31.12.09

Le notti bianche


Realização Luchino Visconti. Le Notti Bianche (1957).
Música: Thirteen Woman, de Bill Haley


Que 2010 seja vivido com a intensidade das quatro noites brancas de Mario e Natalia. Longe da solidão que nos faz chorar sobre pontes em dias de Inverno. Um dia de cada vez. Tranquilos.

30.12.09

Epigrama

XX

EPIGRAMA

Mesmo que não me apeteça
Passar o ano
O ano passa por mim!


Eduardo Graça, in Poemas Manuscritos
Edição de Autor, Novembro 2009

____________________________________

Eduardo, o Natal fez com que eu entorpecesse. juro que às vezes quero ser urso para hibernar entre o pelo dos meus. em redor das lareiras na casa antiga dos pais avós família. e agora aqui, na casa que cresce com as filhas. ando sem vontade de sair à rua. não me apetece chuva nem frio. de tempos a tempos, verifico se chegou alguma mensagem de fora a que tenha de dar resposta. e hoje chegou uma, embrulhada em envelope, com sêlo postal. Já não é a primeira vez. reconheci o remetente. e por isso sorri logo. Abri os Poemas Manuscritos e ando a lê-los com o vagar de quem quer saborear e a dedicação que a generosidade da dádiva me suscita. Voltarei a eles. Por agora, fica o gesto de agradecimento e um poema que tocou o urso que está dentro de mim.

Though nothing can bring back the hour of splendour in the grass

What though the radiance which was once so bright
Be now for ever taken from my sight,
Though nothing can bring back the hour
Of splendour in the grass, of glory in the flower;
We will grieve not, rather find
Strength in what remains behind...

William Wordsworth (1802-1804),
Ode: Intimations of Immortality from Recollections of Early Childhood




Realização Elia Kazan. Splendor in the Grass (1961)

29.12.09

Before Sunset #2

Our lives might have been so much different!

You think so?

I actually do...

Maybe not, maybe we would have hated each other, eventually.

Oh, what, like we hate each other now?

No, maybe we're... we're only good at... brief encounters, walking around in European cities, in one climate!

Oh, God, why didn't we exchange phone numbers and stuff? Why didn't we do that?
Because we were young and stupid?

You think we still are?

I guess when you're young... you just believe... there'll be many people with whom you'll connect with. Later in life you only realize it only happens a few times. Yeah, you can screw it up! You know, misconnect... Well, the past is the past. It was meant to be that way.

Yeah, you really believe that?

That everything is faded?
Well, you know, the world might be less free than you think.

Yeah?


Richard Linklater
Julie Delpy
Ethan Hawke
(Before Sunset, 2004)

28.12.09

On s'embrasse #10


Realização Mike Nichols. Closer (2004)


...pronto, e agora acabamos com os beijos, ok? tens a certeza? unh... não.

Before Sunset

People just have an affaire, or even... entire relationships...
They break up and they forget!
They move on like they would have changed a brand of Cereals!

I feel I was never able to forget anyone I've been with.

Because each person have... you know, specific qualities.
You can never replace anyone.
What is lost is lost.
Each relationship, when it ends, really damages me.
I haven't fully recovered.
That's why I'm very careful with getting involved, because...
It hurts too much!

Even getting laid!
I actually don't do that... I will miss of the person the most mundane things.

Like I'm obsessed with little things.
Maybe I'm crazy, but... When I was a little girl, my mom told me that I was always late to school. One day she followed me to see why... I was looking at chestnuts falling from the trees, rolling on the sidewalk, or... ants, crossing the road... the way a leaf casts a shadow on a tree trunk...

Little things.

I think it's the same with people. I see in them little details,
so specific to each other, that move me, and that I miss, and... will always miss.

You can never replace anyone, because everyone is made of such beautiful specific details.
Like I remember the way... your beard has a little bit of red in it.
And how the sun was making it glow that... that morning, right before you left.
I remember that, and... I missed it!

I'm really crazy, right?


