Hoje, no modo Florbela Espanca (1894-1930). O filme de Vicente Alves do Ó centra-se nos últimos cinco anos da vida da poetisa. É um fragmento ficcionado da vida de alguém que "que não sabe viver". Uma visão subjectiva e poética, que nos oferece uma Florbela que nos é familiar (mais do que esperávamos) e estranha (porque se "revelam" facetas de uma modernidade singular). Sobressai a vida pequeno-burguesa, laivos de uma época, as terríveis angústias existenciais, um amor ambíguo entre irmãos (um mito na sua biografia, quase irresistível não ir por aí). Deixou-se cair a ligação ao mundo real, a colaboração com jornais, a dificuldade para publicar, há apenas uma alusão às traduções que fazia... Mesmo a escrita é colocada em segundo plano, está lá mas como pano de fundo. Gostei dessa opção (não cairam no óbvio). Temos pois a mulher. Uma visão dessa mulher. Excelentes interpretações. Dalila do Carmo sem maniqueísmos, absolutamente terrena. Cenários sóbrios no fausto (a festa em Lisboa, chez Sophia de Arriaga) ou na simplicidade (Vila Viçosa). Adorei a banda sonora de Guga Bernardo! Parabéns ainda pela fotografia e direcção de arte! Desde a primeira cena entrei no filme! Nem o vislumbre do Visconde Lauro Antonio me resgatou ao real (já te disse, estás um charme!). Peguem no lencinho e entrem na sala. (Chorei q.b. mas dói sempre ver alguém quebrar as suas "lanças uma a uma"!)
4 comentários:
Excelente apreciação, penso o mesmo :)
Gostei muito desta Florbela e deste do Ó. Um pulo em relação a trabalhos anteriores, acho:)
Já o vi e não me desiludi em nada!
O argumento não é fantástico mas é um filme excelente em todas as outras áreas artísticas (fotografia, décor e figurinos, banda sonora,...) fazendo dele uma obra belíssima.
Agora ver o "tabu" já que gostei muito de "Aquele Mês de Agosto" e se aconselha não vou perder :)
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