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18.6.12

pas élu...

Estas eleições legislativas, em França, não podem ser lidas sem os não eleitos!

Royal não foi eleita, sendo que, qual novela, a primeira-dama francesa, Valérie Trierweiller, apoiou Olivier Farlorni (que se candidatou apesar de o PS ter escolhido Ségolène Royal para se apresentar naquele círculo eleitoral).

Depois de ter eliminado Jean-Luc Mélenchon (Front de Gauche) na primeira volta, a líder da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, acabou por também falhar a eleição para o Parlamento. Mas felicitou-se pelo “sucesso enorme do seu partido”: a sua sobrinha de 22 anos, Marion Maréchal-Le Pen, conseguiu-o (e, para além dela, apenas mais deputado da FN), tornando-se na mais jovem deputada (um orgulho para o avô, Jean-Marie Le Pen).

François Bayrou, presidente do centrista MoDem, também foi derrotado na circunscrição em que concorria.
 
Claude Guéant, que foi ex-chefe de gabinete e ministro do Interior e se distinguiu por dizer que nem todas as civilizações têm o mesmo valor (falava da civilização árabe), também não obteve o seu lugar de deputado. Enfim, a UMP (o partido de Sarko) foi severamente punida.

Dizer que o PS obteve
maioria absoluta não tem nenhum interesse. Victor Hugo, Balzac, Zola, regressem! Continua a haver imensa matéria de "acusação"!

3.5.12

«nouvelles coopérations»

Philippe Douste-Blazy é um homem de centro-direita. Apoiou François Bayrou na primeira volta. Não vai votar em Sarkozy e, num artigo do Le Monde, justifica a sua posição. O que é interessante é o conceito de "fronteira" que defende, assim como o seu ponto de vista sobre a regulação dos fluxos migratórios. Não inova. Mas há, neste artigo, valores que têm andado muito esquecidos.

«...car on ne règlera la question des flux migratoires que par l'aide au développement en inventant de nouveaux mécanismes de solidarité mondiale pour permettre aux plus pauvres de la terre d'avoir accès aux Biens Publics Mondiaux (nourriture, eau potable, accès à la santé, à l'éducation et à l'assainissement). L'accès d'un village au cœur du Mali aux médicaments anti paludisme, ce sont dix candidats de moins à l'exode. C'est ce que nous devrions faire, car on ne règlera pas la plupart de nos problèmes d'injustice sans la réelle mise en œuvre de financements innovants à l'échelle d'abord européenne puis mondiale avec, en pariculier, la mise en œuvre de la taxe sur les transactions financières, seul impôt adapté au monde global. C'est ce que devrait faire la France, pays des Droits de l'Homme, en montrant l'exemple, en proposant de dépasser la notion des vieilles frontières, en créant de nouvelles coopérations à l'échelon européen et mondial plutôt que construire des murs.»

Le débat entre François Hollande et Nicolas Sarkozy


O que eu vi foi um debate de 2h30 que passou a correr___ pelo interesse das temáticas e a vivacidade (às vezes, forte agressividade) dos dois candidatos. E, fugindo ao que serão as opiniões mais radicais, voltei a encontrar um discurso diferenciado entre a Direita e a Esquerda. O que os separa: [1] não a necessidade de fortalecer a Europa Comunitária (ponto assente para Sarkozy e Hollande, apesar de isso os afastar dos eleitores do Front Nacional, os Marinistes) mas a orientação económica que nesta deve prevalecer; [2] a política fiscal; [3] a questão da imigração. Difícil acrescentar a política externa francesa como 4º tópico: Hollande apenas defendeu o regresso das tropas francesas no Afeganistão ainda em 2012, enquanto Sarkozy prefere terminar a missão estabelecida para a França e acordar a data com os aliados (provavelmente em 2013)__ e aqui pareceu-me que a atitude de Hollande era "forçada".

Portugal nunca foi mencionado, o que é bom e mau. Não somos dados como mais um terrível exemplo de contas públicas deficitárias, nem mencionados por qualquer boa política. Na verdade, desde a época em que vivi em França, sei que Portugal não interessa a ninguém. Mas Zapatero, Papandreou e Berlusconi não foram poupados! O mais curioso é que este último apoia Hollande___ por se ter sentido humilhado por Sarkozy. E Sarko repudia qualquer ligação ao italiano, apesar de pertencerem à mesma família partidária. Enfim, neste capítulo ambos estiveram mal! Mesmo se Hollande se distanciou, convictamente, do que foi a acção do eixo franco-alemão nestes últimos 3 anos. De resto, é aí que reside a maior diferença e a razão da grande expectativa em relação a estas eleições presidenciais.

