29.4.07

Por favor, agarrem-me essa águia!


Foto MRF
(Mural em S. Jean, Loire, França)

A nossa República #2

Rostos tapados por lenços.
Estes miúdos viram filmes a mais!
Mas a manifestação foi pacífica.

A vergonhosa carga policial que vitimou manifestantes e passantes. Mesmo que alguns dos jovens anti-fascistas tivessem a intenção de, finda a manif, atacar a sede do PNR, não há justificação aceitável para esta operação das forças policiais. Segundo todos os testemunhos (civis), o vandalismo limitou-se à escrita de um graffito numa parede.



27.4.07

Não me obriguem a vir para a rua gritar

Em Viseu (Pavilhão Multiusos) está patente uma exposição de cartazes que avivam a nossa memória sobre o percurso de Zeca Afonso e a história do país onde viveu. Uma exposição em que o cartaz é uma pista que nos conduz às causas e descausas de um tempo, é a marca da resistência e do protagonismo do poeta e cantor. Cartazes pobres, descoloridos, em que se alinham eventos, misturando um espectáculo do Zeca com um filme pornográfico, cartazes de qualidade assinalando a presença do Zeca no estrangeiro, cartazes com diferentes planos fotográficos, cartazes que evocam a vida do homem. porque o mito já foi criado.

Mas em Viseu, sabe-se lá porquê, esta exposição não tem tido o apoio que merece. É por isso que vos digo, não me obriguem a vir para a rua gritar!

Penso, logo blogo. 2


Oh JP, faz de conta que ainda não entrei neste jogo dos blogues pensantes! Eu disse-te logo que já estava a cantar o Venham mais Cinco... Ei-los:

[4thefun]
7 Meses
A Ilusão da Visão
Deliciosamente em surdina
Plan(o)alto

26.4.07

Somos Livres

Ouvia-a aqui e roubei-a à má fila. Com oito anos sabia esta canção de cor. e cantei-a (quem não cantou?) durante anos. de tal maneira que no exame final da 4ª classe fiz uma composição sobre uma gaivota. Lembro-me vagamente do conteúdo, sei que o protagonista era uma gaivota-pomba da paz que voava voava e transformava os lugares por onde passava. A composição foi considerada a melhor do distrito no ano de 1975/76. O 25 de Abril tinha sido ontem e, conscientemente ou não, eu apoiava a revolução. ou não fossem sempre as escolas instrumentos políticos do poder vigente. antes tinham servido (ferozmente) a propaganda salazarista.

Éramos livres, ou queríamos ser livres, mas demorámos algum tempo a sê-lo. A liberdade exigiu aprendizagem. Em Outubro de 1974, no início do novo ano lectivo, as reformas estavam ali, visíveis naquela escola. Na sala, as paredes estavam despidas de Salazar e Caetano. Mantinha-se o crucifixo, que ninguém muda a mentalidade de professores com dezenas de anos de carreira de um dia para o outro. O 1° ano tinha pela primeira vez classes mistas, para gáudio dos mais velhos, como eu, que com as colegas de turma inventávamos casamentos entre meninos e meninas de 6 anos. Ainda me lembro do meu casal preferido, a Clarinha e o Nuno (pobres vítimas da Revolução!). Deixou de haver um muro a separar o edifício dos rapazes e o das raparigas e isso era estranhissímo. Nos anos anteriores era expressamente proibido passar o muro para o outro lado, o castigo era grande para quem o fizesse e, de repente, não havia muro, e éramos convidados a usar todo o espaço do recreio. Nunca consegui atravessar o muro que já não existia. Lembro-me perfeitamente de sentir que continuava a infringir qualquer lei. Quando os rapazes passaram a ocupar o "nosso" espaço, não gostei. As brincadeiras deles eram mais violentas. Um dia, uma bola mal lançada atingiu-me no estômago, fiquei sem conseguir respirar por uns momentos; quando recuperei fui ter com o miúdo e ordenei furiosa: "volta para o teu recreio!".

Quando penso na votação do concurso Grandes Portugueses, ou nas manifestações pró-fascistas e xenófobas dos últimos tempos, penso sempre que há gente que ainda não aprendeu o novo espaço de liberdade. Quando se zangam, continuam a gritar: "volta para o teu recreio!"

Não sei é se isso acontece por terem passado 33 anos, ou se acontece por terem passado 33 anos! Viver em liberdade exige aprendizagem, mas também memória.

Encantamento XV





Ponta Delgada
Fotos MRF - Abril 2007
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25.4.07

1974

E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
José Mário Branco




O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raíz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro

Ruy Belo

24.4.07

O Livro dos Bons Princípios

XLIX

A sola do sapato roto e a mãe. Foram eles os culpados. Ou um maldito orgulho.

