30.6.12

Poema

POEMA

Eu não quero o teu corpo
Eu não quero a tua alma
Eu deixarei intacto o teu ser e a tua pessoa inviolável
Eu quero apenas uma parte neste prazer
A parte que não te pertence.


Joaquim Cardozo (1897-1978)

Micaela Vaz

No dia 5 de Julho, podem ouvi-la ao vivo na Casa da Música, no Porto. Que voz tão bonita, Micaela Vaz!

29.6.12

Saint Exupery


Acabam de me lembrar Antoine de Saint-Exupéry no aniversário do seu nascimento, há 112 anos.

E veio à memória um verão passado em França, em que me emprestaram um livro sobre a vida de Saint Exupéry e Consuelo Sandoval, a única mulher com quem casou. Tirei várias notas, apontei algumas frases. Gosto desta:

"Il faut que ma femme me rapelle que je suis tellement amoureux."

Dulce Maria Cardoso

Foto MRF

Conheci Dulce Maria Cardoso em Setembro de 2010, por intermédio de Elsa Ligeiro (Editora Alma Azul) que, em Portugal, deve ter sido das primeiras pessoas a "galardoar" a escritora. Nesse dia, o encontro foi marcado na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Conversámos sobre Hélia Correia, que dela disse ser "Uma assombrosa criadora" (citação na badana de um livro) e de outros escritores, e de livros, e de cada um dos seus livros.... No final da tarde, DMC recebeu o Prémio Ciranda, numa cerimónia muito simples e simpática (tal qual as duas senhoras protagonistas, na foto).

Em 2009, já recebera o Prémio Europeu de Literatura pelo romance “Os Meus Sentimentos”. A imprensa portuguesa, contudo, só começou a dar-lhe algum destaque em 2011, quando publicou “O retorno”, sobre a experiência dos retornados e da descolonização de Angola. O romance foi então considerado pela crítica como o melhor do ano e venceu ainda o prémio especial da crítica nos Prémios LER/Booktailors 2011. 


Ontem, ficamos a saber que o Ministério da Cultura francês a distinguiu com a condecoração da Ordem das Artes e das Letras, uma das mais altas distinções honoríficas da República Francesa.

A maioria dos portugueses não deverá sequer reconhecer o seu nome. Triste fado! E depois, é claro, este não é um caso isolado...

24.6.12

Bernardo Sassetti (n. 24 de Junho 1970 - m. 2012)

Como Desenhar Um Circulo Perfeito (2009)

Realização: Marco Martins Argumento: Gonçalo M. Tavares, Marco Martins
Música: Bernardo Sassetti

As Ilhas Desconhecidas (2009)
Realizador: Vicente Jorge Silva
Escritores: Vicente Jorge Silva (escritor), Raul Brandão (livro)
Música: Bernardo Sassetti

Second Life - Behind The Scenes Teaser (2009)

Realizador: Miguel Gaudêncio, Alexandre Valente
Escritores: Alexandre Valente
Música: Bernardo Sassetti

21.6.12

Meninas à janela



Dalí pintou um óleo de que gosto muito, chama-se "Menina à Janela". Nele, Ana María Dalí, a irmã que foi o seu modelo preferido durante muitos anos, é pintada de costas, debruçada numa janela, olhando Cadaqués. Nesse quadro, pintado em 1925, o pintor introduz um novo paralelismo entre o ser humano e a arquitectura. Há um conceito quase onírico da realidade circundante. Mas o que mais retenho é a p...ostura da figura feminina e as várias tonalidades de azul. Muito jovem, viajei até Cadaqués. Trouxe de lá essa imagem, emoldurei-a, e deixei que me fizesse companhia durante anos.

