Páginas
30.4.07
Virou a cabeça, avistou o homem, espetou as orelhas
in A Tarde do Sr. Andesmas de Marguerite Duras (1962)
Europa-América, 1991, pp 42
A nossa República #2
28.4.07
27.4.07
Não me obriguem a vir para a rua gritar
Mas em Viseu, sabe-se lá porquê, esta exposição não tem tido o apoio que merece. É por isso que vos digo, não me obriguem a vir para a rua gritar!
Penso, logo blogo. 2
[4thefun]
7 Meses
A Ilusão da Visão
Deliciosamente em surdina
Plan(o)alto
26.4.07
Somos Livres
Éramos livres, ou queríamos ser livres, mas demorámos algum tempo a sê-lo. A liberdade exigiu aprendizagem. Em Outubro de 1974, no início do novo ano lectivo, as reformas estavam ali, visíveis naquela escola. Na sala, as paredes estavam despidas de Salazar e Caetano. Mantinha-se o crucifixo, que ninguém muda a mentalidade de professores com dezenas de anos de carreira de um dia para o outro. O 1° ano tinha pela primeira vez classes mistas, para gáudio dos mais velhos, como eu, que com as colegas de turma inventávamos casamentos entre meninos e meninas de 6 anos. Ainda me lembro do meu casal preferido, a Clarinha e o Nuno (pobres vítimas da Revolução!). Deixou de haver um muro a separar o edifício dos rapazes e o das raparigas e isso era estranhissímo. Nos anos anteriores era expressamente proibido passar o muro para o outro lado, o castigo era grande para quem o fizesse e, de repente, não havia muro, e éramos convidados a usar todo o espaço do recreio. Nunca consegui atravessar o muro que já não existia. Lembro-me perfeitamente de sentir que continuava a infringir qualquer lei. Quando os rapazes passaram a ocupar o "nosso" espaço, não gostei. As brincadeiras deles eram mais violentas. Um dia, uma bola mal lançada atingiu-me no estômago, fiquei sem conseguir respirar por uns momentos; quando recuperei fui ter com o miúdo e ordenei furiosa: "volta para o teu recreio!".
Quando penso na votação do concurso Grandes Portugueses, ou nas manifestações pró-fascistas e xenófobas dos últimos tempos, penso sempre que há gente que ainda não aprendeu o novo espaço de liberdade. Quando se zangam, continuam a gritar: "volta para o teu recreio!"
Não sei é se isso acontece por só terem passado 33 anos, ou se acontece por já terem passado 33 anos! Viver em liberdade exige aprendizagem, mas também memória.
25.4.07
1974
Vi tanta esperança andar à solta
José Mário Branco
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raíz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro
Ruy Belo
24.4.07
O Livro dos Bons Princípios
Ela escreveu na primeira página do caderno: Pergunta 1 - Como te chamas, Pergunta 2 - Que idade tens, Pergunta 3 - Qual a tua disciplina favorita, Pergunta 4 - O que queres ser quando cresceres, e por aí adiante, com uma dose igual de inocência e de malícia, ou não fosse o único objectivo do inquérito vê-lo responder também às últimas perguntas.
- Pergunta 9 - Gostas de alguém, Pergunta 10 - Descreve-o/a.
A regra era responder primeiro e depois fazer circular o caderno entre os amigos. Todos saberiam que se chamava Ângela, tinha 13 anos, mesmo que faltassem ainda alguns meses, gostava de geografia, queria ser analista, mas não dizia de quê, enfim, agradava-lhe a ideia de trabalhar num laboratório, gostava dos Bee Gees, mais especificamente do Maurice Gibb mas isso ali não dava jeito nenhum dizer porque afinal ele ia ler tudo, e gostava dele, do Alberto do 10° ano que, por agora, para não passar por tontinha, pois uma coisa é provocação e outra é humilhação, ai dele, era apenas simpático. E de repente, antes de ter tempo de recuar na decisão, a Manuela tirou-lhe o caderno e foi a correr entregá-lo ao Ramiro, que foi a correr entregá-lo ao Alberto, e lá estavam os dois, Ângela e Alberto, em pontos separados do polivalente, ela sentada ao pé do bar a fazer de conta que está na maior e ele ao pé do palco, rodeado de amigos, a ler o inquérito.
