Gaza
AP Photo/Nasser Ishtayeh
AP Photo/Nasser Ishtayeh
Uma noite, o oceano entrou em minha casa
Era
um velho respirando
como uma antiga locomotiva
Convidei-o a sentar-se
junto da janela
para que se recompusesse
e eu lesse em sua honra alguns poemas
Mas ele continuou de pé, ofegante
Ofereceu-me peixes
conchas
e partiu
De manhã examinei a minha casa: não havia telhado
nem porta nem janela
nem parede
Tudo estava partido e molhado
Até eu, oh meu Deus
estava partido como um vaso
Já não tinha lábios para falar
braços para cingir o tronco duma mulher
Do meu corpo só restava
uma flor saliente,
o meu coração no meio dos escombros
Era
um velho respirando
como uma antiga locomotiva
Convidei-o a sentar-se
junto da janela
para que se recompusesse
e eu lesse em sua honra alguns poemas
Mas ele continuou de pé, ofegante
Ofereceu-me peixes
conchas
e partiu
De manhã examinei a minha casa: não havia telhado
nem porta nem janela
nem parede
Tudo estava partido e molhado
Até eu, oh meu Deus
estava partido como um vaso
Já não tinha lábios para falar
braços para cingir o tronco duma mulher
Do meu corpo só restava
uma flor saliente,
o meu coração no meio dos escombros
IUSUF ABDELAZIZ
in Pequena Antologia da Poesia Palestiniana Contemporânea
Selecção e tradução de Albano Martins
in Pequena Antologia da Poesia Palestiniana Contemporânea
Selecção e tradução de Albano Martins
Edições ASA, 2004, pp. 12
3 comentários:
Maria, sempre atenta e sempre a propósito.
Este 2000 e 9 (neuf) que se queria tout neuf já foi ao ar... Triste História!
belíssimo.
vou mandar este link para um grande amigo meu.
CSD
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