19.11.04

O Conceito

Se Hannah Arendt tiver razão e a liberdade depender da acção (action), os nossos entrevistados são homens livres.

Através da sua obra e do seu pensamento, eles empenham-se em transformar o nosso mundo. Enveredaram por caminhos arriscados ou pouco explorados, seguindo o princípio da fidelidade ao sonho. Ou a um sonho. Porque é possível.

Alguns são Divas e todos os reconhecemos. Outros são fantásticos Contrabaixos, instrumentos que as boas orquestras não dispensam mas em que nem sempre reparamos.

E, entre actos, fazem uma pausa. Para pensar, partilhar, conversar connosco.

Ou talvez estas entrevistas sejam outro acto. Porque este é um espaço público.


Completando esta introdução ao novo suplemento de entrevistas do Notícias de Aveiro, acrescento o pressuposto, implícito nas reflexões de Hannah Arendt e no meu propósito, de que este será um espaço público e PLURAL.

E então quem é esta Hannah Arendt? Nos próximos posts vou deixar alguns apontamentos mas não se esqueçam de lêr A Condição Humana, escrito por ela em 1958 (Ed. Relógio D' Agua).

Mas se preferirem livros menos densos (sendo que densidade não é igual a intensidade), leiam O Contrabaixo (1984) de Patrick Süskind (Ed. Difel). Deixo-vos um fragmento:

"Comer marisco ou sopa rica de peixe! Enquanto o homem que a adora fica numa sala à prova de som e não faz outra coisa senão pensar nela, com um instrumento disforme entre as mãos, do qual nem um, nem um único som é capaz de tirar, dos que ela canta! ...Sabem do que é que eu preciso? Preciso sempre de uma mulher que nunca hei-de ter. Enquanto eu não a tiver, não preciso de nenhuma outra." (pp 53-54)





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