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28.2.07

Chuva negra misturada com cinzas. é o apocalipse, um castigo divino, o que quiserem, mas as empresas não são responsáveis

Denny Moers


Perguntava o Kimikkal, a causa da camada de fuligem que cobriu Estarreja... (a 22 de Fevereiro). Hoje leio no Diário de Aveiro: "A associação para a Defesa do Ambiente de Cacia e Esgueira alertou para a chuva negra misturada com cinzas que tem caído com maior incidência na zona. Embora as empresas locais se tenham demitido de qualquer ligação a estes incidentes, o presidente da Junta de Freguesia de Cacia não tem dúvidas de que será a Funfrap ou a Portucel a responsável pela poluição."
[os negritos são meus]

Parece que o fenómeno ocorre desde o ano passado, a frequência é que tem vindo a aumentar nos últimos tempos, sobretudo durante a noite. "Trata-se de uma substância negra e gordurosa, misturada com cinzas, e só é possível remover das superfícies com detergentes."

Hello Ministério do Ambiente! Perdão. Hello Divina Providência!

22.4.05

Pela liberdade viva


Denny Moers

Neste país sem olhos e sem boca...
Ruy Belo, Homem de Palavras(s)


Meu amor
no teu peito de coragem
feito de pedras e cardos
há um país de viagem
e vinhos de cada cor
verdes maduros bastardos.

Há uma pedra de cal
em cada olhar que respira
há uma dor que já dura
desde que dura a mentira
há um muro levantado
numa seara madura.

Verde mar
verde limão
são os teus olhos de medo
o vento é este segredo
que escreve em cada manhã
o nome dela na erva
numa folha numa pedra
nos bagos de uma romã.

Acendo-te uma fogueira
nas tuas mãos acordadas
dou-te flores de laranjeira
dou-te ruas dou-te estradas
dou-te palavras secretas
dou-te coragem e setas
dou-te os meus dedos crispados
ponho cravos amarelos
à volta dos teus cabelos
dou-te o meu sangue vermelho
e o meu canto proibido

Dou-te o meu nome
raíz
há muito tempo arrancada
dou-te esta calma guardada
nos homens do meu país
dou-te a fome
do meu canto
dou-te os meus braços em cruz
e as mãos feitas num crivo
dou-te os meus pulsos abertos

mas é por outra que vivo.

in Joaquim Pessoa, Poemas da Resistência (1968/1971)