8.9.05

Lx


mrf

Idas e voltas a Lisboa. Descubro que morro de saudades. dos amigos. da esplanada da Nova na Av. de Berna, do café Pato logo em frente (ainda existe?), dos jardins da Gulbenkian, dos espectáculos no anfi-teatro ao ar livre, dos concertos às 6 da tarde, das sessões contínuas à meia-noite de sexta no cinema Quarteto, mais tarde o King e a livraria do King e o bar do King, mais tarde ainda os bifes no Monumental regados a cerveja belga antes ou depois do cinema, do bairro alto das tascas e bares, das bolas de berlim da Almirante Reis, dos namoros, das noites longas, do Jamaica, do apartamento da 5 de Outubro atrás da Feira Popular, da Feira Popular e dos porteiros que me deixavam entrar sem pagar, do Príncipe Real e da rua da Escola Politécnica (das mais bonitas) e do café do Parque, dos concertos no Coliseu e das artimanhas para entrar sem pagar, das sessões de cinema do Técnico, onde vi Fassbinder pela primeira vez apenas com a ideia de que devia conhecer mas sem saber porquê, da revista do Expresso quando era a única e apenas uma Revista, do JL que usávamos debaixo do braço e líamos todo apesar de só compreendermos dois ou três artigos, do fascínio pelo teatro e pela oferta que me parecia enorme, o impacto da Cornucópia, Comuna, Teatro Aberto e depois o Teatro da Graça, daquela disco perto da rua da Beneficiência (quem se lembra do nome?) onde tocavam bandas de música alternativa e onde eu ia ver os amigos do O. tocar, do Ritz onde aprendi a dançar mornas e coladeiras e funanas, das ruelas e vielas de Alfama. do barco para Cacilhas e do Atira-te ao Rio. Das casas onde morei e vivi em imensos lugares porque as mudanças eram simples, Largo do Rato, Campo Grande, 5 de Outubro, av. EUA, Benfica, and so on e das colegas com quem partilhava as casas e era farra o tempo todo. e o curso que gostava de frequentar. das certezas. de tudo para viver. dos amigos. a quem não é preciso dizer nada, contar nada, porque também estavam lá e sabem como foi, como éramos, em que mudámos e porquê, dos anos 80 até hoje, os amigos. merda, que saudades!

14 comentários:

MJ disse...

:(

Elvira disse...

Também sinto saudades dos tempos de Lisboa...

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

elvira, foi qdo me afastei de Portugal que percebi que, se havia uma cidade à qual me sentia ligada, era Lx. Mas é provável que vá ter muitas saudades de Aveiro.

De Paris, não tenho :lol: Adoro voltar aí mas não há nostalgia da cidade (enfim, sim de um certo quarteirão, daquela pequena livraria, pequenas coisas... Acho que sou mais "aldeã" do que gostaria :)

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

... que devolvo, Januário :)

Louise disse...

aldeã, não diria...foi uma descoberta e um encanto encontrar-te quando menos esperava. continua a surpreender-me aqui no blog e no mundoesfera. beijo

José Teixeira disse...

Eu sabia que te conhecia de qualquer lado, a da Rua da Beneficiência é que me baralha, sei que havia lá qualquer coisa mas também não me lembro bem de quê.
E os Três Pastorinhos e o Frágil e o velho Gingão. Que bom.
Adoro Lisboa mas sinto que facilmente me vou prender a Aveiro.

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Pelo Frágil passava às vezes, aos Três Pastorinhos quase nunca ía... mas o Gingão..., então é de lá que nos conhecemos :lol:

E Japinho, com a partner que escolheste, tu até te adaptavas a Cascos de Rolha, não? :)

Isabela Figueiredo disse...

Os anos 80 foram as minha geração de 60, como a tua, mas acabaram, irremediavelmente. A Nova mudou, tem uma cara deste tempo, com edifícios altos e esplanadas coloridas. A Avenida de Berna mudou. Lisboa mudou. As pessoas mudaram. Alguns continuaram mais ou menos iguais, apenas com uma amolgadela aqui, uma esfoladela acolá, nada que impeça o veículo de continuar a rolar, mas o Tempo já não é o mesmo. Eu não saí daqui e tenho saudades!

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

cara louise, as suas palavras são sp gentis. a verdade é que o nosso destino é surpreendermo-nos mutuamente! obrigada pela sua visita! beijo repenicado :P

Ilidio Soares disse...

Até mesmo para um carioca exilado em São Paulo suas palavras tocam fundo. Alguns sitios eu conheço, outros não. Mas não importa. O que importa é a "merda da saudade" que vc passou aqui, e passou para todos nós.
beijos
Ilidio

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Isabela, é verdade, foi depois de 74 que a "revolução" de costumes chegou. Nos anos 80, a situação política acalmara mas os espíritos estavam ainda agitados e frenéticos com a conquista da liberdade, o desaparecimento da censura, e a entrada no país de todas as novas (para nós) influências e correntes. Queríamos "participar", havia curiosidade. Foi bom ter 18/20 anos nessa altura para que houvesse coincidência de ânsias.

O Tempo já não é o mesmo certamente! E talvez as minhas diferentes saudades se confundam, se mesclem... tanto, que depois de te ler e de pensar no sentimento que governa este país, acho que tb tenho saudades do que ainda não aconteceu, de encontrar os sonhos cozinhados há muito nas esplanadas e lugares do futuro!

Vemo-nos por aí ;)

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Ilídio, todos temos uma geografia de afectos! É a nossa história de vida encenada e marcada pelos múltiplos palcos deste mundo! É por isso que somos humanos, interagimos com o meio, cavamos o que nos rodeia mas tb sofremos erosão, somos sujeitos a mutações, e (não exclusivo da espécie) fixamos tudo isso na nossa memória e no nosso adn ;)

(exclusivo da espécie é) seleccionar essas memórias de forma a dar mais significado à nossa vida resulta na criação de posts como este! ;)

abraço grande ao carioca "desterrado".

Maria Arvore disse...

Cheguei cá pelo 6 + 1 e fiquei vidrada no texto por cada linha das tuas memórias ser quase igual às minhas.
Na Rua da Beneficência havia o Rock Rendez-Vous onde desfilavam as então novas bandas portuguesas. É desse que falas?...

danirmartin disse...

Eu também cheguei desde o "6 em 1 e algo +" e embora eu nao tenha vivido em Lisboa, tenho saudades de cada coisinha que vivi em cada dia de visita e férias.

Mas é pior: tenho saudades das coisas de Lisboa que ainda nao vivi... isso é que é a saudade portuguesa.