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15.12.08

Natal em Alfama


De vez enquando, um assalto da saudade. Lisboa, Alfama, os amigos de há muitos anos. e foi bom ser "roubada".


Fotos MRF
Dezembro 2008

29.9.08

Efeito Doppler


Sou fã deste conceito de «ciência divertida» mas tenho a impressão de que, para a maioria dos adultos, a curiosidade por certos efeitos ou fenómenos científicos só se manifesta depois de uma ida ao médico. Por exemplo, foi preciso ver esta prescrição para me interessar pelo efeito doppler! O dedo a percorrer a água será o sangue nas minhas veias. Enfim, já me tinham avisado. Com os anos, passamos à fase da «ciência vivida».

13.9.08

Comic strip

O meu amigo F. é septuagenário e diz que encontra todos os dias pessoas fantásticas neste país de merda. Por exemplo, a semana passada conheceu um rapaz de vinte anos que gere um armazém, em Lisboa, onde é possível encontrar antiguidades e velharias preciosas. A paixão desse jovem, que tão cedo descobriu a sua vocação, deixou-o feliz. No dia seguinte, numa viagem para Aveiro, encontrou um antigo trabalhador da CP que colecciona edições de dicionários de português e que está agora a criar um museu com todas as obras que comprou/recolheu durante anos. A programação televisiva e as notícias de cabeçalho dos jornais parecem feitas à medida de um povo ignorante mas a verdade, dizia, é que facilmente encontramos pessoas curiosas e interessantes. Chegámos à conclusão que a soma das partes é maior do que o todo.

Esta conversa aconteceu ontem à noite. Hoje pela manhã, estava a ler no
PUBLICO ON LINE as notícias sobre o LCH, «um projecto que juntou milhares de cientistas do mundo durante 20 anos, que procura simular os primeiros milésimos de segundo do Universo, há cerca de 13,7 mil milhões de anos atrás, e que é considerado a experiência científica do século». «A máquina de regressar ao Big Bang» gerou centenas de comentários: "Deus é e sempre será o que nos garantiu estarmos aqui!" - "Repudio a necessidade dos homens se tornarem famosos, e usar seus conhecimentos como brinquedos" - "Não importa o que venha a ser descoberto, pois não estamos atraz de provas, existimos!" - "Como homem de ciência, recuso-me liminarmente a discutir seja o que for com acólitos, sacristãos, militantes de Deus ou qualquer outra forma de estupidez sacramentalizada. Também não discuto com sabichões de tasca, proxenetas, políticos saltimbancos ou oportunistas ideológicos." - etc..
Uma rápida análise de conteúdo a essa amostra do pensamento humano fez-me temer pelo todo, pela soma das partes, pelas partes, ...

19.5.08

Maio maduro Maio, quem te pintou?*











Tudo é tranquilo e casto e sonhador...
Olhando esta paisagem que é uma tela
De Deus, eu penso então: Onde há pintor

Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela,
Mais delicada e linda neste Mundo?

Florbela Espanca, No meu Alentejo



* Canção de Zeca Afonso (Maio, Maduro Maio)


Fotos MRF
Lavre, 17 Maio 2008


O Alentejo estava verde, azul e fresco. E os meus amigos estavam como a saudade sempre os devolve, amigos.
Acho que vou desenhar a tabuleta (e desta vez posso escrever): "volto já".

23.4.08

Cinemas paraíso



Acho que todos tivemos/temos os nossos cinemas-paraíso. O primeiro da minha vida morava em Espinho e chamava-se Cine-Teatro São Pedro. Foi lá que vi Esplendor na Relva, me apaixonei pelo Warren Beatty e senti ciúmes da minha amiga Natália que, pelo nome e pela parecença com Natalie Wood, teria sempre mais chances do que eu na eventualidade - tão real! - de um encontro. Foi também lá que dei um grito terrível, assustada com um primeiro plano repentino de uma serpente em Excalibur. Fiquei com a impressão de que toda a sala se ergueu para ver quem era a histérica. Aos Domingos à tarde, tinha eu 12, 13 anos, eram exibidos filmes indianos, que eu via, chorosa e encantada. Mas também me lembro de cinema brasileiro, nomeadamente Eu te amo, de Arnaldo Jabor, o primeiro filme erótico a que assisti. Como todos se conheciam, e as notícias corriam rápido em Espinho, não me levantei no intervalo para passar o mais despercebida possível. A minha mãe ia saber da minha presença na sala, pela certa!
O Cine-Teatro São Pedro representava para nós o mesmo que o Monumental para os lisboetas, e teve a mesma sorte. Foi destruído, não servindo de nada abaixo-assinados para defesa daquele património. Em sua substituição, construiram um centro comercial medíocre e algumas salas de cinema numa cave (como contrapartida). A perda foi imensa.