O toque para as aulas, uma troca de olhares, ela cheia de certezas, ele também gostava dela; ela sabia, por causa daquela maneira que ele tinha de lhe dizer coisas sem usar palavras, e no fim das aulas, o encontro, todos em manada a descer a rua da escola, ele a pegar a mão dela, ela a querer andar mas o corpo todo parado, ele a dizer - Lê!, ela leu, 9 - Ângela, 10 - Muito bonita, e pronto, namoravam, já sabiam os dois, e todos os amigos.
Tinham educação física nos mesmos dias e à mesma hora e combinaram faltar a essa aula para namorar, dizendo namorar a rir mas sem enganar ninguém, muito menos o outro, que ele tinha mais certezas sobre aquele amor dela e ela mais certezas sobre aquele amor dele, do que cada um deles sozinho, sobre o que sentia. Sentavam-se atrás do Pavilhão 2 e conversavam. A Manuela, que entretanto também começara a namorar com o Ramiro, contara-lhe em pormenor o primeiro beijo que tinha dado, na boca, e todos os dias ela esperava a vez dela, a vez dele. À noite, deitada na cama, e a bem dizer, demanhã ao acordar, e até nas aulas, quando se distraía, imaginava todas as formas possíveis do acontecimento. Sem querer esbarravam de frente e não resistiam, ele avisava-a por carta da premência de se beijarem, um dos dois adoecia gravemente e o outro dedicava-se sem limites à tarefa do consolo. Mas quando estavam sozinhos e ele começava a olhar muito sério para os lábios dela, ela virava o rosto, mais encarnada que sei lá o quê, e puxava outro assunto. E os dias foram passando, com as fugas ao sábado para o ir ver jogar andebol, os ensaios do ballet em que ele aparecia e lhe levava o saco até casa, as mãos dadas nos momentos mais íntimos nos tais dias de educação física, muitos mimos e olhares doces, e o desejo de beijos na boca.
Até que. há sempre um até que. até que o professor de ginástica comentou com a tia dela as faltas às aulas e o namorado, a tia comentou com a mãe, e um dia, atrás do Pavilhão 2, apareceu a mãe. Se lhe bateu logo ali ou só em casa, se foi buscar a chibata e a marcou ou se isso foi noutra vez qualquer, são pormenores sem importância. No dia seguinte, ele esperava-a, e ela não queria vê-lo.
Estavam sentados na relva, ela agarrada aos joelhos, o Alberto a espreitar-lhe o rosto escondido pelos cabelos. Ele nunca ia directo ao assunto mas nesse dia quis saber, logo, o que tinha acontecido, qual tinha sido o castigo, se lhe tinham feito mal. Ela choro não choro, mas depois virou-se e disse-lhe que estava tudo bem. Deitou-se e disse-lhe, irritada - nunca me beijaste! Cruzou uma perna sobre a outra e ia distrai-lo com mais qualquer coisa quando o viu olhar para o sapato. Um dos pares dos seus sapatos bordeaux, de camurça, com dois centímetros de tacão, e uma fivela pequenina de lado, tão lindos que os usava todos os dias, tão imprescindíveis que nem queria levá-los ao sapateiro, tinha um buraco na sola.
...
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Penso, logo blogo
Parece que a ideia foi germinada aqui e agora o Bagaço Amarelo, a Fatyly e o Absorto nomearam o Divas £ Contrabaixos como um dos blogues que os faz pensar. Muito obrigada aos três!
