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21.4.09
4.2.09
Grelha de análise (6)

Obra: «O INCESTO», MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO, 1912
in Princípio e Outros Contos
Ed: Publicações Europa-América, Lisboa, 1985
Tema: «PRÁTICAS LUXURIOSAS»
- Mas não o tinha amado a Júlia? (...)
No leito vasto de pau-santo, profundo como um túmulo, muitas vezes tivera medo da grande serpente amorosa que o mordia, que o feria nas carícias brutais da sua boca escaldante, nas convulsões despedaçadoras de todo o seu corpo nu!... E era ela...ela...ela mesma, a bêbeda de luxúria que alta noite lhe uivava de amor; era ela, a amante, a amiga e a mãe – ah! e a mãe! - que assim procedia, que fugia, cadela aluada atrás de outro cão... atrás de uma matilha inteira!...
Safada! Safada!
p. 212
Quando voltara a Paris, ia nos 16 anos; a sua carne despertava para o amor. O que o maravilhara, então, tinham sido as mulheres esplêndidas que via nos teatros, cobertas de jóias, amplamente decotadas; (...) Com que prazer infinito não misturaria o seu corpo todo nu aos corpos despidos dessas criaturas de sonho... E, mesmo, que horas inefáveis não passaria com uma dessas raparigas tão galantes que, à noite, circulavam em chusma pelos boulevards... O sabor estranho que haviam de ter os beijos daqueles lábios pintados, as carícias daqueles seios agudos tremendo mal escondidos, perturbadores... Puro ainda, sabia fantasiar, no entanto, todas as volúpias, todos os êxtases...
pp. 249-250
E a noite de núpcias, a terrível noite?... AH! Com que prazer feroz ele estreitara, ele possuíra, esse corpo admirável, quente e amoroso... como beijara essa boca sadia, vermelha e húmida... como mordera aqueles seios louros, de pontas trigueiras e ácidas!
p. 262
No grande leito de pau-santo, profundo como um túmulo, havia agora as mesmas lutas, havia os mesmos espasmos, os mesmos abraços doidos dos tempos da amante fulva. Natureza sensual, viciosa quase, Magda de bom grado se prestava a todas as fantasias do marido, lhe correspondia aos beijos brutais, se contorcia em violentos êxtases. Mas em certas noites, era tal a ânsia com que Luís se precipitava sobre a sua carne nua, que ela chegava a ter-lhe medo, receando, verdadeiramente receando, que as suas mãos ávidas se lhe colassem à garganta num círculo férreo, estrangulador. Porém, (...) o seu prazer aumentava, era mais completo e inebriante por se lhe misturar o terror.
pp. 262-263
Uma vez tentou negar-se ao marido. Este, percebendo-lhe as intenções, agarrara-a pelos pulsos, torcera-lhos brutalmente e esmagara-lhe os lábios com um beijo tão frenético, tão delicioso, que no mesmo instante ela tombara vencida, enrodilhada debaixo dele. (...) ah! Não foram beijos – foram mordeduras de onde o sangue escorrera... Tudo acabara por um arranco supremo de gozo, sibilante e profundo, que mais tinha parecido o estertor de uma agonia horrível...
p. 263
Na manhã seguinte, ao acordar morta de fadiga e ao ver uma nódoa negra no seio esquerdo, Magda (...) teve medo, mas um medo real
p. 263
Depois, entre os espasmos, nunca lhe ouvira uma palavra de amor!
p. 264
... eles amavam-se como dois possessos
p. 264
E por que é que nunca desejara nenhuma mulher com tamanho ardor? (...) Porque só nessa encontrar as mesmas feições da morta! Demais, a prova concludente de que fora assim, é que ele ignorava ainda hoje toda a alma da estrangeira. Logo, o que o fizera desejar aquele corpo não fora a alma que o animava, fora apenas a carne que o constituía. (...) ele só desejara Magda pelo que nela havia de Leonor. Leonor. Coisa horrível, ai, mas bem real..., bem real!
pp. 264-265
... começavam-lhe a surgir lembranças mais perversas, mais sacrílegas e, entre todas, uma mais frequente: a estranha sensação que uma noite experimentara ao descobrir no crepe da China verde da blusa de Leonor, o bico de um seio vagabundo apontando audacioso.
p. 265
Infâmia! Tinha-se consumado há muito o incesto... durava desde a morte da filha! (...) Só desde a morte? (...) E a noite de luar? (...) reconhecia aterrado: não fora júbilo, não; fora o ciúme... o ciúme!... (...)