Naquele dia (2005), o mar de Cadaqués reapareceu entre as minhas meninas. Era um fim de tarde no reino dos Algarves. A temperatura estava amena, corria uma ligeira brisa, cheirava a mar e a erva molhada, e elas foram conversar para a varanda. Descobria-as assim, entretidas a comentar a paisagem e as proezas do dia. Eu adorava "espiá-las" e registava as conversas. É por isso que sei que falaram de castelos de areia, de mergulhos com os olhos fechados e com os olhos abertos, de conseguir atirar a bola para muito longe, de biquinis cor de rosa como os da Barbie e de penteados como os da sereia Ariel, dos dois gelados que eram mesmo frios, do gato no jardim...

19.6.12

Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui!

Rudolf Koppitz. Rock Thrower. 1923

A vida é para nós o que concebemos nela. Para o rústico cujo campo próprio lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Isto não vem a propósito de nada. Tenho sonhado muito. Estou cansado de ter sonhado, porém não cansado de sonhar. De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos. Em sonhos consegui tudo. Também tenho despertado, mas que importa? Quantos Césares fui! E os gloriosos, que mesquinhos! César, salvo da morte pela generosidade de um pirata, manda crucificar esse pirata logo que, procurando-o bem, o consegue prender. Napoleão, fazendo seu testamento em Santa Helena, deixa um legado a um facínora que tentara assinar a Wellington. Ó grandezas iguais à da alma da vizinha vesga! Ó grandes homens da cozinheira de outro mundo! Quantos Césares fui, e sonho todavia ser.
Quantos Césares fui, mas não dos reais. Fui verdadeiramente imperial enquanto sonhei, e por isso nunca fui nada. Os meus exércitos foram derrotados, mas a derrota foi fofa, e ninguém morreu. Não perdi bandeiras. Não sonhei até ao ponto do exército, onde elas aparecessem ao meu olhar em cujo sonho há esquina. Quantos Césares fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores. E os Césares que fui vivem ainda na minha imaginação; mas os Césares que foram estão mortos, e a Rua dos Douradores, isto é, a Realidade, não os pode conhecer. Atiro com a caixa de fósforos, que está vazia, para o abismo que a rua é para além do parapeito da minha janela alta sem sacada. Ergo-me na cadeira e escuto. Nitidamente, como se significasse qualquer coisa, a caixa de fósforos vazia soa na rua que se me declara deserta. Não há mais som nenhum, salvo os da cidade inteira. Sim, os da cidade dum domingo inteiro – tantos, sem se entenderem, e todos certos.
Quão pouco, no mundo real, forma o suporte das melhores meditações. O ter chegado tarde para almoçar, o terem-se acabado os fósforos, o ter eu atirado, individualmente, a caixa para a rua, mal disposto por ter comido fora de horas, ser domingo a promessa aérea de um poente mau, o não ser ninguém no mundo, e toda a metafísica.
Mas quantos Césares fui!

in O LIVRO DO DESASSOSSEGO, de BERNARDO SOARES

À escuta #119

Ana: A primeira palavra que aprendi, em língua estrangeira, foi "gracias". Quer dizer, se calhar foi "melocoton", por causa dos sumos...

18.6.12

Thalassa platia

You can be unkind
Where the children play
And you drown their castles in the tide
They don't seem to mind
For they run to you and
Their arms are open wide


Que troem as tempestades mas que este mar, na Grécia, não deixe de ser protector.
Como nesta canção, que eu adoro________


Thalassa platia (Deep And Silent Sea)

Deep and silent sea,
Close to you I feel protected
You are so like me
In your face I am reflected
Tell me what to do
For you know so well
My soul is restless too

Touching every shore
You belong to no one ever
Let the tempest roar
You remain and dwell forever
Secret are your ways
Do you wonder that I'd love you
All my days

You can be unkind
Where the children play
And you drown their castles in the tide
They don't seem to mind
For they run to you and
Their arms are open wide

Teach me to be free
To be sure and strong and sea-like
Deep and shining sea
You are what I long to be like
Let the world go by
I will love you till
The silent sea runs dry

[Maestro: Andreas Pylarinos; Intérprete: Magda Pensou ]
[Versão original no MusicHall desta casa]

πολύ καλή

simplificando:
Na Grécia, o PASOK foi à vida. Temos novo maior partido da oposição, a Syriza. Não vai haver "união". Como é que se diz "muito bem", em grego?