O problema é que agora sou eu que devo nomear os meus 5 thinking bloggers e fazer estas escolhas é sempre uma tarefa ingrata. Alterei a regra e nomeei 3x5 bloggers, 5 por cada blogger que sugeriu o Divas. E mesmo assim foi difícil. Optei pelas descobertas mais recentes e por algumas "velhas amizades" a que não faço referência há muito tempo.
Bandida
Berra-boi
Dolo Eventual
Escrita em Dia
Esquerda Republicana
Linha dos Nodos
Ninguém
O Melhor Anjo
O que cai dos dias
O rasto dos cometas
Respirar o mesmo ar
Saudades do Futuro
Vida das Coisas
Wasted Blues
Zumbido
23.4.07
Jardim da Morte
Minha amiga Simone é voluntária do movimento Rio de Paz. No dia 19 passou a madrugada abrindo botões de rosas para um protesto intitulado Jardim da Morte, realizado na praia de Copacabana. Ela aparece neste vídeo, logo no início. Por todas as razões, fiquei muito emocionada.
22.4.07
Bureau de vote
La question qui se pose
Mme Voynet, Mme Buffet, Mme Laguiller et M. Besancenot appellent à voter Ségolène Royal. À esquerda não há dúvidas. Mas em quem votarão os centristas? Para quem irão os 18,5% de votos conquistados nestas eleições por François Bayrou? As sondagens, por agora, são todas favoráveis a Nicolas Sarkozy.
Les français à l'étranger
Impressionante em França e no resto do mundo: a taxa de participação eleitoral. A abstenção quedou-se nos 15,23%!
Colecção particular. Objecto: referrer #10
21.4.07
Orfeu nos Infernos
No programa: No ano em que se comemoram os 400 anos da estreia da ópera de Claudio Monteverdi "La favola d'Orfeu", a OFB em co-produção com a UA e o TA, apresentam esta ópera burlesca, numa estreia da versão em português. "Orfeu nos Infernos" é uma sátira ao mito de Orfeu, com música de Jacques Offenbach (1819-1880), na qual surge o tema que tornou o compositor e esta ópera dignos de notoriedade internacional: o Can-Can. (...)
Eu gostei particularmente de ouvir (e ver) a Eurídice/Raquel Camarinha, o Cupido/Susana Ferreira e John Styx/Pedro Ferreira, mas muitos outros novos valores se revelam neste espectáculo.
Não é má ideia dar uma vista de olhos prévia a algumas gravações do mesma obra levada a cena pela Opéra Nacional de Lyon. Talvez aguce o apetite e, sendo evidente a diferença de meios, não me parece que a encenação que vi hoje fuja muito a este modelo. Alors là, vraiment, goutez moi ça, Offenbach c'est super!
Opéra national de Lyon 1997
Do III Acto - Natalie Dessay canta a ária "Ah! Quelle Triste Destinée"
20.4.07
O Estado do Mundo
Proposição. de António Pinto Ribeiro
Corps à corps #3
19.4.07
18.4.07
Encantamento XIV
Vista do Pico a partir da Av. Diogo Teive na Horta, Faial
Fotos MRF
Abril 2007
[Clique na fotografia para aumentar]
17.4.07
As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
O Livro dos Bons Princípios
No terramoto de 1998 a minha casa foi parar ao meio da estrada. A mercearia, que me dava tantas noites de insónia pelas fissuras que cresciam mesmo sem grandes tremores, foi poupada. Pareceu-me um milagre. Não fora isso e nunca teria arranjado forças para voltar a levantar muros e desenhar janelas a fio de prumo. Veja as minhas mãos! Venha cá, apague o cigarro nas minhas mãos! Apague! Não dói nada! A enxada que usei para fazer cimento deu-me e tirou-me todas as dores. Misturar bem aquela massa, juntar-lhe a areia, a água, volver, revolver, entremeá-la entre os tijolos, sem contar com a ajuda de ninguém, só com os meus braços e o dinheiro poupado a custo, muito custo, muita fome. E depois, veja lá, tipos que estavam no desemprego, que nunca trabalharam, a viver à custa da Segurança Social, abriam a boca e metiam-lhes a comida pela goela dentro, pedinchavam e tinham casas novas, móveis, tudo. Até vieram emigrantes, gente que nem vivia nas casas, pedir dinheiro. Deram-lhes tudo. A mim ninguém deu nada, nem madeira, nem tintas, nem um pincel! Não tenha medo, apague o cigarro nas minhas mãos!
