresas o utilizam.

A minha ideia é que nos próximos três ou cinco anos, os blogs sejam da mesma forma. A questão é que a liberdade de expressão, publicação pessoal, comunicação, network estão para ficar. Estão a tornar-se tão relevantes que nos esquecemos como isto é revolucionário e pouco comum. Da mesma forma que o e-mail foi totalmente revolucionário, o blogging tem este tipo de potencial e a minha expectativa é que se torne tão comum que as empresas esqueçam que algum dia se opuseram a ele e este passe a fazer parte das ferramentas de marketing. Faremos campanhas tradicionais e campanhas de relacionamento, iremos fazer um mix porque é valioso, tem um óptimo feedback, os consumidores estão à espera e adoram isto. Esta é a minha opinião pessoal.

Os blogs são úteis, valiosos, são suficientemente simples e custam tão pouco. As empresas têm de pensar nisto e ver como se encaixam no marketing e comunicação mix.

Colecção particular. Objecto: referrer #4

Não tenho palavras...:))

Google: como prender aquela pessoa no nosso amor
Google: papel higienico primavera rosa onde encontrar
Google: agradecimento de um filho por seus pais acompanharem na escola
Google: poesias ou frases de homenagem a quinze anos de uma farmacia
Google: linhas paralelas letra musica amigo bombeiro
Google: ave maria na língua francesa
Google: madeixas mal feitas
Google: Isurus oxyrhynchus
Google: umbigo fobia
Google: party espuma.com
Google: a morte em veneza de tomas men
Google: videos porno gratis duração 04 minutos
Google: em que emisferio fica havana e somalia?
Google: vendedores carnes alentejanas entrega em casa

21.2.07

Show me

Parabéns miss eliza J.P. doolittle! Tens um quê... :)


"Mas não havia maneira de conseguir amá-la. Entre nós não existia aquela intimidade espontânea, quase incondicional, que partilhava amiúde com Sumire. Entre nós interpunha-se um véu fino, transparente. Visível ou não, erguia-se entre nós uma barreira. Por causa disso, não sabia o que lhe havia de dizer quando estávamos juntos - sobretudo quando chegava a hora da despedida, coisa que nunca me acontecera com Sumire. Cada vez que estava com a minha amante, limitava-me a confirmar uma realidade incontornável: precisava, mais do que nunca, de Sumire.

Depois de ela se ter ido embora, fui dar um passeio sozinho. Vagueei sem destino durante algum tempo, entrei num bar (...).
Dei por mim a recordar tempos passados. Quando é que a minha juventude me escapara das mãos? E será que já tinha chegado ao fim? Parecia que ainda ontem era adolescente a caminho da idade madura."


in SPUTNIK Meu Amor, de Haruki Murakami
Ed. Notícias, pp 91-92

The Pursuit of Happyness


Peguei na máquina do tempo e fui até à era do cubo mágico para assistir a uma excelente interpretação do actor (e também produtor) Will Smith.

Um filme centrado na fase negra da vida do broker e actual milionário Chris Gardner.
Baseado no livro escrito pelo próprio com Quincy Troupe: "in his stirring autobiography Chris Gardner details his journey from homeless single father to self-made millionaire. It is the gripping story of his refusal to give up on his quest for the American dream and his duties to his toddler son, or give into the despair that threatened to devour him from birth".

A adaptação ao cinema segue esta mesma linha mas deixa Gardner ainda nos anos 80.
Como plus, o filho de Smith, Jaden. Atrás de mim estava uma espectadora que, sempre que o puto aparecia, comentava: é tão fofinho!
Não se esqueçam de levar um lenço. Mesmo sabendo que vai acabar bem, somos colocados perante tanto infortúnio que é difícil resistir. A anedota do sujeito que na vida só tinha uma coisa positiva, o HIV, ajusta-se quase na perfeição !!!



Oscar - 1 Nomeação: Melhor actor principal (Will Smith)

Colecção particular. Objecto: referrer #3

Ultimamente tenho recebido visitas da China. Aparecem por aqui para ouvir uma das mais belas canções de amor. Da ópera Sansão e Dalila, de Saint-Saëns, Mon coeur s'ouvre à ta voix.

