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29.6.12

Dulce Maria Cardoso

Foto MRF

Conheci Dulce Maria Cardoso em Setembro de 2010, por intermédio de Elsa Ligeiro (Editora Alma Azul) que, em Portugal, deve ter sido das primeiras pessoas a "galardoar" a escritora. Nesse dia, o encontro foi marcado na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Conversámos sobre Hélia Correia, que dela disse ser "Uma assombrosa criadora" (citação na badana de um livro) e de outros escritores, e de livros, e de cada um dos seus livros.... No final da tarde, DMC recebeu o Prémio Ciranda, numa cerimónia muito simples e simpática (tal qual as duas senhoras protagonistas, na foto).

Em 2009, já recebera o Prémio Europeu de Literatura pelo romance “Os Meus Sentimentos”. A imprensa portuguesa, contudo, só começou a dar-lhe algum destaque em 2011, quando publicou “O retorno”, sobre a experiência dos retornados e da descolonização de Angola. O romance foi então considerado pela crítica como o melhor do ano e venceu ainda o prémio especial da crítica nos Prémios LER/Booktailors 2011. 


Ontem, ficamos a saber que o Ministério da Cultura francês a distinguiu com a condecoração da Ordem das Artes e das Letras, uma das mais altas distinções honoríficas da República Francesa.

A maioria dos portugueses não deverá sequer reconhecer o seu nome. Triste fado! E depois, é claro, este não é um caso isolado...

31.1.07

Mkt do livro #7

Em Portugal, o número de leitores é reduzido e as taxas de leitura e de compra de livros evoluiram muito lentamente na última década. Segundo dados de 2004 (Quantum/APEL), apenas 44% da população com idade compreendida entre os 15 e os 65 anos declara ser leitor de livros. O número médio de livros lidos por ano não chega aos 9.

Seria interessante centrarmo-nos no conjunto de livros mais vendidos, e aferir a correlação que existe entre o número de exemplares vendidos e o correspondente investimento em comunicação (melhor ainda, fazer uma análise qualitativa das diferentes estratégias de comunicação adoptadas, ponderando o target de cada livro).

29.1.07

Mkt do livro #6


A promoção dos livros via internet aumenta em larga escala. Este canal permite maior fluidez na troca de informações, pelo que os editores têm todo o interesse em fomentar, e também em auscultar, as conversas dos leitores e potenciais leitores internautas. Mais de 50% dos livros são comprados por conselho de familiares, amigos ou conhecidos, e agora, uma elevada parte desses influenciadores residem na net. Em 2004, segundo os dados do estudo que a APEL encomendou à Quantum, 25% dos leitores de livros - com internet em casa ou no trabalho, procuravam informações sobre livros na internet.

Atento a essa realidade, Javier Celaya, editor e responsável de comunição do Grupo DosDoce de Comunicación, criou uma revista on line que nació en marzo de 2004 con el propósito de convertirse en un nexo entre todos los profesionales del sector de la comunicación, ya sean periodistas, responsables de comunicación institucional y empresarial, y el público en general interesado en la interacción entre la comunicación, el arte y la literatura. (...) Durante sus dos primeros años la revista ha publicado más de 100 artículos de opinión sobre el impacto de la cultura de masas en la sociedad, la pérdida de credibilidad de los medios de comunicación, la responsabilidad social de las empresas y el impacto de las nuevas tecnologías en el sector cultural, entre otros. Por otra parte, ha elaborado cerca de 300 reseñas de libros de reciente publicación.(link)

Mais recentemente, constatando o papel cada vez mais importante da internet como canal de informação e opinião dos seus leitores, a DosDoce lançou o Buscador Cultural que rastreia os conteúdos de mais de 150 blogues e de outros media digitais que normalmente publicam crítica literária, assim como o Agregador Cultural, com 50 blogues culturais, e que visa facilitar a tarefa de gestão da informação aos editores.

Saímos definitivamente do modelo piramidal de produção de informação, em que as estratégias de comunicação editoriais assentavam na produção de informação dirigida aos media tradicionais (notas de imprensa, envio de exemplares, entrevistas), para um modelo que contempla a ampla participação dos leitores e potenciais leitores na formação de uma opinião sobre o livro. Toda a informação produzida pelo editor deve ter um formato digital que facilite a divulgação. Uma das consequências da Web 2.0, ou da possibilidade dos usuários da rede poderem criar conteúdos, é também esta: já obrigou as empresas a rever as suas estratégias de comunicação. Como/quem pode/deve orientar depois o utente da web, de forma a que ele não se perca na maré de informações, é outra questão.

27.1.07

Mkt do livro #4

A literatura não se confunde com os sinais exteriores de literatura. Um escritor não são "500 000 livros vendidos", "traduzido em mais de 20 línguas", ou "vai já na 7 edição".

Mas quantos livros não precisam de um sinal exterior apelativo para que mais leitores o descubram? A promoção dos bons livros é uma prioridade, e não pode ser exclusiva dos best sellers intraduzidos [intradução: importação literária sob a forma de tradução].

26.1.07

Mkt do livro #3

O posicionamento no mercado e a imagem do editor de livros são também condicionados por todo o mix do produto (preço, qualidade gráfica, etc.), circuitos de distribuição e comunicação.

