28.9.09

Voto portentoso


Ontem passei o dia numa secção de voto. a nº 1 de uma freguesia de Aveiro. ou seja, a mesa das pessoas recenseadas há mais tempo. a mesa dos mais velhos. Quando entrava alguém com bengala, sabíamos que ia votar na nossa mesa. Dos 950 eleitores inscritos, votaram 704. A abstenção foi de 26%, muito abaixo da média. Chegaram cedo. Houve um período em que a fila tinha 200 pessoas. um sem parar de números e nomes lidos em voz alta. Muitos destes votantes apresentavam dificuldades de mobilidade, mãos trémulas, desorientação espacial. alguns vinham acompanhados de cônjuges, filhos, netos que os auxiliavam. Fomos a mesa que bateu o recorde de participação. e fiquei a saber que a tradição é essa. A secção de voto nº 1 é sempre a mais concorrida.

Não pude deixar de pensar nas razões que motivam as pessoas mais idosas a votar de forma tão maciça. Será a memória viva do tempo em que não podiam exercer esse direito? Será um sentido de dever arraigado a uma mentalidade de respeito pelas instituições do Estado?

O que é certo é que fiquei com vontade de registar aquela afluência. Imaginei uma câmara, sequências de imagens - full shots, seguidos de close up sobre rostos e mãos enrugadas, inserts centrados nos olhares e gestos tantas vezes hesitantes ou determinados. Vi aquele espaço como uma passerelle de eleitores exemplares, modelos de participação cívica e política, que merecia projecção. Combater a indiferença dos mais ou menos jovens com o filme que ontem, de forma espontânea, todos os actores inscritos na secção de voto nº 1 realizaram.

No final, contamos 7 votos nulos e 9 votos em branco. Foram 16 votos de protesto (os primeiros não se deveram a enganos mas a raivas. vertidas pelo traçar de riscos de alto a baixo no boletim de voto). Quem foram esses homens ou mulheres? Qual dos modelos se dirigiu ali, e com que esforço, para dizer "Não"?



[Imagem: René Magritte. Les Jours gigantesques. 1928. Oil on canvas. 116x81 cm]

27.9.09

Sonhos a votos

Cruzeiro Seixas
Sonho, 2001
Desenho s/ papel, 21x29,5 cm


Peguem nos vossos sonhos e levem-nos para a cabine de voto. Deixem o derrotismo fechado em casa.

25.9.09

Esmiuçar os jornais do dia...


... e ficar com vontade de ser uma gatinha fedorenta! :)


O que dá tanta lavoura!
O número três do partido de Portas à Câmara de Moura foi apanhado pela GNR. Estaria a desviar palha de uma herdade (...). Somos democratas-cristãos e está explícito na Bíblia que quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Não é por meia dúzia de fardos velhos que vamos tirar a pessoa da lista, neste momento. Cabe à Justiça e a Deus julgarem o acto", diz a líder centrista em Beja.

O Papa é meu!
Ontem, os bispos congratularam-se com a anunciada visita do Papa a Portugal, mas não deixaram de sublinhar que preferiam que o anúncio tivesse sido feito, por um lado, em conjunto com a Conferência Episcopal Portuguesa e, por outro, após as Legislativas de domingo.
D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é da opinião de que 'o anúncio após as eleições teria sido mais ajustado'. Já o patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, fez saber que 'gostava' que o anúncio tivesse sido conjunto. 'Se me pergunta se eu gostava que tivesse sido simultâneo, gostava. Não aconteceu, e não há problema', afirmou.


Descontrolo de doenças:
"Uma médica disse-me sempre que ele não tinha gripe A, mas hoje ouvi a mesma médica na televisão a dizer que tinha. Não percebemos", lamentou Augusta. Mas a confusão não se limita à família. Segundo explicou a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, como a morte não foi causada pelo H1N1, de acordo com a informação dada pelos médicos, este óbito não será comunicado à Organização Mundial de Saúde (OMS) ou ao Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), que monitorizam a evolução da pandemia no mundo. Apesar disso, o relatório de ontem do ECDC já contabilizava uma morte em Portugal. Paulo Moreira, do ECDC, explica que devido ao anúncio da ministra, reproduzido na comunicação social, o Centro resolveu actualizar os dados.

Tenho mesmo de ouvir isto?
A dada altura, desenvolvemos um currículo de educação sexual baseado nos jogos de clarificação de valores, o que incluía actividades em que as crianças eram convidadas a falar abertamente sobre sentimentos e desejos de natureza sexual.
Experimentámos esta nova técnica nas escolas dirigidas pela ordem do Imaculado Coração, na Califórnia. No início da experiência, a ordem tinha 58 escolas e 600 freiras. Em 2002, a BBC exibiu um documentário sobre a nossa experiência e o balanço que fazia era este: «O efeito da experiência foi um verdadeiro cataclismo. Em menos de um ano, 300 freiras - metade do convento - pediram ao Vaticano para serem dispensadas dos seus votos e, seis meses depois, o convento fechou as portas. Tudo o que restou foi um pequeno grupo de freiras… que se tornaram lésbicas radicais».



