18.2.08

Correcção


"Permanentemente corrigimos e corrigimo-nos a nós próprios sem a mínima contemplação, porque a todo o momento reconhecemos que fizemos (escrevemos, pensámos, executámos) tudo errado, que agimos erradamente, que tudo era falso no nosso procedimento, de modo que tudo até este momento é uma falsificação, por isso corrigimos essa falsificação e corrigimos novamente a correcção dessa falsificação e corrigimos o resultado dessa correcção da correcção e assim por diante (...). Mas a verdadeira correcção vamos nós protelando, como outros a fizeram sem mais nem menos de um momento para o outro, penso eu, (...), a puderam fazer, quando eles próprios já não pensavam nisso, porque tinham medo, só de pensar nela, mas depois corrigiram-se."

in Correcção de Thomas Bernhard
Tradução de José António Palma Caetano
Ed. Fim de Século, 2007

Original: Korrektur, 1975

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