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2.6.12

Crónica de um mega-problema anunciado

O último diálogo da rainha com Tony Blair no filme The Queen (Stephen Frears, 2006) é sobre educação. Eles conversam enquanto passeiam pelos jardins do palácio. A câmara vai fazendo um plano cada vez mais alargado enquanto Blair comunica a sua Majestade que os mega-agrupamentos estão fora de moda e que vai re-introduzir o conceito da escola de proximidade. Like in old times.

Também nós voltaremos a esse conceito. Com décadas de atraso, como sempre. Até lá, vai haver tempo para concluir da dificuldade de gerir espaços com milhares de alunos de diferentes idades (e várias dezenas/centenas de professores), do agravamento das relações professor/aluno, do aumento do insucesso escolar, da multiplicação dos casos de bulling, enfim, mais stress, stress, stress para toda a população escolar. Vamos ter mais tecnologia e menos afecto, quadros multimedia e assaltos aos cacifos, vigilância sempre insuficiente (nunca houve dinheiro para recrutar "assistentes operacionais" à medida das necessidades de cada escola, e muito menos para os formar), bandos em vez de grupos, e a lei do mais forte a prevalecer.

Tudo isto num contexto em que as crianças com necessidades especiais têm cada vez menos apoio pedagógico (neste país, não existem outros apoios)(neste país, os Agrupamentos podem ter 3000 alunos e um psicólogo).
stop. Rejeito o conceito da fábrica-escola para optimização dos recursos. Valham-nos os professores com vocação.

[Imagem: Paula Rego. Sem título. 1985. Tinta-da-china sobre papel. 34,5 x 25,5 cm]

25.4.12

Querer é poder

Querer é poder
...é o que dizem. não sei o que não fiz não fizemos. talvez estejam suspensos: os desejos. e há desejos que devem ficar assim. outros não. como estes, que agora vocifero. a ver se acontecem: quero que este país -que-não-é-uma
-democracia-porque-não-há-democracias (já dizia o Alain Tourraine) se aproxime mais do modelo democrático. porque o que existe são sociedades-que-aspiram-à-democracia e esse foi o direito que conquistámos em 1974, o direito a lutar por esse modelo, a obrigação de criar as bases que sustentem e desenvolvam um Estado e uma forma de estar que nos aproxime do modelo. que a democracia não é tesouro que se guarde em caixas. é uma ideia que se defende com ações. a assembleia da república como casa símbolo é frágil: é uma gaiola: sem corpo, as ideias entram e saiem por entre as grades. às vezes, a democracia foge e não a apanham. e então respira-se mal lá dentro.

é o dia. podem acrescentar os vossos desejos. da unanimidade de uns far-se-á força. da originalidade de outros, publicidade. dois bons meios para se chegar lá. às vezes.

[Imagem: Paula Rego]

4.2.06

Contos de encantar ou de arrepiar

Paula Rego


... contos para crianças mas também para adultos. sérios ou a-brincar. revestidos de lendas ou de terra- a terra. como um novelo que se recupera e desvela depois da escrita e da pose erudita os ter quase extinguido. histórias com voz que agora voltam. para serem ouvidas e recontadas e acrescentadas da arte de saber contar. e são cada vez mais os contadores de histórias profissionais. que nos embalam a infância, que nos embalam como na infância. neste site ficamos a saber onde se escondem ou revelam: ouvirecontar.info inclui uma agenda que se pretende exaustiva dos lugares e encontros com contos.
na blogosfera, o fenómeno também já tem pontos de encontro. conhecem o tricontando?

7.12.05

Por que somos portugueses?


Paula Rego

Por que somos portugueses? Ela pergunta.

Pode ser difícil definir, mas bastou-me entrar num avião, pela primeira vez sem bilhete de volta, apenas ida, para perceber como sou portuguesa. Juro-vos que "vestia" de luto e esperava que todos partilhassem comigo essa estranha dor. As ondas devolveram-me mais cedo do que esperava à Pátria (afinal tão) amada. Mas, desses anos vividos à distância, ficaram muitas certezas: sou muito mais portuguesa do que imaginava; é um desespero ser portuguesa. Vamos por partes.

