23.2.07

Scoop

Em 2003 fui passar uma semana a Nova Iorque e fiquei alojada mesmo em frente ao Imperial Theater na Broadway. Logo na primeira noite, quando regressava ao Hotel, apercebi-me de um grande alarido à volta de uma pessoa e aproximei-me, na esperança de dar de caras com uma estrela de cinema, daquelas que eu via nos écrans desde pequenina. Para grande decepção, e apesar da histeria das meninas e senhoras, eu não o conhecia de lado nenhum. Quando perguntei quem era, olharam-me de lado. Eu não conhecia Hugh Jackman!

Olhei com atenção para os mega-cartazes do teatro e reconheci o grande protagonista. Ele era aquela figura que dançava e que parecia que nos ia cair em cima sempre que passávamos naquele passeio. Hugh Jackman era The Boy From Oz.

Podia ter acabado aqui a pequena história do nascimento de Hugh Jackman no imaginário desta turista portuguesa. Mas não foi assim. Pertencendo também ao Hotel (já agora, aconselho: óptima localização, belíssima estética e boa relação qualidade/preço), havia logo ao lado um pequeno café muito stylish (também desenhado por Philippe Starck) onde costumava... tudo, às vezes almoçar, outras vezes lanchar, cear, descansar entre dois percursos, ....e foi aí que passei a encontrar o simpático Hugh Jackman todos os dias. Comecei por presenciar a paciência dele face a um jornalista cheio de vontade de o impressionar, depois partilhei dos sorrisos que distribuia aos rostos já familiares no lugar, até chegarmos a pequenos chats. Não girls, não tive nenhum affair, até porque, deixem-me dizer-vos, ele é magrinho e muito mais pequeno do que parece ser em Scoop___ por isso, ele nunca teria qualquer hipótese! (ehehehehe). Mas estava ansiosa por o ver no filme de Woody Allen!

Devo ser das poucas pessoas que foi ver Scoop por causa de Hugh Jackman (e de Woody Allen) e não pela Scarlett Johansson! Para grande consolo, uma das lâmpadas da máquina de projecção fundiu quase no final da sessão, pelo que vi o filme duas vezes. Juro que pus em causa a minha capacidade de avaliação do potencial de sedução dos homens. Aquele Hugh Jackman/Peter Lyman é um assombro! O que conheci não tinha nada de perigoso, era um sujeito simples e cool, que aparecia vestido de jeans e calças de ballet por causa dos ensaios, mas a quem eu não daria mais que nota 6 numa escala de 10! Peter Lyman é perfeito. Ok, ela também.

Pois, o filme. falemos do filme. Devia haver a arte de ver cinema. Eu comecei por ser primorosa nessa arte. Estava absolutamente predisposta ao desfrute na primeira sessão. Adorei os diálogos, soltei valentes gargalhadas, tudo me pareceu original (o encontro do jornalista no barco timonado por aquela morte bergmaniana) ou delicioso na recorrência (a magia). Na segunda sessão, fiquei com a impressão de que o filme não sobrevive ao uso, que as piadas afinal não são assim tão boas, que a patética e só por si risível figura da personagem de Woody Allen é sempre a mesma, seja ele mágico, professor universitário ou escritor intello.

Enfim, vale a pena ver um policial surreal como Scoop. mas ele não é um dos melhores de Allen. (é claro que é sempre possível que, da mesma forma como errei o meu juízo em relação ao potencial de Hugh Jackman, erre no potencial estético e no score de criatividade deste filme... )

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