Ela escreveu na primeira página do caderno: Pergunta 1 - Como te chamas, Pergunta 2 - Que idade tens, Pergunta 3 - Qual a tua disciplina favorita, Pergunta 4 - O que queres ser quando cresceres, e por aí adiante, com uma dose igual de inocência e de malícia, ou não fosse o único objectivo do inquérito vê-lo responder também às últimas perguntas.
- Pergunta 9 - Gostas de alguém, Pergunta 10 - Descreve-o/a.

A regra era responder primeiro e depois fazer circular o caderno entre os amigos. Todos saberiam que se chamava Ângela, tinha 13 anos, mesmo que faltassem ainda alguns meses, gostava de geografia, queria ser analista, mas não dizia de quê, enfim, agradava-lhe a ideia de trabalhar num laboratório, gostava dos Bee Gees, mais especificamente do Maurice Gibb mas isso ali não dava jeito nenhum dizer porque afinal ele ia ler tudo, e gostava dele, do Alberto do 10° ano que, por agora, para não passar por tontinha, pois uma coisa é provocação e outra é humilhação, ai dele, era apenas simpático. E de repente, antes de ter tempo de recuar na decisão, a Manuela tirou-lhe o caderno e foi a correr entregá-lo ao Ramiro, que foi a correr entregá-lo ao Alberto, e lá estavam os dois, Ângela e Alberto, em pontos separados do polivalente, ela sentada ao pé do bar a fazer de conta que está na maior e ele ao pé do palco, rodeado de amigos, a ler o inquérito.
O toque para as aulas, uma troca de olhares, ela cheia de certezas, ele também gostava dela; ela sabia, por causa daquela maneira que ele tinha de lhe dizer coisas sem usar palavras, e no fim das aulas, o encontro, todos em manada a descer a rua da escola, ele a pegar a mão dela, ela a querer andar mas o corpo todo parado, ele a dizer - Lê!, ela leu, 9 - Ângela, 10 - Muito bonita, e pronto, namoravam, já sabiam os dois, e todos os amigos.

Tinham educação física nos mesmos dias e à mesma hora e combinaram faltar a essa aula para namorar, dizendo namorar a rir mas sem enganar ninguém, muito menos o outro, que ele tinha mais certezas sobre aquele amor dela e ela mais certezas sobre aquele amor dele, do que cada um deles sozinho, sobre o que sentia. Sentavam-se atrás do Pavilhão 2 e conversavam. A Manuela, que entretanto também começara a namorar com o Ramiro, contara-lhe em pormenor o primeiro beijo que tinha dado, na boca, e todos os dias ela esperava a vez dela, a vez dele. À noite, deitada na cama, e a bem dizer, demanhã ao acordar, e até nas aulas, quando se distraía, imaginava todas as formas possíveis do acontecimento. Sem querer esbarravam de frente e não resistiam, ele avisava-a por carta da premência de se beijarem, um dos dois adoecia gravemente e o outro dedicava-se sem limites à tarefa do consolo. Mas quando estavam sozinhos e ele começava a olhar muito sério para os lábios dela, ela virava o rosto, mais encarnada que sei lá o quê, e puxava outro assunto. E os dias foram passando, com as fugas ao sábado para o ir ver jogar andebol, os ensaios do ballet em que ele aparecia e lhe levava o saco até casa, as mãos dadas nos momentos mais íntimos nos tais dias de educação física, muitos mimos e olhares doces, e o desejo de beijos na boca.

Até que. há sempre um até que. até que o professor de ginástica comentou com a tia dela as faltas às aulas e o namorado, a tia comentou com a mãe, e um dia, atrás do Pavilhão 2, apareceu a mãe. Se lhe bateu logo ali ou só em casa, se foi buscar a chibata e a marcou ou se isso foi noutra vez qualquer, são pormenores sem importância. No dia seguinte, ele esperava-a, e ela não queria vê-lo.

Estavam sentados na relva, ela agarrada aos joelhos, o Alberto a espreitar-lhe o rosto escondido pelos cabelos. Ele nunca ia directo ao assunto mas nesse dia quis saber, logo, o que tinha acontecido, qual tinha sido o castigo, se lhe tinham feito mal. Ela choro não choro, mas depois virou-se e disse-lhe que estava tudo bem. Deitou-se e disse-lhe, irritada - nunca me beijaste! Cruzou uma perna sobre a outra e ia distrai-lo com mais qualquer coisa quando o viu olhar para o sapato. Um dos pares dos seus sapatos bordeaux, de camurça, com dois centímetros de tacão, e uma fivela pequenina de lado, tão lindos que os usava todos os dias, tão imprescindíveis que nem queria levá-los ao sapateiro, tinha um buraco na sola.
...