Richard Linklater
Julie Delpy
Ethan Hawke
(Before Sunset, 2004)

17.12.09

Era uma vez uma princesa e um príncipe que casaram..., ela com outra princesa e ele com um príncipe, de reinos nada distantes


E parece que é hoje. Algumas histórias de encantar serão reescritas. E eu congratulo-me por viver esse dia histórico. Logo à noite, espero brindar! ---------- mas amigos e amigas a quem a lei possa interessar directamente, não se precipitem. Vocês sabem, os casamentos têm nuances que as paixões e a razão desconhecem. se bem que não me surpreenderia se a taxa global de divórcio baixasse graças a vocês (os heteros, infelizmente, usufruem cada vez mais de outra conquista histórica, o direito ao divórcio). O mais importante é... básico. que todos passem a ter os mesmos direitos. Proibir a adopção a uma parte da população - devido apenas à sua orientação sexual - é o amargo que fica na boca. É certamente inconstitucional vedar esse direito. Qualquer pedido para adopção pode ser recusado. mas deve fundamentar-se a recusa a partir da análise do caso concreto. Neste domínio, continuamos a aguardar melhores dias. Quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, que não haja nenhuma surpresa... Eu quero mesmo brindar e estou já de olho no casamento de duas pessoas muito especiais.

Danos mentais


«O Instituto de Meteorologia informa que no dia 17-12-2009 pelas 01:37 (hora local) foi registado nas estações da Rede Sísmica do Continente, um sismo de magnitude 6.0 (Richter) e cujo epicentro se localizou a cerca de 100 km a Oeste-Sudoeste do Cabo S.Vicente.
Este sismo, de acordo com a informação disponível até ao momento, não causou danos pessoais ou materiais e foi sentido em todo o território do Continente, verificando-se que a intensidade máxima foi de V (escala de Mercalli modificada) na região de Lagos e Portimão.
Até ao momento foram registadas cinco réplicas de menor magnitude.»


Estava eu deitada a ler quando senti a cama elevar-se e tremer. Gostei da sensação mas fiquei inquieta. Poltergeist, pensei. Quando parou, a primeira coisa que fiz foi espreitar para debaixo da cama. Depois é que percebi que tinha ocorrido um sismo. As filhas dormiam tranquilas. Em poucos segundos, pude perceber o estado de fragilidade psíquica e física em que me encontro. Poltergeist!! E sim, a cama elevou-se alguns centímetros por causa de um sismo com epicentro a mais de 400 km de Aveiro. É assustador.(quando acordei tinha esquecido o episódio. no café em frente à escola é que não se falava de outra coisa. eu só pensava no meu delírio poltergeist e nos 15 ou 20 segundos de intensa actividade mental paranormal.)


[Imagem: Michelle Doll. Renew (2006). oil on masonite 8x10]

13.12.09

Katy Perry

I kissed a girl



Us girls we are so magical
Soft skin, red lips, so kissable
Hard to resist so touchable
Too good to deny it
Ain't no big deal, it's innocent

I kissed a girl and I liked it


[As teenagers americanas "soltam-se". o L Word chegou à pop music com este toque de inocência e "no big deal". as time goes by. com Madonna ainda era perverso. still «It's not what I'm used to» ou, pior!, «I hope my boyfriend don't mind it». o futuro ainda por construir.] [sei lá. talvez o futuro não exija nenhuma "definição" em termos de identidade sexual][eu ainda a pensar em As Horas, Nova Iorque, Clarissa e Richard. ou na entrevista de Stephen Daldry: «We're allowed to do everything. I refuse to be boxed in to the idea that "Oh, no, I can't have kids cause I'm gay." I can have kids if I'm gay. And I can also get married and have a fantastic life... To all questions [having to do] with my marriage, the answer to everything is yes. Do I have sex with my wife? Yes. Is it a real marriage? Yes. Am I gay? Yes."][acho que Durkheim falaria de anomia. erradamente. não há perda de identidade. há ganho de identidades. e sempre a necessidade de estabelecer um equilíbrio entre prazer e dever, o desejo e a norma][bem, vou ali e já volto. a Kate Perry é uma treta]

Temos de criar esse futuro

Mais uma excelente entrevista de Alexandra Lucas Coelho no Ípsilon (10-12-09). Caetano aos 67 anos. A infância da velhice, diz ele. Ouçamos o canto:

«Há algo muito importante no facto de Lula ser pouco ilustrado do ponto de vista formal, no facto dele continuar falando como no ambiente de pessoas, em geral analfabetas, onde ele cresceu. Isso é relevante, e mais ainda do que possamos pensar. Não conheço nenhum caso. Não posso imaginar o que aconteceria na França se um homem que usasse os verbos todos errados em relação aos sujeitos chegasse a se candidatar a presidente, e a ganhar as eleições. Que escândalo não seria na Argentina. Então, o facto de um homem ignorante nas letras e na informação escolar ter-se tornado presidente - e ser um presidente importante, relevante, e sob muitos aspectos bom, embora sob outros muito mau também -, é algo que diz muito sobre o Brasil, sobre a informalidade brasileira, sobre um caso extremo de não-vigência do preconceito linguístico.
Gente!, este homem foi eleito Presidente da República dizendo "as porta", sem fazer o plural, a concordância! Então, os brasileiros são um povo que não demonstrou preconceito quanto a isso. Nem sequer as classes altas o fizeram. Porque se houve quem o comentasse, isso não atrapalhou a eleição, e muito menos atrapalha a aprovação que ele tem, recorde em qualquer época no Brasil, e um dos maiores índices de qualquer presidente em qualquer país do mundo.
O Brasil é muito especial quanto a isso também. Ou seja, eu olho para Lula e vejo um número enorme de coisas de que posso me orgulhar, e são características do Brasil.»

«Uma vez, fiquei uns 20 dias na África, sobretudo na Nigéria e na Costa do Marfim. Nunca tinha estado lá. Passei pelo Senegal, que achei muito bonito, mas em Lagos era terrível.
E conversando com o professor Agostinho [da Silva], dessa segunda vez, eu disse para ele: "Professor, sabe que eu me senti mal na África? Achei que nos dá a sensação de que lá não há futuro. Não há futuro possível. É terrível dizer isso." E ele falou: "Mas é, não há mesmo. Por isso temos de fazer mais fortemente o que fazemos. Temos de criar esse futuro." Acho isso muito bonito.
E a ideia de que Portugal civilizou a Ásia, a África e América e falta civilizar a Europa é muito bonita, porque é muito desabusada, e na contramão do óbvio. Portugal é justamente o país da Europa Ocidental que ficou mais para trás na história.
Mas acontece que o pensamento dele desde sempre foi que terá sido uma benção Portugal ter ficado para trás quando a Inglaterra entrou nesse mundo que o fez como o conhecemos hoje, e a França, e a Alemanha. Ele era muito erudito e muito inteligente, e ao mesmo tempo tinha esse pensamento de que eu gostava muito.»

«Na história que se ensina no Brasil, os professores tendem a ir para a esquerda, e os livros passaram a tender também, e muitas vezes toda a história de Portugal, da descoberta, da colonização brasileira, é apresentada como um mau sucesso. D. João VI seria um sujeito que ainda estava ligado às ideias católicas medievais, seria uma corte que não se modernizou, e isso teria levado para o Brasil um negócio atrasado.
Isso é que o professor Agostinho, e acho que Fernando Pessoa também, viam como uma vantagem, A minha vantagem, e talvez eu me identifique muito com essas pessoas, foi sempre considerar as desvantagens como uma oportunidade.»

«No livro "Verdade Tropical", o momento mais criticado foi eu dizer que o Brasil deveria ser ateu. E criticado com razão. Não há o menor indício de que o Brasil tenha vocação para isso.
Mas o ateísmo filosófico moderno, que tem a ver com a experiência do mundo moderno que vimos vivendo, não pode ser simplesmente negado. Eu não acredito na nova religiosidade, e acho que isso é um problema imenso, que tem de ser transposto. O Brasil tem tarefas imensas, e uma virada grande tem de incluir isso [o ateísmo].»

