6.6.06

Moderato Cantabile

Sam Tho Duong. PLATINA


Acabo de descobrir o Catálogo 2006 - Platina, das Edições ASA. Eu não sei se o Plano Nacional de Leitura patrocina esta edição mas poder ler obras de Paul Auster, García Márquez, David Lodge, Kundera, Daniel Pennac ou Luis Sepúlveda, e isto é muito mundo! por 6 euros, é agradável. O preço máximo de cada livro é 10 euros. Fiquem com uma ideia da variedade e da qualidade, estes livros marcaram-me de alguma forma...

Sinais de Fogo, de Jorge de Sena (a ler, não por virtude, mas também)
Pau-Brasil, de Jean-Cristophe Rufin, Goncourt 2001 (vejam o link, leiam a entrevista)
A Pianista, de Elfriede Jelinek, Nobel da Literatura 2004
A Ignorância, de Milan Kundera (como subverter a noção de nostalgia: só há nostalgia daquilo de que não temos mais notícia. a nostalgia nasce da ignorância)
Relato de um Náufrago, de Gabriel García Márquez, Nobel da Literatura 1982 (Márquez jornalista transforma-se em escritor)
O Livro das Ilusões, de Paul Auster
Pensamentos Secretos, de David Lodge
O Cemitério dos Barcos Sem Nome, de Arturo Pérez-Reverte
A Lei do Amor, de Laura Esquível (ainda ouço o cd)

Mas há mais, muito mais... Eu vou procurar a Antologia Poética de Jorge de Sena, O Mesmo Mar de Amos Oz e talvez um romance de João Aguiar (de quem nunca li nada! o que aconselham?). E por falar em escritores portugueses, já leram Os meus Sentimentos de Dulce Maria Cardoso ("está na vanguarda da nova ficção portuguesa") ou As Duas Águas do Mar ou Lourenço Marques de Francisco José Viegas? Todos estes livros poderão agora ser adquiridos a 6 ou 10 euros!

E depois, não, não acho que a redução dos preços dos livros resolva o problema do baixo índice de leitura dos portugueses, e fico até preocupada com o mercado editorial que vai acabar por apostar ainda menos em edições para "minorias" dentro da minoria (só para usar o conceito de Saramago), e que margens vão ter as livrarias, etc.?

É quase egoísta mas sinto-me mesmo feliz quando compro um livro, porque gosto do objecto livro e da expectativa da leitura e depois, sirvo-me dessas leituras para tudo, para enfrentar a realidade e para fugir dela (oh doce terapia!). O Francisco José Viegas tem razão, "ler bem é também aproveitar a felicidade de ler". As Feiras, as promoções, as colecções a preço reduzido, permitem que compremos mais. Um "mais" diversificado, um "mais" descoberta. É o livro cuja leitura adiamos sem saber porquê, é o novo autor que nos tenta porque sim.

Saramago acha que
«mal vão as coisas quando é preciso estimular (a leitura)» porque «ninguém precisa de estímulos para se entusiasmar com o futebol», que tem por trás uma «operação de propaganda fabulosa». É impressão minha ou há aqui uma contradição? A própria participação do Nobel no Plano Nacional de Leitura não serve esse esforço de propaganda? Acontece que é preciso mais, muito mais! E porquê? Acho que era a Duras que dizia: "a leitura fez-me querer ouvir a voz humana". E os portugueses, e o mundo, andam surdos!

Ler é indispensável à formação de bons cidadãos? Não. Mas também!

A Prova

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