Às segundas, n' O Afinador de Sinos, às terças aqui, os Princípios continuam. O Livro vai-se compondo. Participem!

No comments

O título da notícia do Público: Centenas de médicos pedem licenças sem vencimento



O desenvolvimento da notícia: "Com a abertura de dois grandes hospitais privados em tão pouco tempo, alguns hospitais ressentiram-se, mas não se está a falar de debandada geral. Existem 24 mil médicos no SNS e o SIM fala de até 500 médicos com licenças sem vencimento e pedidos de exoneração." (artigo na íntegra)

Penso, logo blogo


Parece que a ideia foi germinada aqui e agora o Bagaço Amarelo, a Fatyly e o Absorto nomearam o Divas £ Contrabaixos como um dos blogues que os faz pensar. Muito obrigada aos três!

O problema é que agora sou eu que devo nomear os meus 5 thinking bloggers e fazer estas escolhas é sempre uma tarefa ingrata. Alterei a regra e nomeei 3x5 bloggers, 5 por cada blogger que sugeriu o Divas. E mesmo assim foi difícil. Optei pelas descobertas mais recentes e por algumas "velhas amizades" a que não faço referência há muito tempo.

Bandida
Berra-boi
Dolo Eventual
Escrita em Dia
Esquerda Republicana

Linha dos Nodos
Ninguém
O Melhor Anjo
O que cai dos dias
O rasto dos cometas

Respirar o mesmo ar
Saudades do Futuro
Vida das Coisas
Wasted Blues
Zumbido

23.4.07

Jardim da Morte

Ela escreveu: Você já sabe o quanto sou revoltada com a omissão do brasileiro que suporta todo o tipo de injustiça, o Estado abandonou a população, se não fossem grandes brasileiros anônimos que lideram Ongs que fazem a diferença, não sei o que seria. Graças a iniciativas individuais, projetos de inclusão social tem mudado a vida de muitos, ao contrário dos projetos assistencialistas do governo que apenas mantém um vínculo de dependência e porque não dizer, humilhação.

Minha amiga Simone é voluntária do movimento Rio de Paz. No dia 19 passou a madrugada abrindo botões de rosas para um protesto intitulado Jardim da Morte, realizado na praia de Copacabana. Ela aparece neste vídeo, logo no início. Por todas as razões, fiquei muito emocionada.



22.4.07

Bureau de vote


Hoje fui ao "bureau de vote" do consulado francês no Porto. Primeira surpresa: no corredor estavam expostos os cartazes oficiais da campanha dos 12 candidatos. Em cima de cada cartaz, o "número de lista". Fixei o de Sarkozy, número 12, quase escondido atrás de uma porta. Uns segundos antes de votar, os franceses podem olhar a galeria de candidatos presidenciais e ler as ideias-força de cada um, uma última vez.

Segunda surpresa: não existe um boletim de voto com a lista de candidatos. Em vez disso, depois de se identificar, cada eleitor dirige-se a uma mesa onde estão expostos grupos de pequenos cartões com os nomes dos candidatos; recolhe um cartão por candidato, vai à cabine de voto e mete num envelope o cartão com nome do candidato que quer ver eleito (guardando para si os restantes cartões).

Enfim, que desperdício de papel! E, num "bureau de vote" mais concorrido, a mesa com os cartões deve ficar num caos em dois tempos!

Por outro lado, nós portugueses, somos ou não paranóicos no que respeita à presença de propaganda? "A propaganda eleitoral é expressamente proibida no dia da votação e no dia imediatamente anterior, assim como não é permitido qualquer meio de propaganda dentro dos edifícios onde funcionem as assembleias ou secções de voto e, fora deles, até a uma distância que varia entre os 500 e os 50 metros, consoante a lei eleitoral de que se trate." (ver CNE)

La question qui se pose



Mme Voynet, Mme Buffet, Mme Laguiller et M. Besancenot appellent à voter Ségolène Royal. À esquerda não há dúvidas. Mas em quem votarão os centristas? Para quem irão os 18,5% de votos conquistados nestas eleições por François Bayrou? As sondagens, por agora, são todas favoráveis a Nicolas Sarkozy.

Les français à l'étranger

Curioso o voto dos franceses no estrangeiro. Estou a seguir a TV5 e é assim: na Europa, Ségolène Royal é a candidata mais votada (muitas vezes aproxima-se dos 40%). Nos EUA e na Ásia, nomeadamente na China, os franceses votaram maioritariamente em Sarkozy. Tirem as vossas conclusões.