O segundo cinema-paraíso da minha vida foi o Quarteto, em Lisboa. A paixão começou nos anos 80, mais precisamente a partir de 1984. Depois, no início dos anos 90 tornei-me vizinha do Quarteto. Passei a ver todas as sessões, independentemente do tipo de filme. Na altura, a curiosidade era imensa e tudo me apetecia, além de que não me faltava tempo disponível. Às sextas à noite, havia dose dupla em cada sala, e lembro-me de correr de sala em sala, com a anuência dos empregados, para compor o meu par preferido. Vi várias centenas de filmes durante anos. Era o único cinema onde se via Godard (andava na universidade ao tempo da polémica que gerou filas para ver
Je vous salue, Marie), Fassbinder (lembro-me perfeitamente da estreia de Querelle), Scorsese (sim, vi lá Touro Enraivecido ou o alucinante After Hours), Coppola (do tempo de Rumble Fish), André Téchiné (que realizou um dos filmes da minha vida, mais um, Ma Saison Preférée), David Lynch (o meu primeiro filme foi Dune e adorei) e tantos outros realizadores. Lembro-me também de fiascos, de filmes de série B, alguns filmes de terror (como se chamava aquele do assassino na sala de cinema que exibia um filme de horror com um assassino que também mata espectadores que estão a ver um filme fantástico de dinossauros que comem pessoas? :)), filmes de que esqueci o nome mas cujo enredo guardo na memória, filmes e filmes, e gente, desconhecidos que começavam o namoro ali ao lado, que falavam alto ou choravam sozinhos, colados a mim, ou cinéfilos conhecidos, como o Paulo Portas (o promissor director do Independente na altura, que ia às sessões da tarde, sozinho) ou o Lauro António (que recordo, com o filho pela mão).

Aquela rua do Quarteto era tão calma e foi também ali a única vez que me assaltaram nos quase vinte anos vividos em Lisboa. Eu e uma amiga a ver os cartazes cá fora, dois sujeitos que nos perguntam as horas, nós sorridentes e eles puxam-nos os colares, quase me arrancando o pescoço, que a moda era usar vários fios de prata cheios de berloques uns por cima dos outros.
Atónitas, deixamo-los fugir, a correr. E depois fomos ao cinema!

O Quarteto, fundado em 1975,
fechou em Novembro, poucos meses antes do seu fundador, Pedro Bandeira Freire, também desaparecer. Talvez a CML venha a classificar o espaço como de interesse cultural da cidade. Mas como se classifica um homem que gera vivências, emoções, gostos, servindo cinema português e do mundo, clássico ou alternativo, a milhares de pessoas durante décadas? Como se agradece?

Eu mando-lhe beijos.


9.11.07

Ideias para um romance #1

Duarte Vitória
Polarity
Óleo s/ tela - 170x200 cm - 2007


Ao sair de casa cruzo-me com um grupo de estudantes. Um deles tenta convencer os colegas de que ouviu esta notícia na televisão: «um conjunto de escritores decidiu fazer greve____ e eram muitos e alguns até famosos, como por exemplo... ». Atravessei a rua___ e fiquei sem saber os nomes dos futuros grevistas.

18.10.07

La double vie de Veronique


Tenho uma amiga que se parece imenso com a Irène Jacob de Krzysztof Kieślowski. Lembro-me do M. aparecer com ela. Fiquei impressionada. Não era possível tanto charme e aquele tipo específico de feminidade, tudo tão vivo. Disse a toda a gente que o M. namorava com a Irène Jacob. Durante bastante tempo mantivemos o contacto, fomos aos casamentos uns dos outros, assistimos ao nascimento das crias, mas depois, devido às distâncias, passámos a ver-nos mais raramente. Recentemente voltei a estar com ela. Ela perdeu o viço. Mantém o charme, uma certa elegância, mas a pele ficou baça, os dentes amareleceram. Ela mirrou. Provavelmente também se deu conta de como os anos passaram por mim. É natural, merda. Mas eu tinha a imagem tão nítida da Irène Jacob. Revi agora, também, o modelo original. No filme de Paul Auster, Irène Jacob é Claire Martin. Irène/Claire, mesmo elevada a musa, também já não é a menina Kieślowski. Os seios que eram pequenos e perfeitos parece que mirraram, a boca deixa agora perceber uma má-oclusão. Pior, a nova Jacob perdeu graça e espontaneidade.

Acho insuportável assistir ao envelhecimento das minhas divas.

[
Aqui, trailer dos filmes de Krzysztof Kieślowski]

25.9.07

de rerum natura

Talvez não saibam, é coisa íntima: eu gosto de chuva. de torrentes de chuva. "Descarg-Ar, chor-Ar, solt-Ar, valeir-Ar, liber-Ar alivi-Ar, Medr-Ar...", Aquiet-AR. Yo no sé, mira, es terrible cómo llueve. Sei que este som cheiro sensação se aproxima. Já comprei botas e camisolas de lã. para me proteger do que me consola.
Talvez não saibam, é coisa íntima: gosto de brisas quentes e de noites de estio com grilos e rãs soltando a voz. Na Jamaica gravei o som dessas noites perfeitas e entrei no Outono com o telemóvel a coaxar sempre que me ligam.