____πολύ καλή (polú Kalí)! (disse ela)

pas élu...

Estas eleições legislativas, em França, não podem ser lidas sem os não eleitos!

Royal não foi eleita, sendo que, qual novela, a primeira-dama francesa, Valérie Trierweiller, apoiou Olivier Farlorni (que se candidatou apesar de o PS ter escolhido Ségolène Royal para se apresentar naquele círculo eleitoral).

Depois de ter eliminado Jean-Luc Mélenchon (Front de Gauche) na primeira volta, a líder da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, acabou por também falhar a eleição para o Parlamento. Mas felicitou-se pelo “sucesso enorme do seu partido”: a sua sobrinha de 22 anos, Marion Maréchal-Le Pen, conseguiu-o (e, para além dela, apenas mais deputado da FN), tornando-se na mais jovem deputada (um orgulho para o avô, Jean-Marie Le Pen).

François Bayrou, presidente do centrista MoDem, também foi derrotado na circunscrição em que concorria.
 
Claude Guéant, que foi ex-chefe de gabinete e ministro do Interior e se distinguiu por dizer que nem todas as civilizações têm o mesmo valor (falava da civilização árabe), também não obteve o seu lugar de deputado. Enfim, a UMP (o partido de Sarko) foi severamente punida.

Dizer que o PS obteve
maioria absoluta não tem nenhum interesse. Victor Hugo, Balzac, Zola, regressem! Continua a haver imensa matéria de "acusação"!

17.6.12

Hoje, Antígona, Creonte ou o Coro?

Slavoj Žižek. O filósofo esloveno participou na campanha da Syriza. Syrica representará o que designou como a "paixão pelo Real". Como Antígona, diria eu, quando decide transgredir as leis da cidade. Mas não é assim: como o Coro, a voz do povo, afirma Žižek, fazendo corresponder Antígona e Creonte, personagens da peça de Sófocles, aos partidos Pasok e Nova Democracia.
Este discurso vai contra todos os "significantes vazios" desta nossa era.
[Quem nos dera um Žižek num comício eleitoral! Quem nos dera ser o símbolo de qualquer pequena revolta para o merecermos!]

Bom dia!



Parque da Caldeira Velha, São Miguel
Abril 2007

16.6.12

I Superlativi

I tuoi occhi
ci vedo dentro desideri di parole
se mi ci vedo assomiglio all'amore
se sono verdi è il mare senza parole...

I Superlativi


Title : Verrà la morte
Text : Cesare Pavese (1950)
Music : Léo Ferré (1969)
Album : La Vie d'artiste 1961-1971

Incompreensão inteligente



Lembrei-me de mim, com 18, 20 anos. Muita curiosidade por tudo e, não sei se era armanço, mas havia avidez. Uma vez fui ver O Público, peça de Garcia Lorca, no Teatro da Cornucópia (encenação de Luís Miguel Cintra). Não estava a perceber patavina mas olhava à minha volta e todos pareciam seguros de uma particular compreensão. Eu começava a gostar de uma personagem e ela desaparecia. Fixava os movimentos dos actores. Lembro-me com nitidez do rosto do LMC iluminado de-baixo-para-cima. Daria uma bela fotografia. Mas qual o sentido daquela fala? Perguntei à minha amiga: "estás a perceber?" - Ela respondeu-me simplesmente: "não". Depois a peça acabou e fui ler as críticas da imprensa fixadas nas paredes do Teatro. O conceito do teatro egoísta de Lorca. O surrealismo a centrar o teatro em si mesmo. Queriam lá saber do público e da sua necessidadezinha de entender tudo! Fiquei mais tranquila. Fui tão bom público daquela peça. Quão eficaz o Lorca e o encenador na provocação de uma agitação interior!

