31.5.07

As casas pressentidas #2

como água nos meus olhos, um livro de poesia. de Luís Serrano. casas pre(s)sentidas.


AS MÃOS E A CASA

As mãos tocam o frio
das paredes
deixam na casa
uma réstea de luz
a memória inexpugnável
de um gesto

Agora a casa
pode ruir
transformar-se de repente
numa lembrança
de pedra
de madeira rasgada
pelo vento

ou as mãos
regressarem à terra
a voz
perder-se nas arquivoltas
do coro

que nada
nem ninguém
apagará o silêncio desse gesto
o rasto discreto
de um tal signo

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