Mostrar mensagens com a etiqueta Turismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Turismo. Mostrar todas as mensagens

16.3.12

Viajar cá dentro

Já foram a Golegã ou a Alpiarça visitar as casas onde um dos nossos maiores fotógrafos, Carlos Relvas (1838-1894), viveu?

Um dos seus filhos, José Relvas, virá a distinguir-se na contestação ao regime monárquico, proclamando a República da varanda da Câmara de Lisboa (e será ele que, após o segundo casamento do pai, ficará a residir na casa da Golegã, a "magnífica casa-estúdio que seu pai construira no jardim da sua residência do Outeiro").

Ainda na Golegã, já foram à Quinta dos Álamos, onde está patente uma exposição permanente de fotografia de Frederico Bonacho dos Anjos, "benemérito da sua terra, importante lavrador e ganadeiro, reputado fotógrafo e cavaleiro tauromáquico amador, amigo e discípulo de Carlos Relvas." (1877 – 1947)?

Pois eu não e, entre ontem e hoje, fiquei com uma imensa vontade de lá ir! :)

19.7.10

Na outra margem


Na outra margem da Ria, ao pé da Torreira, ao fim da tarde, é sempre assim. céu e ria fundidos, a linha do horizonte esbatida. reflexos. que nos levam a adiar a despedida.

14.7.10

«Mais que humano feito»

Andei pelo Buçaco. Vale sempre a pena lembrar que fica aqui ao lado. O Palace Hotel inclui azulejos de Jorge Colaço com cenas de Os Lusíadas, de Autos de Gil Vicente e da obra Menina e Moça de Bernardim Ribeiro, datados de 1906. Por hoje, fiquem com o Adamastor!


Muito sol. e uma brisa a varrer aquela varanda...

18.6.09

Aldeias da minha/vossa vida

Em 2007, depois de uma viagem em que visitei aldeias (e cidades) históricas e com estórias de Portugal, pensei criar uma rubrica fixa a que chamei «Aldeias e Cidades quase Invisíveis». Acabei por editar apenas três posts (!). A criação do blogue/concurso «Aldeia da minha vida» fez-me pensar novamente nesses lugares quase esquecidos. Várias pessoas participaram escrevendo um texto sobre a/uma aldeia da sua vida. O resultado é muito interessante, vale a pena ler (e, se quisermos, participar no concurso, votando no melhor texto). Mas, bom mesmo, é apontarmos o nome dos locais e viajar cá dentro ao encontro desse património.
Aqui, fica a minha descoberta de Santa Comba da Vilariça (post já publicado).


Entre Bornes e Vila Flôr, na IP2, uma paragem de autocarro onde se lê: "Deixem desabrochar o sonho que existe dentro de vós". Paragem, inversão de marcha, para voltar a sorrir. Uma foto, olhar à volta, montanha, tanta montanha, quem virá aqui apanhar a carreira para a cidade? E logo ao lado reparo num pequeno caminho com a indicação de Santa Comba da Vilariça/Cruzeiros/Pelourinho.


O carro parece encolher nas ruas estreitas. Velhos sentados nas escadas de pedra das casas. Uma faz esquina e concentra um grupo animado. Donas de casa aparecem à janela. Todos sorriem e espreitam, certamente a ver se reconhecem os visitantes. É quinta-feira e no sábado vão começar as festas de Santa Comba. Esperam-se muitos parentes emigrados em França ou Espanha, poderia ser o nosso caso. Mas isso só compreenderemos depois. Por agora, procuramos um lugar para estacionar e, dada a hora, estamos também de olho num restaurante.
A porta da Igreja fecha na mesma altura em que saímos do carro. Pouca sorte, dizemos, mas logo uma senhora nos pergunta se gostaríamos de ver a Santa Comba. Quem? A santa, que por acaso é muito linda, muito linda. E venham, venham, só um bocadinho que vou iluminar o altar. O altar, em talha dourada, fica resplandecente com a luz, e as pinturas dos caixotões do tecto avivam-se.
Foram restaurados há pouco tempo. O senhor padre vai fazendo as obras que é preciso, aos poucos, e todos contribuem, aos pouquinhos. O senhor padre é um homem novo, quer dizer, chegou ali um rapaz e agora deve ter uns trinta e sete. É famoso, é "o padre casamenteiro", porque nenhum dos casamentos que realizou acabou em divórcio. Na sacristia há relíquias, peças com muito valor, um belo São Jorge a cavalo e uma escultura de madeira antiga, a imagem de um santo, descolorada, porque um dia um ajudante decidiu lavá-la com lixívia. Aos pouquinhos, o senhor padre já disse, tudo será restaurado. A senhora é uma simpatia e gosta mesmo do seu trabalho, é responsável pela igreja e sente um imenso orgulho por nos dar a ver tanta beleza. Ama a sua Santa Comba. Perante a imagem, os seus olhos brilham. É mesmo linda. A santa e a senhora que, deve ser dos meus olhos, até acho que se parecem uma com a outra. Agradecemos o acolhimento e despedimo-nos. Pouco tempo depois, antes de partirmos da aldeia, seríamos surpreendidos pela santa. A verdade é que saltou do altar. Mas primeiro vamos ao restaurante.

