19.12.08

Ir até ao fim

Carvoeiro
MRF, 2007


«Quase todos os poemas foram escritos a partir de frases sublinhadas, a traço grosso, aquando da primeira leitura dos "Cadernos"...

O vento,
uma das raras coisas próprias do mundo

o vento,
empurra os odores e espalha sementes
o vento,
assobia canções de embalar entre dentes
o vento,
canta os amores coloridos e suspira fundo
o vento,
dança nas frestas e sopra as ondas do mar
o vento,
é um mensageiro alado que nos faz sonhar
o vento,
é uma das raras coisas próprias do mundo.»

Eduardo Graça in Há um momento em que a juventude se perde. É o momento em que os seres se perdem. E é preciso saber aceitar. Mas esse momento é duro.
Edição de Autor, Lisboa, Outubro 2008




Eduardo, recebi o objecto-fruto maduro, híbrido, iluminado pela «esplendorosa ressonância de estar vivo» de Jorge de Sena e pelo lirismo que decorre do «êxtase na unidade homem-natureza» em Camus. Objecto-de-autor-sensível, atravessado pela maresia e o vento do Mediterrâneo. Objecto-poema pincelado de afecto, quente, no sufoco pelo ser feminino suave, pelo filho,... Lembrei-me: «Havia tanto amor e veneração nos seus olhos (...) que alguém nele - aquele que sabia – se revoltou» - o filho revoltou-se?
e os amigos: que não querem viver fora da beleza. Obrigada. Sinto-me fraca.

Partilha:
1. Sublinhei a traço grosso:
«E, à noite, deitado, morto de cansaço, no silêncio do quarto onde a mãe dormia levemente, ainda ouvia uivar dentro dele o tumulto e o furor do vento que amaria ao longo de toda a vida.» - Albert Camus, O Primeiro Homem, Edição Livros do Brasil, 1994, pp. 219.
2. Parabéns por subir e descer a montanha
5 x 365 dias!

1 comentário:

Claudia Sousa Dias disse...

apetece-me roubar o quadro...


csd