Location
Continent : Asia
Country : China (Facts)
Lat/Long : 35, 105 (Map)
Language
Chinese (China)
zh-cn
Operating System
Microsoft WinXP


Referring URL
http://www.xici.net/...347466/d48888266.htm
Visit Entry Page
http://divasecontrab.../sanso-e-dalila.html

20.2.07

Carnaval e chuva

Acaba de passar o corso do Carnaval de Aveiro. No Domingo, mesmo com vento e muito frio, voltámos à nossa varanda-camarote VIP. Hoje não, continuam os aguaceiros, e já cá não estão os amigos que vieram passar o fim de semana connosco. Hoje ia saber-me a desconsolo. Mesmo se este desfile ainda é suficientemente humilde para não cobrar bilhetes ao povo. Todos os anos se repete o ritual. Parabéns pelo esforço! Gostei de ver os bem portugueses cabeçudos e o "combóio fumaças" da Azurva merecia um prémio!

Sem as fotos deste ano, deixo-vos as do Carnaval passado. e uma alusão aos lugares onde o Carnaval tem raízes e Sol.


Cohen Fusé
2004

Os trovões terríveis rasgaram O meu manto virgem em dois

Visions of the Daughters of Albion
Frontispiece Copy D (1795)

Pois a alma doce da América, Oothoon, vagueava cheia
de mágoa,
Ao longo dos vales de Leutha em busca de flores que
a consolassem;
E foi assim que ela falou ao luminoso Malmequer do vale
de Leutha:

"Serás uma flor? Serás uma ninfa? Vejo-te ora flor;
Ora ninga! Não me atrevo a arrancar-te do teu leito
orvalhado!"

A ninfa Dourada respondeu: " Colhe a minha flor,
meiga Oothoon,
Outra flor nascerá, pois a alma de doce deleite
Jamais morrerá." Calou-se & fechou o seu templo
dourado.

Oothoon colheu então a flor dizendo: " Arranco-te do teu leito,
Doce flor, e pouso-te aqui para cintilares entre os meus seios
E assim viro o rosto para onde toda a minha alma almeja."

Sobre as ondas, partiu ela em ágil exultante deleite alado;
E sobre o reino de Theotormon, tomou o seu curso impetuoso.

Bromion dilacerou-a com os seus trovões, no seu leito
tempestuoso
Deitou a pálida donzela, e logo as mágoas dela aterraram os
seus roucos trovões.

Bromion falou: "Contemplai esta prostituta aqui no leito de
Bromion,
E deixai os zelosos golfinhos folgar em redor da bela donzela;
(...)
Agora podes casar com a prostituta de Bromion, e proteger o
filho
da fúria de Bromion, que Oothoon dará à luz daqui a nove
luas."


William Blake
in "Quatro Visões Memoráveis",
Visões das Filhas de Albion,
pp 53-55


Oothon é a figura central da obra Visões das Filhas de Albion, representando o amor frustrado. É violada por Bromion quando se dirigia ao encontro do amado Theotormon. Defende a pureza essencial do amor e do sexo, denunciando a repressão introduzida por Urizen.

No mundo Blake

Compreender a mitologia de William Blake não é fácil. Fiz uma pesquisa na net e descobri na Tate Learning, um capítulo sobre as principais Personagens.

PS: Blake's London - para quem quiser saber como se promove o turismo cultural.

Newton - personificação do homem limitado pela razão

Willian Blake

Personification of Man Limited by Reason

The eighteenth-century poet, Alexander Pope, wrote a satirical epitaph for Newton: 'Nature and Nature's laws lay hid in night/God said Let Newton be! And all was light'. This shows just how much the eighteenth century revered the great philosopher. Newton had successfully explained the workings of the physical universe. To Blake, however, this was not enough: Newton had omitted God, as well as all those significant emotional and spiritual elements which cannot be quantified, from his theories. Blake boasted that he had 'fourfold vision' while Newton with his 'single vision' was as good as asleep. To Blake, Newton, Bacon and Locke with their emphasis on reason were nothing more than 'the three great teachers of atheism, or Satan's Doctrine'.

In this print from 1795 Newton is portrayed drawing with a pair of compasses. Compasses were a traditional symbol of God, 'architect of the universe', but notice how the picture progresses from exuberance and colour on the left, to sterility and blackness on the right. In Blake's view Newton brings not light, but night.

Los - anagrama de sol, é a poesia, expressão da imaginação criativa

Willian Blake

Personification of the Creative Imagination

This picture, the 100th and final plate from Jerusalem, shows Los (the middle figure) in the pose of the Apollo Belvedere. He is holding a hammer in his right hand, and a pair of tongs in his left.