No café-restaurante Vilariça há um frenesim que se adivinha raro. Agosto é o mês dos reencontros e a procissão é já dali a dois dias. Entram, saem, passam emigrantes e gente da terra. De vez enquando todos se levantam numa mesa para abraçar alguém. Aquele chegou agora mesmo. A viagem, oh, fez-se num instante, de carro, pois, é o hábito. Tem um look muito cool, careca, brinco na orelha, e começam logo a contar-lhe as novidades. A mais divertida aconteceu na noite anterior, uma grande farra com o Carlos, o Eugénio e mais uns quantos, depois de passarem o dia a apanhar as batatas todas do pai do António. Só homens, não sei quantos sacos, e está visto que à noite foi só entornar. Mas no café vivem-se alguns dramas. A morte recente da mulher do senhor ali ao lado é um deles. Quem passa ainda lhe dá os sentimentos, um abraço, umas palavras de consolo. Por momentos ele chora, às vezes até soluça, mas logo se controla. Uma senhora bem apessoada oferece-lhe pragmatismo: "ela foi na hora que tinha que ir, lá chegará a sua vez também". Valem-lhe os amigos, da mesma idade, sentados na sua mesa. Tentam animá-lo. "A ti conheci-te quando aindas eras solteiro. Que idade tens agora? - Setenta e oito." "Lembras-te daquela vez que o morto se mexeu?". Todos se lembravam e a tal senhora também, assustou-se tanto que até torceu um pé. E num instante, está tudo a rir. Quando voltam a ficar sós, os três velhos amigos entram em conversas de escárnio e maldizer. "Fulano de tal que julga que tem sempre razão e que não se pode contradizer". Vidas! Vidas que se cruzam com as nossas enquanto comemos "pica-paus" e outros petiscos.

Na Igreja, a Santa Comba espera-nos à entrada da porta. Ainda há pouco tão quieta no altar-mor e de repente toda saltitante sobre o andor! É preciso amarrá-la melhor.
Com 41 anos de experiência, isso não vai ser problema para o mestre amarrador de santos. Outras igrejas pagariam mais, mas ele mantém-se fiel à terra. Puxa a corda, testa, a santa está fixa, não vai cair. O neto assiste. Veio de Vitoria, no País Basco, que nem todos na aldeia passaram a ser franceses. "E a senhora, quem é o seu sogro?" - Eu, ah, não sou de cá, estou só de passagem. "Pensei que era estrangeira, casada com um dos nossos."


[Fotos de MRF/2007]


ADENDA: O Rui Gonçalves aconselha o restaurante Vilariça, que serve "a melhor Posta à Mirandesa da região" e umas excelentes rabanadas pelo Natal. Eu insisto nos Pica-paus. Ambos concordamos sobre a simpatia do dono da casa (e dos empregados). Telefone: 278 536 258.

14.3.09

Percursos com História


Sábado, 14 de Março: A CIDADE EMERGENTE [SÉC. XVII-XVIII]

Percursos temáticos em que se explora a percepção da comunidade numa perspectiva dinâmica e evolutiva da paisagem histórica de Aveiro.
Esta iniciativa dá vida ao conceito de museu polinucleado que tem na cidade continuidade do próprio espólio museológico do Museu da Cidade de Aveiro.

Próximos Percursos:
A Villa de Aveiro [até ao século XVII]: 09 de Maio; 12 de Setembro
A Cidade Emergente [até ao século XVIII]: 13 de Junho; 10 Outubro
A Cidade Contemporânea [séc. XIX-XX]: 18 Abril; 11 Julho; 14 Novembro

Público-alvo: Público em Geral
Orientador: Dr. Amaro Neves
Local de encontro: Praça da República, junto ao Monumento a José Estêvão
Horário: 11h00 – 13h00
Número Máximo de participantes por percurso: 30
Sujeito a inscrição prévia: museucidade@cm-aveiro.pt 234 406 485



[Imagens: Convento de Jesus e igreja de S. Domingos.1915.1905]


P.S.: Uma exposição de fotografia de Aveiro Antigo poderá ser visitada de 7 de Março a 5 de Abril, de Terça a Domingo, das 14.00 às 19.00 horas, na Galeria dos Paços do Concelho. Tem entrada livre.