10.12.08

Espessura. ou linguagem nenhuma


Ponta Delgada e Lisboa
Fotos MRF


Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

Alberto Caeiro

4 comentários:

Unknown disse...

Fastástico poema deste Caeiro...


e uma excelente ilustração, diga-se!


bjs, do

Helder.

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

gracias, Helder :)

bj
Rosário

Claudia Sousa Dias disse...

tocaram-me sobretudo duas frases neste poema...


não vou dizer quais,mas tu que me conheces, consegues de certeza adivinhar...


beijo muito grande


CSD

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Olha, Cláudia, a minha frase preferida é : «Não concordo comigo mas absolvo-me»

beijo