31.5.08

Uma inocente inclinação para o mal II


A Maria Antónia Mendes tem «um feitio de rainha» e desta vez não houve «teatro inútil» nem razoável sucesso. queimaram tudo. Os quatro têm mesmo jeito e, se hesitei, foi entre querer ser cantora, baterista ou guitarrista. No início, porque queria revirar-me na cadeira e bater o ritmo, invejei o Paulo Martins. Oh, ele é mesmo muito bom! A filha pequena disse: não é normal, por que não queres ser a cantora? Ela queria. De fado, como a Mitó, que canta com (ainda) mais alma do que há dois anos. (Mas isso leva-me ao Luís Varatojo. quando for grande, vou tocar assim). Mas também pop, com arranjos arranhados de vitrola, bons. O João Aguardela a dar o tom, soft. «O ferro de engomar fora do descanso», ah, eu vi um bom espectáculo. Os poemas da Maria Rodrigues Teixeira, que A Naifa revelou, li. são inocentes inclinações para depressões que animam. pode lá ser! por exemplo, «filha de duas mães, adoro vesti-las de igual». num universo de casa de mariquinhas com estante cheia de «pequenos romances da colecção coração de ouro». ou outros poemas de álbuns anteriores. ou outras canções de bandas e cançonetistas mor. a desfolhada que foi da Simone e ontem da Mitó foi bisada do último espectáculo. ninguém resiste. Mas que dizer do furto magnífico aos Três Tristes Tigres: «quero ser amada só por mim e não por andar enfeitada ser adorada mesmo assim careca, nua, descarnada engano de alma ledo e cego ó linda inês posta em sossego imortal diz adeus»! Arrebatador. Letra e Música.
E as luzes: pareciam pirilampos, espectros, teatros de sombras que aconchegavam a caixa de onde saiam os sons. Comparando com o que vi há dois anos, o espectáculo cresceu na maestria da produção. cresceu com A Naifa. Os anos passam, pois. E que bom, nota-se. A voz da Mitó deixou-nos o «corpo exangue». A encenação da «partilha da miséria» foi forte como o sangue. Sacudam o «ar cansado dos (vossos) vestidos», «consertem a figurinha», e saiam de casa à procura deles. Esta digressão está quase a terminar - depois do Teatro Aveirense, encerra hoje no Theatro Circo, em Braga - mas outras haverá, para além dos registos de todas as inocentes inclinações para o mal.

30.5.08

Uma inocente inclinação para o mal



Todos os Álbuns Todas as músicas Aqui

Em 2006, vi um espectáculo e fiquei rendida. Hoje eles voltam ao TA e eu não podia escapar a esta inocente inclinação. (A Amy, schuiff, mais a Sul, schuiff, fica mesmo para outra vez)

Rock in Rio




Começa hoje e começa bem: com Amy Winehouse, Lenny Kravitz, Ivete Sangalo e Paulo Gonzo. Vejam aqui o programa.

(schuiff, juro que me dói perder esta oportunidade de "ouver" Amy Winehouse ao vivo).

29.5.08

Um dia em Munique I

Marienplatz e Neues Rathaus (Câmara)
Coluna da Virgem Maria (Mariensäule) erigida em 1638
O Museu do Brinquedo (Spielzeugmuseum)
localizado dentro da torre do relógio (Altes Rathaus)

Altes Rathaus
Alter Peter (a igreja católica mais antiga da cidade)



Fotos MRF
Maio 2008

28.5.08

Sidney Pollack

No primeiro dia (1965) realizou THE SLENDER THREAD e viu que era bom...


No segundo dia (1969), depois de They shoot horses don't they?, eu vi que ele era bom ("Os Cavalos também se abatem", de Horace Mc.Coy, foi um livro de culto para mim na adolescência e acho que descobri Sidney Pollack com este filme).


Ao sétimo dia (2006) não descansou. Criou Sketches of Frank Gehry e continuava a ser bom...


Fiquei surpreendida quando soube que no próximo dia 1 de Julho faria 74 anos. Pollack não tinha idade. Não sei em que dia poderá descansar. Porque vai continuar a ser imortal durante muitos e longos anos.
Sidney Pollack 1934-2008


Sydney Pollack: 25 Career Milestones

My Blueberry Nights


É (quase) sempre tarde demais. ou, como diz Jeremy (Jude Law), «fico pasmo com o que perdi». Mas My Blueberry Nights não escapou. Norah Jones, Jude Law, Rachel Weisz, David Strathairn, Natalie Portman, atravessando 300 dias. ou parados no tempo das relações que doem. 王家衛 directing até o beijo final.


P.S.: A escolha deste vídeo é independente da minha posição em relação ao famoso Acordo Ortográfico. Mas é capaz de servir a causa (perdida).

24.5.08

O que eu mais gostei em Sarajevo II

margens da RUA FERHADIJA

Escutar o eco ecuménico de uma cidade___ que esteve quase moribunda devido a excessos de nacionalismo e de barbárie.

Mesquita Gazi Husrev Bey (1531)

(idem)

Bairro de Bascarsija (ou "o labirinto dos artesãos")

Igreja Ortodoxa Sérvia (1863/1869)

Mesquita Ferhadija

(idem)

Mercado Municipal

Sé Catedral Católica Romana (1884/1889)

(idem)

(vista da Sé Catedral Católica)

Velha Sinagoga Judia

(idem, no interior, agora um museu)





Fotos de MRF
Maio 2008

À escuta #68

Chego a casa tarde, depois da deslocação à Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, em Famalicão, para falar sobre o filme de Jean-Jacques Annaud, baseado no romance homónimo de Marguerite Duras, O Amante. Como é óbvio, desliguei o telemóvel durante a sessão.
Sobre a minha secretária encontro um envelope feito à mão, com as seguintes reclamações da S.:


«Da: S.
Para: Mamã. E o papá só vai espelicar porque fez isto.
(mostrar primeiro ao papá)
A novela acabava daqui a bocadinho que é quase às 11 horas.