E todas estas divagações exacerbavam a sua fúria amorosa; cada noite mordia com maior ânsia o corpo nu da estrangeira.
p. 266
«Se lhe tirassem o seu crime sofreria mais do que sofria com ele.
p. 268
Agora tinha visões abomináveis. (...) vira de repente diante dos seus olhos a mãe e a filha – a grande amante fulva e a virgem lirial – todas descompostas, a rolarem-se pelo tapete; misturando os membros, possuindo-se em deboches infernais. Depois fora uma longa teoria de dançarinas obscenas, louras umas, outras ruivas...(...) transformando-se cada um no rosto da morta. (...) E sobre os seus lábios ele sentira – oh horror! deliciosamente sentira – o latejar desse sexo palpitante, ardentíssimo! ... Até que por último, vencido, descerrara a boca e beijara-o, sugara-o, mordera-o num delírio bestial!
p. 268
in Princípio e Outros Contos
Ed: Publicações Europa-América, Lisboa, 1985
Tema: «PRÁTICAS LUXURIOSAS»
- Mas não o tinha amado a Júlia? (...)
No leito vasto de pau-santo, profundo como um túmulo, muitas vezes tivera medo da grande serpente amorosa que o mordia, que o feria nas carícias brutais da sua boca escaldante, nas convulsões despedaçadoras de todo o seu corpo nu!... E era ela...ela...ela mesma, a bêbeda de luxúria que alta noite lhe uivava de amor; era ela, a amante, a amiga e a mãe – ah! e a mãe! - que assim procedia, que fugia, cadela aluada atrás de outro cão... atrás de uma matilha inteira!...
Safada! Safada!
p. 212
Quando voltara a Paris, ia nos 16 anos; a sua carne despertava para o amor. O que o maravilhara, então, tinham sido as mulheres esplêndidas que via nos teatros, cobertas de jóias, amplamente decotadas; (...) Com que prazer infinito não misturaria o seu corpo todo nu aos corpos despidos dessas criaturas de sonho... E, mesmo, que horas inefáveis não passaria com uma dessas raparigas tão galantes que, à noite, circulavam em chusma pelos boulevards... O sabor estranho que haviam de ter os beijos daqueles lábios pintados, as carícias daqueles seios agudos tremendo mal escondidos, perturbadores... Puro ainda, sabia fantasiar, no entanto, todas as volúpias, todos os êxtases...
pp. 249-250
E a noite de núpcias, a terrível noite?... AH! Com que prazer feroz ele estreitara, ele possuíra, esse corpo admirável, quente e amoroso... como beijara essa boca sadia, vermelha e húmida... como mordera aqueles seios louros, de pontas trigueiras e ácidas!
p. 262
No grande leito de pau-santo, profundo como um túmulo, havia agora as mesmas lutas, havia os mesmos espasmos, os mesmos abraços doidos dos tempos da amante fulva. Natureza sensual, viciosa quase, Magda de bom grado se prestava a todas as fantasias do marido, lhe correspondia aos beijos brutais, se contorcia em violentos êxtases. Mas em certas noites, era tal a ânsia com que Luís se precipitava sobre a sua carne nua, que ela chegava a ter-lhe medo, receando, verdadeiramente receando, que as suas mãos ávidas se lhe colassem à garganta num círculo férreo, estrangulador. Porém, (...) o seu prazer aumentava, era mais completo e inebriante por se lhe misturar o terror.
