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10.12.08

Espessura. ou linguagem nenhuma


Ponta Delgada e Lisboa
Fotos MRF


Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

Alberto Caeiro

9.12.08

À flor da terra




"As águas frias misturam-se às águas quentes, à flor da terra ou por subterrâneos..."

Raul Brandão, Ilhas Desconhecidas (1926)


Furnas, Parque Terra Nostra
Fotos MRF

6.12.08

Tronco ou ramo

Fui rocha, em tempo, e fui, no mundo antigo,
Tronco ou ramo na incógnita floresta...
Onde espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo
E aspiro unicamente à liberdade


Antero de Quental




Ponta Delgada
Fotos MRF

2.12.08

de Dezembro

Ponta Delgada
Foto MRF


Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
- flor do cotidiano -
é vôo de um pássaro
é uma canção.

Carlos Drummond de Andrade
Poemas de Dezembro [este, é de Dezembro de 1968]