28.4.12

Onde estavas quando criei o Mundo?

Preparem-se para este julgamento. Mal se sentam, sentem a exigência. Nem o Livro de Jó vos acudirá!


Uma mulher defende-se em tribunal, após ter despedido o seu advogado oficial, iniciando as suas alegações finais com o propósito de explicar o seu crime. Embora não seja claro de início as circunstâncias do crime pelo qual a mulher responde, ato mais hediondo não parece haver: a ré é acusada de filicídio. O que leva uma mãe a este ato extremo? E como explicá-lo? Com a progressão da peça, que se divide entre as últimas declarações da mãe/arguida para o tribunal e, em jeito de flashback, os momentos que antecederam o ato pelo qual está a responder, percebemos que a morte do filho poderá ter sido um ato de piedade devido ao sofrimento deste numa circunstância em que a eutanásia não é legal ou aceitável.

O público será colocado no papel tanto de juiz como de confessor, ao seguir o texto que pretende abordar as racionalizações por detrás de atos extremos e as suas apologias -- desde o livro de Jó e a historia de Isaac na Bíblia, aos fatores sociais e familiares que são comuns universalmente -- numa montanha russa de emoções misturadas com questões pertinentes sobre religião, matrimónio, maternidade, morte, desenvolvidas no tom ligeiramente esquizofrénico da personagem principal, entre o erudito e o popular.

de Artur Ribeiro
versão cénica e encenação João Mota
figurinos Carlos Paulo
desenho de luz José Carlos Nascimento
sonoplastia Hugo Franco
interpretação Manuela Couto
produção TNDM II
M/16

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