Ver atrás e lá dentro»

[atrás:]
«Eu telefonei-te prái umas 5 vezes e to não atendes. Eu queria que to me atendesses porque eu queria te dizer que o papá não me deichou ver uma télénovela que não tinha beijos nem nada que não queres que eu veja. Era isso que eu te queria dizer.
E mais uma coisa, eu fiquei triste por não atenderes o telefone.»

[na folha dentro do envelope:]
«Porque é que não me atendeste o telemovel?
____________________________________________
____________________________________________
____________________________________________ »

Amanhã vai haver ditado cá em casa. e estou a pensar na resposta. (tenho uma filha com "uma dimensão invasora e colonial"; a Duras tinha uma mãe assim) (P.S.: aconselho as próximas sessões do Cineliterário)

22.5.08

O Amante



O Amante é o título de um romance de Marguerite Duras publicado em 1984, e que lhe valeu o Prémio Goncourt. Jean-Jacques Annaud adaptou-o ao cinema em 1991. Amanhã, 6ª feira, dia 23 de Maio, a Biblioteca Municipal de Vila Nova de Famalicão irá exibir este fime em mais uma sessão do Cineliterário. Eu vou lá estar. E agradeço à Cláudia Sousa Dias o convite para participar numa tertúlia em que, certamente, todos os presentes estarão em absoluto estado de graça. apesar de Marguerite ter rejeitado esta adaptação....

50 Anos da Campanha de Humberto Delgado III

Humberto Delgado com capa negra oferecida por um estudante
Monumento a Carvalho Araújo, Vila Real
22 de Maio de 1958


P.S.(2): Quem leu os posts de Eduardo Graça, no Absorto, sobre o General sem Medo?

Allah n'est pas obligé III


Allah n'est pas obligé é o título de um livro de Ahmadou Kouroma que tem como protagonista uma criança-soldado. O romance está vivo na minha memória mas, sobretudo, mantém uma actualidade desconcertante. Ler essa obra levou-me a pesquisar, a querer saber mais sobre a realidade das crianças-soldado. Em 2005, este era um pouco o estado do mundo e das consciências relativamente ao fenómeno. Em três anos, pouco mudou. No Child Soldiers - Global Report 2008 leio que, entre Abril 2004 e Outubro 2007, 19 países ou territórios envolveram crianças em conflitos armados, na sequência de recrutamento por forças governamentais ou por grupos de guerrilha: Afeganistão, Burundi, República Centro-Africana, Chade, Colômbia, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, India, Indonésia, Iraque, Israel Palestina, Myanmar, Nepal, Filipinas, Somália, Sri Lanka, Sudão, Tailândia e Uganda.

Como dizia Ahmadou Kouroma, «les bêtes sauvages vivent mieux que les hommes»!

21.5.08

India Song

... cantada por Jeanne Moreau


Poema de Marguerite Duras, Música de Carlos D'Alessio
Do filme India Song


Chanson,
Toi qui ne veux rien dire
Toi qui me parles d'elle
Et toi qui me dis tout
Ô, toi,
Que nous dansions ensemble
Toi qui me parlais d'elle
D'elle qui te chantait
Toi qui me parlais d'elle
De son nom oublié
De son corps, de mon corps
De cet amour là
De cet amour mort
Chanson,
De ma terre lointaine
Toi qui parleras d'elle
Maintenant disparue
Toi qui me parles d'elle
De son corps effacé
De ses nuits, de nos nuits
De ce désir là
De ce désir mort
Chanson,
Toi qui ne veux rien dire
Toi qui me parles d'elle
Et toi qui me dit tout
Et toi qui me dit tout

20.5.08

Novidades para quem sofre do mal de Montano

Eu já fui um homem sem qualidades. Mas Robert Musil é outra coisa. Para o ler, tive que pedir os volumes emprestados a um amigo que os herdara do pai. A edição portuguesa esteve esgotada durante anos. É a primeira novidade: a Dom Quixote acaba de publicar, com tradução de João Barrento, uma nova edição de O Homem Sem Qualidades.

Eu já tinha pedido a tradução, eu até já tinha descoberto Rayuela pela voz do próprio, Julio Cortázar, mas em Abril, graças à Cavalo de Fogo, a obra do escritor argentino foi finalmente traduzida e editada em Portugal.

Eu li e reli muitas obras de Teolinda Gersão, entre elas A Árvore das Palavras. Agora fiquei a saber que a Sextante Editora reeditou o livro e, o que me deixou muito feliz pela autora e amiga, este romance vai ser lançado em Inglaterra em 2009.

às vezes é assim, só boas notícias.
ou quase.

19.5.08

Maio maduro Maio, quem te pintou?*











Tudo é tranquilo e casto e sonhador...
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: Onde há pintor

Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste Mundo?

Florbela Espanca, No meu Alentejo



* Canção de Zeca Afonso (Maio, Maduro Maio)


Fotos MRF
Lavre, 17 Maio 2008


O Alentejo estava verde, azul e fresco. E os meus amigos estavam como a saudade sempre os devolve, amigos.
Acho que vou desenhar a tabuleta (e desta vez posso escrever): "volto já".