11.12.09

À escuta #92

- Olá meninas!
S - A A. tem uma má notícia para ti.
A - Mesmo muito má...
- O que é que se passou?
A - Tirei «Não Satisfaz» a matemática!
S - Armada em espertinha e tira NS!
- Oh não, não aceito isso! Não estiveste concentrada, tu sabias a matéria! O que é vamos fazer, menina? Vais passar as férias a estudar!
S - Eu não tirei NS. Também vou ter que estudar matemática nas férias?
A - Parem, por favor! Eu já fui massacrada pela P. que viu a minha nota e disse a todos da turma e todos me gozaram. De vocês esperava mais. Isso, põe-me de castigo. Pois é, odiar matemática é um pecado, é muito pior que drogar-se e ir para a prisão! E já sei, não me vais deixar ver televisão. Até os prisioneiros vêem a televisão que lhes apetece na cadeia mas eu não vou poder! (choro) Odeio matemática! Tenho culpa?
- Ok, vamos acalmar. Mas devo dizer-te que o problema não se resolve se te convences que odeias matemática. E não odeias. Há coisas que gostas...
A - Ah sim, o quê?
- Gostas da tabuada... E o último teste correu bem, não correu?
A - Se só gostares de um dedo da tua mão, sobrevives?

[Eu sei, três mulheres juntas dá sempre melodrama! :)]

7.12.09

À escuta #91

[Telepizza anuncia "quartas-feiras loucas" com 50% de desconto]

A - Por que é que as quartas-feiras são loucas?
S - Não vês que fazem um desconto?
A - Isso é ser louco?

6.12.09

Teste de maternidade

O fim de semana chega ao fim e a sensação de cansaço não desaparece. Você decide então aplicar uma máscara facial, tomar um longo duche quente, lavar a cabeça, enfim, descontrair um pouco. Mal entra na banheira, a sua ajuda é solicitada na resolução da ficha nº 3 e acaba por não fazer tudo o que pretendia fazer enquanto espreita os números por trás da cortina. Se conseguir chegar ao fim sem lançar pragas ao pai, ao filho e ao espírito santo, tem nota 10 no teste de maternidade. Eu hoje não consegui esse feito. A meio deu-me para praguejar. baixinho, porque o primeiro e último estão longe, e o segundo não pode ouvir estas coisas.

5.12.09

A Ilha Nua

Um poema cinemático dedicado a todos os seres humanos que tentam sobreviver em condições terrivelmente agrestes. Filmado no arquipélago Setonaikai (Japão). Não se ouve uma palavra. Não é preciso.

À escuta #90

A - Hoje vi na televisão o maior navio do mundo! Era fantástico! Ah eu adorava fazer um cruzeiro até ao Egipto num navio assim!
- Pois, mas isso deve ser caríssimo!
A - Pois deve! E sabes, tinha muitos velhinhos... Fiquei admirada.
- Porquê? As pessoas de idade têm mais tempo para viajar e num barco não se devem cansar muito...
A - Não viste o tamanho... Por exemplo, se o navio se afundar, como o Titanic, os velhinhos morrem de certeza. Mas não foi isso que achei estranho... É que não sabia que eles eram românticos.
- Românticos?
A - Sim, havia muitos casais, que devem ser casados, não achas? Há quantos anos é que eles podem estar casados?
- Não sei, depende.
A - Vai ser sempre muito tempo. Eu pensava que os velhinhos queriam era ficar em casa, elas a fazer malha, eles a ver televisão, e afinal há uns que gostam de namorar!
- Claro!
- Claro? Quero ver-te com 70 anos no maior barco do mundo aos beijinhos!

3.12.09

Killing in Sarajevo


Acabo de ler O Violoncelista de Sarajevo de Steven Galloway (um autor/livro que o marcas d'água me fez conhecer). São várias as descrições de percursos, ruas, praças que reconheço, calcorreados pelas personagens. Poderia ilustrar algumas dessas passagens do livro com fotografias que tirei recentemente (talvez o faça noutra altura). A enorme diferença é que eu percorri uma cidade liberta, tranquila, sem ameaças de morteiros e de balas de atiradores furtivos ao virar de qualquer esquina. O que motivou esta leitura foi a possibilidade de conhecer a Sarajevo anterior às marcas que encontrei: a Sarajevo cercada. Numa obra que evoca ainda uma Sarajevo mais distante, inteira, mesmo se nunca imaculada. Através da leitura, pude sobrepor três tempos próximos uns dos outros, do ponto de vista cronológico, e completamente fragmentados, em termos de memória colectiva. centrados num mesmo espaço. Era o que queria. e o livro cumpriu esta promessa (não outras, mais literárias). O espaço físico confunde-se com o espaço psicológico. As feridas, os buracos, a destruição, as barreiras, atingem paredes, casas, ruas, pessoas, como se as últimas fossem feitas da mesma matéria morta e anónima, ou simbólica e singular: um peão, uma casa; um violoncelista, a histórica Biblioteca Municipal (detalhe na foto abaixo). unidos no mesmo destino. o de ruir. com maior ou menor dignidade.


