27.4.11

Nevoeiro



O primeiro e único livro em português que Fernando Pessoa publicou em vida foi MENSAGEM (1934), um “livro de versos nacionalistas”, composto ao longo de cerca de duas décadas. O poeta estruturou-o em três partes, correspondentes a etapas da evolução do Império Português - nascimento (os construtores do Império), realização (o sonho marítimo e a obra das descobertas) e morte (a imagem do Império moribundo, com a fé da ressurreição do espírito lusíada do império espiritual, moral e civilizacional). A terceira parte - Encoberto - evoca um Portugal mais recente, envolto em tristeza, trevas e perda de identidade (a morte). «Nevoeiro» assume esse tom geral de disforia, de tristeza e melancolia.

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!

18.1.11

Joanna Newsom

Esperei mais de dois anos para a ver ao vivo. vai valer a pena: dia 25, no Teatro Aveirense.



P.S.: Bons concertos pois, no TA... (John Cale, dia 20)(ainda o Rodrigo Leão no dia 22) mas com esta PROGRAMAÇÃO instantâneo-sucessiva, não há orçamento instantâneo-regressivo que aguente!

14.1.11

The exploding Velvet Underground and the ex nearby



Começaram assim. The Velvet Underground & Nico. Foi gravado no ano em que eu nasci. durante o Exploding Plastic Inevitable organizado por Andy Warhol. E agora, no dia 20 deste mês, um deles, John Cale, vai estar no Teatro Aveirense (e noutros locais). Podíamos recebê-lo com palmas e bananas bem amarelinhas ;)

30.12.10

Coragem Portugueses

João Pedro Vale (2010). Coragem Portugueses, só vos falta ser Grandes.
Lâmpadas, ferro e instalação eléctrica, 120x560x20cm.

27.12.10

La femme qui n'a plus 20 ans depuis longtemps

E este poema que tem cada vez mais sentido... O Cunningham, em "Ao cair da Noite", fala das personagens que têm quarentas (uma delas 44, como eu) como pessoas de "meia idade". Ou o mato ou ouço este Sarah...



La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Les yeux cernés
Par les années
Par les amours
...Au jour le jour
La bouche usée
Par les baisers
Trop souvent, mais
Trop mal donnés
Le teint blafard
Malgré le fard
Plus pâle qu'une
Tâche de lune


La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Les seins si lourds
De trop d'amour
Ne portent pas
Le nom d'appas
Le corps lassé
Trop caressé
Trop souvent, mais
Trop mal aimé
Le dos voûté
Semble porter
Des souvenirs
Qu'elle a dû fuir


La femme qui est dans mon lit
N'a plus 20 ans depuis longtemps
Ne riez pas
N'y touchez pas
Gardez vos larmes
Et vos sarcasmes
Lorsque la nuit
Nous réunit
Son corps, ses mains
S'offrent aux miens
Et c'est son cœur
Couvert de pleurs
Et de blessures
Qui me rassure