20.7.07

Amanhã Demanhã Doce Norte

1. Quando andávamos na universidade, depois de beber uns copos a mais, eu e a minha amiga G. fazíamos muitas vezes um show musical com um alinhamento muito especial. Constava sempre uma canção das Doce, Amanhã Demanhã, que cantávamos com um acentuado sotaque do norte. "Feicha a puorta, apaga as luzis, bem deitar-te a moeu lado/Dá-me um bueijo e o meu deseijo vai ficar acuordado". Ela era de Braga, e as duas, nortenhas (mesmo sem ser de gema), não tínhamos nenhuma dificuldade em dar um tom muito natural à pronúncia. Junto dos lisboetas da Universidade Nova (que por acaso eram poucos) e do Bairro Alto tivémos algum sucesso.

2. Passados vinte anos, não queria acreditar quando comecei a ouvir as minhas filhas cantar esta canção. Esta e outras das Doce, tipo "Uma da manhã, Hei"! As letras não se adequam muito a meninas de 6/7 anos, certo? Mas não havia nada a fazer. A Docemania tinha chegado cá a casa! Surpresa: quando fizeram anos, receberam o CD!

3. Agora que elas estão de férias, há sempre um momento do dia em que Amanhã Demanhã ecoa pela casa. Como elas sabem que esta é "a música da mamã e da madrinha G.", até aumentam o volume!

4. Dei por mim no duche a inventar versões diferentes desta canção. É difícil expressar-vos a emoção da descoberta, mas esta letra dá para tudo! Comecei com um swing: "Fe-cha-a-por-ta apa-ga a luUuUuUuUz". A versão cabaret alemão também fica bem, mas como não posso dançar para vocês, não sei se consigo convencer-vos. Como modinha brasileira é um mimo: "Fêche a porta, apague a luz, vem deitarrr-te a meu ladu". Enfim, demorei um tempão no duche, o que é pouco ecológico, mas saí de lá com a alma lavada. E concluí que a melhor versão é a da balada à Jorge Palma, mesmo se o estilo Madredeus também não fica nada mal. Deixo-vos a letra, decidam.

Fecha a porta, apaga as luzes
Vem deitar-te a meu lado
Dá-me um beijo e o meu desejo
Vai ficar acordado

Vem amor, a noite é uma criança
E depois quem ama por gosto não cansa
Amanhã de manhã

REFRÃO: Vamos acordar e ficar a ouvir
A rádio no ar, a chuva a cair
Eu vou-te abraçar e prender-te então
No corpo que é teu, na cama, no chão
Os nossos lençóis e a colcha de lã
Eu vou-te abraçar amanhã de manhã

Fecha os olhos, esquece o tempo
Nesta noite sem fim
Abre os braços, acende um beijo
Fica dentro de mim

Vem amor, a noite é uma criança
E depois quem ama por gosto não cansa
Amanhã de manhã


5. Saiu o Norte, e eu gosto muito do Jorge Palma.

31.5.07

Night Mare


Deitei-me às 21h30, depois de adormecer as minhas filhas. Estava cansada. Vivo numa casa muito velha, as madeiras rangem, as cores das paredes, das carpetes, dos pesados cortinados de cetim, estão desbotadas, mas gosto do tom quente que resiste ao tempo. Os móveis também são de outra época, já cá estavam quando aluguei a casa e dão-lhe um ar decadente. mas já me habituei. É um velho e imenso apartamento. Na verdade, uma parte da casa não está sequer ocupada, é como se existissem dois apartamentos ligados, mas só um estivesse vivo. Estou animada com a chegada de outro casal, mesmo se me incomoda um pouco a ideia de partilharmos o mesmo espaço. Também eles mudam de país com frequência. São franceses. Ela chama-se Charlotte e andou todo o dia a encaixar os seus pertences nos quartos que lhe cedi. O mais difícil foi decidir onde deitar a bébé. Eles já viveram aqui, e a verdade é que nem sabem como aceitaram voltar a esta casa. Do outro lado, na parte desocupada, às vezes aparecem pessoas que já morreram. Eu já vi uma mulher e uma menina, talvez sejam mãe e filha, e andam sempre juntas. Ambas usam vestidos compridos, de tecido de veludo verde escuro, têm o cabelo preso, bem arranjado. É estranho quando nos fixam, mas não são muito expressivas e mantêm-se sempre a uma certa distância.
As minhas filhas adoram a ideia de ter uma bébé em casa. Nós, os adultos, decidimos sair para festejar a chegada dos nossos amigos. Decidimos ir "àquele lugar". Todos dizem que é fantástico, o meu marido já lá foi e fala muito da parte da Vénus, mas eu só imagino como será. A verdade é que, mal chegámos, me desagradou o excesso de gente. O sítio é uma espécie de labirinto, cheio de barreiras que temos que atravessar entre espaços. Muitas escadas de corda, vários desníveis que nos obrigam a saltar ou a mergulhar, redes por todo o lado separando vias de acesso, uma confusão! Inicialmente até estava divertida e fiquei espantada com a minha rapidez e agilidade. Mas depois apeteceu-me sair dali, e lembrei-me que deixara as crianças sozinhas. Era estranho não me ter lembrado disso mais cedo. Felizmente o meu marido também quis regressar, disse-me que havia ali um quarto com cadáveres empalhados e que hoje não tinha disposição para ver aquilo. Passámos pela zona Vénus no caminho para a saída. Havia quilos e quilos de felpo e tínhamos que descobrir a abertura, colada com fita aderente. Era contagiante a animação. Acabei de joelhos, à procura. Um amigo explicou-me como funcionava e todos me avisaram que, uma vez lá dentro, deveria procurar a saída vermelha, por ser a mais divertida ou a mais sensual, não percebi bem. A ideia era enfiar-me de cabeça no buraco, deixando todo o corpo deslizar, e foi o que fiz. Não esperava encontrar tanta gente naquela espécie de cave, respirava-se mal, o tecido de felpo cobria-nos, havia uma luz ténue, alaranjada, tentei avançar mas tropecei, fiquei cheia de calor, um calor insuportável, comecei a entrar em pânico, já só queria sair dali, ia gritar, gritar para me tirarem dali... mas acordei antes do grito, sentindo uma pressão enorme no peito e medo. O pesadelo perseguia-me, absolutamente nítido.

