15.3.06

factos da vida

Viktor Ivanovski

ontem, à mesa, as duas confessaram uma vontade profunda de se tornarem mães. e culparam-me por não lhes ter dado um irmão ou irmã (que, suspeito, no seu imaginário, seria bébé para sempre). e então a S. disse que quando fosse mais crescida aceitava ir ao médico para ele lhe abrir a barriga e meter lá qualquer coisa que eu não sei o que é, mas que faz as sementes crescerem. para sublinhar a coragem da decisão, acentuou a ideia de que aquilo devia doer mas que achava que valia a pena.
foi assim que percebi que tinha chegado o momento de as iluminar um pouco sobre os factos da vida (adoro esta expressão). tenho adiado porque, ao contrário do que imaginava nos tempos em que sonhava apenas com estas conversas, é um tema que me custa abordar. agora já não é suficiente falar de amor, é preciso descrever o acto sexual, e isso parece-me sempre brutal face à inocência das duas meninas.
quis deixar claro que os bébés não se concebem com dor e que as mães devem ir ao médico apenas na altura da gravidez e do nascimento. voltei à história dos óvulos, acrescentando desta vez os espermatozóides e o sexo masculino. reacção: galhofa pegada. e essa é que eu não esperava! a ideia de que as pilinhas são úteis para a concepção pareceu-lhes uma anedota!
depois da surpresa, e como adoram o pai, ficaram contentes com a ideia de ele ter tido uma participação activa. tão contentes que nem quiseram saber como é que os espermatozóides chegam à barriga das mamãs! uff, ainda não é hoje, pensei, e afinal, é capaz de ser simples. divertido é, certamente. estas conversas, devia gravá-las!

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