Hollande propõe "crescimento" para combater a austeridade, em vez de planos centrados apenas na redução do déficit, nomeadamente por via do despedimento massivo de funcionários públicos. A França de Sarko já demitiu mais de 100 mil professores e auxiliares de educação. E mesmo se a premissa é: «Nous ne redistribuerons que ce que nous aurons fabriqué », Hollande prometeu estabilizar os efectivos da função pública e readmitir professores (a juventude e a melhoria da educação na República é uma das suas prioridades). As políticas fiscal e económica defendidas por cada um dos candidatos, centradas na França, podem ser lidas em pormenor 
aqui. Mas, para a Europa, são basicamente 4 as propostas de Hollande: (1) Criação de eurobonds para financiar projectos industriais, infraestruturas - com grande oposição de Sarkozy que acha que não compete à França ou à Alemanha pagar a dívida dos países "infractores"; (2) Baixar a taxa de financiamento da Banca (o BCE financia a Banca a 1%, os Bancos não podem depois exigir 5%); (3) Criação de uma taxa sobre as transações financeiras que servirá para financiar projectos de desenvolvimento; (4) Mobilizar os fundos estruturais europeus que estão actualmente inactivos.

Enfim, François Hollande afirma-se pela "mudança" e Nicolas Sarkozy bate-se pela continuidade numa França que, apesar do descontrolo do déficit, continua a crescer.

O mais arrepiante em Sarkozy é a sua aproximação à Front Nacional, em matéria de imigração. O seu discurso, associando os estrangeiros em França à comunidade islâmica (a propósito da proposta de Hollande de abertura das eleições municipais a estrangeiros residentes há mais de 5 anos), caiu mal e foi bem aproveitado por Hollande. Mas lá regressaram ambos aos véus e às burkas, o que era absolutamente desnecessário.

Última nota: anseio por um debate equiparável em Portugal numas futuras eleições, legislativas ou presidenciais. Gostaria de ver candidatos bem preparados para discutir matérias concretas, defendendo políticas com base em dados objectivos e ideias que estão para além do fait divers. E, se tentados ou levados a ataques pessoais, capazes de nomear claramente situações, datas e nomes. Hollande queixou-se da falta de justiça e de transparência no aparelho judicial francês (e apresentou medidas). Se ele desse um saltito a Portugal....
Segundo todas sondagens, François Hollande será o novo Presidente da República francês. Este debate era crucial. Nicolas Sarkozy deveria, não só bater Hollande aos pontos, como deixá-lo KO. Esteve longe disso.
Resta esperar pelo próximo domingo. Tendo como referência os resultados da primeira volta, continuo a pensar que nada está seguro.
São estas capas de hoje do gauchiste Libération e do pró-Sarko Le Fígaro:

13.1.10

Avant de disparaître, Amour...

Le Lignon


«Auprès de l'ancienne ville de Lyon, du côté du soleil couchant, il y a un pays nommé Forez, qui en sa petitesse contient ce qui est de plus rare au reste des Gaules. Depuis des temps fort reculés, les bergers se retrouvent sur les rives verdoyantes et fertiles du plus beau et impétueux des cours d'eau, Le Lignon. Celadon est follement épris d'Astrée et sa passion n'a d'égale que la haine que se vouent leurs péres Alcippe et Alcé. En societé, les amants feignent la distance mais vivent des rendez-vous secrets. Tant d'amour afflige le jaloux Sémire qui sème le doute dans l'esprit d'Astrée.

Un matin de printemps, sur la rive gauche du Lignon, Astrée, se croyant trompée, répudie violemment Céladon. Incappable de prouver sa sincerité, le berger désespéré se jette les bras croisés dans les eaux tumultueuses de la rivière qui l'emporte, ne laissant surnager que son chapeau. Céladon gît, inconscient, sur l'autre rive du Lignon. Les nymphes Léonide, Galathé et Silvie décident de l'emmener au Palais d'Isoure pour le secourir...»

Honoré d'Urfé, L'Astrée, Livre 1 (1607-1628)
Ed. Communauté de Communes du Pays d'Astrée, 2000, p. 7
__________

Foi este Verão que conheci os amores dos pastores Astrée e Céladon. O filme de Eric Rohmer, de que me tornei fã depois de, há já muito tempo, passar noites no Quarteto a ver vários dos seus Contos (ah, primeiro a surpresa que foi Pauline à la Plage!), andava talvez pelo meu espírito. Mas Le Forez não era Rohmer, para mim. Ele era Sul de França, Marselha de preferência. Não, Le Forez era a França bucólica pintalgada de palácios inesperados, como por exemplo
Le Chateau de la Bastie d'Urfé, uma construção medieval que o avô de Honoré, Claude d'Urfé, transformou num faustoso monumento renascentista a partir de 1549. Foi aí, no seu Pays, mais precisamente em Saint-Etienne-le-Molard, que descobri L'Astrée. Rohmer terá andado por lá. Tomou uma bebida nos jardins. Visitou alguma exposição temporária. Certamente passou muito tempo no interior do palácio, local onde Honoré escreveu a sua mais famosa obra. Ou talvez não. Eric Rohmer partiu para o Palais d'Isoure e, contrariamente a Céladon, vai guardar o mistério da sua ausência.