Levantei-me da cama. Já passava da meia-noite.

Vai ser difícil voltar a adormecer.
Ouço as notícias, ligo o portátil e escrevo. Se houvesse por aí um psi que quisesse interpretar o sonho, eu deixava.

15.5.07

O poder de Eva

Ora bem, vamos lá ver se consigo alinhar meia dúzia de palavras (saibam que não há palavra que não volte atrás para corrigir). estou com os copos, ou melhor estou com um jarro de sangria ---feita pela Eva, no Clandestino---, bebida lentamente, com mordidelas às maças, durante umas horas à conversa. Se estivesse em Lisboa, e que saudades que sinto de Lisboa, acabava a noite no Jamaica, mas aqui não há Jamaica e já não tenho 20 anos, nem trinta, entrei nos "entas" e por isso já estou chez moi e daqui a umas horas ponho o meu ar respeitável e levo as crianças à escola. e na verdade nem troco isso por nada. porque elas, as filhas, são mesmo a coisa mais perfeita que fiz e tenho na vida. Enfim, lá estou eu, mas vi O Caimão de Nanni Moretti e depois apeteceu-me mesmo espairecer. que me doeu mais a "história" da vida daquele realizador que a Itália do Berlusconi. Coisas da vida, pois! Talvez quem não conheça a figura se revolte, mas eu já disse aqui que estou longe do "so close", e do "por um fio", e a insanidade democrática e os jogos de manipulação política são tantos que ficamos cada vez mais imunes--- vocês não? Mas sim, Moretti forever, para sempre, cada vez mais depressivo, é certo, mas depois de O quarto do filho, sei que a loucura é catarse. Vão ver, mas digam-me lá se aquela música do Damien Rice pode aparecer ali, na assinatura do divórco, se aquilo não é uma prova de que o Moretti anda mais atento à política do que aos top ten musicais (e ainda bem, mas ele deveria saber que aquele sucesso comercial podia cair mal n'O Caimão). Eu imaginei logo um filho a dizer-lhe: "pai, aquela música do Damien Rice fica bem aqui" e ele a dizer que sim, rendendo-se à suposta ignorância da sua geração--- ou talvez não, talvez ele nos quisesse fazer sorrir e ironizar com a dor que acontece todos os dias.

Não sei nada. O que é óbvio, às vezes funciona bem! Por exemplo, este fim de semana vi o espectáculo "A Música no Coração" do Filipe La Féria, no Politeama e pensei que ele não inovou, ele reproduziu, num palco, um filme. Mas foi tão profissional (e teve orçamento para satisfazer os caprichos de director perfeccionista) no décor, na encenação, no casting, na selecção das traduções, que convenceu. Eu teria comprado o CD com as músicas em português para as filhas decorarem Dezasseis, quase dezassete, que é o que elas andam agora a cantarolar, ou Edelweiss, a canção sobre a flor nacional austríaca--- mas não havia à venda. Eu sei, é parolice, no original é melhor, mas olhem que elas têm sete anos e livrá-las do monopólio Floribella ou Docemania era uma conquista e tanto! (sim, elas sabem de cor "fecha a porta, apaga as luzes, vem sentar-te a meu lado..." --- e eu até me divirto, que uma das minhas diversões aos vinte era cantar isto com sotaque do norte: "feicha a puorta, apaga a luz, bem sentar-te a mueu lado"--- pelo que a gente dá sempre uma no cravo e outra na ferradura).