Impressionante em França e no resto do mundo: a taxa de participação eleitoral. A abstenção quedou-se nos 15,23%!

Colecção particular. Objecto: referrer #10

Google: LETRA DA MUSICA JE TEME

Um dos últimos referrers foi este. Na verdade, elle (moi) teme que nas eleições de hoje Ségolène Royal não garanta a segunda volta. Era triste demais que a França, em duas eleições sucessivas, não disputasse umas Presidenciais com um candidato da esquerda.

21.4.07

Orfeu nos Infernos

Para quem ainda não tiver programa para a tarde de domingo___ que se adivinha chuvosa, dia 22 (17h00), e se viver em Aveiro ou a uns escassos quilómetros, deixo uma sugestão: assista à estreia da versão em português da obra Orphée aux enfers, de Offenbach, pela Classe de Canto da Universidade de Aveiro e Orquestra Filarmonia das Beiras. Raquel Camarinha e Alberto Sousa traduziram a opereta em 4 Actos com libreto de Hector Crémieux e Ludovic Halévye. A encenação é de Carla Lopes e é divertidíssima! A direcção musical é de António Vassalo Lourenço. Acabo de chegar do Teatro Aveirense e ainda estou com o Can-Can no ouvido!

No programa: No ano em que se comemoram os 400 anos da estreia da ópera de Claudio Monteverdi "La favola d'Orfeu", a OFB em co-produção com a UA e o TA, apresentam esta ópera burlesca, numa estreia da versão em português. "Orfeu nos Infernos" é uma sátira ao mito de Orfeu, com música de Jacques Offenbach (1819-1880), na qual surge o tema que tornou o compositor e esta ópera dignos de notoriedade internacional: o Can-Can. (...)

Eu gostei particularmente de ouvir (e ver) a Eurídice/Raquel Camarinha, o Cupido/Susana Ferreira e John Styx/Pedro Ferreira, mas muitos outros novos valores se revelam neste espectáculo.

Não é má ideia dar uma vista de olhos prévia a algumas gravações do mesma obra levada a cena pela Opéra Nacional de Lyon. Talvez aguce o apetite e, sendo evidente a diferença de meios, não me parece que a encenação que vi hoje fuja muito a este modelo. Alors là, vraiment, goutez moi ça, Offenbach c'est super!

Offenbach's opera "Orphée aux enfers"
Opéra national de Lyon 1997

Do III Acto - Natalie Dessay canta a ária "Ah! Quelle Triste Destinée"



(Ainda III Acto) Natalie Dessay and Laurent Naouri interpretam "Il m'a Semble sur mon Epaule (O dueto da Mosca)



IV Acto - Festejo do último galope infernal

20.4.07

O Estado do Mundo

Cristina Guise
Um só relâmpago tem força 2003


Ética e Estética do Globalismo: Uma Perspectiva Pós-colonial - Prof. Homi Bhabha


Apresentação de O Estado do Mundo. por Emílio Rui Vilar


Proposição. de António Pinto Ribeiro



Depois da Plataforma 1 deste Forum Cultural organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian, convém reservar uns dias entre 18 de Maio e 2 de Junho para assistir à Plataforma 2.

Corps à corps #3



Yves Trémorin
1987
n° 2 e n° 9



C'est la vie qui m'a appris et permis de lire et d'écouter le langage des corps, des visages, et de discerner la promesse qu'ils portent, ou l'imposture, ou la verité.

pp. 24, Franz et Clara
Philippe Labro
Ed. Albin Michel, 2006

18.4.07

Corps à corps #1



Yves Trémorin
1987
n°4 e n°12


Como é que tão depressa ficámos nus diante do lume?

pp. 121, Os Amantes e outros contos
David Mourão-Ferreira
Ed. Presença

Encantamento XIV

Vista do Pico a apartir do Monte Carneiro no Faial


Vista do Pico a partir da Av. Diogo Teive na Horta, Faial


Fotos MRF
Abril 2007
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... que dedico ao Octávio Lima do Ondas

17.4.07

As mãos

Gonçalo Bènard
2003



Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre

Obrigada, Pedro!

