Revendo as fotos destas férias, apeteceu-me falar-vos da Route nationale 7, de Charles Trenet, da Côte Roannaise, de Lapalisse e outras localidades agora perdidas no mapa, e de Paris.
A RN 7 ou route bleue é uma das mais longas e célebres estradas nacionais francesas. Liga Paris a Menton, passando pelo lado Oeste da Bourgogne, o Norte de Auvergne, La Vallée du Rhône e a Côte d'Azur. Era a route des vacances por excelência até se começarem a construir as auto-estradas (já lá vão uns 15 anos). A "route national 7" era tão popular que Charles Trenet lhe dedicou uma canção. Lembram-se dele? De certeza que conhecem La Mer... (link para que fiquem com um cheirinho de La Mer). Charles Trenet teve uma carreira com uma longevidade fenomenal e inspirou outros grandes nomes da canção francesa, de Léo Ferré a Charles Aznavour, passando por Georges Brassens, Jacques Brel, Jean Ferrat ou Jacques Higelin (em França ouvi Higelin apresentar o seu último álbum dedicado, precisamente, a Trenet).
Foi assim que ouvindo cantarolar esta canção de Charles Trenet, atravessei Lapalisse.
De toutes les routes de France d'Europe
Celle que j'préfère est celle qui conduit
En auto ou en auto-stop
Vers les rivages du Midi
Nationale Sept
Il faut la prendre qu'on aille à Rome à Sète
Que l'on soit deux trois quatre cinq six ou sept
C'est une route qui fait recette
Route des vacances
Qui traverse la Bourgogne et la Provence
Qui fait d'Paris un p'tit faubourg d'Valence
Et la banlieue d'Saint-Paul de Vence
Le ciel d'été
Remplit nos cœur de sa lucidité
Chasse les aigreurs et les acidités
Qui font l'malheur des grandes cités
Tout excitées
On chante, on fête
Les oliviers sont bleus ma p'tite Lisette
L'amour joyeux est là qui fait risette
On est heureux Nationale 7.
Letra e Música de Charles Trenet
A RN 7 ou route bleue é uma das mais longas e célebres estradas nacionais francesas. Liga Paris a Menton, passando pelo lado Oeste da Bourgogne, o Norte de Auvergne, La Vallée du Rhône e a Côte d'Azur. Era a route des vacances por excelência até se começarem a construir as auto-estradas (já lá vão uns 15 anos). A "route national 7" era tão popular que Charles Trenet lhe dedicou uma canção. Lembram-se dele? De certeza que conhecem La Mer... (link para que fiquem com um cheirinho de La Mer). Charles Trenet teve uma carreira com uma longevidade fenomenal e inspirou outros grandes nomes da canção francesa, de Léo Ferré a Charles Aznavour, passando por Georges Brassens, Jacques Brel, Jean Ferrat ou Jacques Higelin (em França ouvi Higelin apresentar o seu último álbum dedicado, precisamente, a Trenet).
Foi assim que ouvindo cantarolar esta canção de Charles Trenet, atravessei Lapalisse.
De toutes les routes de France d'Europe
Celle que j'préfère est celle qui conduit
En auto ou en auto-stop
Vers les rivages du Midi
Nationale Sept
Il faut la prendre qu'on aille à Rome à Sète
Que l'on soit deux trois quatre cinq six ou sept
C'est une route qui fait recette
Route des vacances
Qui traverse la Bourgogne et la Provence
Qui fait d'Paris un p'tit faubourg d'Valence
Et la banlieue d'Saint-Paul de Vence
Le ciel d'été
Remplit nos cœur de sa lucidité
Chasse les aigreurs et les acidités
Qui font l'malheur des grandes cités
Tout excitées
On chante, on fête
Les oliviers sont bleus ma p'tite Lisette
L'amour joyeux est là qui fait risette
On est heureux Nationale 7.
Letra e Música de Charles Trenet
À entrada na cidade, podemos ler "Lapalisse, Cité des Verités". E é impossivel não nos lembrarmos das famosas lapalissadas. O que é engraçado é que foi esta canção popular(link para ouvir) que originou a lenda tão conhecida.
Messieurs vous plait-il d'ouïr
L'air du fameux La Palisse?
Il pourra vous réjouir
Pourvu qu'il vous divertisse!
La Palisse eut peu de bien
Pour soutenir sa naissance
Mais il ne manqua de rien
Tant qu'il fut dans l'abondance.
