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8.4.12

Não se deitam comigo corações obedientes

A Naifa, hoje, no Centro Cultural de Ílhavo.

Foi bom vê-los pela terceira vez ao vivo, agora sem o João Aguardela, mas ainda com a memória dele tão presente. A Sandra Baptista é o novo elemento da banda e é simplesmente a mulher mais bonita que já vi a tocar baixo. A Mitó (voz), o Luis Varatojo (guitarra portuesa) e o Samuel Palitos (bateria) estão como esperávamos, cada vez mais próximos, cada vez mais simples. O Centro Cultural de Ílhavo estava com a casa meia cheia (não se sentiu a parte meia vazia)(mas, pela conversa após o espectáculo, nos bastidores, não havia muita gente da terra___ ou havia muita gente que não era de Ílhavo)(a verdade apanha-se com mentiras ou entre muitas tentativas para contar uma mesma estória). O novo álbum tem um título poético e revelador, afirma uma atitude, que eu diria ser a d' A Naifa: "Não se deitam comigo corações obedientes". Como em todos os álbuns anteriores, há um enorme cuidado com as letras das canções; desta vez, todos os temas têm a autoria de poetisas portuguesas. Se gostarem de Margarida Vale de Gato ou de Adília Lopes, podem (re)encontrá-las. e Maria do Rosário Pedreira, Ana Paula Inácio e Renata Correia Botelho. Enfim, «não há mais mundos, este chega e sobeja/ o fruto proibido era a cereja...».


31.5.08

Uma inocente inclinação para o mal II


A Maria Antónia Mendes tem «um feitio de rainha» e desta vez não houve «teatro inútil» nem razoável sucesso. queimaram tudo. Os quatro têm mesmo jeito e, se hesitei, foi entre querer ser cantora, baterista ou guitarrista. No início, porque queria revirar-me na cadeira e bater o ritmo, invejei o Paulo Martins. Oh, ele é mesmo muito bom! A filha pequena disse: não é normal, por que não queres ser a cantora? Ela queria. De fado, como a Mitó, que canta com (ainda) mais alma do que há dois anos. (Mas isso leva-me ao Luís Varatojo. quando for grande, vou tocar assim). Mas também pop, com arranjos arranhados de vitrola, bons. O João Aguardela a dar o tom, soft. «O ferro de engomar fora do descanso», ah, eu vi um bom espectáculo. Os poemas da Maria Rodrigues Teixeira, que A Naifa revelou, li. são inocentes inclinações para depressões que animam. pode lá ser! por exemplo, «filha de duas mães, adoro vesti-las de igual». num universo de casa de mariquinhas com estante cheia de «pequenos romances da colecção coração de ouro». ou outros poemas de álbuns anteriores. ou outras canções de bandas e cançonetistas mor. a desfolhada que foi da Simone e ontem da Mitó foi bisada do último espectáculo. ninguém resiste. Mas que dizer do furto magnífico aos Três Tristes Tigres: «quero ser amada só por mim e não por andar enfeitada ser adorada mesmo assim careca, nua, descarnada engano de alma ledo e cego ó linda inês posta em sossego imortal diz adeus»! Arrebatador. Letra e Música.
E as luzes: pareciam pirilampos, espectros, teatros de sombras que aconchegavam a caixa de onde saiam os sons. Comparando com o que vi há dois anos, o espectáculo cresceu na maestria da produção. cresceu com A Naifa. Os anos passam, pois. E que bom, nota-se. A voz da Mitó deixou-nos o «corpo exangue». A encenação da «partilha da miséria» foi forte como o sangue. Sacudam o «ar cansado dos (vossos) vestidos», «consertem a figurinha», e saiam de casa à procura deles. Esta digressão está quase a terminar - depois do Teatro Aveirense, encerra hoje no Theatro Circo, em Braga - mas outras haverá, para além dos registos de todas as inocentes inclinações para o mal.

30.5.08

Uma inocente inclinação para o mal



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Em 2006, vi um espectáculo e fiquei rendida. Hoje eles voltam ao TA e eu não podia escapar a esta inocente inclinação. (A Amy, schuiff, mais a Sul, schuiff, fica mesmo para outra vez)

7.12.06

A Naifa


Eu conhecia Música, um poema de José Luis Peixoto, e pouco mais. Foi o maior sucesso do álbum de 1994, Canções Subterrâneas. Sabia da voz poderosa de Maria Antónia Mendes e da musicalidade original da banda, mas perdi os concertos __ até ontem. Confesso que comecei por estranhar Monotone (de João Miguel Queirós), Da uma da noite às oito da manhã (de Nuno Moura), no início a bateria abafava a voz, não se ouvia o baixo, ainda me ocorreu que ela "puxava" demasiado pela voz e não era preciso, não era mesmo, que ela tem voz que parece que nunca vai doer, a voz dela É, simplesmente É, faz de qualquer poema com fraca cadência uma canção que merece ser ouvida, desgostei do teatro da vocalista com João Aguardela, aquela do cigarro era dispensável, mesmo se gosto desses ambientes de tango, de tasca, de boémia, mas bem encenados, há ali coisas que têm de ser polidas, e a guitarra portuguesa de Luis Varatojo é magnífica, pois, mas e se houvesse menos amplificador, e, de repente, só por uns momentos, a pudessemos ouvir sem efeitos, o som da guitarra portuguesa dedilhada, só por uns momentos, ruptura, para re-despertarmos, e ia pensando isto tudo, como as marés recuam e avançam, mas A verdade apanha-se com enganos e 3 MINUTOS ANTES DE A MARÉ ENCHER fui completamente apanhada pela onda. A sala foi abaixo com Desfolhada e com Tourada, e ela tem o ímpeto da Simone de Oliveira e o balanço do Fernando Tordo, mas é a Maria Antónia Mendes, e é única, não é imitação de coisa nenhuma. A sala rendida, A Naifa em apoteose, quantos encores?, e a certeza de que vão crescer, porque transpiram talento e paixão.