6.5.12

do amor


às minhas duas filhas


... e ela disse que eu vos amava porque vocês são uma extensão de mim, como se o meu corpo e tudo o que eu sou se dilatasse, se estendesse, desdobrado nas duas que sois, e completo nas duas que sois, como se eu fosse com vocês um espaço contido em limites, como se eu fosse um tempo que não expirasse com a minha morte. e eu não consegui dizer que não mas é não. o meu amor por vós tem o fundamento da vossa estranheza, das vossas dores e fragilidades__ que não são minhas, da vossa inocência e esperança__ que não são minhas, da vossa beleza e encanto__ que não são meus. e é imenso. desmesurado. às vezes maior do que as minhas forças e competências. e o amor, esse amor, nasce de um dom que eu tenho e que não vou perder. um dom que se revelou face à vossa estranheza. de vos querer servir bem no amor. de vos dar o que sei ___ e às vezes até a minha ignorância. de vos dar cuidados e beijos. até à exaustão. até parecer que me extingo. e em dias bons, e são muitos os dias bons, até parecer que sou feliz.
o que é meu é só esse amor, não vós.

3 comentários:

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

belíssimo. um beijo às três

Vítor Fernandes disse...

Ai Maria que me comoves, caneco :) Um beijinho.

Claudia Sousa Dias disse...

Já tinha lido antres este texto. Belíssimo.