16.3.12

«pensar num animal manietado que, na sombra, durante séculos, olfacteasse a liberdade»

Ilustração da Biblioteca Nacional de Portugal: "Não percas a rosa: diário e algo mais, Natália Correia,[ant. 1978] BNP Esp. D9/cx. 61"


"Enchem-se as ruas de júbilo. Destemem-se os corpos. Apertam-se mãos desconhecidas. Trocas de sorrisos e cravos gravam a marca da liberdade nesta hora de prata. […] os seios das mulheres despejam-se nos olhos encadeados dos soldados.[…] A agitação do povo pelas ruas faz pensar num animal manietado que, na sombra, durante séculos, olfacteasse a liberdade. […] Soltem-se as rolhas do champanhe desde há muito engarrafado na nossa esperança."

in Natália Correia. NÃO PERCAS A ROSA. Diário e algo mais (25 de Abril de 1974 — 20 de Dezembro de 1975). Publicações Dom Quixote. Lisboa: 1978.


Na madrugada de 16 de Março de 1993, Natália Correia morreu, subitamente, com um ataque cardíaco, em sua casa, depois de regressada do Botequim.

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