Mas que importância teve a obra que inspirou Eric Rohmer no seu último filme?

L'Astrée conheceu um enorme sucesso literário na época do seu aparecimento (início século XVII). Os amores contrariados dos pastores de Lignon apaixonaram as cortes da Europa. Os seus cinco volumes contêm cerca de 5000 páginas. Honoré d'Urfé (1567-1625) terá deixado a obra inacabada e provavelmente terá sido Balthazar Baro (1600-1650), seu secretário, a redigir o final do V volume. A primeira edição completa do romance foi publicada em 1632 graças ao livreiro Augustin Courbé. Na altura, publicavam-se poucas obras de autor e os livros continham um simples frontispício. L'Astrée é o primeiro romance pastoral composto com retrato do autor e da heroína e um total de 60 gravuras. Em 1647, uma segunda edição inclui ilustrações desenhadas por Daniel Rabel. O sucesso da obra e das gravuras é tão grande que a sua influência se estende a outras artes. No final do século XVII, L'Astrée torna-se um dos motivos favoritos das
faianças de Nevers ou dos tecelões da Flandres. O interesse que Rohmer viu em L' Astrée? Não há nada como as suas próprias palavras:

«J’avais un préjugé contre ce roman pastoral comme on en a eu depuis le xix siècle alors que L’Astrée avait connu un succès immense depuis le règne de Louis XIV jusqu’à la Révolution française. Mme de Sévigné en parle avec chaleur, Rousseau, également, qui l’a lu avec délices dans sa jeunesse. L’Astrée est exactement contemporaine de Don Quichotte, qui est bâti sur une illusion, et les deux oeuvres ont des motifs communs. La vraie découverte que j’ai faite, c’est le style plus encore que la langue ou les thèmes. C’est la qualité des dialogues, leur caractère moderne, ou plutôt intemporel. Ces dialogues sont très compréhensibles aujourd’hui, davantage que ceux, pourtant postérieurs, de Corneille dont la langue est plus archaïque que celle d’Honoré d’Urfé» [Ler entrevista completa no
Magazine Littéraire]

«Une épaisse fumée sort de la fontaine. Um petit Amour brillant de clarté s'élève sur un socle de porphyre tenant une table de marbre noir tandis que lions et licornes se figent en figures de marbre. Avant de disparaître, Amour invite l'assemblée à revenir pour entendre l'oracle.

Astrée, Diane, Céladon et Silvandre perdent connaissance
.»(Ibid: Livre 9, p. 119)

Adeus, Eric Rohmer!


Fotos MRF
Agosto 2009

2.11.09

Marie NDiaye

A escritora francesa Marie NDiaye (de ascendência senegalesa) foi hoje anunciada como a vencedora do prémio Goncourt. (...) NDiaye, de 42 anos, foi distinguida pelo livro “Trois Femmes Puissantes” (“Três Mulheres Poderosas”), que aborda o problema da imigração ilegal de africanos para a Europa e as relações entre os países africanos e os ex-colonizadores, temas que têm sido frequentes na obra da escritora.



Marie NDiaye, Trois femmes puissantes

Frédéric Beigbeder



O escritor francês Frédéric Beigbeder conquistou hoje o Prémio Renaudot com o romance "Un roman français", publicado pela Grasset.

Comecei por o ver como crítico literário no programa de Thierry Ardisson, o fantástico «Rive Droite, Rive Gauche», que passava no Paris Première (fins de 90, até 2002). Depois achei por bem ler os seus romances (inaugurais). O escritor ficava sempre aquém das aspirações do crítico. As obras, assentes numa ideia-tema (e sátira) forte, eram sobretudo divertidas e "irreverentes".
Havia rumores que o apontavam para o prémio Renaudot deste ano, não quis acreditar. Agora resta-me concluir que a cotação de Beigbeder subiu junto dos "canónicos". O enfant terrible, que começou a conquistar público na viragem do século, começa a ser levado a sério pelos seus pares. Ainda não li "Un Roman Français" mas, dada a assinatura, quero crer que inventou novo(s) cânone(s). É possível até que tenha criado uma Nouvelle Histoire da Literatura francesa... com muito cinismo e humor (negro).