In Blake's mythology Los represents the imagination, and corresponds to the loving and forgiving Christ of the New Testament. (As opposed to Urizen who, according to Blake, is the vengeful and repressive God of the Old Testament). Los often appears as a blacksmith with the tools of his trade. Blake sees Los crafting objects from molten metal, as he himself forged his visions and inspirations into poetry and art.

In the Songs of Experience, 'The Tyger' is created with the blacksmith's implements of hammer, anvil, chain and furnace. 'The Tyger' is often interpreted as a symbol of man's irrepressible urge to create. Could it be Los then who 'framed' (made) the Tiger?

The name 'Los' may derive from the word 'loss', alluding to fallen man's having 'lost' Paradise. It may, however, be a reversal of the Latin word 'Sol' (sun), since Los is shown creating the sun on plate 73 of Jerusalem.

On the right of the picture is Enitharmon, Los's wife. To Blake, she represents misguided religion based on chastity and vengeance. Their offspring is Orc, the symbol of revolution.

Albion - nome profético de Inglaterra

This picture, the thirty-seventh plate of Jerusalem, shows Albion in despair. Albion is a poetic name for England. Derived from the Latin adjective 'albus' (white) it refers to the white cliffs of Dover.

Albion is occasionally presented as a vigorous and joyful figure (as in the 1793 picture Glad Day where, inspired by newly-independent America and revolutionary France, England has become aware that freedom through revolution is possible), but he is most often depicted sleeping, suffering or in despair.

In the prophetic book Milton Albion is asleep, 'heavy and dull' until Blake and Milton awaken his revolutionary fervour, while Jerusalem tells the story of the regeneration of Albion from harshness and cruelty.

Urizen - ecoa "your reason" e "horizon"

Personification of Reason, Repression and Authority There are two possible derivations of the name Urizen. It comes either from 'Your Reason' (meaning 'accepted wisdom' - accepted by everyone, but not by Blake), or from the Greek verb 'horizein', meaning 'to limit'. Urizen is always represented as a bearded old man. Sometimes he bears books of divine law, sometimes measuring instruments (with which to create, but also limit the universe). Urizen is the God of the Old Testament who, in alliance with kings and priests, creates 'nets of religion'. With these nets (on which he is resting his elbows in this picture), he keeps the people down. He uses them to restrain their yearning for freedom and justice (as in 'The Chimney Sweeper') and to suppress their sexual desire (as in 'The Garden of Love'). Urizen is therefore in conflict with Orc, the revolutionary spirit, and with Luvah, the Prince of Love.

19.2.07


"Bebi um trago de cerveja fresca e pus as ideias em ordem.
- O que acontece é que andas à procura do teu lugar no quadro da novíssima ficção. Estás de tal maneira preocupada com isso que nem tens necessidade de expor os teus sentimentos por escrito. Além disso, não tens sequer tempo para isso.
- Não percebi nada. E tu, também tens o teu lugar no quadro da ficção?
- Acho que a maioria das pessoas vive fora da realidade. Eu não sou excepção. Basta pensares na transmissão de um carro. É como se existisse uma transmissão que nos liga à crua realidade da vida, capaz de utilizar a energia do exterior através da embraiagem para que as mudanças engrenem na perfeição. É assim que mantemos o nosso frágil corpinho intacto. Isso faz algum sentido para ti?

(...)
- Que estou numa situação precária também eu sei. Como é que hei-de explicar? Às vezes sinto-me sozinha. É como se ficasse completamente desamparada, depois de ter sido despojada de tudo aquilo que estava habituada a ter à minha volta. Como se a gravidade tivesse deixado de existir, e eu me sentisse flutuar no espaço exterior, à deriva, sem saber para onde estou a ir.
- Como um pequeno Sputnik que andasse perdido?
- Acho que sim."

in SPUTNIK Meu Amor, de Haruki Murakami
Ed. Notícias, pp 76-77

16.2.07

Ilustração de William Blake
A Criação de Adão

Não há religião natural

I
As percepções do Homem não estão limitadas aos orgãos de percepção, ele apreende mais do que os sentidos (ainda que muito agudos) são capazes de descobrir.

II
A Razão, ou o rácio de tudo o que já conhecemos, não é a mesma que há-de ser quando conhecermos mais.

