30.7.12

"Você é feliz?" [Cinema-verité]

Sai documento histórico. Crónica de um Verão (1961) de Edgar Morin & Jean Rouch.

Observação: para assistir com LEGENDA em PORTUGUÊS, active LEGENDA "cc" no canto inferior direito do vídeo.



«Il y a deux façons de concevoir le cinéma du réel : la première est de prétendre donner à voir le réel ; la seconde est de se poser le problème du réel. De même, il y avait deux façons de concevoir le cinéma-vérité. La première était de prétendre apporter la vérité. La seconde était de se poser le problème de la vérité
Edgar Morin

Espectáculo de Luis Pastor/FARAV

Ontem, no palco da FARAV, Luis Pastor! Por gentileza e vontade de partilhar alegria, à festa juntaram-se alguns músicos que tinham estado no Tom de Festa, evento organizado pela ACERT Tondela: Lourdes Guerra, Uxía Senlle e a Zeca Medeiros! ...Parabéns ao Rui Oliveira pela interpretação fabulosa de uma canção de Zeca Afonso, fonte de inspiração de todos os músicos presentes.

Pena que a divulgação do evento não tenha estado à altura dos artistas convidados. A CMA, sempre, a fazer o esforço mínimo... Sorte a de quem por lá passou! A noite estava fria mas tornou-se mágica!

22.7.12

Isn't it a Pity



Isn't it a pity
you don't know what i'm talking about yet
but i will tell you soon
it's a pity

isn't it a pity
isn't it a shame
yes, how we break each other's hearts
and cause each other pain

how we take each other's love
without thinking anymore
forgetting to give back
forgetting to remember
just forgetting and no thank you
isn't it a pity

some things take so long
but how do i explain
why not too many people can see
that we are all just the same
we're all guilty

because of all the tears
our eyes just can't hope to see
but i don't think it's applicable to me
the beauty that surrounds them
child, isn't it a pity

how we break each other's hearts
and cause each other pain
how we take each other's love
the most precious thing
without thinking anymore

forgetting to give back
forgetting to keep open our door
isn't it a pity
isn't it a pity

some things take so long
but how do i explain
isn't it a pity
why not too many people
can see we're all the same

because we cry so much
our eyes can't, can't hope to see
that's not quite true
the beauty that surrounds them
maybe that's why we cry
God, isn't it a pity

Lord knows it's a pity
mankind has been so programmed
that they don't care about nothin'
that has to do with care
c-a-r-e

how we take each other's love
the most precious thing
without thinking anymore
forgetting to give back
forgetting to keep open the door

but i understand some things take so long
but how do i explain
why not too many people
can see we're just the same

and because of all their tears
their eyes can't hope to see
the beauty that surrounds them
God, isn't it a pity
the beauty that surrounds them
it's a pity

we take each other's love
just take it for granted
without thinking anymore
we give each other pain
and we shut every door

we take each other's minds
and we're capable of take each other's souls
we do it every day
just to reach some financial goal
Lord, isn't it a pity, my God
isn't it a pity, my God
and so unnecessary

just a little time, a little care
a little note written in the air
just the little thank you
we just forget to give back
cause we're moving too fast
moving too fast
forgetting to give back

but some things take so long
and i cannot explain
the beauty that surrounds us
and we don't see it
we think things are just the same
we've been programmed that way

isn't it a pity
if you want to feel sorry
isn't it a pity
isn't it a pity
the beauty sets the beauty that surrounds us
because of all our tears
our eyes can't hope to see

maybe one day at least i'll see me
and just concentrate on givin', givin', givin', givin'
and till that day
mankind don't stand a chance
don't know nothin' about romance
everything is plastic
isn't it a pity
my God.

Canção Da Manhã Feliz

Canção Da Manhã Feliz - Miltinho e Nana Caymmi.

Óculos de sol

Natércia Barreto - Óculos de Sol e Primavera do Amor

21.7.12

Eu ontem vi-te...


Eu ontem vi-te...
Andava a luz
Do teu olhar,
Que me seduz
A divagar
Em torno a mim.
E então pedi-te,
Não que me olhasses,
Mas que afastasses,
Um poucochinho,
Do meu caminho,
Um tal fulgor
De medo, amor,
Que me cegasse,
Me deslumbrasse
Fulgor assim.
 
Ângelo de Lima (1872-1921)

Nunca é Tarde Para Se Ter Uma infância Feliz


Álbum - O Lado errado da noite
Ano - 1985

A gente já não sabe o que há-de fazer com a lua
gerou-se um curto-circuito no canal telepático
e a caverna clandestina por detrás da cascata
onde os amantes se entregavam à eternidade
hoje não passa dum moderno armazém de sucata

Existem mil produtos para encher o vazio
criámos computadores para ampliar a memória
e todos nós temos disfarces para aumentar a confusão
só não sabemos como fazer o amor durar
o grande enigma continua a dar-nos cabo do curação

"Olá, a que horas parte o teu comboio?
O meu é às cinco e trinta e três
Aida falta um bocado,

Queres contar-me a tua història?
Espera, deixa-me adivinhar,
vais recomeçar noutro lado...
Trazes escrito na bagagem
que a coisa aqui não deu...
Quanto a mim, também me sinto um pouco
desenraízado...