Convém explicar-vos que nasci em Angola mas que vivi apenas os primeiros seis anos da minha vida nesse país. No entanto, à força de me ouvir dizer «Dundo-Chitato-Portugália», uma espécie de música exótica inscrita no local de nascimento do meu primeiro passaporte, essa origem acabou por me invadir também. Caetano canta a propósito de outras essências o que eu sinto por Angola e África, é qualquer coisa que por dentro mexe. Quando me vêem dançar, os amigos dizem pois, que ela é africana. e eu acredito. Acredito que os ritmos que ouvi nessa primeira infância estejam cá dentro. como outras coisas que cá dentro mexem quando agora adulta viajo até esse Continente.
Mas lá sou portuguesa ou já sou mais portuguesa que angolana. Faltam-me códigos, linguajares, mitos, vivências e a colagem da História de um país à minha própria história. Essa colagem aconteceu aqui. no Puto. o país onde memória e consciência amadureceram.

Mas voltemos a essa viagem de avião, ou ao novo destino que me esperava. Aterrei num país com maior grau de desenvolvimento (conceito de difícil definição, por melhores que sejam os indicadores socio-económicos).
Sabia e confirmei. Não ouvia a minha língua. Nunca acordava com a minha luz. Ninguém abria as janelas demanhã para deixar entrar o ar ou para sacudir tapetes. Concluí cedo que língua, luz e comportamentos do quotidiano são os principais factores de identidade nacional. e que seria sempre um estrangeiro nesse meu novo país. Mas estas são as nossas coisas íntimas a afastar-nos dos outros. Depois existe o que pode afastar o outro de nós. Dizer Portugal pode afastar. No estrangeiro é mais fácil ler nos olhos dos outros o que é ser português. Percebemos como o olhar de curiosidade face ao "estrangeiro" se transforma em esgar de irmandade ou desprezo, de admiração ou pesar, de confiança ou temor. A sul do Equador, à conta da História, todos esses sentimentos são possíveis. A Norte, prevalece a brandura. O imigrante português é o mais bem integrado na sociedade francesa, li. Deixa cair a língua de origem, em casa fala frequentemente em francês, sobretudo se tem filhos, professa a mesma religião, é um bom trabalhador. A brandura dos nossos comportamentos..., que gera nos outros brando respeito, brando desprezo, brando pesar. Variantes de um enorme desconhecimento. Concluí que ser português é também sentir um brando orgulho de ser português. e isso nunca soube aceitar.
Como pode não existir uma escola ou liceu português numa metrópole que concentra mais de um milhão de portugueses? Como é possível ser tão difícil encontrar escritores portugueses traduzidos, ainda mais no ano em que o Nobel da Literatura foi atribuído a um português? Como aceitar que nenhuma marca portuguesa seja comercializada em estabelecimentos comerciais (para além das ditas típicas «mercearias portuguesas»)? O que sentir face à absoluta ausência de menções ao nosso país em qualquer jornal ou emissão televisiva (a não ser para falar de uma ponte que ruiu, de incêndios que alastram ou de escândalos casapianos!)?

Não censuro o olhar do outro. Censuro o que é «meu». Para quem está longe, olhando o país através das emissões televisivas "internacionais", ser português é gostar de fado, de Fátima e de futebol. Os três «f» ainda, para glorificar e perdoar a miséria. Por acaso, para quem cá vive, às vezes também parece que é assim. Mas só parece.
Aqui, no rectângulo, já sabemos que somos mais do que isso. Este quadro da Paula Rego é apenas um espelho do passado. mesmo que sejam muitos os tempos da nossa época. Agora, somos os que estão no meio do globo, na confluência. da História e ventos do Sul com a História e ventos do Norte. Entre o passado e o futuro. E por isso somos únicos.

Será assim tão difícil inverter as correntes? Aceitarmos "aculturar-nos" pelos povos que falam a nossa língua e, ao mesmo tempo, entrar sem brandura nos centros que nos vêem como periferia. num movimento que reforce a lusografia, a cultura e a economia. Para que a teórica unicidade ("fractal") dentro das várias Comunidades nos sirva para alguma coisa...


P.S.: dou-me conta de que, mais do que a viver no passado ou projectando um prodigioso futuro, somos (apenas) aqueles que estão sempre à espera que o presente passe depressa.