[Imagem: Silvia Faini]

23.9.09

Mondo

De J.M.G. Le Clézio tinha lido Ritournelle de la Faim (Gallimard) mas estava longe de o imaginar, num futuro breve, Nobel da Literatura. De resto, Jean-Marie Gustave Le Clézio continua a ser pouco conhecido no seu próprio país. Em França, neste Verão tão bruscamente passado, percebi que muitas pessoas não reconhecem o seu nome.

O que é certo é que a Academia Sueca já me fez ler/descobrir vários escritores.
Começaram as apostas para o próximo Nobel. Fiquei surpreendida com a possível indicação de Joyce Carol Oates, a par dos grandes Philip Roth ou Mario Vargas Llosa. Desta autora, li há muito tempo uma novela supostamente inspirada no acidente de Ted Kennedy na ponte Chappaquiddick em 1969. Não fiquei muito impressionada. Talvez deva olhar com outra atenção as suas obras. A vantagem das errâncias anteriores à nomeação e das surpresas no dia D (este ano, talvez a 8 de Outubro), é que o nosso universo de escolhas aumenta. e isso é bom.

foi bom ler Mondo em Nice, precisamente em Nice, onde Mondo vagueava.

[partes 1/8 e 8/8 da adaptação do conto de Le Clézio, Mondo, por Tony Gatlif]

22.9.09

À escuta #85

Não quero (ainda) dar um telemóvel às minhas filhas de 9 anos. Elas reclamam porque muitas colegas já têm e enviar mensagens é giro, etc.., mas não me convencem. O que lhes digo é que não devemos comprar coisas que não são necessárias. Talvez por isso, desde o início do ano lectivo, servindo-se do telemóvel de uma amiga, enviam-me sucessivas mensagens. Vai ser difícil alegar que o "brinquedo" não é útil... :)

msg 1 - «teste de estudo do meio já já. qual é o nosso codigo postal?»
msg 2 (depois de ter enviado a resposta) - «não sou burra. só queria os 3 ultimos numeros»
msg 3: «tocou agora e não estás cá. vamos com I.?»
msg 4: «molhei as cuecas a fazer xixi. por favor traz novas»
msg 5 (depois da resposta): «isso é muito tempo, vem ter comigo a casa de banho»
msg 6: «se é 1 terço é uma conta de multiplicar?»
msg 7 (depois da resposta): «vou ter errado no teste»
msg 8: «cantora no museu de cera que eu não sei o nome e gosto?»
msg 9 (da amiga): «elas podem almoçar em minha casa? a minha mãe deixa de certeza»
msg 10 (depois da resposta 1): «por favor»
msg 11 (depois da resposta 2): »a mãe dela deixar sempre e a culpa é tua»

Entra paranóia, sai bode

I.
«...como pode o Presidente fazer declarações altruístas sobre a situação nacional e ao mesmo tempo caucionar (se não mesmo instigar) ataques abaixo da cintura lançados de Belém sobre São Bento?
(...)
Salvo melhor prova, tudo não passa de um indício, sim, mas de paranóia, oriunda do Palácio de Belém. Só que tal manifestação é em si já notícia, porque revela a intenção deliberada de alguém próximo do Presidente da República minar a relação institucional (ou a “cooperação estratégica”) com o governo.»

Assina: Joaquim Vieira,
O Provedor dos Leitores do Público

P.S.: Ouçam ainda os comentários do "ilustre aveirense" (vivíssimo da silva, para variar), Rui Baptista (via Absorto).


II.
Primeiro passo para Cavaco Silva continuar a ser um chefe de governo "muito acarinhado": arranjar um bode expiatório. Fernando Lima passa ao estado de animal que é separado do rebanho e deixado só na natureza selvagem. For Cavaco is a jolly good fellow, for he's a jolly good fellow...


[Imagem: William Holman Hunt, The Scapegoat, 1854]

21.9.09

Deveria passar a ser obrigatório...

Daniel Garcia
Un dia más



...umas noções de métodos de investigação sociológica nos cursos de jornalismo. mesmo se não acredito na inocência desta notícia. na verdade, o que é chocante é a total falta de ética jornalística. ok, acrescentemos pós-graduações em «Relacões com a Administração - Como manter a independência sem perder o emprego». Expresso, 21 de Setembro:

José Sócrates é apontado pelos portugueses como o pior primeiro-ministro desde que Portugal entrou na União Europeia. A sondagem exclusiva da Exame/Gemeo-IPAM indica também que Cavaco Silva é o chefe do Governo mais acarinhado dos cinco políticos que governaram Portugal a partir de 1985.

e não. a culpa não é da sondagem. é de quem a encomenda em período pré-eleitoral e a utiliza sem pudor. experimentem aplicar o mesmo questionário quatro ou cinco anos depois de José Sócrates ter deixado o cargo de primeiro-ministro. quanto a Cavaco Silva, convém não esquecer que depois de passar pela Presidência, Mário Soares se tornou "o pai de todos os portugueses".