Coral da Ecole Nationale de musique de Chartres
Letra de Bernard de la Monnoye
Esta canção sobre a história cómica de M. de la Palisse, morto na batalha de Pávia em 1525 durante o reinado de François I, foi composta na época, e foi um pouco por acaso que o efeito cómico apareceu. Os soldados na altura terão cantado:
M. de la Palisse est mort, mort devant Pavie
Un quart d'heure avant sa mort, il ferait encore envie!
Il fut par un triste sort blessé d'une main cruelle,
On croit, puisqu'il en est mort, que la plaie était mortelle.
Regretté de ses soldats, il mourut digne d'envie,
Et le jour de son trépas fut le dernier de sa vie.
Il mourut le vendredi, le dernier jour de son âge,
S'il fut mort le samedi, il eût vécu davantage.
M. de la Palisse bateu-se pois valentemente até ao último momento. Foi apenas no séc. XVIII que Bernard de la Monnoye terá publicado esta canção completamente adulterada e assumindo um tom cómico. O segundo verso por exemplo é substituido por "s'il n'était pas mort, il ƒerait (serait) encore en vie". Ao longo do tempo muitas outras readaptações abusando de truísmos foram criadas.
O que vocês vêm nestas fotos é o castelo de Jacques II de Chabannes de la Palisse. Mas, para além do castelo, Lapalisse não tem grande interesse.
Messieurs vous plait-il d'ouïr
L'air du fameux La Palisse?
Il pourra vous réjouir
Pourvu qu'il vous divertisse!
La Palisse eut peu de bien
Pour soutenir sa naissance
Mais il ne manqua de rien
Tant qu'il fut dans l'abondance.
Coral da Ecole Nationale de musique de Chartres
Letra de Bernard de la Monnoye
Esta canção sobre a história cómica de M. de la Palisse, morto na batalha de Pávia em 1525 durante o reinado de François I, foi composta na época, e foi um pouco por acaso que o efeito cómico apareceu. Os soldados na altura terão cantado:
M. de la Palisse est mort, mort devant Pavie
Un quart d'heure avant sa mort, il ferait encore envie!
Il fut par un triste sort blessé d'une main cruelle,
On croit, puisqu'il en est mort, que la plaie était mortelle.
Regretté de ses soldats, il mourut digne d'envie,
Et le jour de son trépas fut le dernier de sa vie.
Il mourut le vendredi, le dernier jour de son âge,
S'il fut mort le samedi, il eût vécu davantage.
M. de la Palisse bateu-se pois valentemente até ao último momento. Foi apenas no séc. XVIII que Bernard de la Monnoye terá publicado esta canção completamente adulterada e assumindo um tom cómico. O segundo verso por exemplo é substituido por "s'il n'était pas mort, il ƒerait (serait) encore en vie". Ao longo do tempo muitas outras readaptações abusando de truísmos foram criadas.
O que vocês vêm nestas fotos é o castelo de Jacques II de Chabannes de la Palisse. Mas, para além do castelo, Lapalisse não tem grande interesse.
Continuando na N7 até Roanne, a paisagem é belíssima. O nosso olhar perde-se nas planícies imensas, no horizonte sem fim. Não existe uma região equivalente em Portugal. O Vale do Rhône é muito verde. Esta é uma zona agrícola e pecuária. Algures lemos "pays d'élevage" e não estranhámos porque as vacas charolais, les vaches à viande, estão partout.
Foi assim, com muita música, algumas paragens, calor e episódios "orageux", que chegámos ao nosso destino, a Villerest, em plena Côte Roannaise, mesmo na garganta do Loire.
Villerest é um antigo burgo medieval (bem conservado) que tem o encanto suplementar de ser banhado por um lago. Há alguns anos fizeram ali uma barragem e por isso não se aconselham muito os banhos, mas o local é excelente para quem gostar de vela ou outros desportos náuticos. Enfim, a praia estava cheia de franceses do país real gaulês! Nada de espantoso agora que Bertrand Delanoë, Maire de Paris, decidiu criar a Paris Plage no Sena!!
Villerest é um antigo burgo medieval (bem conservado) que tem o encanto suplementar de ser banhado por um lago. Há alguns anos fizeram ali uma barragem e por isso não se aconselham muito os banhos, mas o local é excelente para quem gostar de vela ou outros desportos náuticos. Enfim, a praia estava cheia de franceses do país real gaulês! Nada de espantoso agora que Bertrand Delanoë, Maire de Paris, decidiu criar a Paris Plage no Sena!!
Foi divertido verificar que, mesmo na província, os franceses não perdem uma para gozar com os seus rivais históricos, os ingleses.
1 comentário:
Adorei de ver as fotos, Rhône é especial para mim!
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