O Livro dos Bons Princípios

XLVII


No terramoto de 1998 a minha casa foi parar ao meio da estrada. A mercearia, que me dava tantas noites de insónia pelas fissuras que cresciam mesmo sem grandes tremores, foi poupada. Pareceu-me um milagre. Não fora isso e nunca teria arranjado forças para voltar a levantar muros e desenhar janelas a fio de prumo. Veja as minhas mãos! Venha cá, apague o cigarro nas minhas mãos! Apague! Não dói nada! A enxada que usei para fazer cimento deu-me e tirou-me todas as dores. Misturar bem aquela massa, juntar-lhe a areia, a água, volver, revolver, entremeá-la entre os tijolos, sem contar com a ajuda de ninguém, só com os meus braços e o dinheiro poupado a custo, muito custo, muita fome. E depois, veja lá, tipos que estavam no desemprego, que nunca trabalharam, a viver à custa da Segurança Social, abriam a boca e metiam-lhes a comida pela goela dentro, pedinchavam e tinham casas novas, móveis, tudo. Até vieram emigrantes, gente que nem vivia nas casas, pedir dinheiro. Deram-lhes tudo. A mim ninguém deu nada, nem madeira, nem tintas, nem um pincel! Não tenha medo, apague o cigarro nas minhas mãos!

Atrás do balcão, num canto, as netas, gémeas, faziam desenhos, aparentemente alheias à conversa. Mas quando o avô fez uma pausa no desabafo, levantaram o rosto e olharam-me com antipatia, ou mesmo raiva.



Os Princípios continuam a sair n'O Afinador de Sinos às segundas e aqui às terças.
Para ler sem interrupções desde o Princípio I, abram O Livro.

Les amants magnifiques #2


Yves Trémorin
n°13
1989


A vous autres, hommes faibles et merveilleux
Qui mettez tant de grâce a vous retirer du jeu
Il faut qu'une main posée sur votre épaule
Vous pousse vers la vie, cette main tendre et légère"

On a tous -
Quelque chose en nous de Tennessee
Cette volonté de prolonger la nuit
Ce désir fou de vivre une autre vie
Ce rêve en nous avec ses mots à lui
...

[Vídeo aqui e no Music Hall, Quelque Chose en Nous de Tennessee]

15.4.07

Lembranças II

Guardei o coração de uma mulher durante alguns minutos. depois ela quis ouvir o meu. disse-lhe que era do lado esquerdo. mas ela devia saber, trazia o Romeu e Julieta do Shakespeare na mão, e muitas lembranças num sapato que cheirava a graxa ou aos armários da casa da sua avó.

Às escuras numa carrinha, fechei os olhos e centrei-me nos sons da praça, buscava a melodia da rua. ouvia-a. e depois perguntaram-me se conseguia ouvir o silêncio para além dos sons da praça. foi mais difícil, mesmo se há dias em que até a praça só me traz silêncios. Entrei num avião de latão e viajei até África. vi duas zebras, mãe e filha, à chegada, e elefantes pequeninos dentro de elefantes maiores. e depois, o mágico fez aparecer um coelho que ficou sem pais e cresceu no seio de uma couve. Cresceu. Um dia, depois do tempo, quando o verde se fez areia, ele comeu a mãe couve. porque ela quis.

A mãe e o pai daquele outro homem também viajaram um dia. entre Sá da Bandeira e Benguela. num jipe. andei no jipe dos pais dele. O pai nunca falava em casa, mas no trabalho era o mais simpático e divertido dos colegas. ele assobiava, era o que assobiava. e a mãe era camionista mês sim, mês não. nos meses não, fazia o pequeno almoço para o marido e o filho e depois pescava prostitutas, que lavava e alimentava, mas só até ao meio-dia. nessa viagem, naquele jipe em que eu andei, morreram depois de pisar uma mina. O homem tinha nove anos e estava ali com aquela lembrança porque tinha asma e ficara no Puto com a avó.

Já aquele outro casal, começou por se amar muito e teve tempo para desaparecer desamando-se. Tudo porque ela era bonita. tão bonita que mulheres, homens e crianças paravam para a ver passar. e ele adoeceu de ciúmes. adoeceu mas não se deitou. adoeceu e maltratou. tirou-lhe os brincos de pérolas (eu vi-os na caixa de madeira das recordações, a caixa que guardamos no sótão, e que tem pó, teias de aranha e às vezes musgo)(são valiosas as caixas verdes de musgo!).
tirou-lhe os belos vestidos de seda. tirou-lhe a beleza. e depois teve saudades. saudades de sentir desejo. por ela. que desaprendera de ser bela.

As casas, as nossas, as do lado e as que vemos ao longe, também guardam lembranças e mistérios. Aquela casa tinha raízes de árvore. e uma espécie de fada enrolada num ramo contou-me uma dessas lembranças. Só vos digo que havia um cão que ladrava e um bosque que foi assassinado por medo.

E porque quis o Mário beber cem cafés?
E do apagão, ouviram falar?

Tive lembranças do Senhor Valéry quando a técnica-de-apagões me explicou que o avô dizia que os homens devem estar à altura das suas tarefas. nem acima nem abaixo, para as mãos não tremerem. à altura.