No mesmo jornal também apreciei o grande título: «Bloco é contra...mas Louçã investiu em PPR». O dirigente do BE veio a público explicar (ver JN)... mas o quê? que desaprova os benefícios fiscais de um produto financeiro que já adquiriu (sim, essa foi a notícia bombástica)? Ainda vão descobrir que o Jerónimo foi umas vezes à missa e que o Paulo Portas não tem cilícios em casa (é verdade, já todos esqueceram que PP foi director de uma empresa de sondagens. até os Gatos Fedorentos! se calhar é porque a tal empresa nunca fez sondagens).

e não. não posso acreditar que a culpa seja dos jornalistas. mas que é de quem mete dinheiro lá dentro, tenho a certeza.
por que raio não assumem os jornais, de vez, o seu alinhamento político?

20.9.09

Políticas Culturais: Que futuro para Aveiro?

MESA REDONDA/DEBATE
ESTÚDIO PERFORMAS - DIÁRIO DE AVEIRO
DIA 29-09. ÀS 21:30

O poder autárquico democrático, que em Portugal teve início em 1976, tem vindo a expandir as suas áreas de intervenção: se há 33 anos se esperava que as Câmaras Municipais se ocupassem da pavimentação das ruas, do fornecimento de água e, eventualmente, do saneamento básico, hoje as atribuições próprias das autarquias são muito mais extensas e há quem veja nesse reforço de competências uma condição essencial para o aprofundamento da democracia e da participação cívica.

A intervenção cultural constitui uma dessas áreas que os municípios chamaram à sua responsabilidade, em alguns casos com grande sucesso. Factor preponderante para o desenvolvimento local em cidades de pequena e média dimensão e um efectivo elemento para a avaliação da qualidade de vida das populações, a actividade cultural, na maior parte das vezes, emerge da sociedade civil, organizada em colectividades ou associações sem fins lucrativos que carecem de apoio público e, sobretudo, de directrizes sócio-políticas.

Às políticas culturais cabe pois o papel de definir as prioridades, regulamentar o apoio público, a articulação com outras áreas sócio-políticas relevantes (educação, juventude, inserção social, p.ex.) e a decisão sobre a intervenção directa dos órgãos públicos.

Aveiro não parece ser o melhor exemplo de uma autarquia com políticas culturais coerentes e consequentes. Entre os agentes culturais, a comunidade artística e, de forma geral, os munícipes, grassa o descontentamento quanto à forma como, ao longo dos anos, os diferentes executivos autárquicos têm lidado com a cultura.

Neste momento de plena discussão cívica e reflexão político-eleitoral importa saber quais as propostas que os diferentes candidatos à autarquia têm neste domínio e confrontá-las e debatê-las com os cidadãos, num diálogo aberto e informal.

A iniciativa conjunta do Diário de Aveiro e do Estúdio Performas pretende reunir os representantes das várias forças políticas concorrentes à Câmara Municipal de Aveiro numa mesa-redonda / debate a decorrer no auditório do Estúdio Performas no dia 29 de Setembro (3ª feira) pelas 21h30.

18.9.09

Coloful Ensemble

Wassily Kandinsky. Coloful Ensemble. 1938.


I. Segundo Raul Proença, é no direito individual, e não no direito do número, que reside a essência da Democracia (Páginas de Política - 1929, vol. I, Lisboa, 1972, p. 197). Para este «intelectual político», o conceito de individualismo é validado, é «útil», se associado ao requisito de «solidariedade» entre membros da intelligentia. Em vez de individualismo, no artigo «O Determinismo e a Apatia Nacional», publicado na revista Alma Nacional em 1910, Raul Proença usa o termo «personalista». Afirma: «Somos personalistas nisto: que é das pessoas que esperamos a reorganização das energias colectivas, e não esperamos de braços cruzados o milagre que nos levante (…), e pensemos que o indivíduo não é um escravo que meramente obedece – mas uma força da natureza em exercício». Uma nova elite, com uma nova mentalidade, seria a peça central da estratégia de salvação do regime republicano-democrático. A «terapêutica do espírito» levaria à criação de uma opinião pública nacional capaz de impor aos dirigentes políticos, pela via persuasiva, as reformas institucionais, económicas e educativas necessárias, por cima dos interesses das oligarquias financeiras, das classes sociais e dos partidos.

