
O Público coloca uma boa questão agora que se aproximam as Eleições Autárquicas. O artigo centra-se nos aspectos jurídicos, nomeadamente a "inconstitucionalidade que tem sido apontada à aplicação da inelegibilidade como sanção acessória da condenação criminal". Mas o que ninguém compreende é o sentido do voto e as sucessivas reeleições. Valentim Loureiro, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Ferreira Torres são os casos mais mediáticos. São uma espécie de nódoa da Nação... para quem não vota nos concelhos onde exercem ou exerceram o cargo de Presidente da Câmara. De resto, é fácil ouvir o mais honesto cidadão referir que "tudo mudou" com aquele autarca! Uma professora do 1º ciclo de Gondomar dizia-me que o Valentim resolvia tudo! Por lá, os alunos do 4º ano têm direito a uma viagem de avião a Lisboa... porque o sr. presidente acha que é essencial a experiência. Se lermos os comentários a este artigo no Público encontramos imensos defensores de Isaltino. Escolhi apenas um: «Nunca tinha visto os Oeirenses tão unidos em volta de uma causa! Também estou convosco! Por um bom futuro em Oeiras! Isaltino Morais!». Só posso concluir que o país é tão pobre que não desdenha esmola alguma, venha ela de onde vier! Pequenos detalhes são logo esquecidos. O sobrinho de Isaltino está na Suiça e que continue por lá! A senhora que personifica o milagre de Fátima e o D. Sebastião da terra (homónima) é uma heroína por ter protagonizado a fuga espectacular para o Brasil. Valentim..., enfim, se não tivesse saído do Conselho de Administração da Metro do Porto, já os gondomarenses teriam metro há muito tempo! É por isso que, no dia das eleições, «muita gente vai dizer “pois é, mas em Gondomar os gondomarenses continuam a mandar"».
Portanto, eu não concordo, mas compreendo. Antes corrupto e empreendedor que honesto e incompetente, que a gente quer é progresso!
Agora, quando um candidato a arguido e também candidato a uma reeleição numa autarquia, apresenta no rol de obras feitas itens como "Recebemos a Volta a Portugal em Bicicleta", que razões existem para votar nele? Só se for pela qualidade do jingle da campanha!
Portanto, eu não concordo, mas compreendo. Antes corrupto e empreendedor que honesto e incompetente, que a gente quer é progresso!
Agora, quando um candidato a arguido e também candidato a uma reeleição numa autarquia, apresenta no rol de obras feitas itens como "Recebemos a Volta a Portugal em Bicicleta", que razões existem para votar nele? Só se for pela qualidade do jingle da campanha!
[Imagem: Mário Vitória. Destruição da harmonia aparente. Acrílico s/ tela. 32x68 cm. 2008]