20.3.07

Projecto Avenida da Arte Contemporânea


A ver até dia 25 no edifício da antiga Capitania, a colecção de Arte Contemporânea, ou parte dela, não sabemos, que será posteriormente instalada, aonde precisamente e de que forma também não sabemos, em Aveiro. Em Julho de 2006 foi assinado um protocolo entre o Instituto das Artes e a CMA/UA e a "Entidade Gestora do Projecto Avenida da Arte Contemporânea", pressuponho, achou por bem fazer uma primeira exposição.

"Esta colecção, tutelada pelo Instituto das Artes, foi construída ao longo de várias décadas no âmbito de uma política de aquisições, orientada então pela Direcção Geral de Acção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura..." - lemos na única folhita explicativa disponível ao público. Insuficiente e impreciso, diga-se. Pelo que vi, algumas das obras terão sido adquiridas ainda no tempo do SNI. Elaborar um documento que clarificasse os visitantes sobre a História da Arte Contemporânea em Portugal, relacionando-a com os organismos que sucessivamente tutelaram e regularam a produção, aquisição e exposição das obras dos artistas portugueses desde o final do século XIX não pareceu ainda pertinente à "Entidade Gestora do Projecto Avenida da Arte Contemporânea". Explicar os critérios que presidiram à escolha destas obras e não de outras, também não pareceu obrigatório. Temos assim uma panóplia de nomes, alguns de primeira linha, muitos de segunda linha e uns "desconhecidos"/"sem data". Fiquei com a impressão de que os delegados da CMA/UA foram às reservas do IA e foram metendo no saco o que havia e o que até era giro, mas que não levavam nenhum conceito ou critério, a não ser a deliciosa (sem ironia) ideia de poder encher a Avenida Lourenço Peixinho, da antiga estação de caminhos de ferro à capitania, de arte.


A exposição está à nossa espera, e vale sempre a pena passar por lá. Quem quiser saber quem são os artistas e porque é importante estarem ali representados, pode sempre anotar os nomes, pesquisar em casa, e talvez chegue a uma conclusão. Eu fixei as belas fotos de cena (são fotografias de autor? que autor? qual é o espectáculo que documentam? em que ano? porque foram adquiridas pela SEC?) e talvez descubra um dia a resposta às minhas perguntas. A arte também tem essa função de nos levar a questionar o porquê das coisas!


O espaço tem esta luz óptima e é convidativo. Mas até Diogo de Macedo, em 1944, quando assumiu a direcção do Museu Nacional de Arte Contemporânea (que mais tarde renasceria como Museu do Chiado), sabia da importância da publicação de catálogos, com pequenas monografias sobre os artistas (nas exposições temporárias!), soube reduzir o número de peças expostas para colocar em evidência aquelas que o exigiam, criou circuitos de exposição por períodos/correntes sucessivas, etc., etc..

Mas vão ver a exposição! Não a vejo anunciada nos jornais ou nas ruas, mas ela está lá à nossa espera!

De uma assentada poderão olhar para obras de:
Júlio de Sousa, Cândido Costa Pinto, Júlio Resende (2 peças), Maria Gabriel (2 peças), Raquel Oliveira, Paulo Ossião, Menez, Álvaro Passos, Sérgio Costa, João Paulo Lourencinho Furtado, Guilherme Parente (2 peças), V. Oliveira, Luis Gonçalves, Tomás Mateus, Henrique Ruivo, Sérgio Pinhão, António Sena, Nuno Félix da Costa, Carlos Calvet, Carlos Afonso Dias, Rui Cunha, João Segurado, António Duarte, João Charters d'Almeida, António Marinho, vários de autor desconhecido.

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