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19.11.08
18.10.07
La double vie de Veronique

Tenho uma amiga que se parece imenso com a Irène Jacob de Krzysztof Kieślowski. Lembro-me do M. aparecer com ela. Fiquei impressionada. Não era possível tanto charme e aquele tipo específico de feminidade, tudo tão vivo. Disse a toda a gente que o M. namorava com a Irène Jacob. Durante bastante tempo mantivemos o contacto, fomos aos casamentos uns dos outros, assistimos ao nascimento das crias, mas depois, devido às distâncias, passámos a ver-nos mais raramente. Recentemente voltei a estar com ela. Ela perdeu o viço. Mantém o charme, uma certa elegância, mas a pele ficou baça, os dentes amareleceram. Ela mirrou. Provavelmente também se deu conta de como os anos passaram por mim. É natural, merda. Mas eu tinha a imagem tão nítida da Irène Jacob. Revi agora, também, o modelo original. No filme de Paul Auster, Irène Jacob é Claire Martin. Irène/Claire, mesmo elevada a musa, também já não é a menina Kieślowski. Os seios que eram pequenos e perfeitos parece que mirraram, a boca deixa agora perceber uma má-oclusão. Pior, a nova Jacob perdeu graça e espontaneidade.
Acho insuportável assistir ao envelhecimento das minhas divas.
[Aqui, trailer dos filmes de Krzysztof Kieślowski]
Etiquetas:
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Paul Auster
17.10.07
The inner life of Paul Auster

A água em ebulição. pode ser o ponto de partida para um romance ou para uma teoria filosófica. Se eu observar a água fervente ou se estiver ausente e forem vocês os observadores, ela assume um significado diferente. Água em ebulição: queima, aquece, escalda, evapora-se, liberta, purifica, embacia. Ser é ser percebido. Como é que o filme foi percebido?
Ver The Inner Life of Martin Frost poucos dias depois de La Piscine, deixou-me presa às similitudes entre os dois filmes. Enfim, até ao início da segunda parte da história - e existe claramente essa segunda parte, porque o escritor estabeleceu que era assim, o realizador notificou o narrador para dar essa informação ao público, e eu deixei de ser perseguida pela minha anterior re-visão do filme. (é claro que sabem que só eu é que não sou o Paul Auster)
Antes dessa segunda parte percebi que em ambos os filmes existe um escritor que necessita afastar-se do mundo. O mundo é a cidade, o palco e a repetitividade. O contraponto ao mundo é a casa no campo, que foi cedida, porque o escritor nada possui, a não ser um saco de bagagem leve, resmas de folhas de papel e uma ideia para uma história que é atropelada pela chegada de um visitante inesperado.
O ritual do escritor quando arranca para a escrita da primeira página. Sarah Morton/Charlotte Rampling e Martin Frost/David Thewlis têm os mesmos tiques.
A exigência de silêncio. A fúria ____que sabemos vai amansar, face ao invasor. O invasor, de identidade ambígua, que incendeia o escritor, ao mesmo tempo que se consome na própria chama. O jogo entre o que é «real» e o que é ficção dentro da ficção. Julie, o oposto de Sarah Morton. Claire Martin, a musa de Martin Frost. Vapores fumegantes no inner world dos escritores.
Mas o vapor que sai da chaleira assume sempre contornos únicos, perde-se em direcções imprevisíveis. Cada história tem, de facto, a sua forma. Paul Auster quis um final feliz e teve esse direito. Pois se ele É todo o filme. François Ozon decidiu acordar a personagem antes do fim. Reservas de liberdade que acabaram por gerar dois filmes muito distintos.
Paul Auster, o anfitrião que viaja por Calcutá, o escritor, o pai da musa Sophie Auster/Anna James, a voz, inner out do romance e filme, filmou em Portugal (Azenhas do Mar, Sintra) a Califórnia. É absolutamente convincente. Lia a musa Irène Jacob/Claire Martin o Ensaio para uma nova teoria da visão de George Berkeley: «o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações e é por isso que ser é ser percebido».
Ver The Inner Life of Martin Frost poucos dias depois de La Piscine, deixou-me presa às similitudes entre os dois filmes. Enfim, até ao início da segunda parte da história - e existe claramente essa segunda parte, porque o escritor estabeleceu que era assim, o realizador notificou o narrador para dar essa informação ao público, e eu deixei de ser perseguida pela minha anterior re-visão do filme. (é claro que sabem que só eu é que não sou o Paul Auster)
Antes dessa segunda parte percebi que em ambos os filmes existe um escritor que necessita afastar-se do mundo. O mundo é a cidade, o palco e a repetitividade. O contraponto ao mundo é a casa no campo, que foi cedida, porque o escritor nada possui, a não ser um saco de bagagem leve, resmas de folhas de papel e uma ideia para uma história que é atropelada pela chegada de um visitante inesperado.
O ritual do escritor quando arranca para a escrita da primeira página. Sarah Morton/Charlotte Rampling e Martin Frost/David Thewlis têm os mesmos tiques.
A exigência de silêncio. A fúria ____que sabemos vai amansar, face ao invasor. O invasor, de identidade ambígua, que incendeia o escritor, ao mesmo tempo que se consome na própria chama. O jogo entre o que é «real» e o que é ficção dentro da ficção. Julie, o oposto de Sarah Morton. Claire Martin, a musa de Martin Frost. Vapores fumegantes no inner world dos escritores.
Mas o vapor que sai da chaleira assume sempre contornos únicos, perde-se em direcções imprevisíveis. Cada história tem, de facto, a sua forma. Paul Auster quis um final feliz e teve esse direito. Pois se ele É todo o filme. François Ozon decidiu acordar a personagem antes do fim. Reservas de liberdade que acabaram por gerar dois filmes muito distintos.
Paul Auster, o anfitrião que viaja por Calcutá, o escritor, o pai da musa Sophie Auster/Anna James, a voz, inner out do romance e filme, filmou em Portugal (Azenhas do Mar, Sintra) a Califórnia. É absolutamente convincente. Lia a musa Irène Jacob/Claire Martin o Ensaio para uma nova teoria da visão de George Berkeley: «o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações e é por isso que ser é ser percebido».
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