Se quiserem ler breves notas, mini-recensões sobre alguns dos seus anteriores romances, vão ao arquivo do Divas. Para conhecer a marca Beigbeder, visitem o "site não oficial" do escritor, S.N.O.B. (e este título quer dizer alguma coisa, sim).


P.S.: Não sei se não haverá mais surpresas nesta rentrée...

Adenda: reacção do escritor ao Prémio Renaudot


Découvrez Frédéric Beigbeder prix Renaudot 2009 pour "Un roman français"

7.9.08

Outono em Agosto

(...)
Seria Outono aquele dia,
nesse jardim, doce e tranquilo...?
Seria Outono...
Mas havia
todo o teu corpo a desmenti-lo.

in A secreta viagem
David Mourão-Ferreira


Gruyeres

St-Prex

Lausanne

St-Sulpice

Neuchâtel

Berna

Versailles


(...)
Aqui os cisnes são da cor da cinza
e o vento devasta o país dos pauis
quando perto do chão a última cigarra
anuncia a definitiva solidão
Que é momentos puros de outra vida
da luminosa luz como ferro em fusão
do silêncio como a nossa melhor obra?
Eu te saúdo outono punitivo
sinal desse silêncio que me não permite
desistir de cantar enquanto vivo
Que o vento a névoa a folha e sobretudo o chão
caibam dentro do espaço da minha canção

Espaço para uma canção
Ruy Belo


Fotos MRF

29.8.08

Outros conceitos de praia

"Paris Plage"

"Roanne Plage", França

Villerest-Roanne, La Loire, França

Divonne-Les-Bains, Lago de 45 hectares, projecto de Jean Debaud (1964), França

Versoix, Lago Léman, Suiça

Vevey, Lago Léman, Suiça

22.8.08

Ângulos

Ontem, a França não obteve nenhuma medalha nos JO (e desceram para 13° no ranking global das nações medalhadas). Ontem, Portugal obteve a sua primeira medalha de ouro. Nenhum programa televisivo francês - jornal, magazine, diario dos JO -, fez referëncia a Nelson Evora. Apesar do milhão de imigrantes portugueses.

O zapping não deu em nada. para além do genial e carismatico Usain Bolt. das lagrimas de Ladjie. e da repetição integral a todas as horas da cerimonia de homenagem aos dez soldados franceses mortos no Afeganistão - nos Invalides, com um Sakorzy omnipresente. (Os media portugueses deram algum destaque à emboscada que vitimou estes militares franceses, ao serviço da Nato?)

30.7.08

Mas o calor, ah o calor!

Place des Vosges

Louvre

Champ de Mars



Percorrer Paris

Tenho andado quilometros a pé. Na imagem, um detalhe da ponte Alexandre III, uma das mais belas de Paris. Antes de atravessar a ponte, visitei o Hotel des Invalides e fiz um piquenique nos jardins, ja a caminho do Sena. Seguiu-se o Petit Palais e depois a travessia até ao Louvre, com direito a Parque de diversões para os mais pequenos. Fizemos este passeio no sabado, na véspera da final do Tour de France. Nos Campos Elisios e na Place de la Concorde, os preparativos, com montagem de bancadas e tendas, transformavam a paisagem. [Desculpem a falta de acentos]

27.7.08

Viajar para os mesmos lugares sem saber

Les Trois Graces et Les Quatre Saisons
Oued - Remel - Sec. III
Museu Nacional Bardo, Tunes, Tunísia


Les Trois Graces
Sec. II - Restauro de Nicolas Cordier em 1609
Museu do Louvre, Paris, França

Filhas de Zeus, as Graças personificam a beleza, a doçura e a amizade. São divindades menores, meras companheiras de Afrodite. Ambas as obras, do período romano, são cópias de esculturas gregas do século IV a.c.. Simbolizam também as artes e a fertilidade. Inspiraram inúmeros artistas. E é bom saber que podemos encontrá-las no Norte de África ou no Centro da Europa. As Três Graças evocam origens comuns, aproximam mouros e antigos cruzados. As duas peças partilham também o privilégio de estarem expostas em museus magníficos. O Musee National du Bardo, que comemora agora 120 anos desde a sua inauguração (1888-2008) ultrapassou as minhas expectativas. Do Louvre, não valerá a pena falar. Mas a iniciativa recente de abertura à noite, às quartas e sextas - «Le Louvre autrement - Nocturnes», é de não perder, se por acaso forem para esses lados. Até aos 26 anos, a entrada é gratuita. Enfim, a Sul ou a Norte, As Três Graças estão lá, apelando à contemplação e a um sentimento de união no pensar a Humanidade.