Hoje descobri um aviso vermelho e simpático dos CTT, a indicar-me que "eu não tinha respondido" quando tentaram entregar-me uma encomenda "às 15h40" (como se isso fosse uma hora em que alguém esteja em casa, num dia de semana).
(Aliás, consigo visualizar perfeitamente como se terá passado - um toque breve na campainha, o balão de pensamento do carteiro "já toquei, vamos lá escrever isto, que horas são, ok, toma lá o aviso, seguinte", e o abandono rápido e experiente da cena do crime, vamos lá que se faz tarde, encomenda seguinte, roda o disco e toca o mesmo)
Ao olhar com mais atenção, vejo que o aviso indicava que o último dia para ir levantar a encomenda era hoje - qualquer dia seria mau (travaille obligue), mas hoje era pior (mais mau?) - com uma reunião marcada para as 9h45, esta caça à encomenda (ao tesouro?) era tudo menos oportuna.
Uma observação ainda mais atenta do aviso releva-me que teria de fazer o levantamento nos correios de Santa Joana. Obviamente que eu não sabia (será que agora já sei) onde raio eram os correios de Santa Joana.
Podem imaginar o road-movie que foi o início do dia de hoje: olhe sabe-me dizer onde fica ?[...] passa por esta rotunda, em seguida vira ligeiramente para a sua esquerda [...] (mas aqui não posso virar à esquerda, é sentido proibido) [...] olhe sabe-me dizer onde fica ?[...] ah, mas eu não sou de cá [...] obrigada, na mesma [...] (ai as horas, onde é que eu ando?), etc.
Carros carregados com estrume, população envelhecida, cheiro a ervas do campo, uma ausência de ares condicionados, ruas impossivelmente estreitas com os dois (!) hipotéticos sentidos.
"Olhe, está ali a ver aquela pastelaria? É ali mesmo em frente."
E era: fila mais ou menos caótica, toda a gente com ar de quem trabalha no campo, a minha palidez contrastante a denunciar-me
(a senhora não é de cá pois não?)
uma funcionária com problemas de costas (contados para quem quiser ouvir, alto), o portugal profundo, listas telefónicas de outras eras e, essencialmente, moscas.
Encomenda na mão; e agora, como sair dali? Caminho inverso, claro. Mas um sinal de sentido proibido, a rir-se na minha cara, disse-me "era doce não era?". Fui descobrir a relva - não, o pasto...
Vinte minutos às voltas até aparecer a primeira placa familiar: "Estádio de Aveiro". Desemboquei na IC, mas agora no sentido Sul - Norte. Sair, passar ao sentido Norte-Sul, com a encomenda na minha posse, qual tesouro do Indiana Jones.
Hoje descobri o pasto.
(Aliás, consigo visualizar perfeitamente como se terá passado - um toque breve na campainha, o balão de pensamento do carteiro "já toquei, vamos lá escrever isto, que horas são, ok, toma lá o aviso, seguinte", e o abandono rápido e experiente da cena do crime, vamos lá que se faz tarde, encomenda seguinte, roda o disco e toca o mesmo)
Ao olhar com mais atenção, vejo que o aviso indicava que o último dia para ir levantar a encomenda era hoje - qualquer dia seria mau (travaille obligue), mas hoje era pior (mais mau?) - com uma reunião marcada para as 9h45, esta caça à encomenda (ao tesouro?) era tudo menos oportuna.
Uma observação ainda mais atenta do aviso releva-me que teria de fazer o levantamento nos correios de Santa Joana. Obviamente que eu não sabia (será que agora já sei) onde raio eram os correios de Santa Joana.
Podem imaginar o road-movie que foi o início do dia de hoje: olhe sabe-me dizer onde fica ?[...] passa por esta rotunda, em seguida vira ligeiramente para a sua esquerda [...] (mas aqui não posso virar à esquerda, é sentido proibido) [...] olhe sabe-me dizer onde fica ?[...] ah, mas eu não sou de cá [...] obrigada, na mesma [...] (ai as horas, onde é que eu ando?), etc.
Carros carregados com estrume, população envelhecida, cheiro a ervas do campo, uma ausência de ares condicionados, ruas impossivelmente estreitas com os dois (!) hipotéticos sentidos.
"Olhe, está ali a ver aquela pastelaria? É ali mesmo em frente."
E era: fila mais ou menos caótica, toda a gente com ar de quem trabalha no campo, a minha palidez contrastante a denunciar-me
(a senhora não é de cá pois não?)
uma funcionária com problemas de costas (contados para quem quiser ouvir, alto), o portugal profundo, listas telefónicas de outras eras e, essencialmente, moscas.
Encomenda na mão; e agora, como sair dali? Caminho inverso, claro. Mas um sinal de sentido proibido, a rir-se na minha cara, disse-me "era doce não era?". Fui descobrir a relva - não, o pasto...
Vinte minutos às voltas até aparecer a primeira placa familiar: "Estádio de Aveiro". Desemboquei na IC, mas agora no sentido Sul - Norte. Sair, passar ao sentido Norte-Sul, com a encomenda na minha posse, qual tesouro do Indiana Jones.
Hoje descobri o pasto.
Sem comentários:
Enviar um comentário