28.5.07

Michel Houellebecq realizador de cinema


L'Hebdo Cinéma 3 février 2007


Michel Houellebecq inscreve-se agora "na casta restrita e heterogénea de romancistas realizadores" em França. Antes dele, Cocteau, Marcel Pagnol, Christophe Honoré, Emmanuel Carrère ou, mais recentemente, Marc Lévy (com a adaptação de Mes amis Mes amours).

A adaptação ao cinema do livro A possibilidade de uma Ilha será realizada pelo escritor lui même. Escrever um guião sem ter escrito o romance não lhe interessaria. Para Houellebecq, o processo de realização começou com a escrita do livro. A circunstância de ser escritor-realizador parece-lhe facilitar a tarefa de adaptação "porque não temos nenhum respeito por nós próprios" e assim não se sentirá condicionado se tiver que alterar elementos do romance, por estes não funcionarem em cinema. O que lhe parece difícil é escolher as pessoas, actores e outros colaboradores. Há pontos comuns entre os romances e os filmes. Por exemplo, na escrita, os personagens acabam por escapar ao seu autor. Cita o caso da personagem Valérie no livro Plataforma que "lhe estragou completamente o livro, ganhando todo o protagonismo". Um actor, em função da escolha que for feita, também vai "bifurcar", dar um sentido particular à personagem.

Mesmo tratando-se de Houellebecq, que conhece já a glória na literatura, as reacções a este seu projecto, por parte do mundo do cinema, não foram as mais positivas, e em matéria de financiamentos (públicos) as portas não se abriram como seria de esperar. Por razões de cultura de Estado, diz Houellebecq.

Será ele igualmente apaixonante por trás da câmara? Fez estudos (que não concluiu) no Institut Lumière, realizou quatro curtas metragens, admira Louis de Funès e David Lynch, mas apenas adianta que este será "um filme de antecipação" (não exactamente science fiction), como aliás, para quem já leu o livro, é de esperar. A (segunda) Possibilidade de uma Ilha em cinema já está a ser rodada. Aguardemos, pois!

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