7.2.05

O Dia do Escrutinador II


Dave April

Segundo Raul Proença (Páginas de Política - 1929, vol. I, Lisboa, 1972, pp 197) é no direito individual, e não no direito do número, que reside a essência da Democracia. Podemos ou não concordar com este princípio, mas o nosso sistema eleitoral (representação proporcional com a regra de Hondt) favorece a representação de várias correntes de opinião no parlamento e dificulta a obtenção de maioria absoluta.
Este sistema tem vários defensores. Um dos mais notáveis terá sido Stuart Mill, ainda em 1861 (Representative Government). Mas também não se livrou de críticas: Joseph Schumpeter (Capitalisme, Socialisme et Démocracie, Paris, 1963, pp 371) referia que era evidente que a representação proporcional não só fornece a todas as idiossincrasias uma ocasião de se manifestarem mas também pode impedir a democracia de se dotar de governos eficientes e pode assim revelar-se perigosa em períodos de tensão.
No próximo dia 20 de Fevereiro, quando estivermos a exercer o nosso direito de voto, os cientistas políticos (enfim, não estes) vão observar como os eleitores ponderam estas questões tão antigas. Vamos votar no projecto político com o qual mais nos identificamos porque essa é a essência da democracia, ou vamos tentar reduzir o eventual efeito da "ingovernabilidade"?
(mas, já agora, identificamo-nos de facto com algum projecto político? conhecemos e diferenciamos os programas de cada partido? é certo que sem maioria absoluta haverá mais instabilidade? não compete aos líderes partidários, homens com sentido de Estado, encontrar plataformas de entendimento no sentido de tornar viável o governo que venha a ser eleito? ou teremos que descobrir uma nova essência para a democracia?)

3 comentários:

Didas disse...

Vamos votar na ilusão de que conseguimos fazer com que o barco pare de meter água?
Eu vou.

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Poi é Didas, apesar de tudo, acreditamos sempre. eu também.

"O tolo" disse...

Por aqui, têm passado vendedores de pensos rápidos, Testemunhas de Jeová, Marroquinos com um basto leque de bugigangas, Políticos de direita e de esquerda, etc., etc...
Nenhum deles me convenceu.

Irei ás urnas depositar o meu voto quando achar que vai ser útil para alguma coisa, e não o é concerteza com quaisquer dos candidatos actuais, a não ser por uma questão de solidariedade por aquele que tão pouco conhecemos.
Se não há um que se aproveite, vou votar em quem?

“Se sabemos o que queremos, não deixamos que nos impinjam”.