Enfim, gostava de andar agora na bicicleta voadora do Pavilhão do Conhecimento! Já experimentaram? Não dá nenhuma adrenalina, nunca sentimos que podemos cair. Mas talvez depois de um jarro de sangria eu pudesse cair e balançar-me na rede de protecção. Andei lá para a frente e para trás e nada!

Antes de terminar: vocês nunca continuaram--- mentira, a JP fê-lo ---mas O Livro dos Bons Princípios já reune 50 princípios possíveis de romances. Agora, eu o Afinador de Sinos decidimos pôr um fim no Livro. ou melhor, queremos que sejam vocês a fazê-lo. Eu volto a lembrar-vos do desafio, que muitos nunca vão chegar a ler este último parágrafo! Mas é assim: o que vos propomos desta vez é que sejam vocês a escrever um Bom Princípio para um romance. O Bagaço Amarelo já disse que o fará. Serão publicados os 10 primeiros Princípios enviados por email para mim ou para o Afinador. Passem a palavra e terminem este Livro em glória.

Agora, se não se importam, vou ali ver o tecto do meu quarto balançar. e sentir os meus olhos fecharem à luz de O Sol dos Scorta de Laurent Gaudé, o meu actual livro de cabeceira.

11.5.07

So close

Vendo o estado do país e do mundo, a desesperança cresce. Dantes - não sei quando, há anos -, vivia muitas vezes a expectativa, a sensação, de que faltava pouco, muito pouco, para que qualquer coisa fosse perfeita. não para sempre, mas por um momento. Hoje, tenho saudades deste "so close" que se resumia num gesto. Os olhos brilhavam e os dedos diziam "so close". Já não estamos próximos de nada quase perfeito. Na verdade, nem podemos inverter a lógica e dizer "foi por um fio", um pequeno fio. O que se perde é tanto que não há fios que escoem. Hoje, tudo se dilui por mares imensos de desatenção ou burrice, compadrio, crime e impunidade (a ideia do crime & castigo já não é romântica, é niilista).


Desenho de TCA


Confortam-nos uns close-ups, iluminuras pagãs, que evidenciam rostos, gostos, ou simples traços que nos estimulam. São fragmentos de belo, testemunhos de ternuras e bondades, ou marcas de saber. que não quero dasaprender de procurar e guardar.

23.3.07

Geração em linha



Ontem foi dia de tertúlia. Desde há uns meses, reunimo-nos semanalmente e conversamos. Sou uma das mais novas do grupo e a maior parte do tempo escuto. Os meus amigos mais velhos têm imenso para contar. O pretexto para os encontros começou por ser o gosto comum pela leitura e pela cidade, mas falamos de tudo - a ida ao futebol, a última viagem, os filhos e os netos, e depois, naturalmente, lá vem uma história ou uma reflexão que me deixa a pensar. Outro dia o F., que já passou os setenta, disse que tinha estado a pensar nas últimas décadas da nossa História e que não tinha dúvidas de que a mudança maior tinha a ver com o comportamento sexual. Lembrava-se da II Guerra Mundial, vivera mais anos no tempo da ditadura do que no pós 25 de Abril, lembrava-se do aparecimento da televisão e da chegada à lua mas, o que mais o marcara pessoalmente, fora a revolução de mentalidades a partir dos anos 60, e depois de 74 em Portugal. Ainda antes do Maio de 68, viu um casal de namorados a beijar-se no metro de Paris e não esqueceu o seu espanto, quase inquietação. Seria possível?

O L., que tem sessenta e poucos anos, contou logo a história do poeta António Botto, que terá sido o primeiro e único funcionário público que viu publicada em Diário da República a causa do seu despedimento por homossexualidade. Parece que assediou um colega no local de trabalho. Que escândalo! Até porque não se ousava dizer, quanto mais escrever, a palavra homossexualidade.

E lá foram enumerando o que até há poucos anos não era concebível sequer. Para as mulheres, claro, as inibições e proibições eram maiores. Sair do país, ou mesmo comprar um carro, sem autorização do marido, não era possível. Não havia a pílula (foi produzida pela primeira vez em 1952 - e devemos agradecer a invenção a um mexicano!), e depois foi a expectativa da pílula ou não pílula e contracepção. Reinava o princípio do "crescei e multiplicai-vos"! A C. aludiu ao Discurso às Parteiras, de PIO XII (em 1951), em que o Papa condena aqueles que afirmam que a sexualidade tem uma finalidade própria independentemente do seu objectivo primário, a procriação, à qual se devem subordinar todos os outros fins. David Lodge, mesmo se centrado na sua Inglaterra, narra tão bem os problemas dos casais dessa época e a sua decepção com a Humanae Vitae de Paulo VI!