III
[falta]

IV
O que é limitado é desprezado pelo seu possuidor. A fastidiosa volta, até mesmo de um universo, depressa se tornaria um engenho com rodas complicadas.

V
Se muito se torna o mesmo que pouco quando possuído, Mais! Mais! é a exclamação de uma alma enganada; menos do que Tudo não satisfaz o Homem.

VI
Se alguém desejar o que é incapaz de possuir, o desespero há-de ser o seu eterno destino.

VII
Sendo o desejo do Homem Infinito, Infinita é a posse & ele próprio é infinito.

Conclusão
Se não fosse pelo carácter Poético ou Profético, o Filosófico & o Experimental seriam em breve o rácio de todas as coisas, & ver-se-iam paralisados, incapazes de fazer fosse o que fosse a não ser repetir a mesma volta fastidiosa uma e outra vez.

Aplicação
Sendo o desejo do Homem Infinito, Infinita é a posse & ele próprio é Infinito.


Por isso Deus vem a ser o que somos, para virmos a ser o que ele é.

William Blake, 1794
in Sete Livros Iluminados, livro dois, NÃO há RELIGIÃO NATURAL, série b
Tradução de Manuel Portela
Ed. Antígona, Julho 2005, pp 53-61

15.2.07

A criação do mundo é a escrita da criação do mundo

Conhecia "Primeiro Livro de Urizen", na versão de João Almeida Flor (Assírio & Alvim, 1983). Recentemente, a Antígona lançou "Quatro Visões Memoráveis" e "Sete Livros Iluminados" de William Blake, traduzidos por Manuel Portela.

Ilustração de William Blake
Adão e Eva

O primeiro inclui quatro livros originalmente gravados, impressos e iluminados entre 1790 e 1795: O Casamento do Céu e do Inferno, Visões das Filhas de Albion, O [Primeiro](e único) Livro de Urizen e O Livro de Ahania. O segundo constitui a primeira tradução portuguesa integral deste conjunto de poemas: Todas as religiões são uma só, Não há religião natural, O livro de Thel, América: uma profecia, Europa: uma profecia, A canção de Los e O livro de Los.

William Blake
Ilustração de A Canção de Los


William Blake foi poeta, pintor e tipógrafo. "Joseph Viscomi demonstrou que Blake gravava imagem e texto directamente sobre a placa de cobre e mais, que essa gravação não resultava da mera transferência de um modelo previamente acabado sobre papel.(...) Desde 1784 que Blake abrira a sua própria oficina de gravuras e se estabelecera profissionalmente, tendo realizado algumas dezenas de gravuras para editores de livros e gravuras. Tratava-se apenas de adaptar algumas dessas técnicas ao seu trabalho criativo, o que aconteceu por volta de 1788, quando o conceito de livro impresso iluminado começou a tomar forma na sua imaginação. Blake adopta a partir de então a gravura em água-forte para integrar figuração verbal e visual nos seus próprios livros. (...) Não menos importante é a possibilidade de reinvenção dos livros a cada nova edição...".[in "Sete Livros Iluminados", na Introdução - Oficina Gráfica & Forja Divina - A Gravura como Cosmogonia, de Manuel Portela]

A ideia do livro como arquétipo da criação do mundo transformou a sua oficina de gravuras em forja do universo.

UMA VISÃO MEMORÁVEL

Estava numa tipografia no Inferno & vi o método pelo qual
o conhecimento é transmitido de geração em geração.

Na primeira câmara estava um Homem-Dragão, a limpar os
desperdícios da boca da caverna; lá dentro, vários dragões
escavavam a caverna.

Na segunda câmara estava uma Víbora enroscada em redor do
rochedo & da caverna, e outros adornavam-na de ouro,
prata e perdras preciosas.

Na terceira câmara estava uma Águia com asas e penas de ar,
que tornava o interior da caverna infinito, à sua volta vários
homens Aquilinos construíam palácios nas falésias imensas.

Na quarta câmara estavam Leões de fogo ardente, rugindo &
derretendo os metais em fluidos vivos.

Na quinta câmara estavam formas Sem Nome, que moldavam os
metais na imensidão.