E na Praça Marquês de Pombal - o Marquês tem muitas, mas esta era a de Aveiro! - a criação de Madalena Victorino, apesar do frio, não os fez tremer. a eles, actores.

Fiquei com as Lembranças.
Um dia destes, elas vão correr pelos vossos lados. Guardem-nas. mesmo que chova. que o verde do musgo é a cor da memória.

Encantamento XIII

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Horta, vista do átrio da Capela do Monte da Guia
Faial, Açores
Abril 2007

Encantamento XII

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São Miguel, Açores
Abril 2007

Colecção particular. Objecto: referrer #9

Mais pesquisa deliciosa e macabra:
autor estava revendo as provas do livro quando se suicidou

Segui o link, curiosa. Não descobri qual foi o autor. E o Google, céptico com as angústias da criação, sugeriu: autor estava devendo as provas do livro quando se suicidou

14.4.07

À escuta #36

Evelina Oliveira
Acrílico sobre tela, 100x80 cm
2006



S - A minha amiga xxxxx disse-me o que devo fazer para o meu cabelo crescer muito...
- Então qual foi o conselho?
S - Nunca cortar o cabelo.
- Nunca nunca?
S - Sim, e deixá-lo sempre solto, nunca o prender!
- Está bem, podemos fazer isso.
S - Só que ela corta o cabelo muitas vezes, porque a mãe é cabeleireira, e tem o cabelo enorme...
- A mãe só lhe acerta as pontas.
S - Mas então se já sabias que bastava acertar as pontas...
- Eu não gosto de ver as crianças com os cabelos muito compridos!
S - Mas tu tens os cabelos compridos!
- Sim, mas com as crianças não é prático.
S - Mas agora eu até já sei lavar a minha cabeça!
- Não é isso, é que no Verão faz calor...
S - A cabeça é minha!!!



[Ela fez 7 anos há poucos dias, mas estou convencida de que ela já está a passar por uma espécie de pré-adolescência! :)]

13.4.07

O Estado da Arte

Ontem saí da minha tertúlia e mergulhei noutra, esta última organizada pela Câmara Municipal de Aveiro e a Associação Cultural Mercado Negro. Que privilégio poder ouvir Abílio Hernandez (que foi comissário da "Coimbra, Capital da Cultura" e que já aqui referi) ou Paulo Mendes reflectir sobre Arte Contemporânea num espaço como o da galeria da (antiga) Capitania do porto de Aveiro. Modernidade e contemporaneidade, a arte e o mercado, a condição do objecto de arte, conceptualização, espaço de arte, novas tecnologias, transversalidade das artes plásticas, obras não acabadas, a problemática da autoria, etc.. , e depois algo concreto, e que nos envolvia ali, o projecto Avenida de Arte Contemporânea. Fiquei um pouco mais esclarecida. No final, retive as palavras de António Pedro Pita (Delegação Regional de Cultura do Centro). A experiência que resultará do protocolo assinado entre o Instituto das Artes e a CMA/UA, que consiste no "empréstimo" por um período de 10 anos de cerca de 300 objectos de arte (na sua maioria peças de pintura), será exemplar, venha ela a ser um êxito ou um fracasso. Possivelmente, é a primeira vez que o Estado entrega a uma cidade uma colecção (ou o residual de várias colecções), delegando a responsabilidade da sua exposição junto do público. E quem diz exposição, diz divulgação, animação e intervenção (estética, cultural, urbana), contextualização no domínio da história da arte, das/através das peças de arte. Um desafio. que seria delicioso vencer.

Lembranças, de Madalena Victorino, no TA

Teatro Aveirense, Sábado, 14 de Abril
Sessões pelas 16:00, 17:30, 21:30 e 23:00

10 carros na Praça Marquês de Pombal. Saltando de carro em carro, dá-se o encontro entre o actor e o espectador, em 10 curtas peças que, localizando-se entre o teatro e a dança, ficcionam, para duas pessoas de cada vez, um mundo insólito de poesia.
Levam cerca de cinco minutos, oferecem uma experiência que não se esquece. 10 actores com qualidades interpretativas especiais apresentam 10 Histórias, que usando as ferramentas do humor, do amor, do terror e acção, divertem, encantam e intrigam.

“Lembranças” é uma criação colectiva de Madalena Victorino com Ana Cloe, Carla Chambel, Carla Galvão, Cláudia Gaiolas, Cláudio Silva, Gonçalo Amorim, José Abreu, Letícia Liesenfeld, Lucília Raimundo, Mafalda Saloio, Paula Diogo, Romeu Costa.

Preço único: 10 Euros.
Lotação máxima por sessão de 20 pessoas.

