28.10.06

Isto não é ambiente! #1

Andei por aqui e por vezes alguém dizia que o filme ou documentário apresentado não era sobre ambiente. Continuamos a associar a questão ambiental a meia dúzia de tópicos. e não pode ser!

Os quatro elementos, água, terra, ar e fogo, para cada um, uma música sublime, composta por Joaquim Pavão, e uma alusão aos fenómenos básicos naturais sobre o qual teorizaram os filósofos da antiguidade.


Charles Jencks e o seu jardim (privado) de especulação cósmica. o jardim como um espaço de jogo, perfeito para especular sobre o universo. formas de ondas no jardim, porque no princípio de todas as construções existe uma muitas ondas. water waves, air waves, wind waves, sound waves organizam a terra. brincar: cartoon gardening, rail gardening. de um espaço para o outro, saltamos. como se pulássemos de universo em universo. às vezes, esgota-se o tempo de um espaço. na água, reflexos, que parecem partículas esculpidas. de movimento. não podemos esquecer: a beleza do universo. no jardim, várias metáforas que contam uma parte da verdade. para onde caminha o universo? o homem é o único que muda as leis da natureza, o homem é o único que destrói a natureza. a natureza não faria isso. se o homem não fizesse parte da natureza. a ciência é a parte humana que compreende melhor a natureza. ciência e natureza, ao mesmo nível, pela sapiência. sem esquecer a nota realista: jardinar acentua o espírito, mas não o muda. uma má pessoa num jardim não sai de lá melhor.



Casais de Folgosinho, que nem sequer é um lugar, é uma extensão de terra, um vale entre as montanhas da Serra da Estrela. Casais de Folgosinho era todo o mundo de Grazina, o pastor mais velho do vale, que guardava e ordenhava 80 ovelhas duas vezes por dia. é todo o mundo de Maria do Espírito Santo que vive só há mais de vinte anos, nos mais de 80 anos de vida que já conta, mas que não a impedem de continuar a correr atrás das 3 cabras que possui. Casais de Folgosinho é onde fica a casa sem luz eléctrica ou água canalizada de Hermínio, o pastor mais jovem, que ainda não tem 30 anos, e que guarda mais de 100 animais, enquanto ouve as cantigas de Quim Barreiros e sonha com companhia. Rosa e Zé são as únicas crianças do vale, filhos do pastor Manuel Pita, e já só o Zé vai à escola que a Rosa já tem a lida da casa, a apanha da batata ou a ordenha, apesar de conservar o sorriso gaiato. Um documento magnífico sobre os sobreviventes de um lugar que vai deixar de existir. para reflectirmos: como repovoar estes lugares perdidos da Terra, mantendo-os virgens de tecnologias e poluições? como preservar actividades "arcaicas", como o pastoreio, sem escravizar os homens a jornadas e condições de trabalho demasiado árduas? ainda há pastores ou uma utopia.

Ainda há pastores?

(Continua)

1 comentário:

Bandida disse...

uma muito interessante questão!




Gostei!



Abraço!
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