Aí eram recebidas por Homens que ocupavam a sexta câmara,
e tomavam a forma de livros & eram arrumados em
bibliotecas.

in "Quatro Visões Memoráveis", O Casamento do Céu e do Inferno,
pp 29-30
Ilustração de Willian Blake
O círculo da luxúria - Espíritos de Paolo e Francesca
in Inferno (V), Divina Comédia de Dante Alighieri


Dante desmaia após o relato de Francesca no segundo círculo onde as almas que pecaram por luxúria são agitadas como turbilhões de vento.

14.2.07

Songs of Innocence






Summary

The poem describes the annual Holy Thursday (Ascension Day) service in St Paul's Cathedral for the poor children of the London charity schools. The children enter the cathedral in strict order 'walking two and two' behind the beadles (wardens). The children sit and sing, and their voices rise up to heaven far above their aged guardians. The poem ends with a moral: have pity on those less fortunate than yourself, as they include angelic boys and girls like those described here.

Analysis

The poem is based on the contrast between the 'innocent faces' of the children and the authority of the 'grey headed beadles' and the other 'aged men' who act as their guardians. Although the children are made to enter the cathedral in regimented order, their angelic innocence overcomes all the constraints put upon them by authority - they even make the 'red and blue and green' of their school uniforms look like 'flowers of London town'. As the boys and girls raise their hands and their voices to heaven, the narrator imagines them rising up to heaven too, just as Christ himself did on Ascension Day. In the poet's vision they leave their 'wise Guardians' beneath them and become angels - which is why the last line tells us to 'cherish pity' and remember our duty to the poor. Although the triple repetition of 'multitude(s)' notes how many thousands of children live in poverty in London, the emphasis in this poem is on the 'radiance' which they bring to the church - they are 'multitudes of lambs'. We must wait for the contrary 'Holy Thursday' poem in Songs of Experience for Blake's social critique: 'And so many children poor? It is a land of poverty'.

ver o site Tate On Line

Songs



Ilustrações do próprio Willian Blake
Songs of Innocence, title-page, copy F, 1789
Songs of Experience, title-page, copy F, 1794

Babel


Babel, do mexicano Alexandre González Iñárruti, é um filme em que vários mundos se cruzam. Partindo de um acontecimento inesperado - uma americana (Cate Blanchett) é alvejada no autocarro em que segue com o marido (Brad Pitt) e outros turistas em Marrocos, sempre viajando entre continentes, África, América e Ásia, o filme vai revelando a miséria, o medo do terrorismo, o drama da imigração clandestina, a solidão nas urbes, a violência de todos os preconceitos, a injustiça, os limites das civilizações e dos homens.

Ainda não vi As Cartas de Iwo Jima nem El Laberinto del fauno mas, até ao momento, este é o meu candidato preferido ao Oscar para melhor argumento.

Oscar - 7 Nomeações: Melhor filme, Melhor realizador, Melhor argumento original, Melhor actriz secundária (Adriana Barraza e Rinko Kinkuchi), Melhor montagem, Melhor banda sonora original.

13.2.07

A rainha


The Queen não é um filme sobre a rainha Isabel II. É um filme sobre a monarquia inglesa, os vários olhares possíveis sobre essa monarquia___ e a sua relação com Downing Street. A personagem Tony Blair não é de todo secundária. Este filme apresenta duas formas de estar na vida pública. Ambas sujeitas ao julgamento do povo. Nunca antes tão sujeitas a esse julgamento.

A morte inesperada da Princesa Diana funcionou como motor para todas as reacções, espontâneas, excessivas, de moderação, de mediação, mediáticas, anti-mediáticas, políticas. Foi um acontecimento excepcional que obrigou a coroa e o governo britânicos a um difícil exercício de gestão de expectativas: as do povo, as dos media. Neste filme, parte-se desse acontecimento e pesam-se diferentes questões: por um lado, sentido de missão e capacidade de contenção; e por outro, inteligência política e sentido de oportunidade. No fim, somos levados a concluir que um não pode passar sem o outro. Rainha e PM acabam por se entender.