Em 1940, a celebração da Concordata entre Portugal e a Santa Sé, impediu os portugueses casados catolicamente de recorrer ao divórcio - apesar da Lei de 1910 que admitia pela primeira vez o divórcio e que dava ao marido e à mulher o mesmo tratamento, tanto em relação aos motivos de divórcio como aos direitos sobre os filhos.
A maioria das mulheres também não podia votar. A lei de 1931 só reconhecia o direito de voto às mulheres diplomadas com cursos superiores ou secundários - enquanto que aos homens continuava a exigir-se apenas que soubessem ler e escrever. Só em 1968 é proclamada a igualdade de direitos políticos do homem e da mulher, independentemente do seu estado civil. Em relação às eleições locais, permanecem, contudo, as desigualdades, sendo apenas eleitores das Juntas de Freguesia os chefes de família (segundo o novo Código Civil de 1967, a família é chefiada pelo marido, a quem compete decidir em relação à vida conjugal comum e aos filhos).

Imaginem que foi preciso chegar a 1976 para ser abolido o direito do marido abrir a correspondência da mulher!

O F. concluia que era espantoso como em algumas décadas tudo se alterara. Mas todos concordámos que são ainda muitos os resquícios desta nossa História recente.



P.S.: "Geração em linha" é também o título de uma exposição do escultor Pedro Figueiredo, que vi há poucos meses no TA. A imagem que vemos aqui é de uma peça intitulada "Sentido único".

17.1.07

Se eu fosse divorciada...

... diria qualquer coisa assim no final do dia, ao estilo dele:

1. Hoje comprei duas revistas de culinária no supermercado. Normalmente nem costumo olhar para essas publicações. Comprei-as não sei porquê. A verdade é que nunca me lembro de as consultar quando dou um jantar.
2. Ia eu a desfolhá-las muito concentrada - afinal há pratos simples e saudáveis, com ingredientes normais - quando o elevador parou no segundo andar e entrou alguém.
3. Levantei os olhos à espera de encontrar o baixinho do apartamento 1 com o cão, o rapaz do apartamento 2 com o cão, a senhora do apartamento 3 com os três filhos e as dores de costas, mas dei de caras com um George Clooney (este era feito de carne e osso, o outro só aparece em papel e ocasionalmente numa tela). Corei insanamente.
4. Era um Clooney um pouco desorientado mas muito conversador, que subiu comigo, para depois voltar a descer... sozinho.
5. Não sei das revistas.



Como não sou divorciada, a história acaba aqui. Eu (só em pensamento) – merda.



Adenda: O haloscan não regista o número de comentários neste post. Expliquem-me lá porquê, mas como se eu fosse assim muito burra...

13.1.07

São Gonçalinho

Logo no início de Janeiro fico à escuta dos foguetes da festa de São Gonçalinho!

No primeiro ano depois de ter chegado a Aveiro não percebia a origem daqueles estrondos que aconteciam a qualquer hora do dia e da noite. A cidade deveria
jejuar depois do Natal e Ano Novo! Mas um dia fomos à procura da festa. Seguindo o burburinho, chegámos a um bairro em particular, ali nas margens de um dos canais da Ria. À volta da capela de São Gonçalinho, encontrámos as ruas cheias de gente, de luzes e de cores. O que nos surpreendeu foi o ritual mais concorrido: de meia em meia hora, alguém atirava cavacas do varandim da capela e as gentes do bairro, com redes de pesca ou guarda-chuvas, tentavam apanhar o maior número possível desses bolos.

Agora aguardo com expectativa estes dias. Adoro as iluminações especiais, o cheirinho a algodão doce, as bancas a transbordar de doces e brinquedos populares e a disputa pelas cavacas. O ano passado cheguei a assistir a uma cena de murro: "aquela cavaca era minha!" Não foi um espectáculo muito recomendável para as filhas, mas passou rapidamente e acho que elas até gostaram de ver correr tanta adrenalina. Sempre que ouvem um foguete, só querem saber quando é que vão à festa! Acho que sem elas também não tinha tanta piada. Este fim de semana, já sabem, vou passar por lá. O programa promete: no sábado até vem o José Cid. Estão a ver coisa: sai-se do Ricardo III (ainda há muitos bilhetes à venda) e vai-se ouvir José Cid. Esta cidade encanta-me!





Fotos MRF - Jan 2006

11.1.07

Quando for grande quero ser...

Este é um TPC atrasado. Ele pediu mas fui deixando passar o tempo porque não sabia o que responder. Agora acabo de ver escritas estas palavras, "a arte do movimento sobre pontas", e decidi. Quero ser bailarina.