Em O Violoncelo de Sarajevo ninguém sobrevive. mesmo quando o corpo se ergue e aparentemente domina o espaço: o da vida interior e o que o rodeia. Todos foram forçados a vestir outra personalidade. Flecha, a atiradora furtiva que procura defender a cidade, personifica essa deslocação do ser.

«Perceber que a vida é maravilhosa e que não durará para sempre é uma dádiva rara. Por isso, quando Flecha aperta o gatilho e acaba com a vida de um dos soldados que tem na mira, fá-lo não porque queira vê-lo morto - embora não possa negar que quer - mas porque os soldados a privaram, e a quase todas as outras pessoas que vivem na cidade, dessa dávida. O facto de a vida ter um fim tornou-se tão evidente por si mesmo que perdeu todo o significado.» [pp. 20-21]

Pensei então no (pre)conceito moral dominante segundo o qual matar inimigos, em situação de guerra, não é condenável. O direito à vida pode, nesse contexto, ser violado. Mesmo a propósito, leio (via
Crítica: blog de filosofia) que Jeff McMahan defende em Killing People a teoria de que as condições em guerra não são pertinentes para definir o que a moralidade permite ou não, e que as justificações para matar pessoas são as mesmas em todos os contextos. Por exempo: em caso de legítima defesa. Todos poderíamos, face à percepção dessa ameaça, vestir a pele de Flecha. ou a de um soldado sérvio. e matar. Nesta obra, McMahan acaba defendendo uma visão que põe em causa a teoria da "guerra justa". Para o autor, na maioria dos casos, é moralmente errado lutar numa guerra... que é injusta. No meu ponto de vista, lutar no Iraque, lutar no Afeganistão, ter combatido nas ex-colónias, seria então imoral. Mas quem pode definir de forma objectiva "a justiça" de uma guerra! Muitos nomearão os ataques no Afeganistão "moralmente" aceitáveis.

Sobre a necessidade de libertação de Sarajevo havia unanimidade. Não obstante, a intervenção da NATO foi adiada. Nos 44 meses do cerco, o terror contra Sarajevo e seus moradores variaram de intensidade, mas o propósito sempre foi o mesmo: infligir o maior sofrimento possível aos civis a fim de forçar as autoridades bósnias a aceitar as exigências sérvias. O Exército da República Srpska cercou a cidade, colocando tropas e artilharia nas colinas circundantes. Civis foram atacados durante quase quatro anos. Estima-se que mais de 12.000 pessoas foram mortas e 50.000 feridas durante o cerco, sendo que 85% das vítimas eram civis.

«-
Se ficarmos, vão disparar sobre nós das colinas até estarmos todos mortos (...).
- O mundo nunca permitirá que isso aconteça. Terão que nos ajudar mais tarde ou mais cedo (...) - diz Emina.
Dragan não consegue perceber, pelo tom de voz dela, se acredita naquilo que diz. Não sabe como poderia acreditar. Certamente, ambos vêem a cidade desintegrar-se diante dos seus olhos
.» [p. 66]

A justiça tardou. Raramente se discute a imoralidade da observação passiva.


Obras referidas:
- Steven Galloway (2009). O violoncelo de Sarajevo. Lisboa. Editorial Presença
-
Jeff McMahan (2009). Killing in War. Hardback

1.12.09

Dia mundial da luta contra a sida


Dou-vos uma boa razão para terem relações sexuais, hetero/homo, tanto faz, usando sempre preservativo, é claro. É que outras soluções são muito mais perigosas...: clicar na imagem ou ver aqui (atenção ao canto inferior direito da página).


Adenda: lidos os comentários, acho que se esqueceram mesmo de ir ver a legenda no canto inferior direito :)