O objectivo confesso de Stephan Frears era evidenciar a (patética) distância entre a monarquia e os seus súbditos. Balmoral, a propriedade da rainha na Escócia, parece uma ilha protegida do resto mundo. O protocolo real é obsoleto. Ainda mais face a um PM que insiste em que o tratem por Tony, que lava a loiça do jantar e que toma decisões de Estado na sua casa desarrumada e enfeitada com os desenhos dos filhos. Na verdade, acho que Frears acaba por arrasar Blair e salvar a rainha. A eficaz equipa de marketing político do Primeiro-Ministro, o seu poder e desejo de manipulação, sobrepõem-se em efeito, ao desfasamento da rainha. O comportamento da Alteza Real é legitimado pela tradição, e a pequena mudança no estilo que ocorre, por pressão (do povo)(dos media)de Blair, nessa semana histórica, não lhe tira a razão numa matéria que é cada vez mais da ordem do dia. A "necessidade de modernização", as reformas, a democracia, devem obrigar à "encenação de espectáculos" que serenem o espírito do povo?

E se o povo os reclamar abertamente?

Oscar - Nomeações: Melhor filme, Melhor realizador, Melhor actriz principal, Melhor argumento original, Melhor guarda-roupa, Melhor banda sonora original

Entretanto, parece que há a intenção de The Queen to meet The Queen for tea. The award-winning actress is set to go back to the palace - but this time she'll meet the real Queen.

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

XXXII

Pedro só foi encontrado pela polícia por volta da meia-noite, no aeroporto de Faro. Estava em estado de choque, não dizia coisa com coisa, mas insistia na viagem. Trazia o pijama vestido por baixo da gabardine. Tinha andado de pantufas a correr todos os balcões. Dizia que queria comprar um bilhete de avião para Londres e, face a mais uma recusa, acabou por agarrar o pescoço de uma assistente da Companhia Aérea UKAL. Um turista deu o alerta. Quando o detiveram, não conseguiram algemá-lo. Tinha uma das mãos metida no bolso do impermeável e não a soltava. Via-se que amarfanhava um pedaço de papel. Só quando a equipa médica apareceu e conseguiram tranquilizá-lo, é que a polícia pôde ler a carta.


Todas as semanas saiem novos Princípios: às segundas n'O Afinador de Sinos, às terças aqui, às quartas no Ponto.de.Saturação. Para ler todos e seleccionar um, abram O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS.

Capturem a jornalista

Evadida do livro em que nasceu há algumas semanas, agora é tempo de a capturarem.


"É verdade: a Rute Monteiro tem uma vida (entre outras sete) que se desenha nas páginas desse romance (E Deus Pegou-me Pela Cintura). É verdade: quis levar a cabo - com o meu editor - uma antecipação ficcional, partindo do princípio que, nos dias de hoje, o livro já não é um objecto que possa prender a ficção no seu seio: entre capa e contracapa. No nosso mundo, a ficção e a realidade interpenetram-se cada vez mais (a efabulação dos media globais assemelha-se à dos antigos mitos), do mesmo modo que a verdade e o sentido se confrontam num tipo de ambiguidade que, dia a dia, todos experimentamos. Do cinematógrafo a Duchamp vai a distância entre a ilusão desejada e a ilusão conformada com a realidade. Pergunto: por que razão não poderá o objecto livro instalar a sua ficcionalidade fora do espaço físico que é o seu? Por que se terão escandalizado tantos espíritos "éticos" e carregados de fobia pelo diabolismo do "marketing" com esta antecipação ficcional?"
[continua]

12.2.07

Já agora...

Continuo a preferir o PS e José Sócrates para governar os destinos do meu país.

[não leiam esta declaração de amor sem ter em conta o post anterior]

Eu sei que as leis não são para ser cumpridas...

E desculpem lá insistir mas, apesar do Sim ter obtido mais votos, este referendo não é vinculativo. O Primeiro-Ministro de um país não pode fazer de conta que não sabe isso. A mudança da legislação relativa ao aborto é urgente, é necessária, e a diferença de intenções de voto - quando comparadas com as do referendo de 1998, abririam espaço a que a Assembleia da República discutisse e aprovasse essa alteração. Mas Sócrates deveria ter pedido à AR que o fizesse. Esse gesto, mesmo que fútil em termos práticos, teria um enorme significado jurídico e político. Não o fez. Agora digam-me, num próximo referendo, que sentido vai ter o apelo ao voto? Num próximo referendo, mesmo que a percentagem de votantes seja inferior a 50%, a consulta é válida? ___ ou vai alterar-se o artigo, ou a percentagem que torna uma consulta vinculativa?

Tell us your story

Agora que a IVG vai ser legalizada, só falta... tudo! Neste documentário, levanta-se a questão que os EUA ainda não conseguiram resolver. E nós, vamos deixar que persista? Falo de estigma.