Quando eu era pequenina:


Quando eu for grande:


... mas também pode ser assim:

11.12.06

foi um fim de semana

Irving Penn
Girl in Bed, 1949



... em que fiquei enclausurada graças a uma nevralgia intercostal com espasmos que é uma daquelas coisas que devem evitar a todo o custo, sobretudo se tiverem duas filhas que sonham com uma casa enfeitada assim para o Natal, ou se existirem bons programas na cidade, para não falar no tempo, ah o tempo, hoje esteve um belo dia frio de sol, bom para passear, enfim, nem falemos do fim de semana prolongado que estava reservado para uma viagem ao sul até à casa de bons velhos amigos. e que saudades que eu tenho desses amigos que nos conhecem desde sempre, pois, o tempo passa e agora parece desde sempre. sim, evitem. sobretudo os espasmos. e nunca entrem em urgências hospitalares dobrados em dois porque demoram algum tempo a recuperar a dignidade (a postura é importante para exigir que nos falem como gente que somos e não como pobres ignorantes a quem não vale a pena explicar nada). evitem. a injecção da praxe nem dói (dada por enfermeiros, que os nossos médicos ortopedistas preferem ficar sentados, dando a impressão aos pacientes de que sofrem de paralisia. talvez seja estratégico) mas o antes e o quanto-continua-a-doer-depois não compensa. enfim, daqui a uns dias estou boa. mas foi estranho não estar grávida e ter contracções. uma espécie de contracções invertidas, intercostais.
evitem. a não ser que tenham algumas leituras para pôr em dia. o meu consolo. nem a propósito, tinha-me abastecido uns dias antes nas livrarias que por esta altura parece que vão afundar-se em livros e novidades. atirei-me aos tugas e a um alemão. O Senhor Walser do Gonçalo M. Tavares foi consumido numa noite, o Duende de António Franco Alexandre (Assírio & Alvim), em algumas horas. As Feiticeiras que estavam pousadas há algum tempo na mesa de cabeceira, voaram também. O Ultimo Coração do Sonho de Al Berto (Quasi) e O Aprendiz Secreto de António Ramos Rosa (Quasi) estão ali à espera, ando a intercalá-los com Sobre o Amor e a Morte de Patrick Süskind (Ed. Presença), um ensaio. Quando acabar atiro-me ao Possidónio Cachapa, autor de belos livros, que se devoram, e que agora lançou Rio da Glória (Oficina do Livro) e há um ano O Meu Querido Titanic (na mesma editora) mas eu desconhecia.

Diz o Süskind, "os poetas não escrevem sobre aquilo de que detêm conhecimento, mas sobre aquilo de que não possuem a última palavra; não o fazem porque não sabem mais, mas porque querem a todo o custo saber com muita precisão. É este conhecimento imperfeito, é este sentimento de profunda estranheza que os leva a pegar no cinzel, na pena ou na lira.(A cólera, o luto, a exaltação, o dinheiro, etc. são completamente secundários.) De outro modo não haveria poemas, romances, peças de teatro, etc., mas tão só comunicados."
As minhas leituras têm a mesma motivação. Mesmo que também aprecie comunicados___ quando se trata de nevralgias. Vi-me grega para perceber o que era, de onde vem, para onde vai.

Aos laboratórios Viatris e Almirall agradeço os momentos de sossego que os respectivos Metanor e Airtal me vão proporcionando, e a vocês desejo uma excelente semana pré Natal!

27.11.06

Conheci o César há anos através de um amigo que trabalhava no mesmo jornal, mas passaram outros tantos anos, mudei de terra(s), e nunca mais o voltei a ver. E agora dou-me conta que respiramos o mesmo ar daqueles que lemos, mesmo que por breves momentos. Lembro-me sempre das mesmas palavras. Sei que as fixei quando uma amiga morreu, pouco tempo depois de acabarmos o curso, qualquer dia fará 20 anos. Podemos pouco por nós e por aqueles que amamos. Não encontro nenhum consolo na fatalidade. Mas face a qualquer resgate cruel são sempre estas as palavras que me aparecem na mente, na boca. Podemos tão pouco por nós e pelos outros.

13.10.06

Smoking no smoking



Ando a mentalizar-me para deixar de fumar. Depois de 23 anos a inalar alcatrão, nicotina e monóxido de carbono, pode parecer que já não é sem tempo, mas, na verdade, é apenas o tempo que o meu organismo aguentou. Comecei há poucos meses a ter uma tosse que não passa. Os médicos encostaram-me à parede com o meu raio x e ameaçaram: não há xaropes, pastilhas ou injecções que curem isto, a única solução é deixar de fumar. Não tenho nenhuma doença aguda nem insuficiência respiratória. Por agora, apenas por agora, dizem-me. Conclusão: tenho mesmo que deixar de fumar. Nada que eu não saiba há muito tempo...

Por que raio é tão difícil deixar de fumar? Fumar é um vício, pois. Recentemente, descobriram (para meu alívio) que existe um gene que diferencia a apetência de cada um para a dependência à nicotina. É por isso que certas pessoas que fumam, deixam de fumar quando lhes apetece, e que outras, com bronquite asmática crónica, estão no leito do hospital a suplicar por um cigarro (eu disse que era um alívio porque o argumento da força de carácter e determinação perde força face ao factor biológico e isso dá imenso jeito a quem não gosta de dar cabo da sua auto-imagem).