100 000 visitas

... assinala o sitemeter. Obrigada, vós. Diz esta pequena voz.

Obscena



O destaque vai para o dossier especial que celebra os 30 anos da Companhia Nacional de Bailado. Olhámos para o passado, num texto de Elisabete França que dá conta do percurso da companhia, mas também através das fotografias de espectáculos marcantes, do clássico ao contemporâneo. Mas porque um aniversário serve também para reflectir sobre o futuro debruçamo-nos sobre o OPART, que juntará a CNB com o Teatro Nacional São Carlos, fazendo o debate que não aconteceu. Falámos com Ana Pereira Caldas, directora da
CNB, Mark Deputter, programador do Teatro Camões, a Comissão de Trabalhadores da CNB, a coreógrafa Olga Roriz e os ex-directores Jorge Salavisa e Luísa Taveira. Recolhemos ainda as opiniões dos críticos Eduardo Pitta e Henrique Silveira, bem como do ex-vogal do TNSC, João Gonçalves.

Neste 3º número da OBSCENA homenageamos ainda o encenador João Mota pelos seus 50 anos de carreira, num texto de Eugénia Vasques, e o primeiro Prémio Thalia, atribuído no passado mês de Outubro pela Associação Internacional de Críticos de Teatro ao influente teatrólogo Eric Bentley.
Apresentamos-lhe uma entrevista feita pelo Vice-Presidente da AICT, o sul-coreano Yun-Cheol Kim, um perfil emocionado do canadiano Don Rubin, seu discípulo, e uma bibliografia fundamental para conhecer a obra desta figura maior do teatro contemporâneo.

Porque o mundo é vasto, percorremos a programação do evento que comemora os 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, O Estado do Mundo, com entrevistas a António Pinto Ribeiro, programador-geral, e Miguel Honrado, consultor. Tempo ainda para lhe sugerirmos um percurso pela programação e saber a opinião de Isabel Capeloa Gil, directora da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica.

O mundo é também aquele que o cinema nos traz, em mais uma edição do IndieLisboa, e, muito em particular, aquele que se quer pensado. Razão pela qual a aposta do mês de Abril da OBSCENA vai para o ciclo Com e
Contra o Cinema, a integral dos filmes de Guy Debord, comissariada por Ricardo Matos Cabos e que se apresenta a 13 e 14 na Culturgest, Lisboa. E ainda mais mundo, desta vez, o da moda, numa viagem pelos bastidores da 28ª Moda Lisboa.

Mas a OBSCENA tem mais: críticas, notícias, opinião, reportagem, e uma carta branca ao cenógrafo e artista plástico António Lagarto. E a terminar, um ensaio sobre o corpo do crítico, assinado pela sul-coreana Bang-Ock Kim. E se, afinal, houver a possibilidade de o crítico poder usar o seu corpo para pensar os espectáculos?

Em Abril, mês em que se celebra o Dia Mundial da Dança, a OBSCENA expande-se para várias frentes.

Siga a Obscena!


PS: Números anteriores da revista

12.4.07

94.4 FM, às 15h


A jornalista Paula Rocha convidou alguns bloggers para uma conversa radiofónica no estúdio do Rádio Clube de Aveiro. Eu, o João Oliveira - que promete interactividade e o Ivar Corceiro vamos lá estar, para além de outros convidados que participarão em directo. Já sabem, entre as 15h e as 16h, e o programa é o "Moliceiro".

Se puderem, fiquem On.

No Mercado Negro, às 23h

Chriss Sutherland, fundador dos Cerberus Shoal, banda indie de culto nos Estados Unidos, traz o seu novo projecto a solo em formato acústico.

E um pouco de bom senso?

O nosso PM obteve o bacharelato pelo ISEC (4 anos), a licenciatura em Engenharia Civil pela Universidade Independente (1 ano), com frequência no ISEL (1 ano), e a pós-graduação com MBA em gestão de empresas pelo ISCTE (em 2004/2005)(que por acaso também fiz, em 1996/1997, mas ele obteve melhor média :)).
Sim, possivelmente facilitaram-lhe a vida na UnI, seja ao nível da equivalência de cadeiras, seja ao nível da avaliação. Ponto final. Por favor!

11.4.07

Ciclo Cinema e Arquitectura

Metropolis

O mítico filme Metrópolis, de Fritz Lang, inaugurou o ciclo quinzenal Cinema e Arquitectura, organizado pelo Cineclube de Aveiro e o NAAV, que se prolonga até Julho. Dividido em quatro capítulos (Atmosferas, Montagem, Mise-en-Scène, Grande Plano), o ciclo irá abordar a relação íntima, muitas vezes ignorada, entre as duas áreas artísticas, com a arquitectura a incorporar valores cinematográficos e o cinema a incorporar a arquitectura como mecanismo. Do cinema, a arquitectura retirou o sentido de movimento, de montagem, de enquadramento. Da arquitectura, o cinema retirou um meio de exprimir significados silenciosos, de sugerir uma intenção, um sentido de lugar. Os oitos filmes a serem exibidos vão revelar, de um modo por vezes imprevisível, essa relação.

