5.11.07

À escuta #55

Ou: Os estados melancólicos das minhas filhas

Domingo, almoço num restaurante ao pé da praia, uma mesa cheia de adultos e crianças. A A. de repente começa a chorar. Qual era a razão? Não conseguia suportar um quadro fixado na parede à frente dela. O quadro retratava um palhaço tristonho a tocar violino, com um cão que parecia estar a latir (tipo o Pantufa dos livros da Anita) aos pés. Compreendo a desolação. Empresto-lhe os meus óculos escuros para ver se alivio a paisagem e a melancolia. Mas ela só ficou feliz quando deixou de ver o quadro.

Hoje demanhã, a caminho da escola, a S. pergunta-me se vai ter que se levantar cedo para o resto da vida. Respondo-lhe que sim (meus Deus, que crueldade!). Mesmo quando entrar na universidade? Sim (tenho esperança). Então a única diferença, conclui, é sair de casa demanhã cedo sozinha ou acompanhada pelos pais. Pois, quando entrar na universidade já vai poder ir sozinha, respondo-lhe animada, imaginando a sua aspiração a uma vida independente. Mas ela pergunta: Mesmo nos dias em que fizer muito frio?

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