Atrás do balcão, num canto, as netas, gémeas, faziam desenhos, aparentemente alheias à conversa. Mas quando o avô fez uma pausa no desabafo, levantaram o rosto e olharam-me com antipatia, ou mesmo raiva.
Para ler sem interrupções desde o Princípio I, abram O Livro.
Les amants magnifiques #2
n°13
1989
A vous autres, hommes faibles et merveilleux
Qui mettez tant de grâce a vous retirer du jeu
Il faut qu'une main posée sur votre épaule
Vous pousse vers la vie, cette main tendre et légère"
On a tous -
Quelque chose en nous de Tennessee
Cette volonté de prolonger la nuit
Ce désir fou de vivre une autre vie
Ce rêve en nous avec ses mots à lui
...
[Vídeo aqui e no Music Hall, Quelque Chose en Nous de Tennessee]
16.4.07
15.4.07
Lembranças II
Às escuras numa carrinha, fechei os olhos e centrei-me nos sons da praça, buscava a melodia da rua. ouvia-a. e depois perguntaram-me se conseguia ouvir o silêncio para além dos sons da praça. foi mais difícil, mesmo se há dias em que até a praça só me traz silêncios. Entrei num avião de latão e viajei até África. vi duas zebras, mãe e filha, à chegada, e elefantes pequeninos dentro de elefantes maiores. e depois, o mágico fez aparecer um coelho que ficou sem pais e cresceu no seio de uma couve. Cresceu. Um dia, depois do tempo, quando o verde se fez areia, ele comeu a mãe couve. porque ela quis.
A mãe e o pai daquele outro homem também viajaram um dia. entre Sá da Bandeira e Benguela. num jipe. andei no jipe dos pais dele. O pai nunca falava em casa, mas no trabalho era o mais simpático e divertido dos colegas. ele assobiava, era o que assobiava. e a mãe era camionista mês sim, mês não. nos meses não, fazia o pequeno almoço para o marido e o filho e depois pescava prostitutas, que lavava e alimentava, mas só até ao meio-dia. nessa viagem, naquele jipe em que eu andei, morreram depois de pisar uma mina. O homem tinha nove anos e estava ali com aquela lembrança porque tinha asma e ficara no Puto com a avó.
Já aquele outro casal, começou por se amar muito e teve tempo para desaparecer desamando-se. Tudo porque ela era bonita. tão bonita que mulheres, homens e crianças paravam para a ver passar. e ele adoeceu de ciúmes. adoeceu mas não se deitou. adoeceu e maltratou. tirou-lhe os brincos de pérolas (eu vi-os na caixa de madeira das recordações, a caixa que guardamos no sótão, e que tem pó, teias de aranha e às vezes musgo)(são valiosas as caixas verdes de musgo!).
tirou-lhe os belos vestidos de seda. tirou-lhe a beleza. e depois teve saudades. saudades de sentir desejo. por ela. que desaprendera de ser bela.
As casas, as nossas, as do lado e as que vemos ao longe, também guardam lembranças e mistérios. Aquela casa tinha raízes de árvore. e uma espécie de fada enrolada num ramo contou-me uma dessas lembranças. Só vos digo que havia um cão que ladrava e um bosque que foi assassinado por medo.
E porque quis o Mário beber cem cafés?
E do apagão, ouviram falar?
Tive lembranças do Senhor Valéry quando a técnica-de-apagões me explicou que o avô dizia que os homens devem estar à altura das suas tarefas. nem acima nem abaixo, para as mãos não tremerem. à altura.
