A viver em Paris com duas bébés de poucos meses, não tinha grandes oportunidades para sortir e conhecer o petit bar "in" super sympa da margem direita ou da margem esquerda, ser fiel espectadora da Comédie Française e de outros tantos théâtres da capital, ou assistir a concertos de músicos conhecidos ou por conhecer. Por isso lembro-me perfeitamente da ocasião em que fui ao Folies Bergères ver o one-woman-show da Valérie Lemercier. Já a conhecia do filme Les Visiteurs e a ideia de uma mulher fazer sozinha um espectáculo de humor seduziu-me.
Em França, existem humoristas para todos os gostos, raças e religiões. Existem as lendas, como Coluche, Raymond Devos ou Pierre Desproges. Actualmente, os meus favoritos são todos judeus, o que não quer dizer muito no caso de Élie Semoun, mas marca os textos de Michel Boujenah, judeu de origem tunisina, e de Gad Elmaleh, um judeu de origem marroquina. Todos são excelentes actores e argumentistas, e cada um tem o seu estilo. Semoun é muito político. Boujenah é mais existencialista, choramos e rimos. Gad Elmaleh, é um crítico mordaz dos usos e costumes. Valérie é um camaleão, passa de madame burguesa e trés bécébégé a rapariga saloia, e depois a business woman, ou cantora de cabaret, mas os textos são sempre levezinhos, jogam com o óbvio.
Vem isto a propósito de Palais Royal (traduzido, com mau gosto, para "Dondoca à força"). Não resisti e fui ver o filme com e da minha one-woman-show, que está a ser um sucesso de bilheteira em França. É claro que me ri, levava uma enorme predisposição para isso. Lambert Wilson, Mathilde Seigner, Catherine Deneuve cumprem na perfeição o papel e Valérie é talhada para Princesa Armelle. Mas o argumento, que teria pano para mangas cheias de viés, é fraquinho. Assistimos a um decalque parodiado da vida da Princesa Diana, o que teria muita graça, se não houvesse sempre aquela sensação de déjà vu e facilidade. Na verdade, lembro-me de pensar que a megaprodução é enganadora. São muitos meios (cenários, actores, qualidade da imagem e do som) para um tão petit Palais.
Seja como for, Valérie foi candidata ao Cesar para melhor actriz com este filme, e os media franceses não se cansam de promover esta e todas as produções cinematográficas francesas, não desvalorizando o género comédia, o que nem sempre vemos por aqui... Realço também que, por outro lado, nenhum estrelato afasta os actores de comédia dos palcos. Não existem talk shows televisivos ou fitas que os convençam a abandonar os teatros e as tournés. Acreditem que os humoristas que conheci na terra do Astérix ficariam atónitos se ouvissem o modo pitoresco como o nosso grande Herman José fala daqueles tempos em que corria o país.
Enfim, lá vi o filme, mas continuo com saudades do verdadeiro humor francês.
Em França, existem humoristas para todos os gostos, raças e religiões. Existem as lendas, como Coluche, Raymond Devos ou Pierre Desproges. Actualmente, os meus favoritos são todos judeus, o que não quer dizer muito no caso de Élie Semoun, mas marca os textos de Michel Boujenah, judeu de origem tunisina, e de Gad Elmaleh, um judeu de origem marroquina. Todos são excelentes actores e argumentistas, e cada um tem o seu estilo. Semoun é muito político. Boujenah é mais existencialista, choramos e rimos. Gad Elmaleh, é um crítico mordaz dos usos e costumes. Valérie é um camaleão, passa de madame burguesa e trés bécébégé a rapariga saloia, e depois a business woman, ou cantora de cabaret, mas os textos são sempre levezinhos, jogam com o óbvio.
Vem isto a propósito de Palais Royal (traduzido, com mau gosto, para "Dondoca à força"). Não resisti e fui ver o filme com e da minha one-woman-show, que está a ser um sucesso de bilheteira em França. É claro que me ri, levava uma enorme predisposição para isso. Lambert Wilson, Mathilde Seigner, Catherine Deneuve cumprem na perfeição o papel e Valérie é talhada para Princesa Armelle. Mas o argumento, que teria pano para mangas cheias de viés, é fraquinho. Assistimos a um decalque parodiado da vida da Princesa Diana, o que teria muita graça, se não houvesse sempre aquela sensação de déjà vu e facilidade. Na verdade, lembro-me de pensar que a megaprodução é enganadora. São muitos meios (cenários, actores, qualidade da imagem e do som) para um tão petit Palais.
Seja como for, Valérie foi candidata ao Cesar para melhor actriz com este filme, e os media franceses não se cansam de promover esta e todas as produções cinematográficas francesas, não desvalorizando o género comédia, o que nem sempre vemos por aqui... Realço também que, por outro lado, nenhum estrelato afasta os actores de comédia dos palcos. Não existem talk shows televisivos ou fitas que os convençam a abandonar os teatros e as tournés. Acreditem que os humoristas que conheci na terra do Astérix ficariam atónitos se ouvissem o modo pitoresco como o nosso grande Herman José fala daqueles tempos em que corria o país.
Enfim, lá vi o filme, mas continuo com saudades do verdadeiro humor francês.
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