Também o amor se adapta às leis da economia
investe-se a curto prazo e reduz-se a energia
e quando o barco vai ao fundo ninguèm quer ser culpado
mas nunca é tarde para se ter uma infância feliz
o cavaleiro solitário ainda sonha acordado

20.7.12

Corta-fogo


"O fumo ainda não desapareceu e não vai desaparecer nunca. É certo que tudo renasce. As roupas, o tecido dos bancos do automóvel, o meu cabelo: tudo cheira ainda a fumo, tudo é fumo. Se há memória que sobreviva ao fogo é o cheiro denso e negro do fumo transformado em cinzas.(...)

Vi como uma casa inteira desaparece e passados dias o chão ainda arde. Ouvi as lágrimas de quem tudo perdeu. Acompanhei corporações de bombeiros que já não viam a família há mais de duas semanas, alguns há um mês. Compreendi a necessidade de descanso quando vi bombeiros a dormir em cantos impróprios para o sono. Fui expulso de uma pequena localidade por fotografar, o medo sempre fez sobressair o melhor ou o pior de todos nós. Quando foi necessário pousei a câmara e ajudei com o que pude no combate às chamas. Recusei-me sempre a pensar que tudo aquilo não me pertencia, recusei-me sempre a ser espectador nos momentos mais críticos. Teria sido um erro enorme não pensar que eu não fazia parte dos acontecimentos. (...)"


Nelson D'aires, vencedor do Prémio FNAC de fotografia "Novos Talentos" 2006, com uma série de fotos (ou só esta?) sobre um terrível incêndio na Pampilhosa em 2005.

O horror, sempre. Nesta foto, a perda de tudo.

Doroteia

Henk Braam,Tsunami,Sri Lanka

O Sol oprime a cidade com a sua terrível luz a prumo; a areia deslumbra e o mar resplende.
in Charles Baudelaire, O Spleen de Paris, XXV A Bela Doroteia


Apetece-me entorpecer, dormir a sesta. ou nada disso, e caminhar numa rua desta cidade ofuscante, assim muito segura no meu vestido quase transparente, que vai permanecer cristalino e engomado, sobre uma pele que se mantém serena e perfumada, sentindo o calor mas fazendo de conta que não. Fazendo de conta que me dirijo a um lugar determinado, ali ao pé da praia, naquela esquina entre os Correios e o café que está sempre cheio à noitinha, não agora. porque agora todos dormem a sesta no fresco dos quartos ou sobre a areia escaldante. Menos tu. que caminhas por outra rua desta cidade ofuscante, assim muito seguro nas tuas vestes de linho azul claro, que vão permanecer incólumes ao respirar da tua pele sob o céu da mesma cor. E debaixo desse céu, ouvindo o marulhar do mar, cruzamo-nos por acaso se o acaso existir, e paramos. E então eu abro a minha sombrinha e coamos a luz daquele lugar, ficando os dois pintados de reflexos sanguíneos. Por cada dez inspirações profundas, a brisa vai varrer-nos a compostura. O vestido esvoaça, os corpos estremecem, a cidade avança no tempo. mas nós prolongamos a admiração. e sem pressa aguardamos a maturidade. Um dia, a roupa vai ficar manchada. e há-de ser bom.

ou não. podemos ser surpreendidos por um tsunami. despedaçado pelo tempo, embriagas-te. com vinho, palavras, premências de prazer e depois depois depois. depois sentimos um tremendo fardo. e uma vaga surge do que parece nada e leva-te. e eu aninho-me na linha da rebentação com a minha sombrinha. e espero por ti para sempre.

ou alguém bate à porta e percebo que a cidade despertou.

MRF
2005

Antes que adormeça


Antes que adormeça quero dizer-te coisa.

Sabes, meu amor, andei muito tempo sozinha contigo.

Aconteceu-me falar-te e tu me responderes
sem que eu te visse,
mas sentindo os teus dedos cingindos nos meus.
E quando pressentia que estavas a sorrir ou que o poderias fazer
sorria também, para te fazer feliz.
Houve momentos em que a saudade foi maior do que eu.
Talvez me tenhas ouvido cantar what a wonderful world,
ne me quitte pas ou a canção de dalila. queria acordar-te.
E então não resistias a envolver-me com ternura e
o teu odor inundava o meu quarto.
Hoje vão descobrir-me agarrada ao tronco de uma árvore
e alguns dirão que enlouqueci
mas quero morrer nos braços de um ser vivo.


Logo depois de adormecer,
aparece e leva-me contigo.
 
MRF
2005