19.9.05

Tout le Monde en Parle



Agora que já sabem qual é O meu programa televisivo preferido, não se admirem se todas as segundas vier aqui comentar os entrevistados da noite anterior. Desta vez o painel incluia Yves Cochet, Lambert Wilson, Juan Vivés, Iliana de la Guardia e Jim Kerr dos Simple Minds, entre outros (é claro que aparecem sempre umas actrizes lindíssimas e uns actores cómicos!).

Yves Cochet, ecologista, foi ministro do ambiente no Governo Jospin, é actualmente député vert à Paris (adoro a expressão francesa), e lançou um livro, "Pétrole, Apocalypse", que está a dar que falar. Segundo Cochet, por causa desse recurso energético limitado, vão suceder-se muitas outras guerras depois do Iraque (próximo terreno: Ásia Central). Frase a reter: A maior parte dos países que compõem a ONU são governados por ditaduras.

Lambert Wilson, actor. Quem não o conhece? Na foto podemos vê-lo em Matrix mas desta vez, em Tout Le Monde En Parle, ele veio promover L'Anniversaire de Diane Kurys. Elogio: é mais interessante do que a maior parte dos personagens que interpreta. Frase a reter: "quisémos mudar o mundo mas foi o mundo que nos mudou".

Juan Vivés, "El Magnifico", lançou um livro com o mesmo nome. Estamos a falar de um homem que foi companheiro de Che Guevara, um guerrilheiro, depois capitão rebelde, que ajudou a depôr o ditador Fulgêncio Baptista e que foi, mais tarde, e durante mais de 20 anos, agente secreto do regime de Fidel Castro. As suas memórias tornaram-se alvo da atenção dos media porque ameaçam destruir alguns dos mitos mais fortes da História da América Latina. As revelações começam com a morte de Che Guevara, em 1967. Segundo Vivés, Che foi abandonado à sua própria sorte por Fidel. Mandaram-no para a Bolívia e a morte terá sido uma operação orquestrada pela KGB soviética e pela Stasi (ex-serviços secretos alemães) com a aprovação de Cuba. Sobre Che Guevara, este registo: nunca se ria, tinha um péssimo carácter, adorava insultar pessoas, incluindo a mulher, era uma pessoa de difícil trato. Mas a sua revelação mais perturbadora é a de que Salvador Allende não se suicidou em 1973. Juan Vivés afirma que Allende foi assassinado pelo seu Chefe de Segurança Pessoal, um cubano chamado Patricio de la Guardia. Fidel foi apoiante de Allende e face ao golpe de Pinochet, teria preferido que o Presidente Chileno morresse como um mártir. Declara que o próprio Patricio de La Guardia lhe terá confessado esse assassinato.

E é então que Thierry Ardisson, o jornalista que anima esta emissão, informa Juan Vivés que no estúdio está Iliana de La Guardia, sobrinha de Patricio de La Guardia.

Iliana, uma mulher de muitas guerras (ver link) contesta as afirmações de Vivés. Mas a sua posição é fragilizada pela situação que vive actualmente Patricio de La Guardia em Cuba. Caído em desgraça por outras razões, foi torturado, condenado a 30 anos de prisão, vive hoje em prisão domiciliária. E era evidente - e declarado - o medo de que as revelações de Juan Vivés pudessem ameaçar o futuro e vida desse homem em Cuba.

A viver em França, El Magnífico "ameaça" escrever ainda uma biografia de Fidel Castro. Sobre o futuro de Cuba, não é optimista. Na sua opinião será Raul Castro, irmão de Fidel, o sucessor natural.

Finalmente, para acabarmos com alguma leveza, foi um prazer ver a cara do velhote Jim Kerr dos Simple Minds, que veio falar do novo álbum Black & White 050505. A reter: Cada geração tem os seus ídolos e heróis, e os Simple Minds viveram 10 anos de glória. O momento mais alto da sua carreira: o Concerto para Nelson Mandela. Formar um grupo de rock é viver uma boa e longa mentira - a de que se é jovem para sempre.

E eu insisto, quero um programa destes num dos nossos canais!


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