Mas outras vezes, só a sensação do bom. e olha, vai ver. ou ouve, ou lê. Não te sei explicar, é bom.

o corpo

o corpo é um arquivo de texturas e de movimentos
portáteis.
viajamos com o corpo cheio. e às vezes é difícil fechá-lo.

MRF

13.6.12

Fugas & O Corvo



«Fugas & O Corvo é um espectáculo que conjuga a música ao vivo e a dança, em cujos intérpretes (músicos e bailarinos) criam um corpo comum de sons e de gestos.
O desafio foi lançado pelo 04 Mix Ensemble (sob a direcção artística do Guitarrista Carlos Lima), à Buzz Companhia de Dança (com direcção coreográfica de Vera Santos).
Num primeiro momento, os contrapunctus I, II e III da Arte da Fuga (Die Kunst der Fuge) de Johann Sebastian Bach servem de mote para o desenvolvimento coreográfico, centrado no isolamento de partes do corpo numa analogia ao pormenor compositivo das respectivas partituras.
O segundo momento é uma coreografia feita a partir do original, The Crow, de Dusan Bogdanovic, com poema de Ted Hughes, uma Ballet Poema para 3 instrumentos e uma voz.
Obra complexa que tem a particularidade de conciliar uma poesia dramática (de negro carregado) com uma musicalidade luminosa (viva e cristalina).»

9.6.12

Portugal-Alemanha

Preparados para assistir ao jogo? Eu também, mais ou menos assim... (SMILE)

 Bill Eppridge. Paris, 1966.
Barbra Streisand, 24 anos, vestindo um conjunto de onça, assiste num silêncio sepulcral ao desfile de lançamento da colecção de relógios Chanel. No lado oposto, Elsa Martinelle e Marlene Dietrich.

Ou talvez seja mais isto...

8.6.12

"Je m'invente des jardins écrasés de roses grises"

Jeff Alarie. Trois roses grises

Jeff Alarie. Quatre roses sur gris

Je Suis Bien

A única pessoa para quem Jacques Brel compôs. Pelos idos de 90, ouvi-a na Aula Magna, numa gala de homenagem a Brel. Belíssima Gréco! Esta canção___ Brel também cantou mas nunca a gravou.

Chanteuse Juliette Gréco, muse of the 1950s existentialists of Montmartre, was the first to bring the talent of Jacques Brel before the French public with her cover of Brel's "Ca Va, Le Diable." "Je Suis Bien" is a moody, somewhat ironic song Brel wrote for her to perform. He never recorded it himself. Following Gréco's version is a rare live performance by Brel from his last tour of French Equatorial Africa in 1966. He appears to have just written the song, or maybe didn't remember the words. The music was written by Brel's collaborator Gérard Jouannest who is still alive and married to Juliette Gréco.

3.6.12

Quotidiano

QUOTIDIANO

O insecto caolho é atraído
pelo viscoso perfume das rosas

Geme no giradiscos a voz de Mercedes Sosa
e seu coração voltado ao sul

O poeta, a memória levemente sangrando,
morre de medo que a amada o abandone

Desesperado e indiferente
o rumor da panela de pressão
é igual ao de todos os dias...

in JOÃO MELO, A Construção do Tempo
Editora
Nós Somos, 2012
 

A minha companheira

A MINHA COMPANHEIRA
[Tradição oral Umbundu, Angola]


A minha companheira
nunca se molha
nunca se queixa
do calor ou do frio.

Ambos comemos juntos,
a todas as refeições.

Se lhe ofereço comida,
ou se lhe ofereço de beber,
ela recusa.

- porque não é capaz
de o fazer sozinha.

A minha companheira
segue-me sempre,
e faz exactamente o que eu faço:

- se ando
ela anda;
se paro,
ela pára;
se me sento,
ela senta-se;
se me levanto,
ela levanta-se;
se me deito,
ela deita-se,
se falo,
ela fala.

- mas ninguém ouve
o que ela diz.