pp. 262-263
Uma vez tentou negar-se ao marido. Este, percebendo-lhe as intenções, agarrara-a pelos pulsos, torcera-lhos brutalmente e esmagara-lhe os lábios com um beijo tão frenético, tão delicioso, que no mesmo instante ela tombara vencida, enrodilhada debaixo dele. (...) ah! Não foram beijos – foram mordeduras de onde o sangue escorrera... Tudo acabara por um arranco supremo de gozo, sibilante e profundo, que mais tinha parecido o estertor de uma agonia horrível...
p. 263
Na manhã seguinte, ao acordar morta de fadiga e ao ver uma nódoa negra no seio esquerdo, Magda (...) teve medo, mas um medo real
p. 263
Depois, entre os espasmos, nunca lhe ouvira uma palavra de amor!
p. 264
... eles amavam-se como dois possessos
p. 264
E por que é que nunca desejara nenhuma mulher com tamanho ardor? (...) Porque só nessa encontrar as mesmas feições da morta! Demais, a prova concludente de que fora assim, é que ele ignorava ainda hoje toda a alma da estrangeira. Logo, o que o fizera desejar aquele corpo não fora a alma que o animava, fora apenas a carne que o constituía. (...) ele só desejara Magda pelo que nela havia de Leonor. Leonor. Coisa horrível, ai, mas bem real..., bem real!
pp. 264-265
... começavam-lhe a surgir lembranças mais perversas, mais sacrílegas e, entre todas, uma mais frequente: a estranha sensação que uma noite experimentara ao descobrir no crepe da China verde da blusa de Leonor, o bico de um seio vagabundo apontando audacioso.
p. 265
Infâmia! Tinha-se consumado há muito o incesto... durava desde a morte da filha! (...) Só desde a morte? (...) E a noite de luar? (...) reconhecia aterrado: não fora júbilo, não; fora o ciúme... o ciúme!... (...)
E todas estas divagações exacerbavam a sua fúria amorosa; cada noite mordia com maior ânsia o corpo nu da estrangeira.
p. 266
«Se lhe tirassem o seu crime sofreria mais do que sofria com ele.
p. 268
Agora tinha visões abomináveis. (...) vira de repente diante dos seus olhos a mãe e a filha – a grande amante fulva e a virgem lirial – todas descompostas, a rolarem-se pelo tapete; misturando os membros, possuindo-se em deboches infernais. Depois fora uma longa teoria de dançarinas obscenas, louras umas, outras ruivas...(...) transformando-se cada um no rosto da morta. (...) E sobre os seus lábios ele sentira – oh horror! deliciosamente sentira – o latejar desse sexo palpitante, ardentíssimo! ... Até que por último, vencido, descerrara a boca e beijara-o, sugara-o, mordera-o num delírio bestial!
p. 268
[Imagem: Duma, Decifra o meu silêncio, Óleo sobre tela, 100x100 cm, 2006]
2.2.09
Grelha de análise (5)

Obra: «FELICIDADE PERDIDA», MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO, 1909
in Princípio e Outros Contos
Ed: Publicações Europa-América, Lisboa, 1985
Tema: DEFINIÇÕES DE AMOR
Estava na plateia. (...) quando de repente os meus olhos se fixaram numa frisa. Ocupavam-no uma senhora idosa, duas crianças e uma rapariga de 18 anos. Escusado será dizer que foi esta última quem atraiu o meu olhar. O seu rosto, que eu via de perfil, era encantador. Vestia de preto. Provavelmente de luto aliviado.
(...) a desconhecida que, cheia de interesse, seguia a representação.
pp. 195-196
De súbito, o seu olhar encontrou-se com o meu... Não tenho nada de tímido, mas foi-me impossível sustentar o brilho dos seus olhos. Abaixei os meus.
Este jogo de olhares durou todo o acto... durou todo o intervalo seguinte... durou até ao fim do espectáculo.
p. 196
Outro que não fosse eu tê-la-ia esperado à porta do teatro, teria indagado a sua morada e depois... depois seriam as cartas de frases inflamadas, a troca de retratos: o amor alfacinha – e julgo que de toda a parte – em suma. Eu não: dirigi-me para minha casa, rapidamente...
