Há uma frase célebre que divide os artistas em duas categorias: os revolucionários e os decoradores. Digamos que escolhi o campo dos decoradores. Quer dizer, eu não tive propriamente escolha, foi o mundo que decidiu por mim.(...) Suponho que os revolucionários são aqueles que são capazes de assumir a brutalidade do mundo, e de lhe responder com uma brutalidade acrescida. Eu não tinha simplesmente essa coragem. Mas era ambicioso, e no fundo, é possível que os decoradores sejam mais ambiciosos que os revolucionários. Antes de Duchamp, o artista tinha como última meta propor uma visão do mundo que fosse ao mesmo tempo pessoal e exacta, isto é, mobilizadora; era já uma ambição enorme. Depois de Duchamp, o artista já não se contenta em apresentar uma visão do mundo, ele procura criar o seu próprio mundo; ele é muito exactamente o rival de Deus.
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