_______ a minha sombra.
 


 in ZETHO CUNHA GONÇALVES, Rio Sem Margem- Poesia da Tradição Oral
Editora
Nós Somos, 2011
 Floris Neusüss

2.6.12

Bom fim de semana!___com Mischa Maisky e Martha Argerich.

De Edvard Grieg (Noruega,1843-1907), Op. 36 Sonata for cello and piano in A minor.
Grieg Cello Sonata A-minor-1M (1/3)

De César Franck (Bélgica, 1822-1890), Sonate en la majeur pour violon avec piano (4º andamento)
 
Franck Sonata in A: IV. Allegretto poco mosso

[If...: Sites de Mischa Maisky e Martha Argerich]

Crónica de um mega-problema anunciado

O último diálogo da rainha com Tony Blair no filme The Queen (Stephen Frears, 2006) é sobre educação. Eles conversam enquanto passeiam pelos jardins do palácio. A câmara vai fazendo um plano cada vez mais alargado enquanto Blair comunica a sua Majestade que os mega-agrupamentos estão fora de moda e que vai re-introduzir o conceito da escola de proximidade. Like in old times.

Também nós voltaremos a esse conceito. Com décadas de atraso, como sempre. Até lá, vai haver tempo para concluir da dificuldade de gerir espaços com milhares de alunos de diferentes idades (e várias dezenas/centenas de professores), do agravamento das relações professor/aluno, do aumento do insucesso escolar, da multiplicação dos casos de bulling, enfim, mais stress, stress, stress para toda a população escolar. Vamos ter mais tecnologia e menos afecto, quadros multimedia e assaltos aos cacifos, vigilância sempre insuficiente (nunca houve dinheiro para recrutar "assistentes operacionais" à medida das necessidades de cada escola, e muito menos para os formar), bandos em vez de grupos, e a lei do mais forte a prevalecer.

Tudo isto num contexto em que as crianças com necessidades especiais têm cada vez menos apoio pedagógico (neste país, não existem outros apoios)(neste país, os Agrupamentos podem ter 3000 alunos e um psicólogo).
stop. Rejeito o conceito da fábrica-escola para optimização dos recursos. Valham-nos os professores com vocação.

[Imagem: Paula Rego. Sem título. 1985. Tinta-da-china sobre papel. 34,5 x 25,5 cm]

1.6.12

O Tesouro


Hoje, oferecer um livro a uma criança. Este, lê-se aqui mesmo: O TESOURO. Conta uma história com «H» grande, uma história que aconteceu mesmo. De Manuel António Pina. Com ilustrações de Evelina Oliveira.

História contada a uma criança

Do prefácio: «(...) O jovem professor de física e química, com interesses intelectuais muito mais vastos, era pai de uma criança de sete anos acabada de entrar na escola primária. Foi esse filho o destinatário...».

Como presente da minha comunhão solene, recebi uma Bíblia Ilustrada, o livro "O Porquê das Coisas" e "As Origens de Portugal", entre outros presentes que esqueci. Li, reli estes três
livros imensas vezes. Há poucos anos, descobri que o meu primeiro grande livro de História tinha sido reeditado pela Calouste Gulbenkian. É uma edição muito cuidada e belíssima. Foi a vez das minhas duas filhas receberem o seu primeiro grande livro de História. Infelizmente, esta História de Portugal termina cedo, com Afonso II. Cá em casa, houve muitas noites de leitura, à medida que elas avançavam na matéria de História na escola, e na medida do sono que tardava sempre a chegar. A ideia de que um pai tinha escrito aquela História para o filho, um menino da idade delas, ajudou a encarar a grandeza do livro. E depois, o autor tutua, o que facilita o diálogo. Logo no início, houve uma grande discussão a propósito destas afirmações: "Tu és português porque nasceste em Portugal. O teu pai e a tua mãe também nasceram em Portugal...". É que nenhum dos pais (delas) nasceu em Portugal. Se o Rómulo de Carvalho soubesse isso, teria escrito outra coisa... só para elas.

Feliz dia para as nossas crianças!

Bom dia!

Foto MRF