E na Praça Marquês de Pombal - o Marquês tem muitas, mas esta era a de Aveiro! - a criação de Madalena Victorino, apesar do frio, não os fez tremer. a eles, actores.
Fiquei com as Lembranças.
Um dia destes, elas vão correr pelos vossos lados. Guardem-nas. mesmo que chova. que o verde do musgo é a cor da memória.
Colecção particular. Objecto: referrer #9
autor estava revendo as provas do livro quando se suicidou
Segui o link, curiosa. Não descobri qual foi o autor. E o Google, céptico com as angústias da criação, sugeriu: autor estava devendo as provas do livro quando se suicidou
14.4.07
À escuta #36
- Então qual foi o conselho?
S - Nunca cortar o cabelo.
- Nunca nunca?
S - Sim, e deixá-lo sempre solto, nunca o prender!
- Está bem, podemos fazer isso.
S - Só que ela corta o cabelo muitas vezes, porque a mãe é cabeleireira, e tem o cabelo enorme...
- A mãe só lhe acerta as pontas.
S - Mas então se já sabias que bastava acertar as pontas...
- Eu não gosto de ver as crianças com os cabelos muito compridos!
S - Mas tu tens os cabelos compridos!
- Sim, mas com as crianças não é prático.
S - Mas agora eu até já sei lavar a minha cabeça!
- Não é isso, é que no Verão faz calor...
S - A cabeça é minha!!!
13.4.07
O Estado da Arte
Lembranças, de Madalena Victorino, no TA
10 carros na Praça Marquês de Pombal. Saltando de carro em carro, dá-se o encontro entre o actor e o espectador, em 10 curtas peças que, localizando-se entre o teatro e a dança, ficcionam, para duas pessoas de cada vez, um mundo insólito de poesia.
Levam cerca de cinco minutos, oferecem uma experiência que não se esquece. 10 actores com qualidades interpretativas especiais apresentam 10 Histórias, que usando as ferramentas do humor, do amor, do terror e acção, divertem, encantam e intrigam.
“Lembranças” é uma criação colectiva de Madalena Victorino com Ana Cloe, Carla Chambel, Carla Galvão, Cláudia Gaiolas, Cláudio Silva, Gonçalo Amorim, José Abreu, Letícia Liesenfeld, Lucília Raimundo, Mafalda Saloio, Paula Diogo, Romeu Costa.
Preço único: 10 Euros.
Lotação máxima por sessão de 20 pessoas.
Obscena
CNB, Mark Deputter, programador do Teatro Camões, a Comissão de Trabalhadores da CNB, a coreógrafa Olga Roriz e os ex-directores Jorge Salavisa e Luísa Taveira. Recolhemos ainda as opiniões dos críticos Eduardo Pitta e Henrique Silveira, bem como do ex-vogal do TNSC, João Gonçalves.
Neste 3º número da OBSCENA homenageamos ainda o encenador João Mota pelos seus 50 anos de carreira, num texto de Eugénia Vasques, e o primeiro Prémio Thalia, atribuído no passado mês de Outubro pela Associação Internacional de Críticos de Teatro ao influente teatrólogo Eric Bentley.
Apresentamos-lhe uma entrevista feita pelo Vice-Presidente da AICT, o sul-coreano Yun-Cheol Kim, um perfil emocionado do canadiano Don Rubin, seu discípulo, e uma bibliografia fundamental para conhecer a obra desta figura maior do teatro contemporâneo.
Porque o mundo é vasto, percorremos a programação do evento que comemora os 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, O Estado do Mundo, com entrevistas a António Pinto Ribeiro, programador-geral, e Miguel Honrado, consultor. Tempo ainda para lhe sugerirmos um percurso pela programação e saber a opinião de Isabel Capeloa Gil, directora da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica.