Durante a adolescência nunca me senti atraída pelo tabaco e o meu namorado, fumador, até ouviu alguns sermões. Lembro-me perfeitamente de fazermos jogging e eu correr mais do que ele. Isto é importante: antes de começar a fumar, antes de todas as campanhas anti-tabagistas, antes do Lucky Luke passar a ter uma palhinha na boca, eu já tinha consciência dos malefícios do tabaco. No entanto, por volta dos 17 anos, comecei a fumar para ser fixe. Acho que gostava da(s) pose(s) do fumador. E depois, enfim, já estava farta de não saber travar, era humilhante. Uma tarde, meti-me no sotão da minha casa com um maço de SG Suave e fiz uns ensaios. Sempre às escondidas, fui repetindo o exercício tardes sem conta. Um dia a minha mãe descobriu e decidiu ser moderna (ela que era hiper conservadora). Deu-me permissão para fumar em casa... sem saber que eu nunca fumava na rua.

Obtida a licença, passei a fumar em cafés. Quando entrei na universidade, em Lisboa, o pessoal deve ter ficado convencido de que eu fumava há anos. A única vantagem de fumar tabaco e de, rapidamente, passar de 3 cigarros para um maço por dia, foi poder perceber que o meu organismo se tornava addict com muita facilidade. Outro tipo de drogas (leves) foram experimentadas com precaução (e fujo de medicamentos como o diabo da cruz). O gene só agora foi descoberto mas eu já pressentia esse potencial congénito para a dependência química.

É claro que o meu querido e amaldiçoado gene pode nem existir. Se calhar, sou uma fumadora compulsiva apenas por (inúmeras) razões de natureza psicológica. Que prazer obtenho com o tabaco? ____ Acendi um cigarro. Gosto de o levar à boca e de aspirar o fumo. Gosto da familiaridade do gesto. Gosto da pausa.
Em momentos de mais stress ou trabalho, afastar-me para fumar um cigarro, dá-me uma certa tranquilidade. Sou eu sozinha comigo, no meu mundo (acompanhada daquele gesto).
Mas a maior parte das vezes fumo sem buscar nada, nem refúgio nem projecção (a afirmação social por via deste recurso perdeu efeito). Não sinto prazer (talvez haja alívio por responder à pulsão). Fumo porque é um hábito.

Dei-me conta há pouco tempo de que fumar é tão antigo em mim que parece que abandono a minha identidade se eliminar este comportamento. E no entanto, racionalmente, romper esta ligação salva-me. Fumar anda a debilitar-me.

Mentalizar-me. Hoje, este blog está a servir para isso. Passei por esta casa e invejei a(s) ex fumadora(s).

Sou uma fumadora (quase) republicana. Acho que todas as medidas de prevenção e de proibição do consumo de tabaco (em espaços públicos) são válidas. Concordo que os menores não possam comprar cigarros, vou ser intransigente com as minhas filhas, quero que no meu país as leis sejam mais rigorosas, que não seja permitido fumar em nenhum espaço público fechado. Só não aprecio o modelo americano pela simplificação dos tipos sociais subjacente às leis de restrição do consumo de tabaco: nos EUA, agora, existem fumadores e não fumadores, que integram, respectivamente, o império do mal e as forças do bem.

Todos os radicais são hipócritas, eu também. Eu fumo em espaços públicos fechados, se puder. É por isso que suplico que me impeçam de o fazer.

Em todas as situações de impedimento, eu controlo a pulsão. Eu e muitos outros. Os italianos, latinos como nós, não podem fumar em restaurantes, e não fumam. Estive em Roma pouco tempo depois da nova lei passar a ser aplicada e não assisti a nenhum incumprimento. Nos EUA tive oportunidade de frequentar bares onde se ouvia música, à noite, bom jazz, e ninguém parecia (mais) infeliz por não poder fumar. nem eu. na verdade, gostei muito mais daqueles espaços, alguns em caves, sem fumo.
A primeira vez que fiz um voo não fumador foi em 1994, a viagem demorou quatro horas e achei insuportável. Na vez seguinte, já mentalizada de que a regra era essa, viajei durante oito horas e quase esqueci os cigarros.

Fumar faz mal. Devemos agradecer todas as medidas que limitem o consumo de tabaco.

(que me desculpem os fumadores passivos, não penso muito neles, sei que as últimas estatísticas sobre as causas de morte são alarmantes e que reforçam os seus direitos, mas sempre me pareceu um enorme exagero o que para aí se diz, e, excepção feita às crianças, actualmente, um não fumador pode sempre reclamar numa situação em que o fumo o incomode, além de que é muito mais fácil mudar de café do que controlar um vício horroroso. sim, ainda sou egoísta, ainda fumo)

Ando a contar os cigarros que fumo. Hoje, só fumei nove. Quero acordar amanhã com a sensação de que não me apetece fumar. Às vezes isso acontece e delicio-me até não resistir e pegar num cigarro. O mais certo é isso voltar a acontecer. Mas espero brevemente dar a volta ao gene-vontade. Viver nestes tempos difíceis para fumadores há-de ajudar. Mesmo se esta imagem da BB me seja tão querida...