O que me levou a proceder assim? Um prazer destruidor; por certo...
p. 196
Não consegui adormecer. Levanto-me... para confessar a verdade: Amo essa desconhecida de quem ainda há pouco desdenhava!... Sim! Amo-a amo-a! Amanhã irei procurá-la. Encontrá-la-ei! O amor é o melhor dos guias...
p. 196
...soube que no começo do ano amava... uma desconhecida, e que estava louco de dor por não a poder encontrar... É curioso! Se não fosse tê-lo assentado nessas páginas nem sequer me recordaria do«trágico sucesso!»... Ah!Ah!Ah!
pp. 197-198
Dizem que toda a gente, durante a sua vida, encontra uma vez, mas uma vez só, a felicidade (...) «Seria essa desconhecida? A minha felicidade?»... Talvez, porque nunca mais a encontrarei. Ninguém pode encontrar uma pessoa que não conhece.
p. 198
Obra: «DIÁRIOS», MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO, 1909
in Princípio e Outros Contos
Ed: Publicações Europa-América, Lisboa, 1985
Tema: DEFINIÇÕES DE AMOR
É verdade: ainda há a priminha... Mas nessa nem vale a pena falar. Modesta, é por isso mesmo desprezada por todos. Tosse continuamente. Não deve incomodar por muito tempo. Pesaroso, fizeram-me até essa confidência...
pp. 189-190
Vi hoje uma rapariga muito parecida com a prima do meu amigo.
p. 190
Durante quase duas horas estive falando sozinho com a «prima»... Elisa, é o seu nome... Que felizes horas! (...)
Fui encontrar no meio de toda aquela futilidade um ente que odeia tudo quanto é fútil... falámos de mil coisas... de música... e de amor... Que crueldade! Falar de amor com uma criatura que já não tem tempo para amar... (...) talvez a viesse a amar, mas não se ama uma morta...
p. 190
E é formosa... formosa de uma formusura etérea, que já não é deste mundo. As faces pálidas, os lábios descorados; mas uns olhos tão negros, tão brilhantes... uns cabelos tão lindos...
p. 190
Falar de amor é falar de «esperança», é falar do «futuro»; (...) Se não fosse o seu estado, talvez a viesse a amar.
p. 190
Poder-se-á amar uma morta?
p. 190
Quase que não tosse, as faces estão coradas e não tem febre, os lábios rosados... tão rosados, tão viçosos... com que prazer os beijaria... Beijei-os!... Que sabor encontrei nesse beijo ardente... um sabor acre, estranho... o sabor da paixão!
p. 191
Amo! Amo pela primeira vez! Como sou feliz! Ah! Como sou feliz! Amor sem esperança é o meu... Mas que importa? Um prazer doloroso é o melhor prazer.
p. 191
A história do meu amor é bem simples: começou pela compaixão e terminou na paixão... na mais ardente paixão!... E, no entanto, não posso dizer que o meu amor seja eterno... A morte não poupa ninguém...
p. 191
Poderá haver algum martírio mais horrível do que o meu?... Amar o impossível... amar a morte!...
p. 191
Faz hoje um mês... quero vê-la... quero vê-la!... Quero beijar-lhe a boca...quero estreitar o seu corpo contra o meu... quero confundir a sua alma com a minha... Quero-a! Quero-a! Vou partir...
...
Os jornais do dia seguinte anunciavam, com efeito, o seu suicídio.
p. 191
in Princípio e Outros Contos
Ed: Publicações Europa-América, Lisboa, 1985
Tema: DEFINIÇÕES DE AMOR
Estava na plateia. (...) quando de repente os meus olhos se fixaram numa frisa. Ocupavam-no uma senhora idosa, duas crianças e uma rapariga de 18 anos. Escusado será dizer que foi esta última quem atraiu o meu olhar. O seu rosto, que eu via de perfil, era encantador. Vestia de preto. Provavelmente de luto aliviado.