29.11.05

Quereres que hão-de ser poderes

Paula Rego

Querer é poder
...é o que dizem. não sei o que não fiz para acontecerem. talvez estejam suspensos. e há desejos que devem ficar assim. outros não. como estes, que agora vocifero. a ver se acontecem.
claro, podem acrescentar os vossos. da unanimidade de uns far-se-á força. da originalidade de outros, publicidade. dois bons meios para se chegar lá. às vezes.


Quero:
  • ser rica sem precisar de trabalhar. melhor: fazendo apenas o que me der prazer
  • emagrecer sem fazer dieta
  • ter filhos que nunca me darão preocupações
  • nadar sem quebrar a água (esta não é para perceberem)
  • comer bem sem cozinhar
  • pelo menos um banho de espuma semanal e que todos cheirem bem, mesmo sem se lavarem (isto é mesmo um blog de gaija :))
  • ...
  • ...(continua noutro dia ou hoje, com as vossas sugestões. sabendo que paz no mundo e melhores políticos e gestores são desejos para blogs de gaijos)

9.10.05

Dias assim


Paula Rego


Há dias assim, em que começamos por acreditar em tudo e acabamos sem razões para acreditar em nada, mas festejamos na mesma.

Ontem, por exemplo, porque devia meditar, peguei no meu (livro-)cd do Brian L. Weiss há muito esquecido e num momento raro de fim de semana, peguei na minha solidão procurada, encontrei a posição horizontal mais confortável e comecei a ouvir: comece por se concentrar na sua respiração... inspire fundo... descontraia os músculos e sinta-se a mergulhar cada vez mais fundo... a seguir visualize uma luz a entrar pelo cimo da sua cabeça e a começar a espalhar-se suavemente pelo seu corpo...escolha a sua cor preferida... cinco quatro três... entre no espelho...sinta a força que o puxa... dois... está quase do outro lado... um... já está!

Este é um cd de regressão (quem quiser saber mais, faça uma pequena pesquisa) mas adormeci tão profundamente que nem me lembro do que sonhei, se sonhei.... e acordei já com a família toda à minha volta, muito agitada, ... pelo que ficou para a próxima a descoberta de uma outra vida passada.

À noite, assisti ao jogo da Selecção Nacional. Como todos sabem, a equipa ganhou mas jogou muito mal. Depois tive que suportar os adeptos felizes que buzinavam e cantavam e abanavam as bandeiras ao pé de minha casa, sem perceber muito bem aquela felicidade porque a ver pelo jogo, se continuar a jogar assim, a Selecção não chega a lado nenhum. E nós ainda lhes pagamos umas viagens e umas orgias! (sim, sou injusta!)

Hoje tenho que votar mas, como muitos, não sinto nenhuma vontade. Sei que vou acompanhar a noite eleitoral na TV e que vou correr todos os canais, porque é o que faço sempre. Gosto de assistir ao apuramento gradual dos resultados (quase lamento a rapidez com que se chega agora aos resultados finais). Mas na verdade o que vou ver é uma espécie de festival de cinema animado com personagens conhecidos há várias gerações (apesar destes nem sempre unirem os membros da família) e heróis que "morrem" num episódio mas aparecem cheios de saúde no episódio seguinte. Se a Fátima Felgueiras, o Avelino, o Isaltino e o Valentim ganharem as eleições - ou tiverem votações massivas - como indicam as sondagens - eles serão verdadeiros super-heróis! Nunca numas Autárquicas os absurdos possíveis numa democracia serão tão óbvios! Não obstante, sei que vou ter que aturar as mesmas buzinadelas e canções e bandeiras! E a estes pagaremos muito mais do que umas viagens e algum deboche!

Há dias assim, em que começamos por acreditar em tudo e acabamos sem razões para acreditar em nada, mas festejamos na mesma. 8 e 9 de Outubro ficam registados.

26.1.05

Nível 1


Paula Rego

Estou assim...

Nível 2


Paula Rego

Se não comentam, dizem mal, enfim, qualquer feed-backzinho, passo-me. Vou ali e desfaço a cama!
Sabiam que em Serralves era permitido tirar fotografias aos quadros?