26.2.05

Ultimos versos

PROVINCIANAS


Henk Braam

I

Olá! Bons Dias! Em Março,
Que mocetona e que jovem
A terra! Que amor esparso
Corre os trigos, que se movem
Às vagas de um verde garço!

Como amanhece! Que meigas
As horas antes de almoço!
(...)


II

Ao meio-dia na cama,
Branca fidalga, o que julga
Das pequenas da su'ama?!
Vivem minadas de pulga,
Negras do tempo e da lama.

Não é caso que a comova
Ver suas irmãs de leite,
Quer faça frio, quer chova,
Sem uma mamã que as deite
Na tepidez de uma alcova?!

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.....................................*

*O poema ficou incompleto, estes foram os últimos versos do Poeta.
in O Livro Verde de Cesário Verde, Assírio & Alvim, 2004
[Lisboa, 25.02.1855-19.07.1886]

1 comentário:

armando s. sousa disse...

Tenho um grande desconhecimento da obra de Cesário Verde. Fizeste um belo tributo, no aniversário dos 150 anos do seu nascimento.