Não, não me parece que tenha sido captada numa tourada. Mas cada um oferece a sua paixão. que a minha não é de festa brava. mas de palavras como estas. Quando esta canção foi composta Portugal e o Brasil permaneciam carentes de Primavera.
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro 
as feras. 
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano 
só nos podem causar dano 
espera.
Entram guizos chocas e capotes 
e mantilhas pretas 
entram espadas chifres e derrotes 
e alguns poetas 
entram bravos cravos e dichotes 
porque tudo o mais
são tretas. 
Entram vacas depois dos forcados 
que não pegam nada. 
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada 
e só ficam os peões de brega 
cuja profissão não pega. 
Com bandarilhas de esperança 
afugentamos a fera 
estamos na praça da Primavera. 
Nós vamos pegar o mundo 
pelos cornos da desgraça 
e fazermos da tristeza graça. 
Entram velhas doidas e turistas 
entram excursões 
entram benefícios e cronistas 
entram aldrabões 
entram marialvas e coristas 
entram galifões de crista. 
Entram cavaleiros à garupa 
do seu heroísmo 
entra aquela música maluca 
do passodoblismo 
entra a aficionada e a caduca 
mais o snobismo e cismo... 
Entram empresários moralistas 
entram frustrações 
entram antiquários e fadistas 
e contradições 
e entra muito dólar muita gente 
que dá lucro aos milhões. 
E diz o inteligente 
que acabaram as canções. 
[Música: Fernando Tordo (composta em 1972); Letra: Ary dos Santos]

2 comentários:
primavera. é precisamente o que estamos à espera. mas tenho a impressão que vai ser um longo inverno.
pois, eu também! e cheio de máscaras (e já passou o carnaval!)
Enviar um comentário