O mundo é também aquele que o cinema nos traz, em mais uma edição do IndieLisboa, e, muito em particular, aquele que se quer pensado. Razão pela qual a aposta do mês de Abril da OBSCENA vai para o ciclo Com e
Contra o Cinema, a integral dos filmes de Guy Debord, comissariada por Ricardo Matos Cabos e que se apresenta a 13 e 14 na Culturgest, Lisboa. E ainda mais mundo, desta vez, o da moda, numa viagem pelos bastidores da 28ª Moda Lisboa.
Mas a OBSCENA tem mais: críticas, notícias, opinião, reportagem, e uma carta branca ao cenógrafo e artista plástico António Lagarto. E a terminar, um ensaio sobre o corpo do crítico, assinado pela sul-coreana Bang-Ock Kim. E se, afinal, houver a possibilidade de o crítico poder usar o seu corpo para pensar os espectáculos?
Em Abril, mês em que se celebra o Dia Mundial da Dança, a OBSCENA expande-se para várias frentes.
Siga a Obscena!
PS: Números anteriores da revista
12.4.07
94.4 FM, às 15h
Se puderem, fiquem On.
No Mercado Negro, às 23h
E um pouco de bom senso?
Sim, possivelmente facilitaram-lhe a vida na UnI, seja ao nível da equivalência de cadeiras, seja ao nível da avaliação. Ponto final. Por favor!
11.4.07
Ciclo Cinema e Arquitectura
PROGRAMAÇÃO:
ATMOSFERAS (Quinta 28 Março e Quinta 12 Abril, às 22h)
Metrópolis , de Fritz Lang (Metropolis, 1927) – Sede NAAV
Blade Runner – Perigo Iminente , de Ridley Scott (Blade Runner, 1982) – Sede NAAV
MISE-EN-SCÈNE (Quinta 26 Abril e Quinta 10 a Segunda 14 Maio, às 22h)
O Meu Tio , de Jacques Tati (Mon Oncle, 1958) – Sede NAAV
Anjos Caídos , de Wong Kar-Wai (Fallen Angesl, 1995) – Cinema Oita
MONTAGEM (Quinta 24 Maio e Quinta 7 Junho, às 22h)
A Corda , de Alfred Hitchcock (The Rope, 1948) – Sede NAAV
Memento , de Christopher Nolan (Memento, 2000) – Sede NAAV
GRANDE PLANO (Quinta 21 Junho e Quinta 5 a Segunda 9 Julho, às 22h)
O Ventre de um Arquitecto , de Peter Greenaway (The Belly Of An Architect, 1987) – Sede NAAV
Vontade Indómita , de King Vidor (The Fountainhead, 1949) – Cinema Oita
Sede do NAAV - Casa Municipal da Cultura (Edifício Fernando Távora, Praça da República) . entrada livre
Tlf: 234429117
10.4.07
Portas em Aveiro
Com os cumprimentos do Rui Baptista (e os meus, ao Rui).
O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS
Em baixo, na praça, um homem parou quando a avistou. Olhou para o relógio da torre e não convencido da inevitabilidade da paragem do tempo, sobressaltou-se. Durante um minuto, o movimento dos seus olhos quase enjoou do balanço. Os sinos, ela, o relógio, os sinos, ela, o relógio. Anteviu o movimento súbito, lento, vigoroso, do bronze pesado, afinado, mortal. Os braços abertos sobre a saia que esvoaçava. Não via o rosto. Quis gritar: - Afaste-se!
Sentindo-se abençoada, ela permanecia imóvel, obedecendo à ordem do tempo. Estranhou sentir o rosto formar um sorriso, um pequeno sorriso que deveria ter permanecido interior. O olhar pousou então um pouco, o suficiente para avistar um homem que, tal como ela tantos dias, estancara face à visão da torre cantante.
Quando estalou um ruído seco de alavanca …
Para ler sem interrupções desde o Princípio I, buscando inspiração para o Vosso Prémio Saramago, abram O LIVRO DOS BONS PRINCÍPIOS.
9.4.07
End of the Christian Era
1925