Eliminando o pendor (muito) elitista que contamina estas reflexões, não deixo de me rever em parte deste ideário. Que bom seria se dirigidos e dirigentes fossem mais "esclarecidos"! Que bom seria, ao nível da sociedade civil, poder "persuadir" a elite política e económica, em vez do automatismo de "obedecer" ou "combater". E se a estratégia fosse, por princípio, a da não-estratégia! E se o sentido de "serviço público" existisse no público e no privado (ou associativo)... (sem estratégia)?

Às vezes já é assim.e quero crer que eu, cidadã, me esforço para que esse país exista.

II. As legislativas aproximam-se. Em vez de uma maioria absoluta, desta vez vai haver maior equilíbrio na representação das várias correntes de opinião no parlamento. Como Stuart Mill (Representative Government, 1861), prefiro um sistema político e eleitoral que favoreça esse tipo de cenário. O bipartidarismo é redutor. Consultando os registos da
Actividade Parlamentar e Processo Legislativo da AR, percebemos a importância da presença do PCP, CDS-PP, BE e PEV. Não podem existir apenas duas vozes com direito a microfone. José Sócrates e Manuela Ferreira Leite não exigiram maioria absoluta mas sabemos que acreditam nas palavras de Joseph Schumpeter: «este sistema pode impedir a democracia de se dotar de governos eficientes e pode assim revelar-se perigosa em períodos de tensão» (Capitalisme, Socialisme et Démocracie, Paris, 1963, p. 371).

II. No próximo dia 27 de Setembro saberemos como o eleitorado pondera estas questões tão antigas. Vamos votar no projecto político com o qual mais nos identificamos, rezando para que o direito individual coincida com o direito do número (e aceitando que eventualmente assim não seja)(porque é essa a essência da democracia), ou vamos tentar reduzir o eventual efeito da "ingovernabilidade"?
Já agora, identificamo-nos de facto com algum projecto político? Conhecemos e diferenciamos os programas de cada partido? Ou votamos por amor e o amor é cego ou faz de conta que é...

Será certo que sem maioria absoluta haverá maior instabilidade? Não compete aos líderes partidários, homens com sentido de Estado, encontrar plataformas de entendimento no sentido de tornar viável o governo que venha a ser formado? (Como "dirigida", gostaria de os persuadir nesse sentido.)

8.9.09

C h e t

Almost Blue. o original. Chet Baker. cantando. Difícil esquecê-lo. a última actuação em Paris.há tantos anos... antes de se transformar em fantasma em Amesterdão. Alguém esteve lá?

6.9.09

Cartilhas


O Jornal Nacional de Sexta (JN6) de Manuela Moura Guedes desapareceu e eu acho que o país fica melhor sem aquele triste espectáculo noticioso. A vigília de solidariedade a Manuela Moura Guedes faz-me lembrar as visões de Lúcia, a reeleição de Fátima Felgueiras, o visionamento massivo de telenovelas, enfim, o país no seu melhor! Quanto à importante questão da falta de liberdade de expressão, não me preocupo. O Público continua aí e enquanto Cintra Torres, prestigioso analista televisivo político da nossa praça, não for mandado para a judiciária pelo seu último artigo de opinião (em destaque nesse "jornal de referência"), está tudo bem!

«
O PS-governo segue o mesmo caminho de Chàvez, ao perseguir paulatinamente, um a um, os seus críticos: e segue o mesmo caminho de Putin, ao construir uma democracia meramente formal, em que se pode dizer que a decisão foi da Prisa não dele, em que se pode dizer que os empresários são livres, que os juízes são livres, que os funcionários públicos são livres, que os professores são livres, que os jornalistas são livres, que a ERC é livre, etc — mas o contrário está mais próximo da verdade. Para todos os efeitos, Portugal é uma democracia formal, mas estas medidas protofascistas vão fazendo o seu caminho. Não dizia Salazar que Portugal era mais livre que a livre Inglaterra? Sócrates e Santos Silva dizem o mesmo.»


Ah, e na imprensa local e regional, quem dita a cartilha?

Imagem: Caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro sobre todos dizerem coisas diferentes mas fazerem o mesmo. À frente Fontes Pereira de Mello, Barros Gomes e o sumido Braamcamp. Atrás, olhando por cima com o seu lorgnon, o Duque de Ávila então Presidente da Câmara dos Pares.

João Vieira (1934-2009)

João Vieira
Arte, 2004
Acrílico sobre tela, 97 x 130,5 cm


Morreu o pintor que trazia a escrita para a tela.

toda a pintura é uma arte de organizar alfabetos.



Pinto quadros por letras, por sinais,
Tão luminosos como os do Levante,
Nas horas em que a calma é mais queimante,
Na quadra em que o Verão aperta mais.

Cesário Verde