Centro-me agora no domínio da comunicação. Temos assistido nos últimos tempos a algumas inovações. A massificação do acesso à internet gerou novas oportunidades. Os sites das editoras estão mais activos, e algumas (novas, independentes) passaram a usá-lo como canal privilegiado de vendas. A blogosfera, através da pré-publicação de obras - a estreia aconteceu via Abrupto, o Miniscente tem agora uma rubrica regular - participa também nessa mudança. Cada um de nós, bloggers, é ou pode ser, também, um novo agente cultural ao serviço do livro (com o interesse e os riscos todos que daí possam advir).

Mas as estratégias de comunicação são normalmente fracas e pouco originais. Procura fazer-se notícia das sessões de apresentação do livro, tarefa mais ou menos facilitada segundo o grau de notoriedade e imagem do autor, o seu capital social, ou seja, a estatuta mediática dos seus amigos, nomeadamente o apresentador da obra. Trabalha-se para e aguarda-se a saída das notas e críticas nos media, em particular na imprensa escrita. Multiplicam-se sessões de autógrafos. Pontualmente arrisca-se o investimento em publicidade directa. Mas sobretudo, diz-se, se o livro é bom, vende por si. O boca a orelha faz o sucesso. Depois, os prémios, a presença em feiras internacionais, enfim, a consagração.

Os preconceitos associados à promoção do livro são imensos. Um bom escritor não precisa de ir à televisão. Os escritores não fazem grandes audiências televisivas. Os escritores são uns chatos. Um livro não é uma mercadoria, pelo que um marketing agressivo pode até gerar um efeito perverso e "desqualificar" uma obra. Quem aposta no marketing não aposta na arte da escrita. O marketing é para a literatura light. São imensas as nossas verdades absolutas.

Em França, país onde vivi alguns anos, os escritores já consagrados, os novos escritores que são ou talvez venham a ser bons, eram presença constante nos écrans televisivos, eram convidados para programas que passavam no horário nobre. O lançamento de um livro era notícia e, se casos como o interesse suscitado por "A vida sexual de Catherine M." de Catherine Millet, não abonam a favor do critério, a verdade é que raramente assisti a debates sobre livros polémicos sem enquadramento da obra, ou sem uma contra-argumentação objectiva. O escândalo pelo escândalo, apoiado em fotos e breves citações, não servia editores de jornais.
Nas rentrées litteraires do Outono, em que, em média, mais de 500 livros são lançados todos os anos, editores e autores batem-se por um lugar de destaque nos media. O lançamento de um novo livro de Michel Houllebecq, um dos melhores escritores da actualidade, é sempre acompanhado de uma enorme (e distinta) polémica. No seu caso há quem fale de "marketing da abjecção". Mas não é preciso chegar a tanto. Os prémios literários e suas novelas são seguidos com expectativa, os media suscitam e jogam com o interesse do público.

Por cá, é o marasmo.

Sem complexos, sem medo de que a publicidade seja mais interessante do que o livro, eu gostaria de assistir a lançamentos mais criativos.

25.1.07

Mkt do livro #2

Talvez a edição-como-uma-arte implique, nos tempos que correm, conciliar o saber dos Gallimard ou Feltrinelli do século passado com o domínio da Teoria dos Jogos de John Forbes Nash. Como encontrar um ponto de equilíbrio em jogos de estratégias para múltiplos jogadores!

Mas não compliquemos. Fixemos o objectivo de um simples e sólido catálogo de autores em que se equilibrem as duas necessidades, qualidade-arte e sustentabilidade económica. E que o esforço diligente e minucioso de selecção de obras, apoiado num imenso sentido de missão, a que não pode deixar de se acrescentar uma distintiva qualidade, produzam um posicionamento diferenciado no mercado. Para sobreviver, o lema: unrest in peace. E o editor (os editores) seja premiado pelos leitores com a sua preferência. Isto é bom marketing. e não polui.

24.1.07

Mkt do livro #1

No campo da edição de livros, todas as abordagens reflectem, em maior ou menor grau, nunca em estado puro, estas duas posturas: a que encara o livro como uma forma de arte e a que trata o livro como uma mercadoria. A primeira anda moribunda devido à falta de sustentabilidade económica; a segunda, não é aconselhável que se desenvolva (ainda mais), sob pena de perdermos excelentes obras que nunca serão editadas dado o universo restrito de leitores a que se dirigem. Alguns editores queixam-se das novas regras editoriais (que nem são assim tão novas) e justificam a venda de best-sellers e livros mediáticos como um recurso que permite posteriormente a publicação de obras mais "arriscadas". Alguns destes editores fazem-no com desencanto e desilusão, outros apenas com pragmatismo. Mas tento resistir ao preconceito de ver o ideal da arte-pela-arte conspurcado ao mínimo sinal de edição-um-negócio.

O que gostaria era de ver as obras de Júlio Cortázar editadas, Os dados estão lançados de Jean-Paul Sartre, re-editado, e juntem a vossa à nossa voz, com as vossas caras e esquecidas jóias da coroa.

22.1.07

Duas perguntas para leitores e não-leitores atentos

Quando ouvem falar de "estratégias de marketing do livro" (não estou a falar de estratégias editoriais, que esse é um assunto mais abrangente), em que actividades ou agentes, nomeadamente em matéria de comunicação, pensam?
Recordam algum lançamento (de livro) em particular?

Não pensem muito, soltem o "top of mind", isto é, aquilo que vos ocorre de imediato.

13.12.06

BOCA

"O que é que se passa?
As palavras já não sabem a nada?
Já não há saliva?
Já não há música?
Já não há ouvidos?
Já não há o direito de pôr as palavras na BOCA antes de as meter na cabeça?"

Daniel Pennac
in Como um romance, Lisboa, Edições Asa, 2002