Subo ao sono
Os seus degraus são sete
Tu estás no sono
Elegia daquelas que partem
E um ícone de reprovação
Subo ao sono
Os seus degraus são sete
Exactamente
E nada acontece
Ou termina!
Acendo a luz
Para que os mortos vejam o sono.
Ghassan Zaqtan
in O Estado do Mundo
Fundação Calouste Gulbenkian/Tinta da China
2007, pp. 66
Acendam a luz por Pavarotti, falecido hoje. Acendam a luz por Eduardo Prado Coelho - cujas crónicas lia raramente sabe-se lá porquê, mas que me ofereceu «Os Universos da Crítica» aos vinte anos e deu vida neste país à figura de uma ciência que nunca deixou de me fascinar, a semiologia. Acendam a luz por Ingmar Bergman que, com «O Sétimo Selo», me fez acreditar na morte como um deus. um dia conto-vos. Acendam a luz por Antonioni que engrandeceu, blow-up, Vanessa Redgrave, um beijo, um parque e uma morte, fundindo ilusão e realidade. Façam-no também por Francisco Umbral que me disse «(E) como eram as ligas de Madame Bovary». Acendam a luz pelos 14 civis mortos na madrugada de hoje num bairro de Bagdad, enquanto dormiam, na sequência de um ataque aéreo americano. Todos desaparecidos enquanto tomava banhos de sol e de mundo ou me arranjava para o trabalho, distraída a viver.
Para que vejam o seu sono, e nós o nosso. Mesmo que nada aconteça, ou termine.
Os seus degraus são sete
Tu estás no sono
Elegia daquelas que partem
E um ícone de reprovação
Subo ao sono
Os seus degraus são sete
Exactamente
E nada acontece
Ou termina!
Acendo a luz
Para que os mortos vejam o sono.
Ghassan Zaqtan
in O Estado do Mundo
Fundação Calouste Gulbenkian/Tinta da China
2007, pp. 66
Acendam a luz por Pavarotti, falecido hoje. Acendam a luz por Eduardo Prado Coelho - cujas crónicas lia raramente sabe-se lá porquê, mas que me ofereceu «Os Universos da Crítica» aos vinte anos e deu vida neste país à figura de uma ciência que nunca deixou de me fascinar, a semiologia. Acendam a luz por Ingmar Bergman que, com «O Sétimo Selo», me fez acreditar na morte como um deus. um dia conto-vos. Acendam a luz por Antonioni que engrandeceu, blow-up, Vanessa Redgrave, um beijo, um parque e uma morte, fundindo ilusão e realidade. Façam-no também por Francisco Umbral que me disse «(E) como eram as ligas de Madame Bovary». Acendam a luz pelos 14 civis mortos na madrugada de hoje num bairro de Bagdad, enquanto dormiam, na sequência de um ataque aéreo americano. Todos desaparecidos enquanto tomava banhos de sol e de mundo ou me arranjava para o trabalho, distraída a viver.
Para que vejam o seu sono, e nós o nosso. Mesmo que nada aconteça, ou termine.
2 comentários:
A luta pela "liberdade" dá aos americanos um "rain check" no que toca à mortandade.
Pensa assim, se os americanos são nossos amigos e aliados e nos garantem que têm razão, só temos que segui-los de olhos fechados.
Há muito que não deixava comentário aqui.
Tenho seguido a tendência nacional de preferir a diversão em detrimento da educação :-)
Beijinhos!!!
De todos, só não sabia da morte de Umbral...
Todos merecem uma luz...
E Pavarotti apanhou-me de surpresa...
AGrande Voz irá ecoar para sempre nos meus ouvidos com o dilacerante "Torna a Sorrento" ou as notas finais de "Nessum Dorma" com aquele potentíssimo "Vincerrò" no final...
Para Nicoletta será talvez impossível ouvir "E lucevan le Stelle" durante os próximos anos...
CSD
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