12.6.07

Inland Empire



Na ficha IMBd do filme, estas são as palavras-chave: Nudity, Experimental Film, Circus, Mysticism, Bizarre, Prostitution, Disturbing, Film Making, Film Within A Film, Dream Like, Actress, Surrealism, Cursed, Acting, Female Nudity, Alternative Reality, Surreal, Rabbit, Independent, Film Title Spoken By Character.
E são insuficientes. Falta dizer Hollywood, Tráfico de Mulheres, Máfia de Leste, Mal, Sedução, Crime, Morte, Liberdade, Identidade. E continua a ser insuficiente. Este é um filme que não se traduz em palavras porque está para além delas. As palavras dos poetas podem escrever cinema mas Lynch diz que lida mal com as palavras. O seu não é um cinema de palavras.

Inland Empire desenvolve
mundos dentro de mundos criados a partir de uma cena com Laura Dern, cada cena como uma carta de um baralho, cartas que formam e cortam sequências, e depois um trabalho que persegue uma ideia e encontra gestos, olhares que se pareçam com ela, e actores, Laura, que lêem os sinais de Lynch. Laura Dern em mais de 90% das cenas de um filme de três horas. O filme foi escrito e realizado por Lynch, que domou Laura.

Todos os filmes têm um espaço, que ditam a luz, as cores, os sons. Inland Empire fica em LA.
LA filmada em movimento, uma LA digital. LA dos estúdios de cinema e dos mundos obscuros. LA dos sonhos e dos sem abrigo que dormem no passeio das estrelas.

Mas "I can't tell if it's yesterday or tomorrow", ou se "Have you seen me before?". Talvez O Mal esteja dentro de mim e eu dispare contra mim, salvando-me. Talvez. Talvez.

Normalmente, quando não compreendemos, rejeitamos. Mas, já sabemos, o universo Lynch não nos dá respostas nem favorece a síntese. A expectativa face a uma nova obra recai sempre sobre a forma do não-linear. Com Lynch passa-se essa coisa estranha de sabermos perfeitamente por que não compreendemos. Inland Empire fascina por isso. Sente-se uma pulsação, de liberdade, de arte. E connosco, fica um rasto de fantasia.

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