Pintura original de Erich Kettelhut que inspirou o desenho de Metropolis


PROGRAMAÇÃO:

ATMOSFERAS (Quinta 28 Março e Quinta 12 Abril, às 22h)
Metrópolis , de Fritz Lang (Metropolis, 1927) – Sede NAAV
Blade Runner – Perigo Iminente , de Ridley Scott (Blade Runner, 1982) – Sede NAAV

Blade Runner

MISE-EN-SCÈNE (Quinta 26 Abril e Quinta 10 a Segunda 14 Maio, às 22h)
O Meu Tio , de Jacques Tati (Mon Oncle, 1958) – Sede NAAV
Anjos Caídos , de Wong Kar-Wai (Fallen Angesl, 1995) – Cinema Oita


MONTAGEM (Quinta 24 Maio e Quinta 7 Junho, às 22h)
A Corda , de Alfred Hitchcock (The Rope, 1948) – Sede NAAV
Memento , de Christopher Nolan (Memento, 2000) – Sede NAAV


GRANDE PLANO (Quinta 21 Junho e Quinta 5 a Segunda 9 Julho, às 22h)
O Ventre de um Arquitecto , de Peter Greenaway (The Belly Of An Architect, 1987) – Sede NAAV
Vontade Indómita , de King Vidor (The Fountainhead, 1949) – Cinema Oita

Sede do NAAV - Casa Municipal da Cultura (Edifício Fernando Távora, Praça da República) . entrada livre

Tlf: 234429117

http://www.cineclubedeaveiro.com/

10.4.07

Portas em Aveiro

"O senhor não é cagaréu nem ceboleiro. É apenas um chato de dentadura alva e colarinho aberto."

Com os cumprimentos do Rui Baptista (e os meus, ao Rui).

O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS

XLIV

Subitamente levantou o pulso, procurou a hora que o seu relógio marcava e deu-se conta de que o tempo parara. O ponteiro dos segundos estava enredado nos dos minutos, presumiu que a hora seguinte nunca chegaria.

Em baixo, na praça, um homem parou quando a avistou. Olhou para o relógio da torre e não convencido da inevitabilidade da paragem do tempo, sobressaltou-se. Durante um minuto, o movimento dos seus olhos quase enjoou do balanço. Os sinos, ela, o relógio, os sinos, ela, o relógio. Anteviu o movimento súbito, lento, vigoroso, do bronze pesado, afinado, mortal. Os braços abertos sobre a saia que esvoaçava. Não via o rosto. Quis gritar: - Afaste-se!

Sentindo-se abençoada, ela permanecia imóvel, obedecendo à ordem do tempo. Estranhou sentir o rosto formar um sorriso, um pequeno sorriso que deveria ter permanecido interior. O olhar pousou então um pouco, o suficiente para avistar um homem que, tal como ela tantos dias, estancara face à visão da torre cantante.

Quando estalou um ruído seco de alavanca …


Este Princípio já foi editado no Livro, a semana passada. Esta terça faço gazeta. Mas O Afinador de Sinos não fez e esta semana propõe um romance com um protagonista muito especial, Bernardo Soares.

Para ler sem interrupções desde o Princípio I, buscando inspiração para o Vosso Prémio Saramago, abram O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS.

O Music Hall

... foi actualizado. De momento ouve-se Django Reinhardt, em grande!

9.4.07

O mundo é redondo

Enquanto não organizo as fotos da semana nos Açores, em que nunca ouvi falar de terramotos, aproveito para vos desejar uma boa segunda-feira de Páscoa__ que não é dia feriado em Portugal porque é sabido que gostamos mais de crucificações que de ressurreições. se esquecermos o D. Sebastião. e sempre tenho um pretexto para vos mostrar esta foto do Man Ray. valham-nos todas as janelas abertas do mundo! até já!



Man Ray
End of the Christian Era
1925

Eggs

Os links nos posts anteriores ___ para joguinhos parvos___ foram postos ali para fomentar não pensarem na fraca produtividade do dia. mas não deixam de nos fazer sentir... parvos. Os ovos do Tine Drefahl são giros. Cliquem nas imagens e escolham o vosso preferido___ o que também não serve para nada, mas sempre ficam a conhecer uma série temática de um fotógrafo original.

Catch the eggs