(...) a desconhecida que, cheia de interesse, seguia a representação.
pp. 195-196
De súbito, o seu olhar encontrou-se com o meu... Não tenho nada de tímido, mas foi-me impossível sustentar o brilho dos seus olhos. Abaixei os meus.
Este jogo de olhares durou todo o acto... durou todo o intervalo seguinte... durou até ao fim do espectáculo.
p. 196
Outro que não fosse eu tê-la-ia esperado à porta do teatro, teria indagado a sua morada e depois... depois seriam as cartas de frases inflamadas, a troca de retratos: o amor alfacinha – e julgo que de toda a parte – em suma. Eu não: dirigi-me para minha casa, rapidamente...
O que me levou a proceder assim? Um prazer destruidor; por certo...
p. 196
Não consegui adormecer. Levanto-me... para confessar a verdade: Amo essa desconhecida de quem ainda há pouco desdenhava!... Sim! Amo-a amo-a! Amanhã irei procurá-la. Encontrá-la-ei! O amor é o melhor dos guias...
p. 196
...soube que no começo do ano amava... uma desconhecida, e que estava louco de dor por não a poder encontrar... É curioso! Se não fosse tê-lo assentado nessas páginas nem sequer me recordaria do«trágico sucesso!»... Ah!Ah!Ah!
pp. 197-198
Dizem que toda a gente, durante a sua vida, encontra uma vez, mas uma vez só, a felicidade (...) «Seria essa desconhecida? A minha felicidade?»... Talvez, porque nunca mais a encontrarei. Ninguém pode encontrar uma pessoa que não conhece.
p. 198

in Princípio e Outros Contos
Ed: Publicações Europa-América, Lisboa, 1985
Tema: DEFINIÇÕES DE AMOR
É verdade: ainda há a priminha... Mas nessa nem vale a pena falar. Modesta, é por isso mesmo desprezada por todos. Tosse continuamente. Não deve incomodar por muito tempo. Pesaroso, fizeram-me até essa confidência...
pp. 189-190
Vi hoje uma rapariga muito parecida com a prima do meu amigo.
p. 190
Durante quase duas horas estive falando sozinho com a «prima»... Elisa, é o seu nome... Que felizes horas! (...)
Fui encontrar no meio de toda aquela futilidade um ente que odeia tudo quanto é fútil... falámos de mil coisas... de música... e de amor... Que crueldade! Falar de amor com uma criatura que já não tem tempo para amar... (...) talvez a viesse a amar, mas não se ama uma morta...
p. 190
E é formosa... formosa de uma formusura etérea, que já não é deste mundo. As faces pálidas, os lábios descorados; mas uns olhos tão negros, tão brilhantes... uns cabelos tão lindos...
p. 190
Falar de amor é falar de «esperança», é falar do «futuro»; (...) Se não fosse o seu estado, talvez a viesse a amar.
p. 190
Poder-se-á amar uma morta?
p. 190
Quase que não tosse, as faces estão coradas e não tem febre, os lábios rosados... tão rosados, tão viçosos... com que prazer os beijaria... Beijei-os!... Que sabor encontrei nesse beijo ardente... um sabor acre, estranho... o sabor da paixão!
p. 191
Amo! Amo pela primeira vez! Como sou feliz! Ah! Como sou feliz! Amor sem esperança é o meu... Mas que importa? Um prazer doloroso é o melhor prazer.
p. 191
A história do meu amor é bem simples: começou pela compaixão e terminou na paixão... na mais ardente paixão!... E, no entanto, não posso dizer que o meu amor seja eterno... A morte não poupa ninguém...
p. 191
Poderá haver algum martírio mais horrível do que o meu?... Amar o impossível... amar a morte!...
p. 191
Faz hoje um mês... quero vê-la... quero vê-la!... Quero beijar-lhe a boca...quero estreitar o seu corpo contra o meu... quero confundir a sua alma com a minha... Quero-a! Quero-a! Vou partir...
...
Os jornais do dia seguinte anunciavam, com efeito, o seu suicídio.
p. 191
[Imagens: Duma, série Glam, Óleo sobre tela, 100 x 100 cm, 2008]
23.7.07
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